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<tt><center>Minha filha, mãe de minha filha</center></tt>
<center><strong><b>NO APART-HOTEL</b></strong></Center>
<center><tt><b> Domingo, 27 de dezembro de 1998.</b></tt></center>
<blockquote><b> Naquele dia não conseguiu fazer nada, saiu da casa das filhas e andou sem rumo pela cidade, na mente apenas o temor imenso pelo que ele, pai extremoso e temente a Deus tinha feito.
Se sentia o mais sujo dentre os sujos deste mundo, não era digno de tornar a ser chamado filho de Deus, não teria mais como encarar os irmãos de fé que me procuravam para curar a alma de pecados corriqueiros; o que diriam se soubessem que aquele homem dono do dom da palavra, que sempre tinha uma saída para todas as mazelas que abatiam sobre tantos era, na verdade, um pecador sem perdão.
Caminhou durante horas e só bem tarde da noite tomou o caminho de volta para o quarto no Calhau Apart Hotel.
Passou o final de semana entre quatro paredes, não saiu sequer para fazer refeições pediu que levassem ao apartamento.</b></blockquote>
No domingo pela manhã bem cedo atendeu uma ligação no telefone, era Isabel perguntando por que ele não a tinha esperado. Deu uma desculpa qualquer e não perguntou sobre Roberta.
Tu vai sair? Isabel tem a voz idêntica a da mãe.
Não filha... Vou ficar por aqui, talvez desça para a piscina... mas não tinha intenção alguma de sair do quarto E você, como está?
Ficaram conversando por quase uma hora, a orelha estava ardendo quando por fim ela desligou.
Eram onze horas quando a recepcionista ligou avisando que havia uma visita esperando na piscina. Perguntou quem era, mas Clarisbela a recepcionista não falou, disse que a visita havia pedido que não dissesse quem era.
Pensou em não descer, mas terminou vestindo uma bermuda estava de cuecas e desceu para ver quem era.
Bom dia irmão!... Clarisbela abriu o costumeiro sorriso Ela está na mesa 32...
Agradeceu e tentou lembrar onde ficava a 32, parou debaixo da arvore frondosa e passeou a vista em busca de alguém conhecido. Conhecia quase todos, a maioria hospedes permanentes, e alguns poucos eram estranhos. Perguntou ao garçom onde ficava a mesa e ele indicou, foi para onde ele apontou e, na mesa 32 um garrafa de guaraná Jesus pela metade, uma travessa de inox com batatas fritas e dois copos vazios. Olhou para os lados e não viu ninguém, esperou um pouco antes de sentir um abraço apertado pela costa.
Puxa vida pai? era Isabel Tu não gosta mais da gente?
Virou e retribuiu o abraço, ela estava vestida em uma bermuda jeans curtinha e a parte de cima do biquíni, um pouco atrás Orlando seu namorado sorria vendo o carinho do encontro.
Sentaram e entoaram uma conversa gostosa, vez ou outra uma risada e a certeza de que havia muito carinho e nenhum envolvimento aquém ao do esperado entre uma filha e um pai.
A mamãe vai passar o reveillon na casa da tia Inaura falou enquanto o namorado saia para a piscina Tu vai pro retiro?
Não ia, se bem que deveria querer ir para refazer os cacos da fé estilhaçada.
Ainda não sei... respondeu E você, vai romper o ano onde?
Os pais do Orlando vão para Panaquatira... a atenção estava voltada para o namorado banhando na piscina Mas a velha tá querendo levar a gente...
Quem era a gente? Sabia que eram as duas, mas nem passava pela cabeça falar sobre Roberta. Ainda era muito recente desde a sexta-feira e as lembranças doloridas vinham de roldão toda vez que imagina ver novamente aquela cena dantesca.
Se tu não fores bem que a gente podia passar juntos!
Não respondeu, teria respondido e até incentivado se aquela conversa tivesse sido há uma semana atrás, mas agora não!
Ela olhou novamente para a piscina, Orlando vinha saindo aos pulinhos para escorrer a água.
Que horas é essa? se levantou.
Doze e vinte... olhou pro relógio que Doralice tinha lhe dado.
A gente já vai... ia tirar dinheiro para pagar a conta.
Não! Deixa que boto na conta... também levantou e deu um abraço nela Vocês não querem almoçar?
Disse que não, que iam almoçar com a mãe e a irmã em casa.
Roberta mandou um abraço e um beijo pra ti apertou o abraço Tu não queres ir com a gente?
Não, não queria. Orlando também se despediu e saíram, voltou a sentar e ficou olhando-os conversando animados até desaparecerem da vista.
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<center><b>Para melhor entender esse relato, leia os s anteriores</b></center>
<blockquote><tt> 01: E não era eu</tt>
<tt> 02: <u>No Apart-Hotel</u> ◄</tt>
<tt> 03: Em uma festa de Réveilon</tt>
<tt> 04: E ela quis outra vez</tt>
<tt> 05: Isabel dormia do lado</tt>
<tt> 06: Era sábado bem cedinho</tt>
<tt> 07: Antes de domingo amanhecer</tt>
<tt> 08: De novo um passado</tt>
<tt> 09: Surpresas e festa</tt>
<tt> 10: E a decoradora fez que não viu</tt>
<tt> 11: Uma estava linda, a outra cheia de outras intenções</tt>
<tt> 12: Banhos em noite sem lua</tt>
<tt> 13: Noite escura, mar agitado de desejos</tt>
<tt> 14: Cíntia e Janice vão ao apartamento</tt>
<tt> 15: Cíntia, hora de dormir e ter desejos</tt>
<tt> 16: Encontros e conversas</tt>
<tt> 17: Festa surpresa para papai</tt>
<tt> 18: Cíntia, Isabel e a pequena Janice</tt>
<tt> 19: Janice, a dor que não dói</tt>
<tt> 20: Surpresas e alegrias de Roberta</tt>
<tt> 21: Um jantar, duas surpresas</tt>
<tt> 22: Brincadeiras de Roberta</tt>
<tt> 23: Janice, afoita e perigosa</tt>
<tt> 24: Anjinho de Natal</tt>
<tt> 25: Dora descobre tudo</tt>
<tt> 26: Dora e uma outra realidade nova</tt>
<tt> 27: A viajem e as armações das garotas</tt>
<tt> 28: Dúvidas e verdades</tt>
<tt> 29: Verdades e esperanças</tt>
<tt> 30: Para o resto de nossas vidas</tt></blockquote>