A vida transcorria calma na Vila dos Arcos. Passaram-se dois anos desde que Chico Rei sumira. Russo foi servir o Exército numa cidade distante e raramente aparecia por ali. Já com Dinho a coisa era diferente. Eles se encontravam quase que diariamente, o que acabou viciando Márcio. Tinha dias que eles se encontravam mais de duas vezes. Um dia, assim do nada, eis que Chico Rei reaparece. Agora com 17 anos, crescera mais e ficara mais forte. Quem o visse diria que tinha lá seus 23 ou 24 anos, mas que nada. Desenvolvera-se à custa do trabalho pesado numa transportadora. Mudou apenas no físico, pois o caráter continuava o mesmo. Cafajeste, violento e agora, dado a bebidas. Aliás, quando apareceu, estava tão bêbado que dormiu na varanda do Grupo Escolar. Márcio, agora chamado de Marcinho (não crescera muito) ficou apavorado. Temia Chico Rei pelo seu caráter violento. Lembrou-se de como Zé Carlos foi violentamente violentado por Chico Rei e seu medo aumentou. Marcinho estava em vias de completar 15 anos e se mais novo era angelical, agora era divino. Tinha até namoradinha com quem não passava de uns beijinhos. Mas voltemos ao nosso protagonista. Chico Rei acordou com a boca azeda e com fome. Levantou-se à frente da meninada que chegava para as aulas matinais e na maior sem-cerimônia, ostentando aquele mastro hígido estufando-lhe as calças rotas, espreguiçou-se e dirigindo-se à árvore mais próxima, abriu a calça e ali mesmo, ante o olhar estupefato da meninada, começou a mijar. Marcinho que chegava, vendo a cena, sentiu seu coração bater mais forte e correndo, entrou na sala de aula. Ao final das aulas matinais, Marcinho, sentindo um misto de pavor e curiosidade, deixou o colégio acompanhado de um grupo de mais ou menos cinco garotos, dentre eles, Zé Carlos, Dinho, Didi e Ernesto. Viram Chico Rei vindo em direção a eles e pensaram em correr mas foram impedidos por Marcinho que falou:
― Gente, se a gente correr dele agora, nunca mais vamos ter sossego. Melhor conversar com ele agora e ver o que ele quer de nós. Quem sabe ele mudou... Não convenceu muito, mas resolveram esperar. Chico Rei tinha tomado banho, trocado de roupa, quer dizer, vestira um calção limpo e estava sem camisa. Aproximando-se do grupo falou:
― Intão mulequis, é assim qui recebem um véio amigu?
Os meninos ficaram mudos. Não sabiam o que dizer. Marcinho resolveu aproximar-se mais daquele que um dia quis ser seu algoz e enchendo-se de coragem, respondeu:
― Não é isso não, Chico (omitiu o Rei). É que você cresceu tanto que virou um homem. Não é mais menino igual a nós...
― Qui homi nada. Isso aqui (bateu na caixa de músculos dos peitos e dos braços) é resurtadu de trabáio pesadu. Tô cum dizesseti anu ainda. Só vô fazê 18 nu méis qui veim. Sô mulequi iguá a tudu ocês. Intão, hoji vai tê pelada? Si tive vô jogá nu gol. Queru vê quem vai fazê gol ni mim.
Enquanto falava, Marcinho observava aquele corpo másculo. Os braços fortes; as pernas hígidas e grossas; os lábios carnudos e, principalmente, o volume por sob o calção. Desejou-o, embora o temesse. Tentou uma aproximação, buscando um meio de granjear-lhe a simpatia. Das duas uma: Se enfurnava em casa e não saía nunca mais ou poderia tornar-se seu amigo. Optou pela segunda alternativa e foi com esses pensamentos que falou:
― Legal! Você vai ser o goleiro do meu time. Vamos indo que está na hora do almoço. Desde que você sumiu, meu pai sempre pergunta por você. Quer almoçar lá em casa e ver êle?
Todos os meninos ficaram surpresos com a atitude de Marcinho e resolveram ir embora. Só ficou Chico Rei e Marcinho, frente a frente. O negro pensou algum tempo (minutos inacabáveis para Marcinho que tinha jogado sua cartada de mestre) e por fim falou:
― Tá bão. Lá in casa num tem nada mesmu pra cumê.
Os dois seguiram em silêncio. O pai de Marcinho, seu Justino tinha sido casado antes e ficado viúvo. Sem filhos, passou 8 anos viúvo até que aos 45 anos se casou com a mãe de Marcinho, então uma jovem menina pobre de apenas 15 anos. Agora estava com 29 anos e Seu Justino com 60. Nessa idade, além de outras coisas, não dava conta de cuidar sozinho da plantação de horti-fruti-granjeiro do que vivia. Marcinho se lembrava que ele dizia que teria de contratar um empregado para ajudá-lo na lida. Por isso convidou Chico Rei. Quem sabe se o pai dele o contratava. Seguiram em silêncio, pois nenhum dos dois queria quebrar aquele diálogo silencioso de duas almas em combate feroz. A mãe de Marcinho não gostou de ver o filho em companhia daquele negro de má fama, mas não fez desfeita. Acolheu-o com educação e o pai ao chegar, abriu um sorriso, perguntando:
― Então rapaz, você se transformou num homem... Fiquei sabendo que você anda se embebedando. Não faça isso não. Você vai destruir sua vida.
― Sabi qui é Seu Justinu, a fomi é má cumpanhera. A pinga mata a fomi. É purissu qui eu tenhu bebidu.
Marcinho, meio que gaguejando, falou:
― Então pai, eu trouxe ele porque ele falou que na casa dele não tem nada para comer...
― Chico, se é esse o seu problema, vou lhe propor uma coisa: você vem trabalhar comigo. Vem morar naquele quartinho que eu tenho lá nos fundos do terreno e você faz as refeições aqui em casa. Não posso lhe pagar muito, mas com casa e comida é bem pago. Estou precisando de um ajudante forte igual a você. Mais duas coisas: se você aceitar, não quero que beba mais e nunca venha aqui na minha casa sem camisa. Então você aceita?
Marcinho com o coração aos saltos ouvia a conversa rezando para que Chico Rei aceitasse a proposta de seu pai.
― Si u sinhô tá falanu ieu aceitu.
― Zulmira, pegue uma camisa velha e dê para o Chico poder almoçar com a gente. Outra coisa, disse virando-se para Chico Rei, folgas só aos domingos. Na roça nós não temos o luxo de feriado e nem dia santo, estamos entendidos?
― Tamu sim sinhô.
O resto da semana transcorreu em paz e entre os meninos a novidade era de que Chico Rei havia se transformado. Virara trabalhador, não bebia mais e deixara de perseguí-los. Marcinho tinha pouco contato com ele, já que passava o dia inteiro na roça e só vinha em casa para jantar e ir dormir. No fundo, decepcionara-se um pouco. Seu instinto de menino-fêmea não o deixava sossegar. Agora era uma questão de honra. Queria conquistar o Chico Rei da mesma forma que conquistara Russo, seu primeiro amor. Agora Marcinho sentia-se à vontade por em prática a segunda parte de seu plano: conquistar Chico Rei. No íntimo, Marcinho não queria simplesmente dar o seu cu para aquele negro que um dia quis violentá-lo. Queria conquistá-lo, seduzi-lo, dominá-lo, fazer dele seu objeto sexual. Um dia, na hora do almoço seu Justino veio sozinho para o almoço e anunciou:
― Chico não está passando bem e não quis almoçar. Você prepara um lanche reforçado que eu levo pra ele depois do almoço.
Marcinho entristeceu-se pois era depois do almoço que sempre conversava um pouco com Chico Rei, ganhando cada vez mais a simpatia do empregado de seu pai. No final do dia, seu Justino chegou e falou para sua esposa:
― Zulmira, prepara um chá forte que o Chico tá com a garganta inflamada e com muita febre. Vou tomar banho e pegar a charrete pra ir lá no doutor ver se ele passa um remédio pro moleque.
― Mas você vai levar duas horas pra ir e voltar. Porque não leva ele com você?
― Não! Ele está tremendo de febre. Quando você levar o chá pra ele, leva também um cobertor.
Tomou um banho rápido, vestiu roupas limpas e partiu. No mesmo instante, Zulmira e Marcinho foram ao quartinho do Chico. Encontraram-no transpirando muito e tremendo de frio por causa da febre. Estava sem camisa e seu peito gotejava de suor. Chamando-o pelo nome, Zulmira o fez beber o chá quente e pegando uma toalha, começou a secá-lo do suor. Aquele corpo negro e musculoso mexeu com aquela mulher em pleno apogeu físico e sexual. Seu marido já não satisfazia como seu corpo pedia.Tentou disfarçar seu embaraçado, mandando Marcinho ir buscar uma toalha limpa e seca em casa. Ficando sozinha com Chico que permanecia de olhos fechados ardendo em febre, passou a mão em seu peito cabeludo e arrepiou-se. Olhou para o calção do rapaz e viu o volume que jazia embaixo do pano. Com a toalha, enxugou-lhe as pernas e percebeu a rigidez daquelas coxas grossas. Estava excitada. Voltou a enxugar seu peito e delicadamente deixou seu braço esbarrar no pau do meninão. Sentiu-se gelar e ao mesmo tempo, seu sangue ferver. Ouviu quando Marcinho chegou correndo. Pegou a toalha seca e mostrando ao filho como fazer, falou:
― Fica aqui enxugando o suor dele até seu pai chegar com o remédio. Vou lá pra casa. Qualquer coisa você me chama.
Marcinho exultou. Poderia ficar sozinho com seu homem. Pena que ele estava doente. Com uma das mãos enxugava o suor de Chico e com a outra, o acariciava no rosto. Chegou mesmo a beijá-lo no rosto. Marcinho estava excitado e por duas vezes, tocara no pau do negro, mas como Chico se mexera, tirou a mão rapidamente. Logo seu pai chegou trazendo o remédio que foi dado ao empregado. Depois ambos se recolheram, deixando Chico rei dormindo. No dia seguinte, seu Justino foi ver como o menino estava. Melhorara, mas não o bastante que o permitisse trabalhar. Voltou em casa e pediu que quando Marcinho voltasse da escola, levasse o seu almoço lá na roça porque ele não poderia via até em casa. Se viesse, não daria tempo de terminar o que estava fazendo. Assim, Marcinho levaria sua comida e ficaria com ele ajudando-o no serviço. Assim foi. Logo depois de almoçar, Marcinho foi ao encontro do pai, não antes de passar no quarto de Chico Rei para ver como ele estava. A garganta melhorara, mas havia ainda um pouco de febre. Meia hora depois, Zulmira foi levar uma sopa para Chico. Ele ficou sem graça e pediu desculpas pelo trabalho que estava dando a ela. No fundo, sabia que Zulmira não simpatizava com ele e não gostava da amizade do filho com ele.
― A sinhora mi adiscurpi. Num queria dá trabáio pra sinhora.
Surpreendeu-se com o sorriso que recebeu de volta e com a voz meiga e carinhosa com que Zulmira lhe respondeu:
― Que é isso Chico? Você está doente e como cristã, tenho o dever de cuidar de você. Ontem mesmo, enquanto Justino foi buscar remédio pra você eu fiquei aqui enxugando seu suor, cuidando de você. Você não viu porque estava quase que inconsciente, mas sequei seu corpo e só não troquei sua roupa que estava encharcada porque você é muito pesado e eu não ia dar conta.
Disse isso e oferecendo-lhe o prato com a sopa, tocou-lhe de leve na face. Chico Rei sorvia a sopa com gana e ela, sentando-se ao seu lado na cama, o fizera propositadamente bem próximo a ele, colando sua perna à dele. Chico Rei estava meio atrapalhado. Aquela situação o deixava embaraçado. Resolveu perguntar pelo Marcinho.
― Cadê o Marcin? Num vi eli hoji...
― Ele foi levar o almoço do pai e vai ficar lá com ele até o fim do dia. Estamos só nós dois hoje aqui...
― Humm...
Chico rei terminou a sopa quente que o fez suar. Zulmira pegando o prato de sua mão colocou-o na cadeira e tomando a tolha, mandou que tirasse a camisa e começou a secá-lo, primeiro nas costas e depois no peito.
― Tem precisão não. A sinhora vai ficá fedendu a suor di nêgo.
― Chico, sua febre já passou. O melhor agora é você tomar um bom banho quente e vestir roupas limpas. Vamos lá em casa. Aqui não tem chuveiro elétrico e água fria não vai fazer bem... Um bom banho bem quente vai deixar você novinho em folha. Vamos!
― Precisa naum... si seu Justinu sabê num vai gostá...
― E quem vai contar para ele? Estamos sozinhos... Vamos logo!
Pegou-o pelo braço e o levou para sua casa. Chico rei temia pelo que pudesse acontecer. Entraram e ela fechou a porta dizendo que era só precaução. Mostrou-lhe onde era o banheiro e onde estava o sabonete e depois falou sorrindo maliciosamente:
― Lava tudo bem lavado viu? Quero que você fique bem cheirosinho.
O menino-homem entrou no banheiro, se despiu e começou a tomar banho. A água quente lhe fazia bem. Nunca havia tomado banho de chuveiro elétrico. Era uma gostosura. Estava se enxaguando quando Zulmira bateu de leve na porta e perguntou se já havia terminado. Ele respondeu que estava acabando. Então ela falou, abre a porta um pouquinho que eu trouxe uma toalha limpa pra você. Ele destrancou a porta e colocou a mão para fora a fim de pegar a toalha, mas para sua surpresa, Zulmira empurrou a porta e entrou no banheiro fechando a porta atrás de si. Estava nua, apenas enrolada na toalha. Instintivamente, Chico Rei cobriu-se com as mãos, tentando escondeu seu pau.
― A sinhora endoideceu? Seu Justinu vai mi matá!
― Chico, você é um homem apesar dos seus 17 anos. Meu marido já não cumpre suas obrigações de homem comigo faz tempo. Eu ontem cuidei de você. Agora sou eu que está precisando de ajuda. Faça-me sentir mulher novamente.
Enquanto falava, acariciava os braços e pernas do negro, que apesar do medo, não conseguia dominar sua natureza. Chico sentiu seu pau endurecer em suas mãos. Zulmira tirara a toalha e exibia seu belo corpo de pele morena, esguio, curvilíneo, sedento de prazer. Aos poucos, Zulmira conseguira tirar as mãos de Chico Rei e pegava naquela varona negra, absurdamente quente e grossa. A pica do negro latejava em suas mãos. Zulmira tremia de desejo e buscava erguer-se nas pontas dos pés para ficar na altura certa. Chico Rei pegou-a pela cintura e a ergueu permitindo que ela o enlaçasse com as pernas na sua cintura. Ajeitada a posição, ele a penetrou de uma só vez. Ela gritou de dor quando a cabeçona daquela jeba viril abriu caminho em sua vagina. Zulmira era apertadinha. Tivera somente um filho e o pau de Justino era mediano e fino. Por isso doeu. Mas foi só quando entrou. Agora ela própria jogava seu corpo para frente e para trás loucamente. Não demorou muito e logo Zulmira gozava como nunca. Saíram do banheiro e jogando-se na cama, foderam como dois animais insaciáveis. Ora ele por cima, ora era ela quem ia por cima; ora por trás, mas sempre na vagina. Ela não lhe permitiu o cuzinho. Duas horas depois, novo banho e a despedida no chuveiro. Chico Rei vestiu-se e foi para seu quarto. À tarde, quase no fim do dia, Justino e Marcinho chegaram e foram direto ao quarto do negro e o encontraram sem febre, dormindo o sono dos justos. Aliviado, Justino entrou em casa e encontrou Zulmira de banho tomado, roupas limpas, cantarolando índia seus cabelos nos ombros caídos... Negros como a noite que não tem luar...
― Que foi mulher? Que bicho te mordeu pra você está cantando assim?
― Fui picada por uma cobra... brincou.
E agora? Chico Rei realmente se modificou? E Marcinho, vai ser desprezado por Chico Rei? Confira no conto a seguir.