Adeus, Tony

Um conto erótico de rioalbatroz
Categoria: Homossexual
Contém 4266 palavras
Data: 16/02/2006 00:10:34
Assuntos: Gay, Homossexual

Adeus, Tony!

Chegando a uma nova cidade estrangeira.

O bói do hotel, jovem e bastante bonito, aproxima-se, pega sua mala que o motorista depositou na porta e leva-a até à recepção.

Você se dirige ao rapaz do balcão:

— Boa tarde! Sou o senhor Armino. Creio que tenho uma reserva aqui.

— Como se soletra?

Apresenta-lhe o passaporte e ele lê em voz alta o nome com o sotaque da língua local: Armaino!

Não lhe soa como seu sobrenome, mas enfim...

— Achei. Por favor, preencha a ficha.

— Confirmada a reserva?

— Sim. Por quanto tempo pretende estar conosco?

— Creio que serão três dias.

— Se desejar permanecer mais tempo, favor avisar o quanto antes; nesta época do ano o hotel costuma estar bastante cheio.

Você lhe devolve a ficha e ele não pede nenhum documento, exceto seu cartão de crédito, que passa na maquininha e o devolve.

— Onde estão suas malas?

— Aqui; só tenho esta.

— O bói a levará ao quarto. Ele tem a chave. Necessitando de algo, favor telefonar. Neste cartão há todas as instruções.

— Grato. A que horas é o café da manhã?

— A cafeteria abre a partir das sete.

— Boa noite, obrigado.

— Hum, hum...

Ao chegarem ao quarto, o bói abre a porta, olha-o nos olhos; demora-se um pouco mais que o normal naquele olhar fixo, antes de deixá-lo passar. Bonitos olhos tem o rapaz... Algum significado especial naquela atitude? Finalmente, o moço entra atrás de você, coloca a mala sobre a mesinha baixa.

Gratifique-o adequadamente, principalmente porque pode precisar de alguns serviços extras.

— Obrigado, senhor. Estamos às ordens.

Certifique-se de ler os folhetos deixados sobre a geladeira, junto ao telefone e atrás da porta. Algumas informações são corriqueiras, como preços dos serviços, dos artigos da geladeira, mas outras podem ser importantes em caso de emergência. Depois de um banho para tirar a morrinha da viagem, mudar de roupa, pode desejar descer para se familiarizar com o local da cafeteria, as facilidades do vestíbulo. Ou mesmo dar uma volta pelo quarteirão para examinar o ambiente.

Antes de sair à rua, pergunte ao bói sobre as condições de segurança das redondezas. Hoje em dia, infelizmente, a questão é bastante importante. Em algumas cidades, nas cercanias dos hotéis, costuma haver batedores de carteiras, ladrões de malas, prostitutas e "rapazes", que podem representar uma ameaça séria para sua segurança pessoal. O aspecto de tais tipos engana bastante. Lembre-se de que estão ali "a trabalho", para faturar; costumam ser gentis e solícitos, mas podem ser dissimulados.

Depois de examinar o ambiente, resolve sair para dar uma volta, procurar um restaurante para jantar, já que a comida do avião, nesta época de economia incerta, anda restrita. Acabou de chegar a uma cidade desconhecida e quer ver as novidades!

Mas saiu sem perguntar nada ao bói. Após alguns passos hesitantes pela rua, entretanto, resolve voltar e consultar o rapaz sobre como proceder. Jantar em um restaurante sozinho é desagradável; seu conhecimento dos hábitos locais, limitado; por que não encontrar uma acompanhante?

Retorna ao hotel. O bói está na expectativa de suas necessidades afetivas. Acontece freqüentemente com visitantes solitários numa cidade desconhecida; todo homem curte uma aventura.

Nem sabe como iniciar a conversa, mas ele é experiente:

— Quer companhia? De que gênero?

Pergunta encabulante. Será que sua aparência não é bastante máscula para que o bói não tenha nenhuma dúvida? Aí, lembra-se vagamente do olhar dele no momento de entrar com a mala no quarto. Estaria querendo transmitir alguma coisa?

Você sempre procurou esquecer aquele momento de seu passado: seu colega viajou com você, não ficaram em quartos separados porque resolveram ceder um deles para uma senhora sem reservas, com filhos pequenos; tiveram que partilhar a mesma habitação; uma cama de casal a dividir. Altas horas da madrugada, apenas de cueca, seu colega nu esfregando-se em seu corpo! As memórias repudiadas o tempo varre, mas aquelas nádegas gostosas jamais esqueceu! Não minta para si mesmo!

Irrita-se com a confusão de sentimentos, mas com a lembrança do olhar do bói, insensivelmente examina-lhe o corpo com o olhar, e nota que tem uma cintura fina, uma bundinha arrebitada, uma juventude que salta por todos os poros. Encabula-se, mas quer mesmo uma mulher para acompanhá-lo a um restaurante, trocar idéias e, depois, quem sabe, uma visita a seu quarto.

— Mulher, claro! Bem discreta, para jantar comigo.

Surpreende-se com a colocação dele:

— Quanto o cavalheiro pretende gastar?

Com a aventura que imaginava ao sair do Brasil, sua latinidade atrairia as mulheres de forma irrecusável. Agora enfrenta a dura realidade da vida: se quer companhia vai ter que pagar.

Do alto de sua pretensão:

— Desejo uma mulher agradável, que, eventualmente venha dormir comigo no hotel. Algo estranho?

— Se ela se registrar, senhor, não podemos objetar.

Você fica puto-da-vida, mas se tem que ser assim...

— Registrar?

— Não se preocupe; depois que ela sair, rasgo a ficha, é só para prevenir problemas.

Mas ele ainda não terminou o interrogatório:

— Desculpe a pergunta boba, mas o que prefere numa relação: gosta de nádegas bonitas, firmes, magrinhas, ansiosas pela penetração de um membro tesudo?

Ele o olha, sacanamente; pelo menos, parece-lhe! Puta-que-o-pariu! O cara apresentava de bandeja o que você queria encontrar. Será que está querendo dizer algo mais?

Você brinca:

— E isso existe aqui?

O bói sorri:

— Vou chamar uma amiga para acompanhá-lo; mas se depois de tudo o senhor não se entender com ela, terei outra opção. Prometo que não dormirá frustrado: é tradição de nosso hotel deixar os hóspedes satisfeitos, desejando volta; o segredo de nosso negócio!

Impressiona-se pelo profissionalismo de um simples bói de hotel: assimilara o conceito de integração na empresa.

O rapaz deixa-o pensativo e vai telefonar.

Minutos depois, uma bela e jovem loura aparece; apresentados, saem para jantar num restaurante das cercanias, recomendado pelo bói. A mulher tem tudo de excepcional em matéria de corpo, mas o papo, você nota logo, desgastante, só futilidades.

Terminado o jantar, leva-a de volta ao hotel, sem saber como agir. Mas não vai para a cama com aquela mulher, definitivamente! O bói, quase a terminar o turno dele e você lhe pergunta como se livrar do apêndice de saias que trás consigo. No ouvido, maciamente, em palavras quentes, diz-lhe que são tantos dólares.

O que aquele bói está pensando? em excitá-lo falando daquela forma? Paga, mas se sente frustrado. Queria comer uma mulher estrangeira e mostrar-lhe o valor e a tesão de um amante latino, e vai dormir, no máximo, com uma masturbação.

O rapaz, frustrado:

— Há algo que possa fazer pelo senhor?

Você está puto-da-vida com aquele veado de garoto, que deveria pagar pelo equívoco...

— Melhor esquecer, você responde.

O bói faz uma cara triste:

— Sinto tanto...

— Não se preocupe; boa noite!

Depois de outro banho, deita-se, inteiramente nu, acaricia o membro amolecido, imaginando a frustração experimentada. O jantar, caro; o preço da acompanhante, também, e, ao fim, terminará numa masturbação! Melhor ter feito isso desde o princípio: passar uma quantia de um bolso para o outro e economizar.

Depois de alguns momentos, em que seu pau começava a dar sinais de vida, a campainha da porta toca. Quem poderia ser?

Veste rapidamente uma bermuda e vai atender. Quem vê? o bói, vestido em um pijaminha curto, provocante; a calça apertadinha na bunda.

— Queria me escusar pela noite frustrante, senhor. Não gostou de minha amiga; acontece, mas fiz tudo com a melhor das intenções. Posso entrar para me desculpar?

E agora, fazer o quê?

Um pouco embaraçado, abre a porta por completo e o rapaz entra, sem cerimônia.

— Sinto muito, cavalheiro; espero que me perdoe por não o deixar satisfeito em sua primeira visita a nosso hotel. De banho tomado, deitado para dormir, lembrei-me do problema. Abri a porta, vi luz em baixo da sua. Bateu-me uma frustração grande por vê-lo dormir sem realizar seus desejos, principalmente porque simpatizei muito com o senhor.

Você, um pouco sem graça:

— Não foi culpa sua. A mulher até que parecia bem gostosa, mas o papo dela deixou-me entediado.

— Em que sentido, senhor?

O rapaz é bastante gentil, você está um pouco encabulado, mas resolve ser franco:

— Gosto de conversar, apreciar o interior da pessoa; aquela tinha uma conversa vazia.

— Anotarei seu comentário, para o futuro; mas os homens geralmente querem logo ir para a cama, sem perda de tempo com conversas; nunca tive reclamações...

— Entendo o que quer dizer, mas meu trabalho é desgastante; tenho que aturar conversas tolas. Quando saio com alguém, quero trocar idéias para relaxar; arejar a cabeça e deixar surgir um clima romântico. Sexo não é o mais importante.

— O senhor apresenta um ponto de vista interessante, mas tem razão. Na faculdade, num dia desses, abordamos o assunto e houve bastante discussão.

O bói cursa uma faculdade!

— Estuda o quê?

— Letras; pretendo ser escritor.

— Não é uma atividade tão rendosa na maior parte dos casos, como sabe, e é difícil vencer na profissão; mas, enfim, se tiver bastante dedicação, ler muito, poderá ter sucesso.

O rapaz o surpreende:

— O senhor está com muito sono? Posso sentar-me para trocar algumas idéias? É tão difícil encontrar um hóspede inteligente... Gosto de conversar, mas aqui quase não tenho oportunidade.

Pronto! Não poderá ver-se livre dele por um tempo; de qualquer forma, você perdeu o sono, o membro já se recolheu e nem mais parece que estava começando a acordar, minutos antes.

— Pode sentar, meu sono se foi...

— Como lamento! E por minha culpa!

O rapaz se senta, com os pés sob a bunda, na posição de lótus.

— Quer que o deixe sozinho?

Grosseria se concordar com a sugestão:

— Não; vamos falar de sua atividade. Tomamos um uísque para "molhar" a palavra?

— O senhor é tão gentil; aceito... com uma condição!

É agora! Teme o pior, até onde aquele papo vai levá-lo?

— Qual?

— Meu quarto é no fim do corredor, junto ao elevador; lá, tenho uma garrafa de uísque.

Receia o convite para beber no quarto dele.

Mas enganou-se, redondamente!

O rapaz propõe:

— Não vou deixá-lo pagar pela bebida do hotel, que é cara. Se meu patrão ouvisse isso eu estaria na rua...

E riu, levantando-se da poltrona.

Você protesta:

— Não é justo gastar sua bebida...

— Presente de um hóspede com quem conversei no mês passado; não está cheia, mas dará para nós dois. Ele estava sozinho e triste e convidou-me para conversar. Fiquei feliz de poder ser-lhe útil, nas circunstâncias.

O rapaz abre a porta, olha para os lados e sai:

— Já volto!

Impossível não deixar de admirar-lhe a bundinha bem formada, sob aquele pijaminha curto.

Permanece sentado na poltrona, imaginando como a noite terminará; entretanto, um papo e algumas doses podem melhorar seu humor.

"Foi presente de um hóspede..." ele disse; por que tipo de favor? Melhor esquecer.

Para adiantar, levanta-se para cuidar do gelo. Há bastante na geladeira e apenas enche um balde que estava à mão. Quando terminou e voltava para a poltrona, o rapaz entra com uma garrafa de Queen Anne, quase cheia; e umas folhas de papel debaixo do braço.

Há quanto tempo não via aquela marca? Chegou a ser popular no Brasil, mas depois sumiu. O formato da garrafa mudou, a cor do vidro também, mas não espera encontrar um uísque falsificado por ali.

O rapaz apresenta-lhe a bebida:

— Gosta desta marca?

— Muito; há tempos não a encontro!

Nota que os olhos dele brilham:

— Estou feliz de poder oferecer-lhe o que aprecia.

— Como quer o seu?

O rapaz se surpreende:

— O senhor vai me servir? Deveria ser o contrário...

— Não se preocupe; vamos variar um pouco, hoje. Como prefere?

— Duas pedras e uma dose. Sem água, por favor.

— Esqueçamos a cerimônia; meu nome é Paulo, ou Paul.

— O meu é Antony, Tony.

Serve o drinque, entrega-o ao rapaz, que volta a sentar na poltrona, na mesma posição anterior.

Depois de servir-se, com gelo e água, você ocupa a poltrona ao lado do garoto.

E agora, um brinde:

— Saúde, Tony!

O rapaz toca o copo no seu:

— A este momento, Paul!

Ele olha em seus olhos, encantadamente.

Depois de tomar um gole, pergunta:

— Qual sua profissão, Paul?

— Agente literário. Trabalho com autores, tento vender os livros deles. Agora está havendo uma feira de livros aqui, razão de minha viagem.

O rapaz olha-o, enlevado:

— Imagine minha sorte por encontrá-lo! Talvez por isso tenha simpatizado tanto com você. Intuição... Quem sabe um dia poderia ser meu agente; vender meus livros no Brasil?

— Pode ser: estou sempre a procura de autores novos. Já escreveu alguma coisa?

A pergunta que o rapaz esperava: pega os papéis que havia trazido sob o braço e mostra-os.

— Algumas poesias, mas não creio que sejam boas, na minha própria opinião; preciso revisar e melhorar.

— Não seja tão crítico; deixe os comentários para os outros. Deixe-me ver seus escritos.

Pressurosamente, o bói lhe passa algumas folhas, que você começa a ler.

Fuga

Abandonar tudo,

deixar a vida,

e refugiar-me no desconhecido

e ignoto mundo

do absoluto não ser...

Esquecer-me da matéria contingente,

do ônibus das onze,

da estafante aula das oito,

dos amigos que vêm às nove

e dos amores que entram,

a qualquer hora,

e não querem sair mais,

nunca mais,

da vida da gente.

Abandonar tudo,

fugir para algum lugar

diferente dos demais,

um lugar para sonhar,

cheio de cantos desconhecidos,

de formas imateriais

e não amadas,

para então realizar-me

plenamente liberto

da incongruência do ser.

— Tony, gostei; mas não parece uma poesia escrita por um jovem. Teve alguma decepção amorosa?

— Sim, bastante forte.

— Que quer dizer?

Tony se levanta e serve uma segunda dose.

Ao voltar, o bói comenta:

— Estou feliz por encontrá-lo, Paul. Também perdi o sono, mas descobri uma pessoa com quem posso falar de mim, de meu interior. Se eu for incômodo, o papo não lhe interessar, diga francamente. Fui treinado para aceitar de tudo em minha profissão.

— Não se preocupe. Gosto de nossa conversa, é mais interessante que algumas que costumo ter nas reuniões; quando tenho que suportar orgulhos imensos de alguns autores, que sempre julgam ter escrito uma obra prima; pelo menos, você é alguém falando de si próprio, sem vaidades.

O rapaz se levanta e vem sentar-se no carpete, junto a suas pernas.

— Paul, sinto-me tão bem perto de você! Nunca tive a oportunidade de abrir-me com alguém, e percebo a falta disso! Não tenho amigos íntimos, só colegas de estudos. Papai morreu antes que eu tivesse nascido, não tive um homem para me ensinar sobre a vida. Entende?

Não resiste a revelar-lhe sua infância:

— Papai morreu pouco depois de eu nascer, Tony; somos iguais, nesse particular.

O rapaz aperta-lhe as pernas, emocionado:

— Temos isso em comum! Como foi bom encontrá-lo, Paul! Porque pode entender-me.

— Tem namorada, Tony? na sua idade há bastante carência de afeto, e uma mulher consegue exercer um papel importante na vida da gente.

O rapaz demora a responder:

— As garotas não apreciam falar de assuntos sérios, do interior da gente. As daqui gostam bastante de sexo vazio; decepcionei-me.

— Em geral é o contrário; elas se queixam que os rapazes só querem sexo.

— Creio que estão com uma idéia fixa nova, as daqui: querem se realizar profissionalmente, antes de se entregarem ao amor!

— Creio que em toda parte a atração sexual parece ser o mais importante para a juventude.

Tony protesta, veementemente:

— Não, para mim! Crio que me entende; antes do sexo precisa haver um envolvimento emocional, troca de carinhos, de idéias, que acabem por nos levar a uma atração física, que complementa o encontro. Fora disso, o ato se assemelha a uma masturbação a dois.

— Concordo; mas o mundo atual não pensa dessa forma.

— Mas será que não podemos encontrar alguém diferente? Já tive alguns momentos assim...

— E por que não continuou, o que deu errado?

O rapaz toma um gole de uísque, hesita na resposta; por fim, resolve desabafar:

— Posso ser inteiramente aberto? Não me detestará? Por favor, é muito importante para mim.

O jovem aperta suas pernas:

— Apaixonei-me por um homem, o encontro que mais me deixou marcado!

— Mais velho que você?

— Como adivinhou?

— Não é difícil; compreendo seu estado de carência.

— Assim tão evidente?

— Talvez, Tony, se está em um momento de solidão e encontra com quem desabafar. Com um amigo jovem, difícil de acontecer o momento, porque um rapaz seria menos compreensivo; mas com uma pessoa mais velha e experiente...

Tony sorve um gole da bebida, como criando coragem para continuar:

— Não contei a verdade sobre meu pai: nem sei quem é, mamãe era prostituta.

— Ora, tais situações acontecem, você não é responsável, Tony.

— Nunca mencionei isso para ninguém e nem sei como agora tive coragem de fazê-lo, mas sinto-me tão bem em sua companhia que não consegui resistir. É um segredo que guardei bem escondido. Por que aconteceu agora a revelação?

— Talvez... por sentir-se solitário, confiar em mim, com vontade de libertar-se de um segredo como este. O uísque pode ter ajudado a liberar sua mente...

Tony não concorda:

— Acho que é mais que a bebida; não sei por quê, mas quando o vi saindo do hotel com minha amiga experimentei algum ciúme, algo sem sentido. Na minha mente, preferia que ficasse conversando comigo, como neste momento; sei lá o que pensei...

— Não se preocupe demais, Tony: pode ter sido uma afinidade surgida em um momento de maior carência...

O bói retruca:

— Tem razão; sentia-me bastante tristonho, às vezes acontece. Gosto de encontrar os colegas, trocar idéias, distrair-me com os estudos, mas hoje não tivemos aula.

— Muitos rapazes na classe?

— A maioria é de garotas, somos apenas seis numa turma de quarenta.

— Já namorou alguma delas?

— Não tenho paciência com elas: são fúteis.

— Algum amigo mais íntimo entre os colegas?

— Não; prefiro conversar com homens maduros; todos os colegas são aproximadamente da minha idade.

— Alguma explicação para preferir os mais velhos?

O rapaz parece pensar, já quê, provavelmente nunca o fizera sobre o assunto.

— Creio que me inspiram confiança; responsáveis, experientes, podem dar-me mais apoio, sei lá...

Tony vira na boca o resto da bebida do copo; coloca-o no carpete e abraça suas pernas.

— Paul! Acaricia minha cabeça, como um pai o faria. Tão emocionado com nosso encontro! Sinto-me bastante solitário, hoje. Não me decepcione, por favor.

— Disse que se envolveu com uma pessoa mais velha...

— Posso falar disso? Não o aborrecerei?

— Não...

O rapaz se levanta:

— Necessito outra dose: noite de confidências!

— Eu o servirei, Paul.

Depois de reforçados os drinques, Tony volta a sentar-se no carpete, abraçado a suas pernas.(a perna de Paul

Como se sonhasse, começa o relato:

— Tive um caso com um professor, que durou algum tempo. Lia minhas poesias, comentava o que precisava ser mudado; tudo, com carinho. Apaixonei-me por ele e um dia aconteceu o inevitável: fomos para a cama, minha primeira vez! Não tinha experiência, nunca transara com um homem; mas ele, sim.

Sua curiosidade aumenta, mas deixa o rapaz falar.

Tony prossegue:

— Jamais imaginei como seria nossa relação, ou melhor dizendo, a sensação. Bastante vulnerável naquele dia, como nesta noite; nossos olhares se encontraram e ao invés de desviarem-se, como sempre fazíamos, conservamo-nos presos a eles. Um fluxo de calor percorreu meu corpo; muito próximos, encostou seu rosto ao meu. Senti seu hálito quente junto a meu ouvido e tive uma ereção. Percebi, quando me abraçou, que o membro dele endurecera, também.

Tony tomou um gole de uísque, antes de prosseguir:

— Logo, nossos lábios se tocaram; no princípio, hesitantes, mas depois nossas línguas se encontraram, os beijos tornaram-se abrasadores, quentes, gostosos, sensuais, como jamais eu experimentara com uma garota. Ainda tentou alertar-me sobre o que poderia acontecer, mas meu desejo era grande demais para refrear o que pudesse suceder. Em pouco tempo, nossos corpos estavam nus sobre a cama; beijávamo-nos por toda parte, sem nenhum pudor ou receio.

Tony aperta suas pernas com mais força, encosta a cabeça em seus joelhos e a situação torna-se fora de controle.

Ele provoca:

— Excito-me, só com a lembrança, Paul.

— Foram até o final?

O garoto parece reviver os momentos:

— Claro que eu sabia o que estava por vir, mas nenhuma intenção de parar. O professor, carinhosamente, perguntou-me se já havia sido penetrado, ou se preferia penetrá-lo. Deixei por conta dele a resposta; insinuou a mão sobre minha bunda, passeando os dedos no meu reguinho e, insensivelmente relaxei por completo; deixei as nádegas soltas ao dispor dele. Pegando um gel na mesinha de cabeceira, lubrificou com ele o dedo médio e passou-o delicadamente em meu ânus. Minha sensação, uma tesão muito louca. Aos poucos, foi introduzindo o dedo dentro do anel virgem e enfiou-o todo, até o fundo.

Você não se contém, indócil com a descrição:

— Doeu?

— Só no princípio; mas, bem lentamente, o dedo entrava e saía e logo eu desejava algo mais. Deitei-me completamente de bruços sobre a cama e só lhe pedi que agisse bem lentamente, porque ainda era virgem. Meu esclarecimento pareceu excitá-lo mais ainda; contudo, carinhoso, perguntou se eu desejava mesmo ir até o fim. Minha resposta foi apertar-lhe o dedo com meu anel, significando que queria consumar o ato.

Tony prosseguiu a narração:

— Embora nunca houvesse feito aquilo, minha tesão, grande demais, disposto a ir em frente, mesmo que doesse um pouco. Já havia penetrado garotas naquela posição; reclamavam de alguma dor, mas, depois, vibravam bastante. Comigo deveria ser igual, imaginei.

Para disfarçar, você interrompe a descrição:

— E foi?

— Já lhe conto. O professor deitou-se sobre mim inteiramente; beijava minhas costas, meu ouvido; meu desejo subiu às nuvens. Renovou a lubrificação, colocando o pau na entrada apertada de meu ânus, brincou ali por um momento e relaxei completamente os músculos daquela área. No princípio, uma dorzinha ardente, pregas dilatando-se, mas parou para deixar-me acostumar com o incômodo. Em pouco, lentamente, a cabeça foi penetrando, eu querendo que logo tudo entrasse. Quando a cabeça passou, senti um alívio, o resto do membro era mais fino. Meu pau latejava, quase gozando sem nem ser tocado.

Tony tomou um gole.

— Nunca imaginei que aconteceria assim, que tinha tanta tesão no ânus. Ele penetrava devagar, colocando e tirando a cabeça para alargar-me bem. Por fim, senti que, num último movimento vagaroso, eu recebera tudo, sentia-lhe as bolas encostadas em minha bundinha de garoto; virgem, até então. A tesão não me deixava quieto, aquele volume enchia meu corpo de forma gostosa; sentia aquela cabeça grossa dentro de meu reto e passei a movimentar meu corpo para cima e para baixo, freneticamente, até que o professor mordeu minha nuca e gozou dentro de mim.

O bói parou de falar, como se gozasse com o momento que descrevia.

— Paul, nem pode imaginar: quando o líquido inundou-me, mais aquela mordida na nuca, gozei sem nem mesmo encostar a mão em meu pênis; só o atrito no lençol. Uma sensação deliciosa que jamais esquecerei, nunca havia gozado de forma tão excitante.

Tony toma outra dose de uísque.

E prossegue:

— Nossa relação, Paul, depois daquilo, continuou de forma arrebatadora, queríamos sempre estar juntos, vibrar com o contato de nossos corpos nus.

— Penetrou o professor?

— Sim; mas sem o mesmo prazer. O que entendi perfeitamente bem é que gostava mesmo era de um homem maduro entrando em mim.

— Chegaram a se amar?

Tony parecia sonhar, ao responder:

— E como! Entretanto, como era casado, só nos encontrávamos quando a esposa viajava. Ela era representante comercial e não faltavam ocasiões. Com o tempo, surgiu entre nós um amor profundo. Meu ciúme da esposa era grande, queria-o só para mim. Nunca vivera uma situação como aquela, não tinha experiência da relação entre homens.

Tony pára uns segundos, talvez pensando no passado.

Mas retoma a narrativa:

— O que pôs fim a tudo foi a transferência dele para uma faculdade no centro do país. Para a esposa não fazia diferença; sua função era visitar as filiais da empresa em que trabalhava; para mim, a morte do romance. Ainda continuamos a trocar mensagens por e-mail, mas aos poucos o relacionamento terminou. Creio que ele havia pedido a transferência para resolver nossa situação. Faz mais de um ano que isso aconteceu, mas sempre me lembro daquele tempo, com saudade.

— E teve sexo com outro homem?

— Sim; depois da sensação inesquecível, soube do que eu gostava e, bem discretamente, tive outros casos, mas apenas sexo.

Tony, enfiando a cabeça entre suas pernas, percebe sua avantajada ereção mostrando-se sob a perna da bermuda frouxa.

Sua mão sobre a cabeça dele, tentando afastá-la de um movimento precipitado, mas... acaba desistindo!

Jamais pôde saber como a emoção começou, mas depois da amostra de seu membro cheio de tesão, tudo se precipitou. O garoto subiu beijando suas coxas, acomodou a cabeça entre elas, percebendo seu membro duríssimo.

Daí para frente, caem as sombras da memória sobre o passado; entretanto, naquela noite, mesmo um pouco sob o efeito da bebida, — de resto uma eterna desculpa para atos impensados — Tony subiu a perna de sua bermuda folgada, colocou seu pênis na boca e, impensadamente, terminaram na cama, numa relação que jamais esqueceria.

Tony possuía uma bundinha linda e sedutora. Jamais lhe passara pela cabeça aquela relação, mas aconteceu!

Durante os dias em que permaneceu naquele hotel, fizeram sexo todas as noites, até a madrugada surgir; a inibição inicial se fora; tudo em que pensava durante as reuniões de trabalho era quando chegaria a noite, para, de novo, entregar-se àquele prazer frenético.

Na manhã de sua partida, quando Tony veio colocar a mala no táxi, os olhos dele lacrimejavam; houvera, da parte dele, bem mais que sexo.

— Paul, eu te amo!

— Eu também, garoto!

O táxi fez a volta na rua e ainda pôde ver o rapaz, imóvel na calçada, com ar atônito, perdido. Insensivelmente, seus olhos encheram-se de lágrimas, presos de uma emoção que não parecia possível e que nunca mais aconteceria em sua vida.

Acenou para fora:

— Adeus, Tony!

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