Meu Preço - Capítulo Dez

Um conto erótico de M.J. Grey
Categoria: Gay
Contém 3361 palavras
Data: 25/11/2022 10:50:50

***CAPÍTULO DEZ***

Entramos na cidade de São Paulo e, é como vejo na televisão: trânsito caótico, bastante movimentação e alguns prédios pichados.

Gabriel estaciona em uma rua repleta de mansões enormes bem pintadas; muros altos e com cerca elétrica.

É impossível não me impressionar.

— Uau!

— E ainda nem viu a casa — diz ele, com desdém.

— Vamos morar aqui?

— Não, essa é a casa da minha mãe, onde cresci. A minha fica à meia hora daqui, se o trânsito estiver bom — explica.

O portão é grande, branco, e começa a se abrir, desvendando o lado de dentro.

A casa tem dois andares, janelas de blindex espalhadas por todos os lados. Grama bem aparada e plantações deixando o ar bem harmônico e verde.

Chego até a respirar fundo para ver se o ar daqui é mais limpo.

— Você tem o controle do portão?

Não poderia se abrir sozinho só com a nossa aproximação, ou poderia?

Bem, não duvido de mais nada.

— Sim, agora vamos entrar — diz, apressado.

— Há inimigos aqui também?

— Eu tenho inimigos em todos os lugares, anjo, mas agora eu só estou com saudades da minha mãe.

Uma frase tão clichê assim não deveria estar vindo dele.

O portão se fecha atrás de mim, e uma senhora vem ao encontro de nós. Ela é bonita e muito bem vestida, com um sorriso lindo, cabelos castanhos e curtos.

— Filho, que bom ver você! — cumprimenta, em um tom maternal.

Lembro-me da minha mãe. Suspiro, afastando a tristeza.

— Também estava com saudades, mãe. — Ele a abraça enquanto ela chora em seus braços.

Deve ser um filho desnaturado, acho que nem faz ligações para a mãe.

— E esse garoto lindo? — Me olha, abrindo um sorriso sincero.

— Esse é meu noivo.

Sinto um nó no estômago, começo a suar frio.

— Noivo? Mas nem sabia que estava namorando! Você também não me liga para contar nada. — O que eu disse? Sabia que ele não havia contado. — Oi, querido, meu nome é Elza, e você é...? — pergunta docemente. Não vejo raiva em seus olhos, apenas emoção.

— Samuel. É um prazer te conhecer, seu filho fala bastante sobre você.

Gabriel me olha estranho.

— Fala, é? Quando está fora, nem ouço falar dele. — Seus olhos se entristecem, mas logo ela sorri.

Oh! Se a senhora soubesse o que ele anda fazendo...

— Entrem, daqui a pouquinho a sua irmã chega — conta, animada.

Gabriel me conduz, com a mão nas minhas costas. Pelo jeito é hora de entrar no papel de “casal apaixonado”.

— Filho, me conte. Como estão indo os negócios? — pergunta, colocando xícaras no balcão a nossa frente, depois de entrarmos em sua cozinha enorme.

— Bem, o clube dá seus lucros, mas é muito cansativo.

Será que é verdade o que diz a mãe ou está mentindo?

— Deveria assumir a empresa com sua irmã, a coitadinha está penando sozinha. — Ela coloca café nas xícaras e entrega cada uma para nós.

Que empresa? Ele nunca falou nada.

E ele já te contou alguma coisa, Samuel?

— Sabe que não tenho tempo — explica, todo ranzinza. Pela forma como responde, percebo que não está gostando do rumo da conversa. Fico desconfortável com o seu tom de voz. Se fosse minha mãe, já tinha socado a mão nas fuças.

— Uma hora vai ter que arrumar esse tempo que tanto fala. Precisa superar, filho. Precisa voltar a viver.

Do que ela está falando?

— Não quero falar sobre isso, mãe — resmunga, acabando com a conversa.

Elza abaixa a cabeça, limpa as mãos no avental e muda o assunto. Sinto pena.

— Estou preparando o almoço, você gosta de pernil assado? — Se direciona a mim.

Estou perdido ainda no que acabou de acontecer.

— Oi?

— Gosta de pernil? — Repete.

— Sim, quer ajuda com alguma coisa? — pergunto, querendo ser útil.

— Claro, querido, se quiser cortar os tomates para a salada. — Ela me empurra a travessa. — Esse você acertou a mão, filho. É um amor.

Talvez não seja tão ruim assim ter vindo até aqui.

Gabriel, sem graça como sempre, apenas concorda com a cabeça e sai.

— Ele é sempre assim? Digo, com a senhora...

Não sei onde estou pisando, mas sou curioso. O que posso fazer?

— Não, ele mudou depois que o pai morreu. Era um grande homem, e Gabriel o seguia aonde ele costumava ir. Era uma cópia exata do pai, tão gentil, amoroso. Gostava muito de ir à empresa, mas, depois do acidente, nunca mais pisou lá. Ele não te contou sobre isso? — Ela me indaga, surpresa.

— Ele não gosta de entrar no assunto, então não pergunto. — Minto, já que nunca conversamos sobre isso. Até ontem nem sabia que o pai dele tinha morrido, nem sabia direito se Gabriel tinha mesmo família.

Só pensava que ele tinha saído direto do inferno e vindo me atazanar na terra.

— Faz bem. Toda vez que toco no assunto, ele se transforma. Isabel precisa dele na empresa. — Isabel deve ser a irmã. — Os lucros estão caindo, e ela não sabe o que fazer, uma vez que as únicas pessoas que cuidavam da direção eram o irmão e o pai. Isabel não sabia nada quando entrou lá, está toda enrolada, coitada.

— Mãe, vou ficar no quarto de sempre? — Ele aparece, cortando o assunto. Tomara que não tenha escutado o rumo da conversa.

Não sabia que íamos ficar, ele comentou que a casa é próxima.

— Sim, filho, sua irmã vai ficar com o dela.

É... Parece que o fim de semana será em família.

Corto os tomates, e Elza não toca mais no assunto, apenas comenta sobre o mercado estar lotado, que o trânsito não ajuda; ou seja, coisas banais do dia a dia.

Gabriel senta na banqueta, apoiando os braços no balcão enquanto me observa ajudar sua mãe. De vez em quando sai para atender ao telefone, mas sempre volta para o mesmo lugar.

O almoço estava quase pronto quando ouvimos o portão se abrir e fechar.

— Ela chegou! — Gabriel fala, com um brilho nos olhos que eu nunca tinha visto.

Tudo isso é por causa da irmã?

Mas antes da irmã entrar, uma garotinha de uns seis anos ou mais, corre para dentro e se joga nos braços dele.

— Titio, você veio mesmo! — Ela o abraça forte, e ele deixa.

Fico fascinado por vê-lo com a menina, pois sua expressão dura e impiedosa some por completo, como se fosse outra pessoa.

— Não dê tanto amor assim, Laurinha, ele é um chato. — Uma voz feminina enche o cômodo, antes mesmo de ela aparecer.

Concordo plenamente, mas é lindo vê-lo com ela. Nem sinal daquele homem todo poderoso.

A irmã para na porta quando me vê.

— Oi, filha, que bom que chegou! O almoço está quase pronto. — Elza sai de trás de mim e vai abraçar a filha. Fico sem reação, não sei o que fazer.

Devo ou não me apresentar?

Gabriel está brincando com a sobrinha. Sim, pensava que era impossível, mas ele está mesmo brincando e rindo como uma pessoa normal.

O mundo vai desabar e o inferno congelar!

— E quem é você? — Nem percebo ela chegar perto de mim.

— Oi, meu nome é Samuel. Você deve ser a Isabel? — Ninguém comentou sobre outra filha, então deduzi que fosse ela.

— Hum, pelo jeito andam falando sobre mim... — Ela fala alto no momento em que Gabriel nos olha com um sorrisão nos lábios. Não o reconheço. — Prazer em te conhecer, Samuel. Meu irmão me falou pouco sobre você, quase nada.

— Ele não é de falar muito — digo o obvio, não posso dar mancada.

Ela ri.

— Nisso você tem razão.

Inesperadamente me abraça. Logo, retribuo.

Isabel é jovem e bonita, deve ter a minha idade ou um pouco mais. Cabelos castanhos como os da mãe e olhos escuros como os de Gabriel; magra, ela se veste muito bem. Adoro seu estilo de roupa.

Ela está com uma saia longa, preta e drapeada nas pernas, um cropped de amarrar no pescoço, óculos escuros em cima do cabelo e uma maquiagem básica no rosto.

— Deixe seu tio, Laurinha. Venha conhecer o Samuel — pede Isabel, chamando a atenção da garotinha.

Ela vem correndo e para na minha frente, me olhando. Tem os olhos azuis mais lindos que já vi, até mais que os de Lucas. É loirinha e branca como leite.

— Oi — Ela diz, com uma voz tão doce e meiga que meu coração se enche.

Me agacho para ficar na altura dela.

— Oi, tudo bem? — Estendo a mão. — Meu nome é Samuel, e o seu?

Ela aperta e balança as mãos como uma profissional.

— Eu me chamo Laura, mas pode me chamar de Laurinha.

Oh, que fofa!

— Você tem um nome lindo, tão lindo quanto você.

Ela fica envergonhada.

— Obrigada.

Ela é a coisa mais linda, tão educadinha. Estou apaixonado.

— Você é namorado do meu tio? — Ela me traz de volta do meu devaneio obscuro.

— Sim.

— Então é meu tio? Posso chamar ele de tio, mamãe? — Olha para Isabel, que sorri de volta para ela.

— Só ele vai poder te dizer isso, meu amor.

— Posso te chamar de tio? — Meu coração se derrete, agora sei por que o Gabriel é apaixonado por ela. Entretanto, para amar alguém, ele precisa ter um coração. Será que é tão ator assim?

— Claro que pode, e eu posso te chamar de princesa?

Ela assente com um sorrisinho lindo.

— Eu gosto de princesa.

Quando levanto, me deparo com os três olhando para mim. O que eu fiz?

Gabriel vem até mim, e limpa as lágrimas, que nem sabia que tinham escorrido dos meus olhos.

— Está tudo bem? Quer ir para o quarto? — Sua gentileza me surpreende. Suas mãos estão em mim, fazendo minha pele formigar, queimar.

— Não, eu... Isso não foi nada, é que sabe... Não é nada.

Ele não vai querer saber sobre meu grande sonho de ser pai, um sonho que nunca se realizará. Afasto o pensamento, senão começarei a chorar sem controle.

— Deixa o menino em paz, Gabriel. Se ele diz que não é nada, é porque não é hora de falar sobre isso, seja educado. — Isabel o empurra e pega no meu braço, guiando-me.

— Venha, vou te mostrar a casa.

Laurinha pula no colo dele. Esse ato foi suficiente para impedi-lo de vir atrás de nós.

Desconheço esse Gabriel. O quanto disso é real?

— Aqui é a sala.

Vejo uma sala enorme e um tanto aconchegante, flores coloridas dando aquele ar vivo e vibrante. Não tem nada de muito luxuoso, apenas é bastante organizado e limpo.

— É maravilhosa.

Subimos os degraus.

— Aqui ficam os quartos.

E assim Isabel me mostrou a casa toda.

Como a cozinha foi a primeira que conheci, nem perdemos tempo, fomos para o lado de fora.

Aqui é muito mais surreal.

A piscina é enorme e cercada, acho que para a proteção de Laurinha. Um quintal repleto de verde, e uma árvore bem grande, com uma casinha e uma escadinha que leva para dentro.

— Brincávamos tanto aqui, agora é tudo da Laurinha. Aquele balanço... — Apontou para ele embaixo da casinha. — Caímos muito aqui, meu pai costumava me balançar durante horas, agora é minha vez com a Laura. Tento dar o máximo de amor e tempo que eu posso, mas é difícil ser pai e mãe.

— Desculpe a pergunta, mas e o pai dela? — Assim que as palavras saem, ela se entristece.

Eu e minha língua sem freio.

— Ele era um traste, me traiu com uma amiga minha, amiga da onça. Ele foi embora, nunca mais soube dele, nem sei se está vivo ainda. — Força um sorriso.

— E ele não sabe que tem uma filha?

Cale a boca, Samuel.

Estou nervoso e sem saber o que dizer, presumo que seja melhor falar da vida dela do que da minha. Ainda bem que ela parece não se importar em falar.

— Ele sabe, mas nunca se importou nem de ligar, muito menos vê-la.

Isabel é totalmente o contrário de Gabriel: ela fala sem parar e me conta quase tudo sobre sua vida. Além de me contar como conheceu o traste — é assim que ela o chama, então é assim que vou chamar também —, me conta sobre a infância deles, e como Gabriel é ingrato por abandoná-la na empresa.

— O almoço está pronto! — Elza grita para nós.

— Já vamos! — Isabel grita de volta. — Temos que conversar depois, não me falou nada sobre você. Quero que me conte como foi que conheceu meu irmão, mas antes vamos comer, pois estou morrendo de fome.

Encontrei uma pessoa que tem o mesmo apetite que o meu.

Quem sabe podemos ser amigos, e eu acabe gostando de viver aqui? É possível, mas sempre sentirei falta dos meus pais, sempre desejarei vê-los.

Um dia, quem sabe?

Gabriel sorri para mim várias vezes, pega a minha mão e até me dá um beijo na cabeça. Tudo encenação! Preciso lembrar que ele é um ótimo ator.

O almoço está incrível. Elza é uma boa cozinheira e uma ótima mãe, sempre dando sorrisos de amor aos filhos e a neta. Parece até que eu faço parte de uma família novamente, não me sinto deslocado nem um intruso. Me tratam super bem e, até mesmo, me incluem nas conversas. Por um tempo imagino como seria se tudo realmente fosse real.

Como é ser amado por Gabriel? Esse Gabriel.

Afasto imediatamente esses pensamentos infernais da minha cabeça.

Laurinha se senta ao meu lado e pega a minha mão sempre que alguém a elogia.

Depois do almoço, ajudo com a louça, e vamos todos para a área dos fundos, onde fica a piscina. Ainda estou surpreso por ver como Gabriel ama a Laurinha, dá para perceber nos detalhes simples, na forma que faz brincadeiras com ela, principalmente jurando dar tudo o que quiser. Seus olhos brilham de uma forma diferente, parece que toda a escuridão desaparece.

Será que é o resultado do que tem embaixo da sua fachada de homem poderoso?

Isto foi o que mais gostei de ver hoje: Gabriel sem a armadura.

Meu peito se aperta. Qual é o meu problema? O que esse homem faz para me confundir tanto dessa forma?

— Você gosta dele, consigo ver o amor em seus olhos — Isabel se inclina para mim.

O quê? Do que ela está falando?

Acho que ela não sabe muito sobre o amor entre homens. Só estou admirado por ver como ele parece jovem quando sorri verdadeiramente.

Concordo com a cabeça, não poderia negar, e também não quero mentir, mas é necessário. Isabel parece ser uma boa pessoa, vou precisar de alguém para conversar, de alguém para contar.

— O que acha de um mergulho? A piscina deve estar deliciosa e, com esse sol quente, podemos pegar um bronzeado.

Isabel já está bronzeada, tem marquinha de biquíni e tudo. Talvez ela ache que eu que sou branquelo demais e quer me escurecer logo.

Rio com esse pensamento.

— Acho que seria bom.

— Isso, mamãe... Piscina, piscina, piscina! — Laurinha vem correndo e se joga no meu colo. — o tio vai nadar comigo.

— Claro que sim, meu amor.

Olha como estou com o peito cheio novamente... Meus olhos ardem com as lágrimas, só que dessa vez não deixo escapar.

Percebo Gabriel me observando.

— O tio vai me segurar na piscina funda. Ele está me ensinando a nadar, você vai ver — diz, pulando na minha frente. — Você sabe nadar, tio?

— Eu... Bom, mais ou menos, não sou muito bon com água. — Sorrio para ela.

— Então meu tio vai ensinar você também, não vai, tio?

— Sim, meu bem.

Anjo era só para mim? Pensei que ele chamasse todas as pessoas assim, e Laurinha é uma das que eu usaria esse apelido tranquilamente.

— Eba, eba, eba! Viu, mamãe? O tio vai ensinar a gente a nadar.

— Sim, querida, por isso vamos nos trocar. — Ela levanta e fica olhando para mim, esperando eu levantar, porém ainda estou pensando no que vou vestir. — Você trouxe sunga?

Acho que Isabel tem o poder de ler pensamentos.

— Não.

Eu nem sabia que tinha piscina, na verdade, não sabia de nada.

— Acho que tem uma do Gabriel, pode pegar. — garante Isabel, eufórica.

Ela chama a filha e pega no meu braço, me arrastando para o quarto dela.

Nunca usei sunga, sempre nadei de roupa quando criança no lago no fundo da chácara, mas depois que cresci, acabei ficando sem tempo de ir lá, e já não achava mais tão higiênico ficar pulando naquela água suja.

A sunga que vejo ainda está com a etiqueta.

— Não posso aceitar — afirmo, recusando. Na verdade, não queria usar, melhor só olhá-los nadando mesmo.

— Nem me venha com essa, Gabriel nem fica aqui mesmo. É um presente de cunhada, tem que aceitar.

Como recusar? Não posso falhar na minha primeira impressão.

— Obrigado.

— Vá para o banheiro se vestir.

Faço o que ela manda. Pelo visto mandar é coisa de família.

Faz um tempo que estou me olhando no espelho, parece que estou de cueca. Meu corpo não é feio, mas tenho vergonha de ficar assim perto das pessoas, ainda mais diante dos olhos atentos de Gabriel.

Isabel bate à porta do banheiro.

— Me deixa ver como ficou.

— Não posso sair assim.

— Abra a porta e eu direi se pode ou não. Se não abrir, eu vou entrar.

Ter a chave reserva é de família também. Reviro os olhos, é melhor abrir.

Assim que abro a porta, ela me olha de cima a baixo.

— Ficou ótimo.

Ela não parece mentir, mas quero ter certeza de que não vão me expulsar dessa casa.

— Não ficou escandaloso? — Olho para ela, o seu biquíni é lindo. Laurinha está linda com um biquíni rosinha.

— Ele não está linda, filho? — Isabel pergunta a menina.

— Está lindo, tio, vamos, vamos, vamos — diz, saltitante.

Ela nunca se cansa?

— Calma, mocinha, vamos passar o protetor.

Passamos protetor uns nos outros, e levamos o vidrinho para fora. Coloco minha bermuda de novo por cima da sunga; já Isabel, como não se sente acanhada como eu, vai andando pela casa, somente carregando uma toalha para filha e um roupão para ela. Levo um para mim também, que ela mesma me entregou.

Quando chegamos à piscina, agradeço por Gabriel não estar aqui. Será fácil tirar a bermuda.

Isabel e Laurinha entram na água. Há uma parte rasa, cercada, com guarda sol para Laurinha brincar, e a outra parte funda, quer dizer, pelo jeito não é tão funda, porque não cobre a Isabel, e ela é aproximadamente do meu tamanho.

Passo a sunga pelas pernas quando ouço alguém assoviar atrás de mim. Acabo me atrapalhando e quase vou para o chão, mas as mãos fortes de Gabriel me seguram, ajudando, inclusive, a tirar a bermuda.

Tenho que ser tão estabanado? Deveria ter me jogado de roupa e tudo dentro da piscina.

Por que ele não volta para o inferno e me deixa em paz?

— Você tem um corpo incrível. — Ele segura a minha cintura, mandando calafrios por todo meu corpo.

Olho para as minhas mãos espalmadas em seu peito — tudo está sendo rápido demais —, uma descarga de adrenalina, não sei, talvez o sol já esteja aquecendo o meu cérebro e me causando danos, ou é apenas um impulso forte que me faz descer as mãos pelo seu peito lentamente, sentindo sua respiração acelerar, seu peito subir e descer descompassado.

— O que está fazendo? — Sua voz sai rouca, quase sem ar.

— Eu... — Tiro as mãos rapidamente. — Me desculpe.

Ele segura minhas mãos e me traz para perto.

— Nunca me peça desculpas por isso, não me incomoda.

Isabel nos observa, mas acho que não está escutando a nossa conversa. Pelo menos espero que não esteja.

— Meus queridos, entrem logo ou procurem um quarto, tem criança aqui! — Ela grita, nos fazendo separar.

Caminho pela lateral da piscina de costas para ele, sentindo seu olhar queimar a minha pele.

Não! Deve ser o sol, é só o sol. Samuel, pare com essa paranoia.

Desço pela escadinha, não me atrevo a pular, preciso saber a profundidade da piscina, ou melhor, acho que estou tremendo tanto que mal consigo me concentrar em uma tarde de lazer.

Se eu pular, me afogo e, se eu contar com a minha má sorte, Gabriel fará respiração boca a boca, então não.

Gabriel é mais exibido, dá um mergulho na piscina e aparece perto da irmã.

Ah, se eu pudesse definir o seu corpo em apenas uma palavra...

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Comentários

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Vim comentar sobre o conto de outro mundo. Esperava tanto dele e foi retirado do ar 😭😭😭

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O outro lado da fera surge e confunde mais ainda a nossa cabeça.

Já está claro que ir trás desta personalidade dúbia de Gabriel há uma história profunda mas tudo isso só nos deixa mais ansioso pela continuação...

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Que espetáculo de narrativa, impecável e altamente contagiante, gostaria que fosse um livro pois iria ler até o fim sem parar e não ficaria nessa ansiedade ao final de cada capitulo. Tenho pena do rapaz por ter sido separado da família e do noivo e lamento a situação de como aconteceu, imagino a dor que essas pessoas estão passando. Retira-lo da família da forma que fez, foi cruel nem sei qual adjetivo seria mais adequado de usar. O empresário mandão é insuportável, me parece atraente mas mesmo assim horrível. Mas esse filho, irmão e tio que surgiu me parece irresistível. Ainda não sei os segredos que ele esconde mas confesso que estou me apaixonando por ele. Por favor, seja generoso e conte mais sem demora. Parabéns e obrigado pelo conto.

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