História de um Casamento #3

Um conto erótico de Leitorav
Categoria: Homossexual
Contém 1716 palavras
Data: 24/01/2024 18:10:46

- Vocês estão passando por um processo de adaptação, é tudo muito novo e pode mexer com o emocional de qualquer um. Dá um tempo pro boy se adaptar, ver que você vai chegar em casa inteira e amando ele.

- Eu não imaginei que fosse conversar sobre isso com você, obrigada por me ouvir: vou seguir seu conselho.

Sentei mais perto dela e lhe dei um beijo, com vontade, segurei seu rosto e esfreguei meu nariz no seu, essa era minha forma mais genuína de afeto e eu queria que ela entendesse isso:

- Isso que eu fiz significa muito amor, muito carinho que eu gosto de você, de passar tempo com você...

- Isso tudo com um esfregar de nariz!? Sua comunicação é impressionante, consegue dizer mil coisas com um único ato. É genial, estou feliz que usou comigo, que você se sente assim.

- Eu me sinto muito à vontade com você, posso compartilhar meus sentimentos sem julgamentos, sempre há abertura, compreensão. Sinto proximidade, generosidade.

Ficamos sorrindo uma para a outra por um tempo, ela me diz que está com fome, olho meu relógio e já passa do meio dia, sugiro comermos no quarto dessa vez pois estou com preguiça de descer. Prontamente, concordamos e vamos dar uma olhada no cardápio do hotel.

Pedimos e ficamos de beijinhos, paparicos enquanto esperamos, eu podia ficar o dia inteirinho naquele namoro, naquele chamego com ela e esquecer do mundo.

Quando nossa comida chega nos acomodamos à mesa, passamos a refeição falando amenidades, nossas preferências na cozinha, ela me diz que sabe cozinhar pouco, porém aquilo que faz realiza com maestria, digo que adoraria provar seu tempero e que gosto de preparar minha própria comida sempre que possível.

Deitamos para assistir um pouco de televisão, ela sugere um filme novo no catálogo, filme de suspense que parece um pouco assustador. Logo aceito, não sou fã de terror, mas um suspense pode ser divertido. O filme é muito bom, policial e me agrada, deito em seu colo e me acomodo enquanto assistimos.

Assim que o filme termina estamos deitadas bem próximas, ela coloca sua mão no meu cabelo, fica brincando com uma das mechas enquanto me diz que está adorando a viagem, especialmente por minha causa, eu digo:

- Eu poderia passar todos os dias aqui com você, mas acho que precisamos de mais experiência para que ele confie em mim e saiba que tudo dará certo.

- Da minha parte teremos todo o tempo do mundo, é como falei antes vocês estão se acostumando a algo bastante diferente e que é novidade. Você vai ver que com o tempo tudo vai melhorar, não é fácil sair da monogamia.

Aceno afirmativamente, ela se aproxima devagar e me beija, um beijo mais intenso, que me deixa com calor, tiro meu moletom e logo ela abre meu sutiã com habilidade. Quando me dou conta já estou nua, me sinto tão desejada, tão livre, quero ela para mim, para meu cotidiano.

Está frio e ficamos por baixo das cobertas jogando conversa fora, nos curtindo. Acaricio suas costas e ficamos assim por tanto tempo que não sei dizer o quanto, percebo que está ficando tarde pela falta de luz, olho o relógio já são 18h preciso ir embora.

- Meu amor, tenho que ir, prometi que não iria dormir fora hoje e não vou vacilar, os acordos são importantes. Vou me levantando e vestindo.

- Minha linda, esses dias tem sido perfeitos, queria mais tempo por aqui com você, porém amanhã já viajo cedo.

- Se não tivesse que ir trabalhar amanhã te deixaria lá.

- Eu sei, eu sei.

Nos damos um longo beijo, aperto sua cintura e a puxo para um abraço forte, ficamos assim por alguns segundos, respiro profundamente para sentir bem seu perfume, memória olfativa é muito forte. Ela passa todo o trajeto do elevador me dando beijinhos e acarinhando minhas bochechas, nos despedimos no saguão, a abraço uma última vez e vou embora com os olhos marejados.

No carro a caminho de casa algumas lágrimas escapam e eu as deixo rolar livremente, olho a paisagem enquanto penso nela. Chego rapidamente em casa e subo com o pensamento bem longe.

Entro já com o pensamento em ser mais compreensiva com meu marido, afinal estamos explorando novas possibilidades o que tem me dado muito prazer, mas pode ser um incomodo para ele. Não o encontro na sala, vou para o quarto, ele está adormecido, Otto me olha com curiosidade, faço carinho na sua cabeça e ele levanta imediatamente entendo o que ele quer, um passeio com a mamãe.

Coloco um tênis e saímos, como é bom dar passeios naquele nosso bairro, é tão familiar, as crianças brincam sem medo e os pais relaxam assistindo. Fazemos nosso caminho habitual, Otto encontra seus amiguinhos, solto sua coleira e ele corre bastante pelos próximos 3 minutos, depois cansa e deita ao meu lado, aquela pequena bola de pelos me preenche, te amo Otto.

Quando quero ir embora só preciso levantar e ele me segue, coloco sua guia e vamos para casa, acordar papai. Ao entrar vejo que continua um silêncio, limpo rapidamente as patinhas de Otto e lhe dou sua recompensa. Vou para o quarto decidida a falar com ele, não quero mais climas ruins em casa.

Tomo um rápido banho e troco de roupa porque quero me refrescar e porque não quero que ele sinta o cheiro dela, pode ser um conflito e eu quero resolvê-los e não os criar. Deito na cama ao seu lado, penso em qual seria a melhor abordagem para tratar dela, sei que ele não vai querer saber de detalhes, mas o diálogo sempre deve estar aberto.

Estou com fome, vou até a cozinha e vejo embalagens de comida, sinal que ele pediu o almoço, faço uma salada rápida com alface americana, croutons, tomates, cebola roxa e pepino em conserva, frito dois bifes de frango que tempero com sal, páprica defumada e pimenta. Monto o prato e já estou salivando, tento mastigar mais vezes, mas a fome é grande, termino num instante minha refeição. Tomo uma lata de Coca-Cola zero e me deito no sofá, ligo a televisão para assistir algo leve, vou procurando e encontro Rick and Morty um dos meus desenhos preferidos.

Perdi a noção do tempo, quando percebo ele vem vindo pelo corredor, senta-se ao meu lado e diz:

- Pensei que nesse horário você, ainda, não teria chegado. Como foi seu dia?

- Foi muito bom, assisti um filme que você gostaria de ver. Quando cheguei passeei com Otto, já comi e você permanecia dormindo não quis te acordar porque hoje é seu dia de descanso.

- O seu também, obrigado por cumprir nosso acordo, significa muito, me sinto parte da sua vida.

- É claro que você é parte da minha vida, você se sente deixado de lado?

- No início sim, porque você está totalmente empolgada com outra pessoa, isso me faz sentir menos importante.

- Não se sinta assim, você é meu primeiro amor. Seguro seu rosto com ambas as mãos e lhe dou um beijo doce e longo. Quero dividir tudo com você, tudo o que descobri quero dividir com você.

- Este é justamente o problema, eu não que saber dos detalhes, mas quero você aqui comigo quando estiver em casa, não me sinto bem com você sorrindo de canto para o celular. Aqui em casa não.

- Se é isso que lhe deixa seguro pode ter certeza que eu o farei.

Eu podia sentir que o clima estava pesado, mas era menos do que ontem, isso já era um grande feito para mim. Já estávamos conversando melhor.

- Por favor, não me beije quando tiver beijado alguém, não gosto disso, por favor.

- Prometo que não vou te tocar sem tomar banho primeiro.

- E escovar os dentes.

- E escovar os dentes. Eu prometo.

Sentamos e assistimos ao desenho até eu começar a ficar com muito sono, antes de ir para o quarto, me despedi com um beijo rápido e fui dormir. Deitei, Otto veio dormir comigo, fiquei fazendo carinho nele e pensando no meu fim de semana como me diverti, como foi maravilhoso e adoraria repetir.

O sono me pegou em pouco tempo e me transportou para um sonho tão gostoso quanto um chocolate com caramelo, sabe aquele? Que mata a sua fome, não vou fazer publicidade de graça. Percebi que estava que estava no hotel mais uma vez, sentada no sofá, vestida com um lindo vestido vermelho, bem maquiada e aguardava impaciente ela sair do quarto.

Ela aparece, sorri, senta ao meu lado e me dá um beijo quente, sinto meu coração pulsar mais rápido, minha mente acelera quero tocá-la, mas não consigo, minhas mãos a atravessam, passam direto por seu corpo. Não entendo e tento segurar sua mão, contudo não consigo lhe tocar.

Depois de um instante meu marido aparece, senta-se ao meu lado, tento tocá-lo e meus dedos atingem uma névoa, não há como encostar nele, por um momento fiquei apavorada, somente consigo tocar em mim. Aquela situação vai me deixando angustiada, não posso tatear nenhum dos dois.

- Eu não sei o que fazer! O que está acontecendo?

- Calma, você pode tocar naquele que escolher, nos dois não. Disse meu marido calmamente, pense bem antes de decidir.

Num momento de desespero me levanto, saio correndo, contudo, mal alcanço a porta e ela desaparece. Procuro uma saída não encontro possível rota de fuga. Minha única solução é responder a essa pergunta tenebrosa, em caso de escolha qual seria a minha?

Olho de um para o outro, não há como decidir, quero os dois, meu marido é meu amor primeiro, mas ela é minha descoberta mais nova, tão valiosa. Ajoelho-me, coloco as duas mãos na cabeça concentrada para acordar, preciso acordar, NÃO POSSO ESCOLHER, NÃO CONSIGO ESCOLHER!!

Acordo assustada, suada, corro os olhos ao redor, estou em casa, está tudo bem, estou em casa. Que aflição, respiro aliviada, preciso de um copo d’água, vou até a cozinha, vou ligar o filtro e minhas mãos tremem. Ainda soa na minha cabeça: você tem que escolher, tem que escolher.

Deito, permaneço assustada, faço uma pequena prece, peço proteção e discernimento. Estou mais tranquila, meus pensamentos se voltam a ela que deve estar dormindo agora e isso me relaxa, olho meu marido em seu sono pacífico, não há como escolher, espero não ter que chegar nesse ponto.

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Comentários

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GRUPO DE SEXO BI ENTRE ELAS. Mulheres que queiram entrar escrevam com o zap para: tourodovale@hotmail.com e coloca NOME E LESBO GRUPO. Sigilo.

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Eu já teria metido o pé no seu rabo é colocado vc pra fora. Ser trocado por uma mulher nem rola traição não existe perdão

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Vou te dar uma informação que você já sabe, a narradora quis ser honesta e se abrir para o marido. Ele teve total liberdade para se posicionar. O que ele não fez. Ele poderia dar o pé na bunda dela mas até aqui ele também não o fez. Ela não está agarrando ele sendo de casa e o impedindo de sair ele poderia fazê-lo se quiser. Mas não o fez.

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Nossa nunca passei por uma situação assim e espero nunca passar, deve ser muito ruim.

Seu texto prende a gente.

Tenho a sensação de estar ali vivendo sua história que quando estou lindo, isso é muito bom.

Como sempre muito bem escrito!

Parabéns!

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Whisper, essa história é minha, aconteceu. Fico muito satisfeita em saber que o texto vem lhe prendendo. Muito obrigada pelos elogios fico muito feliz. Muito obrigada pelo comentário.

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Nossa que dilema não gostaria de esta numa situação dessas nunca muito conflitante parabéns o conto e maravilhoso.

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Com certeza é um dilema difícil, foi difícil vivê-lo, mas tenho superado bem, obrigada pelo comentário.

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