E se... (Capitulo 8.1)

Um conto erótico de R. Valentim
Categoria: Gay
Contém 1726 palavras
Data: 09/12/2023 13:43:40
Assuntos: Amigo, Amor, bar, Gay, Sexo, Traição

Já tinha anos que não a via, mas o olhar que ela fez ao me ver de mãos dadas com o Ryan me levou direto para o dia em que brigamos, senti um aperto no peito, seu olhar de julgamento sobre mim me fez reviver a pior noite da minha vida, levou um tempo até Ryan perceber o que estava de fato acontecendo, ela não falou nada, apenas me encarou.

— Quem é ela, Chico? — Ryan me perguntou mesmo sabendo a resposta.

— Ryan, entra por favor. — Falei fazendo um esforço gigante para não começar a chorar.

— Não, vou ficar aqui com você. — Ele insistiu.

— Pode entrar, já vou entrar também. — Falei.

— Junior. — Finalmente a mulher abriu a boca.

— Entra Ryan. — Falo mais uma vez, agora com a voz embargada, só o meu passado me conhece pelo nome de Junior, Francisco Carlos Figueiredo Junior, um nome que fiz questão de abandonar.

— O que a senhora quer aqui? — Pergunto quando Ryan finalmente me escuta e entra em casa. — Como descobriu onde eu moro?

— Aquele rapaz o Maxuel me falou. — O Max mais que ninguém sabe o quando lutei para fugir e me esconder do meu passado, como ele pode ter me traído dessa forma ainda mais covarde. — Júnior vim te buscar. — Ele falou dura com sempre.

— Não me chama assim. — Falei tentando simular uma firmeza que me faltou antes e que está querendo me faltar agora, mativo o Chico por que era assim que minha vó me chamava, a única pessoa da minha família que me amou de verdade.

— Já falei com o Pastor, você pode ser curado. — Mesmo depois de anos, por isso fugi deles, por isso sumi, mudei de cidade, sabia que um dia ela viria atrás de mim, sabia que esse dia chegaria, e temia todos esses anos.

— Não quero cura, quero você fora da minha vida.

— Que vida Junior, Deus tirou aquele demônio da sua vida e agora você está se apegando a satanás de novo.

— Sai daqui por favor. — Eu quero odiar essa mulher, quero bater a porta na cara dela, quero nunca mais a vê-la de novo, mas não consigo, estou querendo sua aprovação, sonho com isso desde novinho, por isso me forcei a viver uma mentira durante anos.

— Júnior.

— NÃO ME CHAMA ASSIM. — Grito com ela e Ryan volta para ver o que está acontecendo, aceitar ela me chamar de Júnior é o mesmo aceitar que o monstro que me bateu e me jogou na rua é meu pai.

Ryan me puxa para dentro, fala algo para a mulher, mas não escuto e vejo ele fechar a porta, ela ainda insiste por um tempo batendo na porta, Ryan me leva até o nosso quarto e volta para falar com ela, não tenho forças para me levantar, estou com dificuldade de respirar, ensaiei tantas e tantas vezes o que faria se esse dia chegasse, agora que ele chegou não sei o que fazer, estou tendo uma crise de pânico, sou tão patético, um covarde, só de ver aquela mulher parada na minha porta as forças me abandonaram, estou encolhido e tremendo em minha cama, Ryan volta um tempo de pois, ele me abraça e me agarro forte nele, estou chorando descontroladamente, as palavras dela voltam com força para me assombrar de novo.

— Ela já foi, calma. — Não consigo parar de chorar. — Ela não vai te levar, está tudo bem.

— Estou com medo Ryan. — Estou tremendo como se tivesse sido expulso de casa agora e não anos atrás.

Estou completamente perdido, depois de um bom tempo chorando Ryan conseguiu me acalmar e me fazer dormir, quando acordei tomei um susto já era noite, deveria está no trabalho, porém quando me levantei o mundo girou junto comigo, estava me sentindo fraco e com uma baita dor de cabeça, chamei pelo Ryan mas quem apareceu na porta foi o Di.

— Cadê o Ryan. — Pergunto com a voz fraca.

— Ele teve que ir trabalhar, sem você não tinha muita escolha, mas estou aqui pode ficar tranquilo. — Di daria um ótimo pai, seu instinto de cuidar era evidente.

Di me deu um remédio e me forçou a comer um caldo de carne, no começo não queria, mas depois até que foi bom, me deu um pouco mais de ânimo.

— Onde comprou esse caldo?

— Que comprou o que, me respeita Chico, eu quem fiz. — Ele fala se vangloriando.

— Não sabia que você era tão bom na cozinha.

— Nem parece que você já comeu a comida do Fabim, ele é péssimo na cozinha, tive que aprender a fazer e depois peguei gosto.

— Tem muita coisa sobre vocês que eu não sabia. — Falei.

— Sobre você também, como sua mãe te achou?

Contei a ele tudo que aconteceu e que ela havia dito que Max tinha passado meu endereço para ela, ele ficou puto óbvio, mas o convenci que não valeria a pena dar uma surra no Max, Ryan já estava querendo também, se Di desse a ideia eles iriam juntos descer o Max na porrada.

— Se eu ver esse teu ex por aqui ou pelo bar eu acabo com a raça dele. — Di fala puto de raiva. — Acho que você tem que pedir uma ordem de restrição desse babaca.

— Não quero pensar nisso agora.

— Tá bom, mas e ai o que você quer fazer, o que você precisar o Fábio e eu estamos aqui para você.

— Obrigado Di. — Ele me abraça e me sinto acolhido, sei que já falei isso mais o Di parece muito mais meu pai do que meu próprio pai e temos quase a mesma idade.

— Ryan disse que ela foi embora, mas ele acha que ela ainda pode voltar, se quiser posso falar com um amigo meu que é delegado, podemos afastar essas pessoas de você. — Ele fala sendo racional.

— Sei que é o certo, mas queria tanto que ela me aceitasse, meu pai consegue entender todo o ódio dele comigo, mas ela nunca fez sentido para mim.

— Sabe minha mãe morreu quando ainda era bem jovem, quase não me lembro dela, minha avó cuidou de mim por um tempo até eu ir morar com meu pai, éramos só a gente, nos dávamos muito bem, ele era um espelho, queria muito ser como ele. — Di começou a falar e reconheci a mágoa na sua voz, pois é idêntica a minha. — Só que sempre soube que não seria possivel, sabia que era diferente e quando conheci o Fábio não deu mais para esconder ou reprimir meus sentimentos, lutei por muito tempo, mas ai aquele magrelo alto e desengonçado apareceu e mudou tudo, só queria ser um cara melhor para ter ele comigo.

— Acho que nunca me contou a sua versão de como se conheceram. — Di não era muito de falar sobre o passado.

— Ah, ele era amigo de um cara que jogava bola comigo, de vez em quando o via e ele era tão delicado, bonito, comecei a fantasiar o gosto que ele teria, mas me mantive distante para a tentação não ser maior.

— Mais não conseguiu. — Falei e rimos.

— Não, Fábio é como um imã gigante, sempre me puxando para ele, abaixei a guarda e falei com ele, ele começou a ir para os rolês na minha casa, das primeiras vezes eu fiquei de olho nele o tempo todo, para ver se ele iria ficar com alguma garota, mas ele não pegou ninguém, na época ele estava ficando com esse amigo, mas não sabia.

— O José?

— Sim, esse palhaço mesmo, eu fui burro o Zé tava muito estranho e ciumento, mesmo assim só descobri depois, mas ai você já conhece a historia, o fato é que quando meu pai descobriu, ele viu a gente junto, foi muito difícil, ele me bateu e me jogou na rua, quis revidar, mas não consegui levantar a mão para ele, Ryan esteve do meu lado, ele foi um amigo, alias um irmão, fiquei na casa dele e na casa da minha sogra, foram meses até meu pai me procurar de novo e vim com a historia de viajarmos.

— Porque você foi?

— Pela minha vó, ela precisava da gente, só que meu pai não havia mudado e nem se arrependido, ele sempre achou que o exército iria me transformar em homem.

— Você é um homem Di, o homem mais honesto e responsável que conheço.

— Valeu Chico.

— Vocês chegaram a fazer as pazes depois que você voltou? — Perguntei.

— Não, nunca mais falei com ele, minha tia é quem manda notícias dele, parece que casou de novo ou só se juntou, para mim tanto faz, minha família é o Fábio agora e sempre, e claro o Maike, aquele moleque é meu filho, se não fosse casado com o Fabim todos esses anos pediria um dna do moleque para saber se ele não é meu mesmo, o carinha é quase um clone meu, cê vai ver.

— Acho que vocês merecem mesmo, sei como é difícil, meu pai e minha mãe me pegaram com meu namorado da época, ele me bateu enquanto ela arrumou minhas coisas dentro de uma mochila, me colocaram na rua, a pontapé, foi o dia mais doloroso da minha vida e mesmo assim não consigo odiá-los, por que Di, por que não simplesmente odeio ela? — As lágrimas começam a querer vir.

— Você não é um cara que sente ódio dos outros, seu coração só tem amor Chico, por isso Ryan te ama, você é um cara incrível e azar deles por desperdiçar uma vida incrível com você por perto.

— Sargento o senhor pode me adotar também. — Falei abraçando ele com mais força.

— Você já é nosso menino também Chico, e nós te amamos e sentimos orgulho de quem você é. — Meus olhos enchem d’água, Fabim e o Di sempre foram uns paizões para mim, eles são tão maduros, e aprendi tanto com eles.

— Vocês são minha família. — Digo.

— Somos sim e você não precisa passar por nada sozinho, entendeu? — Ele fala me encarando.

O remédio que tomei começou a fazer efeito então peguei no sono de novo, só acordei quando senti o Ryan me abraçando na cama, coloquei minha cabeça no peito dele e voltei a dormir, nunca senti tanto sono na vida, devia ser do calmante que o Di me deu, minha crise tinha sido muito forte, mas agora já me senti forte e sabia que tinha as melhores pessoas ao meu lado para enfrentar o que quer que fosse.

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Comentários

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O segredo é ler todos os contos de Rafa por ordem de publicação. Além disso, eu começo um conto e vou até o final. E aí intercalo com a ordem cronológica dos vários contos. O doido do Rafa publica mais de um conto ao mesmo tempo. É uma dica pra tentar acompanhar essa sua mente criativa fascinante.

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Mano agora que me liguei que o Di e o Fabim são do conto meu melhor amigo e o Fred e André são dos Meus amigos e eu . Cara genial e muito feliz de ver um pouco da continuidade desses caras que são fantásticos.

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Essa é a mente brilhante do meu Rafa! 😜

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E o Fred e o André é do Meus amigos e eu.... Pqp, genial

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Mané, é impressão minha ou o Fabim é o Di são os personagens da história Melhor Amigo??? São não são?? Caralho que fodaaa, eu lendo esse cap e de repente eu pensei: onde foi que eu vi isso??? Aí eu voltei no primeiro conto e vi que bate os nomes aaaaaaaaah que lindooooo adorei

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Nossa que história linda e cativante já estou ansioso pro próximo capítulo. Esse Max já está me enchendo o saco ( e olha que marotenei tudo hoje) cara cabuloso ele e esse Pedro. Chico tem que parar de Neura e se jogar de cabeça no relacionamento com Ryan

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Eu duvido q se o ryan pede o chico em casamento, o chico não aceita

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O sorriso q aparece na minha cara ao ver a notificação de "CanseideserRafa publicou um novo conto!" Não ta escrito

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É achei que megera tava ali pra dar amor ao filho, mais infelizmente veio junto com a bolha do preconceito. Estou acabando de ler "Melhor amigo" agora da pra entender, um pouco mais dos personagens Di e Fábio, e como o Di ainda sofre, pelo preconceito do pai dele, mais o importante que ele seguiu em frente.

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Chico deve fazer o mesmo, seguir em frente não se preocupar com as pessoas que abandonaram ele.

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