DESEJOS
Sexta-feira, 21 de junho de 2002.
Em cada momento de minha vida passada sempre vivi envolvido por desejos, paixões e sexo. Essa é a verdade nua e crua desses quarenta e três anos.
Vivi dias de harmonia, dias de aventuras e de descobertas que me fizeram ser o homem que hoje sou, mas nunca me senti tão desprotegido quanto aqueles dias tentando não deixar minhas portas e janelas abrirem, Lídia era muito nova, quase uma criança, que não teve a figura de um pai lhe mostrando os caminhos certos, guiando seu passos rumo ao amadurecimento e para a vida. Seria lógico que a mãe tivesse assumido também a figura do pai ausente, mas Francilice nunca foi muito mãe e sempre achou que sendo amiga da filha seria melhor e mais moderno. Hoje sei que o início de tudo sempre partiu dessa maneira irresponsável de Francilice para com Lídia, mais amiga que filha, mais companheira de aventuras que uma garota carente de conselhos, órfã de adultos que lhe mostrasse os caminhos, que lhe ensinassem a desviar com segurança dos obstáculos e que lhe servisse de espelho, imagem de retidão.
Lembro como se fosse agora aquela sexta-feira. Era quase nove horas da noite quando abri a porta de casa, estava tudo muito calmo e as lâmpadas todas apagadas como se não tivesse ninguém em casa. Entrei e joguei a mochila em um canto, fui direto para a cozinha
- Franci!... - chamei, ninguém respondeu.
Tirei a garrafa de vodca do congelador e o suco de manga, preparei um bom copo de bebida. Saí para a área livre, tirei a roupa e tomei banho no chuveiro da piscina. Lembrei que Francilice havia falado que talvez tivesse que ir a Passagem Franca, sentei no chão e senti a brisa fresca passeando em meu corpo.
- Tu chegou amor?
Me assustei, olhei para a porta da cozinha e a vi parada.
- Estou morto de cansado - foi o que me veio no momento - Onde está todo mundo?
Ela estava enrolada em um lençol branco, me olhou e aquele sorriso de anjo iluminou o rosto.
- A mãe viajou pra Passagem Franca - andou como uma deusa e parou perto de mim - Pensei que tu só vinha amanhã
Olhei para cima, o rosto bonito, cabelos sedosos caindo soltos no ombro.
- Porque você não foi?
Ela não respondeu, apenas me olhou com um olhar de falsa inocência.
- Não gosto de Passagem Franca - passou a mão em meus cabelos - E alguém tinha de ficar tomando conta da casa e - deixou o lençol cair e eu respirei preocupado - Alguém tinha que ficar te esperando
Estava nua, o corpo macio e perfumado parecia ter mais vida que a própria vida.
- Não faz isso Lídia... - fechei os olhos sentindo o corpo tremer - Vai dormir filha, vai dormir
- Não estou fazendo nada Papai
Mas ela estava, e sabia muito bem o que estava fazendo.
- Só vou tomar um banho, estou cansado da viagem - respirei fundo tentando fingir que ela não estava nua em minha frente - Fez um calor do inferno hoje
Lídia ficou me olhando e eu desviei a vista de seu rosto na tentativa de fingir que não a desejava, que durante toda a semana sempre foi nela que pensei, que não tinha sonhado não sei quantas vezes e que esses sonhos embalaram meu sono.
- Tu já jantou?
- Fiz um lanche na estrada
- Tu não queres comer nada?
- Não
- Nem eu?
Minha carne estremeceu. Claro que tinha desejos grandes em ter coragem de deixar seguir, de aceitar seus desejos, de esquecer que ela não passava de uma menina criança.
- Deixa disso menina, já conversamos sobre essa - respirei fundo - Você não sabe o que está querendo
- Sei sim E tu sabes que eu sei - passou a mão em meu rosto, o perfume delicado tomou conta de mim - Tu tens que me querer, papai
Estava diferente, nunca me chamava de pai e era a segunda vez naquela noite. Parecia que tinha mudado a tática de abordagem, queria que a visse não como uma menina e sim como a filha da mulher que eu havia escolhido naquele fim de mundo.
- Não podemos fazer isso Lídia, mesmo que eu queira, mesmo eu te desejando não posso fazer o que você pede
- Pode sim, eu te quero Júnior - se abaixou e puxou minha cabeça, e nos beijamos - Ninguém pode impedir isso meu amor, eu te amo e te quero
E o que é o amor e o desejo quando se tem apenas doze anos? Será que mesmo com todo avanço da comunicação em massa, essa geração de seres incríveis que alardeia amadurecimento precoce sabe realmente o verdadeiro significado dessas duas palavras?
- Não é assim Lídia, não pode ser assim... - ficamos olhando nossos rostos, a respiração da garota estava acelerada, as narinas dilatadas - Tu és só uma criança que não sabe nada da vida...
Ela sorria, os olhos brilhavam sob a luz fria da lua e eu sabia que nada que falasse iria mudar aquele estranho sentimento.
- Mamãe perdeu o cabaço com onze anos... - a voz macia - Minha idade não tem nada com isso, eu sei o que quero e quero...
Não deixei que continuasse, me deu uma vontade de beijar aqueles lábios doces, passar a mão na pele macia e sentir seu corpo virgem vibrar.
- Não fala mais nada... - puxei seu rosto e beijei sua boca - Isso pode ser loucura, mas eu te desejo garota...
Ela sorriu e me abraçou, os pequenos montes no peito espetaram minha pele e senti as batidas fortes do pequeno coração vivo.
- Eu sei que tu me deseja, sempre soube...
Ficamos abraçados em silencio, não tinha mais nada o que falar, nada o que dizer a não ser sentir e amar.
Lídia se levantou e sentou em meu colo, meu pau estava duro e ficou pressionando a pele macia das nádegas.
- Aqui não... - foi mais um pedido implorado que apenas uma palavra.
- Quero aqui... Quero agora... - levantou um pouco e segurou meu pau - Deixa, não faz nada, deixa que eu faço...
Respirei resignado, que fosse ela então a tomar as rédeas da situação e apenas estiquei minhas pernas para que ela melhor ficasse acomodada.
- Tenha cuidado... - sussurrei passando o dedo no mamilo direito.
Ela apenas sorriu e mexeu meu pau passando pelos pequenos grandes lábios da vagina.
- Deixa comigo, não te preocupa, deixa comigo...
Senti que estava úmida, que de dentro da pequena caverna nasciam os líquidos do desejo. Ela olhou para entre as pernas, eu também olhava, e viu que estava no lugar certo.
- Sonhei com esse momento... - olhou para mim, continuava mexendo meu pau e passando na abertura do prazer - Queria que fosse assim, não queria na cama, queria assim, só nos dois...
Sempre olhando em meu rosto ela começou sentar, senti o pau vergar quando pressionou, ela me olhava e no olhar um algo estranho, não aquele olhar sapeca que tanto me cativou, era diferente, o momento era diferente.