TINHA QUE SER VOCÊ - 24: PALAVRAS TRANSFORMAM (HECTOR)

Um conto erótico de Escrevo Amor
Categoria: Gay
Contém 1915 palavras
Data: 12/04/2024 23:54:41

CAPÍTULO: PALAVRAS TRANSFORMAM

NARRADOR: HECTOR

Tudo aconteceu tão rápido que mal tive tempo de processar o que estava acontecendo. O meu único instinto foi ficar na frente do João. Eu falei uma vez. Não deixaria ninguém machucar o meu namorado de novo, principalmente a sua avó, Viviane.

— Gente, que drama. — disse Viviane. — Eu nem atirei para matar. — rindo.

— O que você quer aqui? — perguntou o Fernando.

— O que é meu, Fernando. O meu dinheiro. Você não manteve esse império sozinho. Eu já esperei por muito tempo. — explicou, apontando a arma para o ex-marido. — Sei que você guarda dinheiro no cofre. Só dê o que é meu e nunca mais ouvirá falar sobre mim.

— Aaah! — gritou Jayme no chão.

— Para de drama, Jayme. — pediu Viviane, revirando os olhos e apontando para Fernando. Neste momento, a sua expressão ficou mais dura. — Você sempre se achou o dono do mundo, não é? Tão cheio de si que nem prestou atenção a sua retaguarda. Consegui entrar aqui no meio da sua festa, cheia de pessoas falsas e idiotas. Eu quero o que é meu por direito! — gritou.

— O que é seu? Você sempre foi uma mulher venenosa. A única coisa boa da nossa relação foi o Jayme e olha o que você fez! — apontando para o filho, que estava caído no chão.

— Eu quero o meu dinheiro! — gritou, apontando a arma para o ex-esposo e atirando, mas o objeto falhou e fez um barulho estranho.

— Desgraçada! — gritou Patrícia, aproveitando uma falha na arma de Viviane e se atracando com ela.

— Vocês nunca serão felizes! Nunca! — a mulher gritava, enquanto apanhava da mãe de João.

O caos se instalou no aniversário dos gêmeos, com pessoas gritando e correndo em todas as direções, enquanto o João e eu nos ajoelhamos ao lado de Jayme, tentando estancar o sangue que jorrava de seu ferimento, que foi no abdômen.

Com ajuda de José, o seu Josué imobilizou o Jorge. De alguma maneira, Viviane desvencilhou da Patrícia e levantou com a arma em punhos. Mas a alegria da desgraçada não durou muito tempo, pois dona Esther usou um vaso de flores para imobilizar a dondoca maluca.

— Fi... filho! — gritou Fernando nos ajudando a estancar o sangue. — Precisamos de uma ambulância. Cadê a equipe de segurança? — a atenção do sr. Fernando voltou para Viviane. — Eu vou te matar! — ele começou a enforcá-la.

— Para pai. — pedia Jorge, implorando pela vida da mãe.— Para, vô! — interveio José, tirando o seu avô de perto de Viviane, que continuava desmaiada.

— Senhor, — um dos seguranças apareceu. — tivemos um grande problema. Um dos nossos homens foi abatido. Ligamos para a polícia. — avisou. O homem usou algemas de plástico para imobilizar mãe e filho.

— Me solta, seu energumeno! — gritou Jorge se debatendo no chão. — Você sabe com quem tá falando? — o questionamento de Jorge ativou a ira de Fernando, que lhe deu vários socos.

— Se o teu irmão morrer, tenha certeza que o inferno vai ser o menor dos seus problemas!

Um dos seguranças foi mortalmente ferido. De acordo com uma análise feita pela polícia, os dois malucos conseguiram entrar na mansão ao se vestirem de empregados. Eles usaram como oportunidade o aniversário dos gêmeos e a ideia era fazer uma chacina, porém, a arma não cooperou para o plano maligno.

O coitado do João estava transtornado e não respondia. Como a sua avó teve coragem de tentar matá-lo no dia mais importante de sua vida?

Enquanto a ambulância chegava e levava Jayme para o hospital, uma sensação de alívio me dominava. Eu sabia que a Viviane não seria mais um risco para ninguém. Agora era focar na recuperação do Jayme depois deste terrível ataque.

A festa se transformou em um verdadeiro caos. Após dispensamos os convidados, fomos em direção ao hospital. Nervoso, José soltou que a família estava ficando adepta a sequestros, armas e hospitais.

— Você está bem? — perguntei do João, que permaneceu parte do tempo calado.

— Por que alguém iria querer nos machucar desta maneira? — ele indagou, deixando uma lágrima escorrer pelo seu rosto.

— Eu não sei, amor. Infelizmente, algumas pessoas vivem uma batalha interna contra elas mesmas. A Viviane é doente, mas não quis buscar tratamento. — falei, pegando na mão dele e acariciando.

— Obrigado por me proteger. — ele levou a minha mão até sua boca e beijou.

— Eu sempre vou te proteger, meu príncipe. — garanti. — Vamos?

— Mais uma madrugada no hospital. O José tem razão. Isso se tornou uma rotina para nós. — disse João, limpando as lágrimas e saindo do carro.

Ao chegarmos ao hospital, fomos guiados para a sala de espera, onde nos sentamos para esperar notícias do Jayme. Cada minuto parecia uma eternidade, e a preocupação estava estampada no rosto de todos nós.

Finalmente, um médico apareceu, e todos nós levantamos ansiosamente, esperando por alguma informação sobre o pai dos gêmeos.

— Como ele está? Ele vai ficar bem? — Patrícia perguntou, sendo amparada por Esther.

— Calma, por favor. — o médico nos olhou com compaixão antes de falar. — O Sr. Telles passou por uma cirurgia para remover a bala e reparar os danos causados. Felizmente, ele não corre risco de vida. Só vai precisar de um tempo para se recuperar, mas as perspectivas são boas.

Um suspiro coletivo de alívio encheu a sala, e lágrimas de gratidão foram derramadas por aqueles que temiam uma notícia ruim. Saber que o Jayme estava fora de perigo tirou um peso enorme dos ombros dos seus familiares.

Patrícia, ainda em choque com o que aconteceu na festa, estava tremendo de emoção. Ela recebeu todo o carinho de João e José, que a envolveram em um abraço recheado de amor e apoio. Às vezes, ações podem ter mais forças que palavras.

— Estamos todos aqui para você, Patrícia. — afirmou dona Esther, tocando no rosto da mãe biológica dos gêmeos. — Quando precisamos de ajuda, você estendeu a mão. Agora, neste momento delicado, queremos ser um porto seguro para vocês.

— Sabe, Esther. — balbuciou Patrícia, limpando o rosto com um lenço de papel. — Por muitos anos, eu fiquei preocupada com um filho desaparecido. Nem preciso dizer o choque que foi quando descobri se tratar de gêmeos. Depois, senti inveja de você. João e José te adoram. Então, o sentimento mudou e a gratidão apareceu. Sou grata a vocês dois. — pegando nas mãos de seu Josué e dona Esther. — Obrigada. Obrigada por cuidarem dos meus filhos. Eles são dois homens de bem, dignos e sou muito agradecida por tudo.

— Eles são os nossos filhos, Patrícia. — admitiu dona Esther. — Confesso, — dando um sorriso tímido. — eu tive ciúmes quando eles te chamaram de mãe. Orei muito para Deus me dar uma resposta, mas eu vi a forma como o seu coração se abriu para os meninos. Eu que agradeço.

As palavras de dona Esther foram recebidas de bom grado por Patrícia, e eu pude ver um vislumbre de esperança brilhando em seus olhos. Era reconfortante ver como as duas mães, mesmo de realidades diferentes, encontraram uma maneira de se unir em apoio mútuo e compaixão.

E, de uma maneira ou outra, eu também pude provar o lado materno delas. A Patrícia sempre foi uma aliada dentro da mansão Telles, enquanto a dona Esther me tratou como um filho do coração.

Porém, uma coisa ainda me deixava preocupado. Eu nunca conversei com os Telles sobre a minha relação com o João. Eu sei que estamos namorando há meses, mas tantas coisas aconteceram que o tema nunca chegou a ser tocado, nem por mim ou por eles.

O Sr. Fernando apareceu, após resolver todos os problemas sobre a invasão no condomínio, a morte do segurança e a prisão da ex-mulher. Ele convocou os melhores advogados para garantir que Viviane Telles apodrecesse na prisão. Essas foram as palavras dele.

Como o Jayme ainda não poderia receber visitas, seguimos todos para a mansão. Uma equipe de limpeza já cuidava para remover qualquer resquício da festa ou do atentado.Eu percebi que uma nova equipe de segurança já cobria um bom perímetro da mansão.

Aproveitamos para jantar a comida que haviam feito para o aniversário, enquanto dona Esther guardava todos os doces na geladeira.

Na madrugada, uma forte chuva começou a cair no Rio de Janeiro. Acordei assustado, após um trovão cortar os céus. O João dormia profundamente ao meu lado, mas o sono esqueceu de mim. Levantei e decidi tomar água na cozinha.

A chuva batia contra as janelas, criando um som reconfortante de fundo enquanto eu tomava água. De repente, Patrícia apareceu e me assustou. Precisei de alguns minutos para me recuperar. Ela garantiu que não conseguia dormir, por esse motivo, decidiu fazer um chá.

— Patrícia?

— Oi, Hector. — ela respondeu, enquanto colocava água em uma chaleira e acendia o fogo do fogão.

— Eu, eu queria falar sobre o João. — comecei, desviando o olhar nervosamente. — Sobre nosso relacionamento.

Patricia me observou com interesse, seus olhos atentos enquanto ela esperava que eu continuasse.

— Eu sei que nossa situação é um pouco incomum. — soltei, mas escolhendo minhas próximas palavras com cuidado. — Eu sei que meu passado não é exatamente... convencional.

Havia um toque de tristeza em sua expressão enquanto ouvia o meu discurso, e eu me questionava se ela estava pensando nos meus anos de luta contra as drogas, na dor que aquilo causou a todos ao meu redor.

— Mas eu quero que você saiba que estou limpo há anos. — eu disse rapidamente, sentindo a necessidade de enfatizar essa informação. — Eu mudei, Patricia. Eu sou uma pessoa diferente agora.

Ela me estudou por um momento, mas a sua atenção se voltou para a chaleira que apitava, avisando que a água estava fervendo. Com delicadeza, a mãe de João tirou o objeto do fogo e desligou o fogão.

— Eu sei, Hector. — ela finalmente disse, sua voz suave e cheia de compaixão. — Eu sempre soube.

Patrícia era uma mulher incrivelmente intuitiva, capaz de ver além das aparências e compreender a verdadeira essência das pessoas ao seu redor.

— Então... você está bem com o nosso relacionamento? — perguntei, incapaz de esconder o meu nervosismo.

Ela sorriu gentilmente, um brilho de orgulho em seus olhos enquanto olhava para mim.

— Claro que estou, Hector. — ela garantiu, sua voz cheia de sinceridade. — Eu só quero que meu filho seja feliz, e se você faz isso por ele, então eu te apoio de todo o coração.

Um peso enorme foi levantado dos meus ombros naquele momento, e eu senti uma onda de gratidão inundando meu coração. Patrícia não apenas aceitava nosso relacionamento, mas também me apoiava plenamente, apesar do meu passado turbulento.

Eu a abracei com força, agradecido por sua compreensão.

— Obrigado, Patrícia. Isso significa mais para mim do que você pode imaginar.

— Eu tenho orgulho de você, Hector. Do homem que se tornou e das coisas que está conquistando. Pode ter certeza que o Jayme sente o mesmo orgulho. — ela disse me abraçando forte. — Agora, você quer um pouco de chá?

E naquele momento, percebi que tinha uma nova aliada ao meu lado, alguém disposto a lutar por nós e a nos apoiar em todas as adversidades. Voltei para o quarto com um gostinho de camomila na boca. O único barulho no quarto era do ar-condicionado. Deitei ao lado de João, que estava mais quente do que o normal.

— Não. — balbuciou João se mexendo. — Para, por favor. Não. Não! — ele levantou.

— Ei, tá tudo bem. — o abracei. — Foi só um pesadelo.

— Será? — ele perguntou, chorando e me abraçando. — Será? E se ela voltar?

— Seu avô vai garantir que aquela bruxa passe o resto dos seus dias na prisão. — afirmei, acariciando os cabelos de João.

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