Trident de Melancia [04] ~ Gosto de trident de melancia

Um conto erótico de CELO
Categoria: Gay
Contém 5173 palavras
Data: 23/02/2024 07:16:25

Ainda naquela noite de domingo, Luis e sua tia Emília conversavam na sala enquanto assistiam o Fantástico.

Emília: Mateus é um garoto incrível, além de bonito, é super educado, gentil, engraçado, e aqueles olhos verdes são surreais, sem falar no cabelo perfeito, inveja para qualquer mulher.

Luis: Aff... Se gostou tanto, casa com ele mulher!

Emília: Ei, o que te deu menino, tu sabe muito bem que eu gosto é de outra coisa, porqueira. Ta achando o que, que sou pedófilo, que irei abusar de uma criança como aquela?

Luis: (risos histéricos) Criança, aquele tripé? Ta de brincadeira né tia?

Emília: Credo calanguinho, tu viu o brinquedo do garoto, cruzes essas amizades de hoje estão muito avançadas pro meu gosto, poucos dias juntos e já estão se medindo? Você ganhou né meu burucoxô, tem que ter ganhado por que com o pai que tem é obrigação sua ganhar!

Luis: E estranho é minha amizade né, como tu sabe o tamanho do (sinal de aspas com os dedos) brinquedo do meu pai?

Emília riu alto, enquanto Luis se estressava com a tia, que com certeza iria desconversar e deixá-lo no vácuo.

Luis: Anda tia conta!

Emília: Isso não é segredo meu querido, seu pai quando namorava sua mãe, pulou o muro da nossa casa para dormir com tua mãe escondido, só que ele errou de quarto e entrou no meu, já estava nu quando se deitou em cima de mim, eu dei um grito que acordou teu avô, o velho Luis saiu correndo porta a fora, desceu as escadas como um raio, minha mãe quase teve um troço e eu após entender toda a situação caí na risada, e o pior é que mesmo com o susto o sacana não abaixou o fogo, deu pra ver todos os detalhes do brinquedinho de seu pai, e acredite era enormeeeee.

Luis ficou calado imaginando o atrevimento de seu pai, em invadir uma casa e se deitar nu sobre uma pessoa sem se quer ver quem era.

Emília: Ei maluco pare de sonhar com o piru de seu pai, e me diga tu ta gostando do garotinho de olhos verdes não é?

Luis: Ham? Como assim tia?

Emília: Não se faça de desentendido meu menino, eu sei muito bem o que isso, esquece que sou diferente porqueira?

Luis: Aff... Não to entendendo tia, me explica essa coisa ai...

Emília: Você gosta dele como eu gosto de meninas, ta claro agora ou quer que eu desenhe?

Luis: Hi... Ta ficando velha e gagá, tu é louca mulher, sou homem, gosto de xana como tu, da onde que vou gostar de piru de menino...

Emília: Você pode até mentir pra mim, mas jamais pra você mesmo garoto, o amor bate a porta e se você não agir vai deixá-lo passar, ai quando estiver velho e sozinho como eu não reclame porque te avisei. Se acha que ser gay é errado, não posso te convencer do contrário, mas me sentiria feliz em ver você livre, vivendo um amor com um carinha tão simpático como o Mateus, e algo me diz que ele gosta de ti!

Luis: Tia isso é impossível, eu namoro a Laila, o Mateus também é hétero jamais sentira qualquer coisa por mim, isso é uma doce ilusão sua.

Seria engraçada aquela frase, se não fosse diante de uma situação tão trágica,

Luis não poderia imaginar que já demonstrava seus sentimentos assim, é claro que para uma pessoa como Emília, lésbica assumida, isso era fácil de perceber, Luis desejava ouvir a tia afirmar que o garoto era gay e que gostava dele.

Emília: Não posso afirmar que ele seja gay, até por que ele é expressivo demais para demonstrar tal situação, já você é tímido, calado, fica na sua e nem percebe que o encara com a maior cara de desejo, pode negar, mas você gosta dele, e ele nutre um afeto por você, não sei se é amor, paixão, desejo ou só amizade, mais ele gosta de você.

Luis: Ta tão na cara assim tia?

Emília: Luis meu querido, seus olhos brilham de uma forma única quando você está diante do garoto, você se cala quando ele fala, e sua cara demonstra a admiração que tem por ele, você o venera de uma forma escancarada, uma coisa eu te digo, se você não quer assumir esse sentimento, se não quer aceitar que você ama um homem, não demonstre isso, se controle, por que você só vai machucá-lo, e pior vai machucar Laila também, aquela garota te ama de verdade Luis, eu não digo que você tem que se afastar dele, mas tem que se controlar, não demonstrar tanta admiração, não é comum a dois amigos homens um relacionamento tão intimo tão aberto como o que vocês estão construindo...

Luis: Tia isso é tão novo pra mim, eu não quero sentir isso, não quero gostar de um menino, nunca antes na minha vida senti tesão por um garoto, mas desde que conheci Mateus meu corpo sente certas sensações que antes eu jamais vivi com mulher alguma, tenho sonhos com ele...

Emília: Meu querido calanguinho não sei o que te dizer, eu já passei por isso, sofri muito por desejar uma amiga, não aceitava gostar de uma menina, mas a situação se tornou insuportável, eu não consegui continuar amiga dela e não poder tocá-la como queria, e ai fui me afastando, me isolando do mundo, quando ela me procurou para saber o porquê de ter me afastado dela e de todos, eu a agredi, não só com palavras, mas também com socos e tapas, acontece que sempre fui grande e forte, mais que as outras meninas e acabei por machucar Isabel. Passaram-se anos sem noticias dela, meu pai teve que pagar uma indenização, eu sofri mais ainda, por carregar a culpa de ter machucado quem eu amava e também por que fui obrigada a me afastar dela. Já havia se passado doze anos, eu já havia me formado, e saído da casa de meus pais, já havia me assumido também. Quando fiz uma viagem a Brasília com um grupo de amigos, encontre Isabel em uma festa, foi ela que me reconheceu já não se chamava Isabel, adotará o nome de Bebel, havia se assumido lésbica, pouco tempo após nossa briga. Segundo ela, sofreu muito com tudo o que aconteceu com a gente, e foi na distancia que ela se descobriu apaixonada por mim, só que era tarde demais ela havia encontrado uma pessoa, estava morando com uma garota do Piauí, a decepção em mim foi enorme, ela gostava de mim e meu medo de ser rejeitada, de ser lésbica me fez afastá-la de mim. Foi depois desse reencontro que eu me mudei, me separei de todos e desisti de procurar a família e fazer as pazes. Passei anos sofrendo por causa da minha condição, demorei a me aceitar novamente. Tudo por medo, por burrice, então Luis escolha o que você fará, mas antes pense bem, você pode estar fechando a porta na cara da sua felicidade, do amor, e às vezes esses sentimentos só bate na tua porta uma única vez na vida.

Tudo que Emília disse a Luis entrou fundo na sua alma, seu coração doía, estava na cara que ele gostava mesmo de Mateus, ele o amava, mais não aceitava isso, pensava que se sua tia já havia percebido, seria questão de tempo até os amigos e o restante da família descobrir. Entrou em seu quarto e torcia para que uma resposta surgisse, ele não queria deixar de ser homem, não queria ser humilhado, xingado e depreciado por todos, queria ser feliz, poder amar, beijar e ser feliz com quem lhe fosse importante, mas também tinha medo de se machucar, se decepcionar com Mateus, e o pior perder a amizade tanto de Mateus, como de Laila, que já não escondia seus sentimentos por ele. Luis estava em seu quarto deitado em sua cama pensando naquele sentimento que abarrotava seu interior, e acabou por adormecer, durante o sono, sonhos eróticos se formavam em seu inconsciente, Luis se via em um quarto de motel, deitado em uma cama redonda e vermelha, coberta por apenas um lençol branco, de ante a cama em que estava, havia duas portas, ambas fechadas, uma voz gutural, (típica de um desses radialistas da madrugada, que narra bilhetes de pessoas desesperadas procurando um amor) dizia que Luis teria que escolher uma das portas, atrás de uma delas estava uma vida feliz, normal e tediosa, da outra estava o amor, uma vida feliz, diferente e cheia de barreiras e contradições, atrás de ambas as portas, alguém batia.

Narrador: Cabe a você Luis, escolher, o amor lhe bate a porta, escolha aquela que seu coração mandar, não vá pela razão, pela comodidade, deixe-se conduzir pela emoção, pelo desejo...

Luis se levanta da cama, completamente nu, caminha até a porta da esquerda, dentro de si, uma certeza, qualquer uma dessas portas me levará a felicidade. Luis girou a maçaneta, e ao abrir a porta se viu em outro lugar, era outra casa totalmente diferente do quarto de motel em que estava anteriormente, agora estava velho, vestido de terno preto, carregava no rosto um bigode enorme, uma criança vinha correndo de braços abertos, gritando muito, mais Luis não compreendia, sentada em um sofá estava, Laila, parecia velha, cansada, e tricotava uma espécie de calça de lã. Ela olhou triste para Luis, sorriu um sorriso amarelo e voltou a se concentrar no seu afazer.

Luis estava assustado que felicidade era aquela, como poderia ser feliz em conviver com uma mulher como aquela, triste, velha e presa a algo como tricô, pensou em retornar para o quarto de motel, virou-se em direção a porta, e se assustou mais ainda com o que viu sentado no meio fio diante a casa onde estava, Mateus o garoto já não era mais um garoto, estava velho, sujo, com roupas esfarrapadas, seus olhos não tinham mais aquele brilho, seus cabelos estavam grudados, sebosos.

Luis correu até ele, agachou-se ao seu lado, e com mais nojo que estivesse o abraçou, aquele velho lhe olhou de forma indiferente era como se não o conhecesse, mas algo mais estranho aconteceu, um sorriso lhe surgiu no rosto e era como se tudo rejuvenescesse, todos ali estavam ficando novos de novo, os dois, agora era como nos dia atuais, mas Mateus continuava triste, suas esmeraldas brilhantes estavam escuras, e lágrimas caiam de suas orbitas, Mateus tentava dizer algo, mais não conseguia, apontava para um ponto invisível, Luis cerrava os olhos para tentar visualizar o que ele mostrava, mais era em vão. Mateus se soltou dos braços de Luis e gritou: “eu te odeio” e como mágica se desmanchou, como se fosse um castelo de areia, se esvaiu e se transformou em poeira, carregada pelo vento. Aquilo era por demais avassalador, Luis caiu ao chão enquanto via o restante da poeira de seu amor se esvair carregada pelo vento, o choro era incontrolável, um grito foi à resposta para aquela dor, e aquele sonho antes erótico e por fim pesadelo se desfez, Luis estava de novo em seu quarto, deitado em sua cama, de sua pele veios de suor escorriam por todo o seu corpo, lençol, cobertor e travesseiro estavam atirados pelo chão do quarto. No relógio que estava em cima da mesinha ao lado da cama, marcava-se dez horas da manhã de segunda-feira, Luis havia sonhado por mais de doze horas, e aquilo apertava seu peito, seria um aviso, um sinal de que as escolhas feitas eram erradas. Ou seria só coisa de seu inconsciente criado pela duvida e por tudo que sua tia lhe havia dito.

Aquilo martelou a cabeça de Luis por todo o dia, e novamente ele estava sozinho, adormeceu novamente, mas agora foi um sono pesado, sem sonhos, sem pesadelos, e foi assim que Luis passou o restante da semana, não saia do quarto, dormia por horas, mas sempre com o medo de ser perseguido novamente por aqueles pesadelos, terça, quarta, quinta e sexta-feira se passou Luis não atendeu o telefonema de Laila, Janaína ou Mateus, Emília acobertava seus passos, escondia dos pais do garoto o que se passava com ele, quando uma das garotas o procurava, sempre dizia que havia saído, já havia passado por isso, sabia como era se sentir diferente, como era querer fugir de tudo isso. Sabia que era questão de tempo até ele aceitar ou apagar tudo isso de sua mente e viver uma vida tida como normal só era necessário que ele passasse por tudo isso sozinho, ser gay desde que se entende por gente era fácil, mais se descobrir gay aos vinte e poucos anos era devastador. Entendia o que o rapaz sentia, e se condoía com ele, não desejava isso para seu único sobrinho, ser uma pessoa solitária, triste e que se esconde atrás de mascaras não era uma vida desejada a ninguém, o que Emília menos queria era que seu sobrinho, a quem amava como filho passasse por tudo que ela passava até então. O sábado chegou e rapidamente passou, Luis estava trancado no quarto, já havia se acostumado com a idéia de namorar um garoto, mas ainda não aceitava isso como hipótese para seu futuro, já imaginava sair daquele quarto e tentar viver novamente, ver até onde iria aquela historia, aquela paixão. Era onze horas da manhã, quando o interfone tocou, não havia ninguém em casa, Luis tentou ignorar, não queria sair da cama, mas precisava, aquela pessoa insistia, não iria desistir fácil. Já havia chamado umas vinte vezes e já deixava Luis irritado.

Luis: Que porra, vai quebrar esse botão seu louco!

Voz: (risos) Aff... Seu pateta abre essa porcaria de portão e me convida pra subir.

Luis: Mateus?

Mateus: Dã... É Vera Fisher porqueira!

Luis apertou o botão, colocou o telefone do interfone no gancho e não disse mais nada, Mateus entendeu que era um convite para entrar, pegou o elevador e subiu, diante a porta do apartamento 521, Mateus tocou a campainha por cinco vezes, sem que Luis abrisse a porta.

Mateus: (aos gritos) Seu porra se não ia abrir essa porcaria de porta, por que me deixou subir, e eu aqui preocupado com você, quero mesmo é que vá se fuder seu otário...

Luis abriu a porta, vestia apenas com uma bermuda, seus olhos apresentavam olheiras profundas e escuras, já Mateus estava lindo como sempre, seus cabelos pareciam mais longos, os olhos brilhavam como Luis se lembrava, usava uma calça cargo preta, uma camiseta pólo ck verde, e as correntes que lhe eram características. Luis o olhou por alguns instantes, o outro garoto, ficou constrangido, mas não disse nada, deixou-se admirar, e devolveu os olhares. Luis não se aguentou, o desejo de possuir aquele corpo, de abraçar, beijar Mateus, foi maior que qualquer medo, qualquer receio, em um rápido reflexo, puxou o amigo pelo braço e o abraçou forte, Mateus correspondeu o abraço, mas se surpreendeu quando Luis colocou as mãos em seu rosto, lhe olhou nos olhos, e lhe beijou a boca, sim Luis beijou o amigo, um beijo forte, sôfrego que lhes tiravam o ar. Mateus permaneceu parado de olhos abertos, assustado, não correspondia ao beijo, mas ao sentir as mãos de Luis em sua nuca, não conseguiu resistir fechou os olhos e foi abrindo lentamente a boca, deixando que a língua de Luis se introduzisse e se contorcesse por dentro de sua boca. O prazer que ambos sentiam ali naquele ato era indescritível, ambos se permitiam descobrir novas sensações, e gostavam do que sentiam, as mãos percorriam o corpo, a boca ia dos lábios a orelha, da orelha ao pescoço, era gostoso, era forte, era algo que mulher nenhuma havia proporcionado. Ambos estavam entregues aos braços do outro, Luis beijava Mateus, e com o pé fechou a porta, e foi puxando o amigo ate seu quarto, ainda não haviam se olhado, continuavam de olhos fechados, como se temessem que aquilo fosse um sonho e se acabasse ao abrir olhos. No quarto, Luis deitou o amigo em sua cama, e deitou-se por cima do garoto, sua boca, percorria o corpo do amigo, iniciando pelo pescoço e descendo por cima da camiseta, lentamente foi retirando aquela peça do corpo moreninho do amigo, e ali naquele tronco nu, começou a depositar beijos leves e carinhos em cada lado de seu peitoral, nos gominhos do abdômen, contornava cada saliência, subiu novamente até os lábios, beijou-o novamente e aproximou os lábios da orelha do garoto de olhos esmeralda e disse:

Luis: Adoro o gosto de Trident de Melancia da sua boca...

Mateus: (ainda de olhos fechados) Luis... Eu te... Amo...

Aquela frase mais que esperada soou como o toque de trombetas de anjos em jubilo no ouvido de Luis, seu sorriso era resplandecente, e ia de uma orelha a outra, não foi de caso pensado, foi mais um reflexo, Luis beijou os olhos de Mateus e disse:

Luis: Eu também te amo te amo desde o primeiro dia que te vi naquele bar, você estava falando mal da minha tia, mais eu me apaixonei por você e por esses olhos esmeraldas, você dizia e eu só conseguia ver como eram lindos esses seus olhos verdes...

Mateus: Quer dizer que você ama só os meus olhos?

Luis estava deitado sem camisa, e Mateus estava deitado sobre seu peito, havia virado a cabeça em direção ao rosto de Luis, e o olhava esperando uma resposta, Luis também o olhava, não conseguia acreditar que ficou tanto tempo longe daquele anjo moreno que lhe parecia tão caro naquele instante.

Luis: Muito pelo contrario meu amor, me apaixonei por você por completo, foram os seus olhos que amei primeiro, mas logo vi como eles combinavam com este rosto tão angelical, e também com este sorriso perfeito, com esses dentes tão certinhos, sem mencionar essas suas madeixas castanhas que moldam tão bem seu rostinho meigo.

Mateus: Nossa, e você ainda esta no rosto, imagina quando se referir ao resto...

Luis: Essa era a próxima parte, ainda não havia notado como seu corpo era lindo, via que se vestia muito bem, é elegante, tem estilo, mas isso não deixa transparecer que em baixo de todos aqueles panos, existe um peitoral lindo e perfeito, que tem um abdômen de tanquinho, que me deixa louco só de olhá-los, aquele dia aqui nesse quarto, que te vi sem camiseta, cara foi à confirmação que eu desejava ter você, beijar essa boca, e lamber todo esse corpo...

Mateus: Deu pra perceber agora a pouco, você me deixou todo babado... (risos)

Luis: E quando você me mostrou isso ai (apontando para baixo)

Mateus: Isso?

Luis: É isso!

Mateus: Meu cacete?

Luis: Cacete, ai que nome feio, prefiro dizer torneirinha, ou melhor, mangueira, caramba tive medo, (risos de Mateus) mais ainda assim desejei poder senti-lo em minha mão.

Eu estava apaixonado e isso me doeu tanto, eu não queria aceitar por isso aceitei namorar a Laila, mas quando você foi embora, eu me desesperei e quase morri aqui nesse quarto, minha tia conversou comigo e tentou me fazer ver que eu te amava, mas o que ela não sabia era que eu já tinha certeza disso...

Mateus: O que? Sua tia sabe?

Luis: Meu querido nada passa despercebido por ela, ela entende bem disso, e disse muito mais, por exemplo, que você também gostava de mim, só não soube precisar com qual intensidade, hoje quando você tocou o interfone eu queria matá-lo, mas ao ouvir sua voz, meu coração acelerou e eu não consegui mais aguentar, mesmo correndo o risco de perder sua amizade, de você contar pra todos que eu sou gay, eu precisava provar sua boca, seu gosto...

Mateus sorriu, a felicidade estava estampada em seu rosto, subiu sobre Luis e beijou-lhe intensamente, quase arrancando pedaços de sua língua.

Mateus: Agora é a minha vez, vou lhe contar o que pensei quando te vi, naquele bar, sabe por que falei mal da sua tia? Foi por que fiquei desconcertado quando te vi junto às meninas, não sabia o que fazer, pensei em voltar pra sala, mas a Jana me arrastou, então quando te vi nossa, o que era aquilo, pense como você tava gato, pensei assim, não é possível que exista um cara tão gato assim, branquinho, todo doce, todo lindo, então tentei te impressionar, e comecei a falar da sua tia, quando me disseram quem era você, meu chão se abriu, pensei, agora ferrou, ele vai me odiar, ai tive a infeliz ideia de te oferecer o trident, mas o que aconteceu a seguir foi de matar, você me agrediu, nossa pensei tanta coisa, te odiei e quis ir atrás de você, me acertar, mas não tive coragem. Foram dias me recriminando, pensando em tudo, até que você me ligou, nossa aquele dia foi tão feliz, mais antes não tive coragem de atender, já havia pegado teu numero no celular da Jana escondido, então sabia que era você, pensei que me ligava para me ofender, me xingar, sei lá, mas não, você queria sair comigo, eu chorei aquele dia, nossa como chorei, mal dormi no dia da viagem, mais o que me fez ver que eu te amava, foi aquele dia no shopping, quando você passou mal, nossa pensei logo agora que estamos bem, o porra loca vai morrer, isso é injusto. O que importava era que eu te amava, e já havia planejado tentar algo com você a noite, quando voltássemos da balada, estaria ambos bêbados, se me rejeitasse no outro dia eu culparia a bebida, mas a Lai foi mais rápida e te beijou, eu odiei tanto ela naquele momento, roubando meu homem de mim...

Luis: Meu homem... Que cuti cuti, meu anjinho lindo, sou teu homem é?

Mateus: Só se você não quiser, por falar nisso como vai ser de agora em diante, você, eu, Laila, os outros?

Luis: Não sei meu amor, não quero ficar longe de você, te amo de mais para te perder de novo, quanto a Laila termino isso que mal começou os outros não precisam saber certo?

Mateus: Concordo com você, não estou pronto para me assumir...

Luis: Então gato aceita namorar comigo?

Mateus: Não.

Luis: Não?

Mateus: Não... Você não pode me pedir em namoro assim do nada, deitado na sua cama, quase nus, eu sou homem, mas mereço uma coisa melhor não acha, gosto de romantismo, de algo lindo...

Luis: Meu Deus onde fui amarrar meu burro, que cara mais complicado fui arrumar, mas não se preocupe eu vou te surpreender um dia...

O namoro prosseguiu tarde adentro não se passou dos beijos, mas Luis e Mateus estavam felizes com o pouco, ambos ainda não estavam preparados para outra coisa. Tomaram banhos separados, ainda tinham vergonha um do outro, eram oito horas da noite quando Emília chegou, Luis e Mateus estavam sentados um em cada sofá, a cumplicidade e a culpa por estar fazendo algo de errado era visível a quilômetros, e não seria Emília que deixaria isso passar assim despercebido.

Emília: Não creiooooooooo... Meu calanguinho de parede conta pra titia, o que você esta me escondendo, anda fala... Fala (Emília fazia cócegas em Luis, e este só ria, sem conseguir se controlar)

Mateus: Para dona Emília, ele não pode se esforçar, é asmático.

Mateus estava diante dos dois, seu rosto estava preocupado demais, Luis parou de rir no mesmo instante, a sensação de estar provocando algo de ruim a Mateus era tão preocupante como toda a situação da doença ainda não diagnosticada.

Luis: Calma meu doce, estou bem, não será simples cócegas que me farão cair doente de novo...

Emília: Como é? Meu doce? Explica isso direito, então é o que estou pensando...

Emília abraçou Mateus com força, sorria mais que criança em circo, beijava o rosto de Mateus, e este nada fazia, estava tão assustado com a atitude de sua professora, que mesmo com as piadas que fazia em sala de aula, sempre tinha uma postura seria, e que impunha respeito.

Emília: Meu Deus como estou feliz, meu garotinho ta namorando... Bem vindo à família Mateus, espero que faça meu neném feliz...

Mateus: Obrigado dona Emília, e não se preocupe vou cuidar bem dele sim...

Emília: Epa, dona não, me chame de titia...

Mateus: Como quiser titia...

Emília ainda encheu o novo casal de perguntas, estava interessada em saber como tudo tinha acontecido quem tinha dado o primeiro passo, se já haviam experimentado todas as opções de um namoro gay. Parecia ser ela a jovem que estava descobrindo sua sexualidade ao lado da pessoa amada, nem Luis muito menos Mateus estavam tão entusiasmados como ela.

A noite já transcorria quando Mateus resolveu ir embora, alegou que sua casa era longe e caso demorasse, logo não haveria mais ônibus para onde morava, Emília e Luis ainda insistiram para que ele dormisse ali, mas o garoto era irredutível e acabou saindo. Passaram-se pouco mais de cinco minutos da saída de Mateus quando Laís e seu esposo Raul chegaram e se surpreenderam ao ver Luis ali na sala conversando com Emília.

Laís: Meu filho há quanto tempo não o vejo, achei que tinha esquecido que morava aqui, todos os dias chegávamos e sua tia Emília falava que você havia saído, esta namorando alguém é isso?

Raul: Deixa o garoto Laís, prefiro vê-lo fora todos os dias do que deitado nesse sofá morgando as responsabilidades, deixe-o tenho certeza que se estiver namorando uma hora ou outra ele apresenta pra gente, sem pressões, quando achar que é a garota certa!

Luis pensava consigo, como a garota certa? Se eu amo um rapaz, e que rapaz é aquele, ainda sinto o gosto melancia de seus lábios, e aqueles olhos verdes esmeraldas, como eu os amo... A família se sentou a mesa para o jantar, Luis sorria como nunca sorriu, Emília lhe seguia, sorrindo possivelmente até mais que o sobrinho, Laís e Raul, mesmo tentando esconder estavam curiosos para saber do que se tratava aquela felicidade desmedida, mas nada perguntavam. A noite se foi, e um lindo dia surgiu, na mente de Luis só um assunto predominava, e não era seu namorado Mateus, era Laila, como terminar aquela história de namoro com ela sem perder sua amizade, Luis a adorava, mas paixão, amor, isso sentia por Mateus, e por mais recente que fosse a descoberta de ser gay, ele tinha certeza que esses sentimentos eram verdadeiros. Luis então resolveu ligar para Laila, precisava terminar aquilo logo, não conseguiria olhar as esmeraldas que tanto amava, ainda tendo algo com a melhor amiga daqueles olhos.

Luis: Alo Laila?

Laila: Oi meu nego? Tudo bem gatinho?

Luis: Tudo sim, e com você?

Laila: Estou ótima, melhor agora ouvindo a voz do meu namorado...

Luis: Laila a gente precisa conversar...

Laila: Ué pode dizer, sou toda ouvidos meu fofo.

Luis: Tem que ser pessoalmente, e antes das aulas da noite, como faço para te ver, de preferência agora?

Laila: Nossa isso tudo é desejo de ver sua gatinha... Agora eu estou no trabalho, vem daqui a pouco pro Shopping Flamboyant, eu almoço ali por perto, a gente se encontra e almoça junto, as onze e quinze saiu daqui pode ser?

Luis: Perfeito então, até daqui a pouco.

Laila: Ta meu neguinho, beijo e até daqui a pouco.

Luis: Até. (e desligou)

Luis não queria machucá-la, mas sabia que o faria assim que lhe revelasse o teor da conversa, Laila gostava dele, não se sabia se era amor, admiração, ou desejo, mas poderia ser qualquer coisa, e mesmo assim ela sofreria muito. Às onze e dez da manhã, Luis chegou ao Shopping e dirigiu-se a praça de alimentação, ainda pensava como iria dizer a Laila tudo o que estava acontecendo, em sua mente a melhor opção era ser verdadeiro com ele próprio e com a garota. As onze meia, Laila ligou avisando que já estava chegando, não demorou e Luis a avistou na escada rolante estava linda como sempre, a blusa azul do uniforme do trabalho lhe marcava bem os seios e a deixava perfeita, se Luis ainda gostasse de mulher, ou melhor, se não gostasse de Mateus seria fácil namorá-la, Laila caminhou sorridente até Luis, e assim que estava na sua frente tentou beijá-lo, mas o rapaz se desviou dos lábios de Laila, e acabou por beijar-lhe a face, a garota ruborizou, não imaginava uma recusa de Luis, sentou-se acabrunhada na cadeira em frente ao atual namorado e de cabeça baixa disse:

Laila: Você vai acabar tudo comigo não é?

Luis: Lai olha eu não sei como lhe dizer isso, eu te adoro, gosto mesmo de você, te acho linda e tudo mais... Alegre, extrovertida... Uma ótima companheira de farra e bebedeiras... Mas...

Laila: Mas você não me vê como namorada sou somente sua amiga e o que aconteceu com a gente no fim de semana foi um infeliz acidente de percurso?

Luis: Não é assim também, eu curti ter ficado com você, mas antes do desejo sexual, do amor, vem meu sentimento de amizade, meu carinho fraterno por você, se tivéssemos nos conhecido em outra circunstância quem sabe teríamos dado certo...

Laila: Não culpe nossa amizade Luis, se não me quer como namorada tudo bem, mas não pense que aceitarei ser sua amiga, isso jamais, por que eu gosto de você de verdade, desde o primeiro dia, se me aproximei de você foi por interesse em tê-lo como meu e não para sermos amigos, se não queria me beijar, ou melhor, se não queria me namorar deveria ter dito aquele dia no seu quarto, e não ficar fugindo de mim, não atender meu telefone e pior mandar recadinho pela sua tia, dizendo que não estava se sentindo bem, ridículo você garoto!

Luis: Eu ridículo, não me faça rir garota, veja bem eu não lhe obriguei a me beijar, você bem poderia ter corrido de mim na boate, assim como a Jana fez com o Mateus, e outra, não fui eu que invadi tua casa, e lhe acordei com mordidas em áreas nada apropriadas para um amigo fazer, ou foi eu? E outra eu jamais lhe pedi em namoro, imagina como seria se você acordasse com a pessoa que tu somente beijaste em uma balada sentada em sua cama, e visse que antes dessa pessoa ser mulher ela é sua amiga, e que você não quer magoá-la, pois bem garota, foi você que se meteu na minha casa, no meu quarto e praticamente me forçou a lhe aceitá-la como namorada, eu não lhe pedi em namoro, você que começou a me chamar de amor e tudo mais, então a única ridícula aqui é você. E quem não quer mais ser seu amigo, agora sou eu, passar bem garota.

Luis retirou da carteira uma nota de vinte reais e atirou sobre a mesa, aquilo deveria pagar o suco que havia tomado enquanto esperava Laila, saiu daquele shopping a passos largos, estava revoltado com a ex-amiga, como pode, desde o inicio ela se aproximou dele por interesse, somente estava à procura de uma foda, ou melhor, de um trouxa para lhe suprir a carência afetiva.

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