Maria ficou louca aos trinta e cinco anos. Uma pena. O negócio é que foi difícil de acreditar na sua degradação ao vê-la desfilar toda mulanbenta pelo bairro. Maria estava acabada mas ainda deixava os homens de pau duro. Mesmo no estado em que se encontrava. Louca, suja, magérima e vestida em trapos, sempre tinha alguém querendo se divertir com ela.
Quando Maria mudou-se para o bairro à oito ou nove anos, foi como se um grande abalo da natureza tivesse afetado a vida das pessoas. Os homens ficaram eriçados, as mulheres a odiaram e ela se divertia sem dar a mínima. Tinha o rosto suave, sobrancelhas negras desenhadas cuidadosamente, os olhos como Jabuticabas e o corpo moreno e carnudo. Uma beleza. Usava roupas coladas ao corpo, saias curtíssimas ou minúsculos shorts que mostravam as polpas da bunda e suas belas pernas de morena brejeira. Era chamada de puta, sem-vergonha, galinha. Na verdade causava inveja as outras mulheres por ser muito desejada. Trepava com vários homens, nunca se prendia a ninguém e colecionava pedidos de casamento.
Tudo isso é passado na vida de Maria, ninguém mais quer casar-se com ela e seu corpo definhou e agora mais parece um galho seco. Surgiram rugas no seu rosto, em torno de seus lábios, e seu corpo carnudo transformou-se num monte de ossos e pele. O cabelo curto e desgrenhado repousa na sua cabeça como um ornamento sujo e de mau gosto. O ar de louca estampou-se em sua fisionomia, em seu corpo, em suas roupas. Faz boquete em troca de cigarros, de um copo de cachaça ou cerveja. Muitas vezes deixa os homens a violentarem ou simplesmente ataca um para lhe aplacar o fogo quando subitamente lhe bate o tesão. Maria estava irreconhecível, antes pairava sobre os homens como um sonho a ser conquistado e agora não passa de um trapo velho. Tudo por ter se apaixonado por um homem. Tiveram um caso e logo após resolveram morar juntos. Maria nunca mais saiu com ninguém. Entregava-se apenas ao seu homem. Continuava bonita e desejada por todos. Até que um dia encontrou o seu marido com outro homem na cama. A cena foi um choque, como se ela fosse alvejada por um raio numa tempestade. E o raio caiu sobre sua cabeça. Maria chegou em casa, entrou no quarto e deparou-se com o homem que amava sendo curado por outro homem. Uma visão desgraçada, que a despedaçou e a enlouqueceu. De quatro, com o rabo arreganho, seu marido oferecia-se e gemia de prazer ao ser penetrado por um homem.
Depois da separação Maria definhou. Alguns garotos a pegam para farrear, tudo escondido entre as árvores de um grande terreno baldio. Fazem revezamento na sua xota e depois lhe batem. Batem na sua cara, desferem chutes nas pernas, na bunda, e quando Maria consegue livrar-se deles e foge correndo eles lhe atiram pedras e pedaços de paus. São uns animais, ignorantes, brutos e violentos. A maioria dos garotos tem entre quinze e dezoito anos e muito deles possuem apenas a xoxota de Maria para foder. Depois de foderem Maria e espancá-la ficam rindo e comentando sobre suas gozadas e pauladas como bons sádicos.
Apesar disso Maria continuava provocando os homens, fazia suas caras e bocas e continuava a gostar de trepar. Sentava displicentemente no fio da calçada com as pernas abertas, mostrava a calcinha e o volume de sua buceta, não importando-se com os olhares dos homens. Eles pareciam lobos famintos e quando podiam a arrastavam sorrateiramente para esvaziarem o saco. Ninguém agüentava ficar com porra acumulada por muito tempo e então longe dos olhares, muitos se aliviavam com Maria-louca, nome da qual ficou conhecida.
Eu estava vagabundeando, tranqüilo e descansado quando encontrei Maria. Não tinha para fazer e então resolvi dar uma volta. Fui comprar cigarros e quando voltava para casa, avistei aquela figura vagando pela noite como um espectro perdido. Era Maria. Nos aproximamos lentamente um do outro como se fôssemos duelar. Maria usava uma surrada saia florida com uma blusa de crochê rosa que salientava seus pequenos peitos. Ao chegar ao seu lado percebi que Maria estava sem sutiã e ao ver seus pequenos mamilos tive uma ereção. Ovos de touro, era assim que uma antiga namorada me chamava, dizia que eu não podia ver uma buceta. Estava certa. Nada de grandioso, é claro. Apenas a minha natureza.
- Oi Emerson - disse Maria-louca com um leve sorriso, os olhos vagos e a cara murcha.
- Oi Maria. O que você está fazendo andando sozinha por ai?
- Sempre ando sozinha. Sabe Emerson, sempre ando sozinha. É bom andar sozinha, mas é difícil, tem sempre esses homens atrás de mim querendo enfiar seus paus na minha buceta. Mas eu não deixo. Deixo apenas quando eu quero. Eles metem em mim e depois me batem. Os homens são uns putos Emerson! Uns putos!
- Concordo com você. A maioria dos homens não passam de uns cretinos Maria.
- Ah, mas você é legal! Um cara muito legal! Tem um cigarro para me dar? - completou Maria coçando a cabeça. Tirei a carteira de cigarros do bolso e acendi um para ela e outro para mim. A noite estava agradável, cheia de estrelas, quente e silenciosa. Não havia ninguém na rua, apenas nós dois e um cão vagabundo estirado próximo a cerca de uma casa. Estávamos em frente a uma área onde antes ficava um banhado e que havia sido invadida por centenas de famílias que transformaram o local numa grande vila dentro do bairro. O bairro era um gigantesco conjunto habitacional de casa populares vazias que também haviam sido invadidas há treze anos. Eu era um dos milhares de invasores. Eu também havia invadido uma das casas há treze anos atrás. Era a invasão dentro da invasão, a procriação da pobreza. O inchaço. A porca paridera pronta para estourar.
Enquanto conversava com Maria eu pensava se resistiria a meus instintos. Maria estava feia, um pouco suja, seca e louca. Não era mais a mulher que possuía um corpo na qual deixava os homens fora de controle. Não tinha mais a melhor bunda, as melhores pernas, mas ao ver seus mamilos, seu ar largado, suas pernas que lembravam duas canetas e sua bundinha dentro daquela leve saia surrada, tive vontade de comê-la. Todos sabiam que apesar de ter se transformada numa imagem fantasmagórica Maria sabia trepar como poucas. O clima da noite, o calor, as casa simples construidas com madeiras velhas, inacabadas e o ar suburbano causava em mim um efeito devastador. Eu me entregava a chinelagem. Era como se ejetassem veneno no meu sangue e lentamente ele fluía através das veias e artérias contaminando todo o meu corpo.
- Está quente hoje! Quero beber uma Coca-cola Emerson! Nós poderíamos beber uma Coca juntos. - sugeriu Maria com o cigarro entre os dedos finos, dando rápidas tragadas e lançando a fumaça na penumbra.
- Ah, está bem! Acho que eu tenho uma Coca em casa. Vamos para lá Maria!
- Vamos, vamos... Você é muito legal Emerson. Não sei como você está sozinho. Você está sozinho, não está?
Sorri e então fomos os dois. Eu e Maria-louca andando suavemente pela noite, lá em cima as estrelas iluminavam a noite. Torci para que ninguém me visse desfilando com Maria-louca. Não queria que me vissem levando-a para minha casa. O bom é que estávamos perto e assim eu corria menos risco de encontrar alguém pelo caminho. Senão seria: Emerson estava com a Maria-louca, Emerson comeu a Maria louca , Como ele tem coragem, que nojo, é um doente! E eu nem sabia se realmente iria fazer alguma coisa. Minhas vizinhas não poderiam saber de nada, se soubessem eu estaria fodido. Sem chance. Nada de conseguir alguma coisa com elas.
Seguimos pela rua costeando as casa construidas sobre onde antes era um banhado, depois vieram as casas do bairro até que em alguns minutos chegamos na minha. Entramos furtivamente, quer dizer, eu entrei furtivamente, Maria não ligava para nada. Se nos vissem ou não, para ela não tinha a menor importância. Claro que meu gesto era digno de um canastrão, mas como eu disse, era como se tivessem ejetado algum tipo de veneno em mim.
Chegamos em casa e entramos. Maria continuava com o mesmo ar perdido, às vezes sorria e então ela lembrava a Maria que fora antes. Tinha um pouco de tristeza. Maria olhou em volta, era a primeira vez que ela entrará em minha casa. Maria pediu outro cigarro. Acendi dois. Tragamos ao mesmo tempo.
- Vou ver se tem uma Coca na geladeira - eu disse.
- Ah bom, Emerson. Você é um cara legal. Muito legal. Não é como esses homens que só querem meter. Você é legal comigo.
Peguei uma garrafa de Coca-cola, restava um pouco mais da metade. Era das grandes, uma garrafa de dois litros. Peguei a garrafa na geladeira e abri. Maria observava silenciosamente, fumando e lançando a fumaça como uma locomotiva. Os peitinhos ali, lindos, mostrando-se através dos furinhos da blusa. Servi Maria num grande copo, ela emborcou com vontade. Observei ela. Seca, com o tecido do vestido descansando suavemente sobre seu sexo, mostrando o volume. Um belo volume. Maria notou o meu olhar e puxou a saia pela borda, prendendo-o entre as pernas de maneira que o volume ficasse mais saliente. Uma gostosa elevação, um monte perfeito. O tecido repuxado e preso entre as pernas de Maria desenharam frisos que perdiam-se entre suas coxas finas. Notei um friso maior que afundava-se entre sua buceta. Tive uma ereção e bebi um gole de refrigerante. De repente Maria soltou uma sonora gargalhada.
- HÁ,HÁ,HÁ...
- O que foi Maria, do que você está rindo? - perguntei fazendo uma cara de sonso.
- Ah, Emerson. Você não tira os olhos da minha buceta! Parece que vai me comer com os olhos - disse Maria sorrindo. - Você me trouxe aqui para me foder Emerson! Me ofereceu a Coca-cola para ver se acabava transando comigo! Maria-louca deu um grande gole secando o copo, pegou a garrafa de refrigerante e enche-o tranqüilamente.
- Eu não trouxe você para isso Maria - menti enquanto procurava a carteira de cigarros nos bolsos.
- Ah, claro que trouxe! Olhe só - disse Maria levantando a saia para mostrar a buceta. Você está louco para meter aqui. HÁ,HÁ,HÁ...
- Maria não provoque. Desse jeito é difícil de resistir. Maria continuava em minha frente com a saia levantada. Ela usava uma calcinha branca, velha e encardida. Seu rosto transformava-se, logo fomos mergulhados num clima tenso e sexual. A calcinha apertava-lhe as coxas secas. Maria abriu as pernas como se fosse um compasso e apesar do corpo extremamente magro possuía uma grande e volumosa buceta que estufava sua calcinha. Então puxando a calcinha para o lado Maria-louca mostrou seus vastos pentelhos negros, habilmente ela abriu sua buceta com os dedos, seus lábios deslizaram para os lados. Uma pele marrom avermelhada e lustrosa, logo o cheiro de sexo inundou o ambiente. Estávamos ficando cada vez mais loucos, envolvidos numa atmosfera quente, uma bruma erótica nos ligava, um campo magnético que me jogava em sua direção como um ímã. Maria enfiou dois dedos em sua vaginha e soltou um gemido surdo, sufocado. O som saiu de sua garganta mornamente como um suspiro angustiado e prazeroso.
Foi rápido, como um estouro de cavalos selvagens. Como se a Cidade do México fosse abaixo por um grande terremoto. Grudei nela como um cachorro, um animal que acabará de sentir o cheiro da fêmea no cio. Fizemos ali mesmo, de pé, nos apoiando nos móveis, tropeçando, desequilibrando-se. Até que nós dois amolecemos.
- Ahh... coisa boa Emerson! - suspirou Maria passando os dedos suavemete sobre seu sexo. Com o pau ainda ereto peguei um pedaço de pano e o limpei. O cheiro exalou o lugar.
- Que pau bonito você tem. Bonito e gostoso! - disse Maria, sorri e guardei o pau. Ovos de touro, pensei. As mulheres adoravam quando o espermentavam, fui abençoado com um belo e gostoso pau. As mulheres adoravam ele. Maria levantou a velha calcinha enquanto eu acendia um cigarro, depois bebeu o resto da Coca-cola que havia na garrafa. Dei-lhe alguns cigarros e ela foi embora no meio da noite. Alguns meses depois Maria-louca mudou-se do bairro e ninguém mais soube dela.
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