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<tt><Center>Simone, uma história de amor 01.13</Center></tt>
<center><strong><b>DESENCONTROS</b></strong></Center>
<Center><tt><b>Sábado, 13 de dezembro de 2003</b></tt></center>
Porra, pai... Simone estava chateada, o que não era de todo de se estranhar Não agüento mais ficar em casa...
<blockquote><i>Estava decidida a esquecer aquela loucura que sabia sem pé nem cabeça e, além do que, colocava em risco a amizade de quase quarenta anos do pai com Lira.</i></blockquote>
Que posso fazer, filha? Reginaldo bem que tinha tentado encher o tempo Só se tu topares ir pro mato! sabia que a filha tinha verdadeira aversão ao campo.
Não era bem o que queria, mas na falta do que fazer até que poderia ser uma saída.
Pra onde? Pro Bem Bolado não tem graça, é muito perto!
Vou ver se o Zé vai pro Muriçoca... lembrou da fazenda do primo Topas?
Simone pensou um pouquinho antes de se decidir.
A mãe vai?
Talvez fosse, só bastava conseguir convencer a esposa metropolitana a se embrenhar no mato e resistir as mutucas peste que pica sem ao menos avisar.
Vou ver se ela topa! Queres levar mais alguém? pensou em convidar o Lira, mas sabia que a filha não aceitaria de bom grado a sugestão Podias convidar a Sheila, ela ia adorar passar uns dias longe desse calor miserável e... parou quase sugerindo o amigo.
Ela entendeu o por que do pai interromper a sugestão e o coração acelerou.
Tu estais pensando em levar ele, não está? não teve coragem de encarar o pai com medo que ele notasse a ansiedade estampada no rosto.
Não! É melhor não! perderia o companheiro de papo e cana Esse final de semana é teu. concluiu já imaginando o que faria além de deitar-se na rede debaixo da tamarineira.
A dúvida cruel se abateu sobre ela, não poderia dizer ao pai que não se importaria em tê-lo como companheiro até adoraria sem que pusesse em risco a decisão tomada.
O senhor é quem sabe... Vou ligar pra tia Sheila! levantou e correu para o quarto.
Raimunda tinha ouvido a conversa e imaginou que a garota aproveitaria para terminar o que começaram, sabia que Simone estava cada dia mais envolvida naquele gostar estranho e entrou no quarto fechando a porta com chave.
Ele vai? perguntou ansiosa.
Acho que não... respondeu procurando na caderneta de endereços o numero do celular da tia Esse negócio não ia dar certo mesmo... falou entristecida.
Liga pra ele! sentou na banqueta do toucador Tu poderias...
Simone se virou para ela e Raimunda percebeu que a garota estava vivendo um dilema terrível.
Pode dar galho, Raimunda! continuou folheando a caderneta Não sei se conseguiria continuar escondendo o que sinto... Já pensou? riu imaginando uma traquinice Aquele mato cerrado, o rio, os pastos e a noite sem lua...
É só ter cuidado! torcia de verdade para que os dois conseguissem se ajeitar Ele eu sei que não daria bandeira... Não se é se tu não ia meter as mãos pelos pés!
Tu achas mesmo? largou a caderneta na cama E se o papai desconfiar?
Era um risco grande que não tinha certeza se teria coragem de correr, mesmo tendo quase forçado Lira a assumir um igual na noite da sexta-feira passada.
Raimunda pegou o telefone e discou um número. Esperou que atendessem.
Ôi! falou sapeca A Simone quer falar com o senhor...
Passou o telefone para Simone que não entendeu nada. Olhou a mulata perguntando quem era.
Atende logo, garota! incentivou.
Ela pegou o telefone, encostou no ouvido e ficou escutando sem falar nada. Do outro lado da linha só uma respiração e o som de baforadas quem quer que fosse estava fumando.
Alô!
Gelou ar reconhecer a voz dele e olhou espantada para Raimunda que tinha destrancado a porta e estava parada com um sorriso moleque no rosto.
Alô! Simone?
Fez cara de contrariedade pra mulata que saiu e puxou a porta.
Hei, amor... o coração disparado e as mãos suando Tô morrendo de saudades... Tu estais aonde?
Ia ligar agora mesmo pra ti... Estou em Patos!
Murchou como se houvessem esvaziado as esperanças.
Tu foste hoje?
Saí daí quatro e meia... Tem uma reunião aqui! escutou vozes discutindo Ia ligar logo que acabasse! Quais as novidades?
Só saudade doída e vontade de estar contigo... Tu voltas hoje?
Tirou o celular do ouvido e ela ficou escutando ele falar com as pessoas da reunião, parecia que os ânimos acirrados terminariam em confusão, uma gritaria generalizada.
Alô! Simone? ela não respondeu de imediato Alô! Ainda estais aí?
Estou... As coisas estão meio brabas por aí, né? começou a arrepender-se em ter aceitado a ligação Faz assim! Quando terminar esse fole me liga, tá?
Não! Espera só um instante... ele voltou a falar, falou de um tipo de construção Espera! Não desliga!
Ficou esperando e levantou para trancar a porta com chave, voltou e deitou-se de papo pro ar na cama.
Pronto! Saí da sala... não mais escutou a gritaria Que foi Simone, aconteceu alguma coisa?
Ela riu da preocupação dele.
Não! É que bateu saudades, quis escutar tua voz... fazia já três dias que não o via Tu vais voltar hoje?
Acho que não... Parece que essa reunião vai varar a noite... Estamos fechando o plano anual de investimentos ela não entendia nada daquilo, mas escutá-lo fazia sentir-se bem Cadê o velho?
Deve ter saído com a mamãe... Tu voltas quando?
Parece que vou ter que ir a Caxias, porque?
Puta merda! Lá se vai a chance de ficar com ele no final de semana, mas era o trabalho dele.
É que a gente vai pro Muriçoca... já que ele não estaria mesmo lá, poderia falar Se tu fosses...
Até que seria uma boa... Estou precisando mesmo de uns dias enfurnado no mato... mas por certo ela não iria só, pensou Quem vai?
Se tocou estranhando, Simone não gosta nem um pouco do mato.
Eu, o papai, não sei se a mamãe e vou convidar a tia Sheila! escutou a respiração dele E tu...
Se você tivesse avisado antes... lembrou que não a via desde a terça-feira Vai ser meio difícil desmarcar os compromissos... O interventou vai estar lá amanhã à tarde...
Como eu ia te avisar? Só decidimos ir há pouco? entristeceu E tu não apareceste mais...
Desde ontem estou girando pelas agências... Teu pai não falou?
Lira sabia que dificilmente o Regis diria para ela sobre ele, tamanha a aversão que ela encena todas vezes que se encontram.
Não! Não disse nada... Tu sabes, né?
Sabia. Claro que sabia e aquela situação já estava lhe incomodando.
A gente tem que dar um jeitinho nisso! imaginou como estaria ela Estais no teu quarto?
Estou!
Vestida?
Por que?
Nada! Só queria saber...
Como é que queres que eu esteja? riu baixinho.
Tu sabes...
Pelada?
Só pra mim!
Espera! Vou tirar a roupa... há algum tempo já estava com a mão dentro da calcinha e bolinava a xoxota melada Queres?
Quero!
Silêncio...
Pronto!
Queria estar aí contigo...
Que farias?
Meteria a língua nessa buceta perfumada e saborosa...
Só a língua?
Queres outra coisa?
Tu sabes o que quero...
E tu sabes que te desejo! o cacete duro espremia a cueca.
Tu vais sair à noite, depois da reunião?
Não! Vou direto pro hotel... Estou quebrado... silêncio Faz uma coisa?
O que?
Faz?
Faço!
Bate uma siririca pensando em mim!
Tô batendo... e estava, e sentia que o gozo não demoraria a chegar Pensando em teu cacete duro entrando e saindo Hum! Vou gozar... Vou gozar...
Gozou!
Hei!
Ôi!
Vocês vão que horas?
Lá pelas duas ou três... Depois do almoço, acho! a respiração, ainda acelerada, dava um manto de prazer na voz, escutou batidas na porta, se espantou Espera! Tão batendo na porta... Não desliga!
Pegou o lençol azul claro e se embrulhou, abriu a porta, era a mãe.
O que tu fazes trancada? notou que a filha estava nua Já vai dormir?
Vou! sentou novamente na cama e empurrou, com o pé, a calcinha melada para baixo da cama Cadê o papai?
Rosangela entrou e viu o telefone fora do gancho.
Tá falando com quem?
Com uma amiga... respondeu pedindo aos céus que a mãe não tentasse escutar o telefone, como era costume.
Quem é? pensou em pegar o telefone, mas refreou o instinto É daqui mesmo?
Não! É de São João dos Patos... A Larisse! mentiu ficando de prontidão para desligar caso a mãe tentasse falar.
Teu pai falou que vocês vão pro Muriçoca mudou de assunto Que idéia foi essa?
Nem ela mesmo sabia o porque de ter aceito a sugestão do pai.
Vou fazer uma coisa diferente! A senhora vai?
Vou nada! Lá só tem mutuca e carrapato! cada dia que passava sentia que a filha ficava mais esquisita Tua tia vai?
Vou ligar convidando... Ela se amarra nessas coisas, na certa vai aceitar o convite.
Tá bom... resolveu sair Vê se não dorme de luz ligada... Boa noite!
Saiu e fechou a porta, Simone fechou com chave e correu pro telefone.
Alô! Lira?
Alô! não era Lira, era voz de mulher.
Cadê o Lira?
Dona Simone?
Sim!
O doutor Lira teve que voltar pra reunião... Falou que depois liga pra senhora...
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<center><b>Para melhor entender esse relato, leia os episódios anteriores</b></center>
<blockquote><tt>Episódio 01: O chato</tt>
<tt>Episódio 02: O Sítio</tt>
<tt>Episódio 03: Instituto do instinto</tt>
<tt>Episódio 04: Simone vai ao mato</tt></blockquote>