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<tt><center>Soneto do Amor Total</center></tt>
<center><strong><b> DEZESSETE </b></strong></Center>
<center><tt><b>17 de dezembro de 1971, sexta-feira</b></tt></center>
<blockquote><b> Foi uma viagem gostosa que quase não aconteceu.</b></blockquote>
Aquela viajem foi esperada o ano todo, papai e mamãe ficaram meios aflitos com o convite do tio Carlos, mas com tia Nadir conosco aliviou um pouco a tensão.
― Deixa de ser besta menina Nadir brincou com mamãe O máximo que pode acontecer é um simples naufrágio em mares revoltos...
― E tu é maluca de pensar isso, sua depravada! olhou em volta temendo que alguém tivesse visto a irmã baixar a calça far-west <tt><i>(6)</i></tt> e ajeitar a calcinha vermelha com rendas vazadas Vira essa boca pra lá Nadir! balançou a cabeça com dúvidas corroendo as entranhas Não sei se deixo os meninos irem, é muito perigoso...
Tio Carlos ligara na véspera anunciando a viagem, no barco da empresa, pelas praias do Ceará a partir de Camocim <tt><i>(7)</i></tt>. Foi Dani quem atendeu o telefone e espalhou a notícia.
<blockquote><b><i>Papai e mamãe não poderiam ir, as aulas do Diocesano só encerraria depois do dia 20, próximo ao natal e tia Nadir se ofereceu para acompanhar a molecada. Papai aceitou sem pestanejar, confia cegamente na cunhada e mamãe ainda teve que ser bajulada a semana inteira antes de aquiescer e, para alegria de todos, anunciar sua permissão.</i></b></blockquote>
Patrícia e Daniela não falavam de outra coisa senão da aventura, eu e Paulinha traçamos planos mirabolantes para curtirmos a viajem como se fosse a lua-de-mel sonhada.
― As pirralhinhas também vão tio Carlos anunciou que Lívia e Beth estariam conosco.
Elisabeth é meio metida a besta, e Lívia é gente da gente: tudo está bom, nada a incomoda. Topa tudo, muito mais que se imagina para a pouca idade.
― Olha lá o que tu vai aprontar com a Lívia Paulinha conseguia sentir ciúmes doentios da prima Te lembra que o pai dela vai estar por perto o tempo todo nos abraçamos, ela sabe que ninguém, nem mesmo a danada da Lívia, era páreo para ela.
Papai e mamãe nos levaram para Parnaíba, queriam ver se esse barco era seguro mesmo e papai ficou meio preocupado com o tamanho, imaginara que seria grande o suficiente para uma família inteira. Exagerara na expectativa, mas até que não era de todo pequeno.
― Preocupa não buchudo tio Carlos brincou percebendo o temor Aqui tem espaço de sobra para todos.
Dentro não pareceu tão pequeno. Bem dividido mais parecia uma pequena casa que se estreitava em direção à proa. Três pequenos quartos com beliches, uma copa minúscula com fogão de três bocas, pia em cima da geladeira, mesa retrátil e um pequeno cubículo espremido com uma ducha e um vaso sanitário. Na parte superior um espaço ladeado de bancos semi encobertos por um toldo com listras azul e branco.
Exceto a cabine do capitão, houve sorteio para alojar os novos habitantes: na cabine ao lado do banheiro ficamos eu, Pat e, depois de muita briga, Paulinha; a do lado da copa cozinha a tia Nadir, Dani e, eventualmente, Lívia. As cabines tinham o mesmo tamanho e formato: uma beliche que abria a cama inferior formando uma espécie de cama de casal.
Zarpamos com a maré alta logo no raiar do dia.
― Primeira parada: Delta do Parnaíba tio Carlos anunciou logo que saímos Nadir cuida da cozinha, Paulo fica comigo aprendendo a pilotar essa geringonça e o resto com baldes e vassouras na mão riu.
― Porra pai! Tu disse que ia me ensinar Lívia emburrou e sentou na pequena poltrona presa à parede da copa Isso é sacanagem!
Tio Carlos não ligou muito pra cena da filha, estava acostumado com a zanga eterna da pírralha.
― Depois é você, antes tenho que ensinar esse capiau para poder curtir também a viagem afagou minha cabeça Afinal de contas o besta aqui não vai dar uma de piloto o tempo todo.
Rimos divertidos e passamos a cumprir as ordens do comandante e assim foi parte do dia. Lívia também teve suas aulas de navegação, assim como quase todas (tia Nadir não quis aprender). Foi um início de viajem tranqüilo, aportamos em duas ilhas no Delta, em uma almoçamos na casa de um pescador amigo do tio que passou algumas recomendações sobre a rota a seguir.
― Se não tivesse que sair pra pesca amanhã, ia contigo falou durante o almoço Mas se tu quiseres o João pode ir, ele está de férias e não tem muita valia aqui riu e deu um tapinha no ombro do filho.
<blockquote><i><b> Ficamos meios apreensivos ante a possibilidade do embarque de uma pessoa que não conhecíamos, tio Carlos notou e deu uma desculpa qualquer. Lá pelas três da tarde levantamos âncora e retomamos a aventura. O amigo do tio pegou carona até onde os companheiros se reuniriam para a pesca e conduziu o barco para fora do Delta o ponto mais perigoso na viagem.</b></i></blockquote>
Antes que a lua despontasse fundeamos em uma praia deserta, assim seria toda a viagem e não navegamos à noite. Banhamos animados pulando em volta da lancha e fomos à praia onde acendemos uma grande fogueira. Tio Carlos armou duas barracas para dormirmos, no barco ficaram apenas a tia e a Pat. No dia seguinte reiniciamos a viagem e só paramos à noite numa vila de pescadores já no estado do Ceará.
À tarde depois do almoço a Lívia convidou Paulinha para tomarem banho de sol no convés da proa. Foram e a sapeca tirou a roupa, ficou nua como se ninguém a observasse, Paulinha não sabia como fazer; se deitava vestida ou acompanhava a nudez da prima.
Olhou para a cabine de comando, tio Carlos parecia não haver notado, tinha a vista fixa no horizonte preocupado com uma repentina nuvem escura que apareceu. Notei o drama da irmãzinha e toquei na costa do tio, ele sorriu complacente e balançou a cabeça.
― Essa daí adora tomar sol sem roupa. Diz que é para não ficar marca no corpo esticou o pescoço Cuidado filha que pode começar a jogar um pouco.
Lívia sentou cruzando as pernas e acenou para o pai.
― Preocupa não velho, que se piorar volto pra dentro e voltou a deitar de papo pro ar protegendo o rosto com os braços cruzados.
Tio Carlos deixou o timão comigo e desceu para a cabine, Paulinha ainda não se decidira da maneira como ficaria. Olhou para a cabine de comando e sorriu moleca, tirou o sutiã, baixou a calcinha e acenou para mim passando a mão na vagina lisa. Sentou de pernas cruzadas, apoiou os braços na madeira e iniciou um diálogo com a prima.
A tia subiu e olhou as duas, deu um pequeno beliscão em meu braço.
― E aí peralta, está apreciando a vista das serias? riu notando que eu estava incomodado com a visão A Paulinha está cada dia mais bonita, o corpo nem se fala...
Ficou um tempinho olhando o mar que se encrespava, perguntou sobre alguns instrumentos e colou em mim.
― Tenha cuidado Paulinho, teu tio não é de aceitar essas coisas... desceu.
<blockquote><i><b> A Tia sempre foi a confidente mó da família e conhecia a atração mútua da Paula e minha. Em dadas ocasiões até mesmo deu algumas dicas de como faze-la sentir sensações gostosas: lugares onde tocar, onde cheirar. Não que fosse devassa ou aceitasse sem questionar essa relação, mas vendo que era algo inevitável passou a cuidar mais próxima de nossos desejos fazendo-nos temer a consumação sem o devido entendimento dos desdobramentos que viriam. No início ainda tentou falar para a mamãe, mas como fomos nos dois que a procuramos e colocamos às claras o que sentíamos, o que desejávamos, temeu perder nossa confiança e amizade e preferiu calar para poder vigiar.</b></i></blockquote>
Pouco depois o tio voltou e mostrei as duas peladas, queria sentir a reação.
― Deixa elas Paulo respondeu Estamos sós, e entre família não tem essas frescuras de vergonha e pudor. Se gostam de pegar sol peladas, que façam deu por encerrada a conversa.
Desci para o convés, estava com sede. Dani e Pat conversavam sobre as garotas nuas e Patrícia estava com vontade de também tomar sol sem roupa.
― Tem nada não Pat falei colocando suco de caju no copo O tio não liga, disse que entre a gente não deve ter esse negócio de vergonha e que a Lívia é acostumada a ficar assim bebi o suco e saí.
Depois da Paulinha foi Pat quem primeiro deixou a vergonha de lado e tirou o biquíni para tomar banho se sol. Dani sempre foi a mais recatada e preferiu tirar só a parte de cima, a tia a acompanhou e nos tornamos uma caravela de pelados. De noite fundeamos outra praia deserta e dessa vez quem ficou no barco fui eu e a Lívia que tinha pego sol em demasia e estava totalmente esturricada.
Ficamos na praia até depois da meia noite, as garotas estavam cansadas do sol e da maresia e entraram cedo na barraca. Era tio Carlos quem ficaria no barco, mas a tia achou melhor que dormisse na praia, por segurança. Lívia adormeceu com a cabeça apoiada no colo do pai, estava nua por causa das queimaduras e apenas um lençol fino lhe encobria o corpinho.
― Então tu dorme com ela, mana o tio pediu, mas a tia tinha caído no sono.
― Deixa que vou, tio. Levo e cuido da sapequinha entramos no bote que o tio remou até o barco.
Colocou a filha carinhosamente na cama e voltou a cobrir seu corpo com o lençol fino.
― Vou deixar o bote amarrado ao tombadilho falou enquanto colocava uma bermuda e toalha na sacola plástica Se tu notares algo de anormal, vai me buscar.
Afagou a cabeça de Lívia, deu um beijinho na ponta do nariz e saiu. Lívia estava acordada e piscou para mim, sorri e acompanhei o tio que atara a sacola na cintura e mergulhou nas águas escuras e nadou com braçadas fortes em direção à praia.
Voltei para a cabine e ela havia jogado o lençol no chão, deitara de bruços e respirava lento. Fiquei parado na porta estreita maravilhado com o corpo de criança estirado no catre, a bundinha lisa ligeiramente aberta, uma perna dobrada deixando ver a pequena vulva sem pêlos. Ressonava baixinho estremecendo o corpo como se soluçasse.
Sentei no chão e adormeci. Quando, por fim, despertei ela não estava no quarto. Levantei espantado e vi os raios do sol invadindo a cabine pela escotilha redonda, amanhecera e eu passara a noite dormindo sentado. Lívia estava sentada na poltrona da copa ainda nua.
― Tu dorme pra cacete, Paulinho riu quando entrei Não acordou nem quando pisei na tua perna.
Levantou e me puxou pela mão, saímos para o tombadilho. Na praia as barracas ainda estavam fechadas. Sentou no banco e bateu, com a mão espalmada, no acento a seu lado. Sentei sentindo dores na costa, ela sentou em meu colo e apoiou a cabeça em meu ombro e fechou os olhos.
<blockquote><i><b> Acho que ficamos ali por quase uma hora até que o tio gritou pedindo o bote. Levantei e desamarrei a corda, Lívia pulou de ponta cabeça nas águas calmas e límpidas e nadou em direção à praia. Remei até ele e voltamos depois de desarmas o acampamento...</b></i></blockquote>
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<tt>6. <b>Calça far-west</b>; <i>como era conhecida a calça jeans, só que um pouco mais grosseira que as atuais</i>.</tt>
<tt>7. <b>Camocin</b>; <i>cidade praiana no Ceará</i>.</tt>
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<center>Este relato é contado em 26 episódios, você leu o 18º</center>
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<tt><center>24 de junho de 1972, sábado</center></tt>
<tt><center>14 de outubro de 1969, terça-feira</center></tt>
<tt><center>4 de julho de 1972, terça-feira</center></tt>
<tt><center>3 de setembro de 1972, domingo</center></tt>
<tt><center>5 de julho de 1972, quarta-feira</center></tt>
<tt><center>04 de dezembro de 1972, segunda-feira</center></tt>
<tt><center>10 de julho de 1972, segunda-feira</center></tt>
<tt><center>10 de março de 1973, sábado</center></tt>
<tt><center>17 de julho de 1976, sábado</center></tt>
<tt><center>9 de maio de 1974, quinta-feira</center></tt>
<tt><center>16 de fevereiro de 1996, sexta-feira</center></tt>
<tt><center>23 de dezembro de 1974, segunda-feira</center></tt>
<tt><center>26 de junho de 1993, sábado</center></tt>
<tt><center>27 de dezembro de 1974, sexta-feira</center></tt>
<tt><center>25 de dezembro de 1987, sexta-feira</center></tt>
<tt><center>25 de dezembro de 1987, sexta-feira</center></tt>
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