"Instinto Homossexual" e' o meu 1º thriller erótico gay. Em breve, vou publicar toda a história online num só documento.
Para já, podem espreitar a capa:
http://www.4shared.com/file/ae28e977/COVER.html
Ainda estou a terminar os últimos capítulos da história, mas vou publicando os primeiros... Os capítulos 1 e 2 são apenas o aperitivo para o q ainda vai acontecer...
Espero que gostem,
GossipBoy
INSTINTO HOMOSSEXUAL
CAPÍTULO I
UM NOVO DIA
O carro voava sem levantar voo. Os faróis iluminavam o horizonte obscuro.
Ele olhou-se no espelho retrovisor: as olheiras rodeavam o castanho esverdeado dos seus olhos. Duas rugas, tapadas pelos seus cabelos castanhos, vincavam-lhe a testa… e ele tinha apenas 28 anos.
Luís tinha, como já era habitual, passado a noite em claro. Apenas conseguiu dormir cerca de três horas, durante as quais o seu telemóvel recebera incansáveis chamadas, sem que Luís lhes desse atenção. Quando finalmente acordou e se apercebeu, eram já 6h30.
Avistou a morada que lhe tinha sido indicada. Estacionou apressadamente em frente ao portão da entrada da enorme casa que tinha perante os seus olhos. Pegou no distintivo e na arma. Saiu, bateu a porta do carro e entrou na casa.
***
Estavam no piso térreo da casa. O som de pessoas a falar, ruídos abafados, vinha do andar superior. Susana veio recebê-lo. Os longos cabelos negros caíam-lhe nos ombros. Os seus olhos castanhos, normalmente dóceis, mostravam agora que estava irritada.
– Pensei que não chegasses hoje!
– Desculpa, Su. Tinha o telemóvel desligado e…
Ela analisou o aspecto do amigo.
– Voltaste a beber, Luís?
Luís fingiu não ouvir.
– Então, o que temos?
Depois de um suspiro exasperado, Susana explicou:
– Gonçalo Dias, 35 anos, fotógrafo. Encontrado morto na piscina.
Encaminharam-se para a piscina interior. Ao passar por um corredor amplo, Luís viu várias fotografias emolduradas: nus masculinos. Achou a decoração interessante… toda a parede enfeitada com corpos de homens despidos.
Momentos depois, estavam na piscina e o cenário não podia ser mais aterrador: o homem encontrava-se nu na piscina, a pele parecia cera derretida, a água coberta de espuma branca…
Membros da polícia técnica fotografavam o local, retiravam amostras de água. Susana esclareceu:
– Não sabemos o que se passou, mas há algo na água. O corpo está totalmente deteriorado. Não sabemos ainda como morreu. Mas provavelmente morreu no quarto, no andar de cima. Encontraram vestígios biológicos na cama… sémen.
– A nossa vítima divertiu-se à grande esta noite, heim?
– Provavelmente. Mas não há sémen em quantidade suficiente para analisar o ADN. Presumimos que seja sémen da vítima.
Ficaram a observar, no silêncio, o local do crime mais bizarro das suas vidas. Susana voltou a falar.
- Ah, não esperamos por ti para começar. Já estão a ser interrogadas testemunhas. Estão lá em cima. Acho que já vimos demais aqui.
***
Luís continuava em silêncio, enquanto subiam as escadas. Um silêncio pensativo, por estar ainda a assimilar informações. Um silêncio horrorizado, com a cena que vira na piscina… O corpo como cera derretida, a boiar à superfície, rodeado de espuma…
– Já há suspeitos?
Susana abanou a cabeça.
– Não, por enquanto só duas testemunhas. A empregada, que saiu ontem por volta das 20h, e um amigo, que esteve com a vítima até às 19h, mas recebeu uma mensagem para vir até cá, eram duas da manhã. Foi ele que encontrou o corpo.
Chegaram finalmente ao quarto. Entraram. Mais membros da polícia técnica, escrutinando a cama; ao pé da janela, um homem observava a rua. Perto de um enorme espelho, estava o inspector Vieira, um senhor nos seus quarentas, de aspecto gasto. Ele estava, de facto, a interrogar uma mulher gorda, de aspecto simpático, provavelmente a empregada.
– Portanto, ele não chegou com ninguém?
– Não, senhor. O senhor Gonçalo até desabafou que queria ficar sozinho…
– Assim sendo, acho que não tenho mais nada a perguntar-lhe, por agora. Será interrogada formalmente, mais tarde. Muito obrigado.
Vieira lançou um olhar reprovador a Luís, pelo seu atraso.
– Não vamos continuar assim, Luís Menezes. Chega de pisar o risco…
– Com certeza, peço desculpa…
– Não se esqueça da consulta. Não falte.
Apesar de contrariado, não poderia faltar à consulta com o psiquiatra.
– Como foi com a empregada?
– Nada de suspeito. Irrelevante. Ela não é suspeita. Falta fazer umas perguntinhas a um amigo da vítima.
Era sempre Vieira que tratava dos interrogatórios iniciais. Luís e Susana nem se moveram, enquanto o inspector se aproximava do homem que olhava pela janela. Chamou-o.
– Senhor… Pedro Lopes?
O homem respondeu com um som, mas manteve o olhar no exterior. Luís viu Vieira a aproximar-se do homem, o tal Pedro, que se virou para encarar o inspector.
Pedro tinha cerca de 30 anos, cabelos negros. Era belo. O seu olhar, azul gelado, fixou-se por um instante infinito no olhar esverdeado de Luís. Lá fora, o sol erguia-se, preguiçoso e lento, lançando raios quentes para o interior do quarto. Nascia um novo dia.
CAPÍTULO II
JOGOS E MENTIRAS
Luís entrou no escritório, batendo a porta. Como ele odiava as consultas com o psiquiatra… Susana estava lá, esperando por ele. Como sempre, o escritório estava impecavelmente arrumado. Susana era obcecada com arrumação.
– Como correu?
– O mesmo de sempre. Ouvi as merdas do costume… Dá para ver que o doutor não quer realmente ajudar-me. Apenas lhe pagam para garantir que o que aconteceu comigo não se repete, que não voltam os jogos e as mentiras.
Susana passou-lhe a mão pelo ombro.
– Vá, não te deixes afectar. Não podes mudar o passado. Eles vão deixar-te em paz, vais ver. Tens de fazê-los ver que não vais voltar a fazer o mesmo…
– Nem eu sei se vou voltar a fazê-lo!
– A fazer o quê, Menezes?
Era o inspector Vieira. Estava à porta do escritório. Dirigiu-se ao pé deles, fechando a porta atrás de si.
– Não me parece que lhe diga respeito, Vieira!
O inspector sorriu levemente, sarcasticamente.
– Parece que nem o psiquiatra resolve a sua agressividade…
Susana, que até então parecia invisível para Vieira, viu-se obrigada a intervir, para evitar que a hostilidade aumentasse.
– Por favor! Parecem duas crianças… deixem-se disso! – Eles olharam-se por um instante e, depois, voltaram-se para Susana – Vieira, temos progressos na investigação?
– Pode-se dizer que sim… Há resultados da perícia. Causa da morte: asfixia. O nosso fotógrafo morreu na cama…
– Asfixia, como? – perguntou Luís.
– Engoliu o relógio. Quer dizer… foi forçado a engolir o relógio. Depois o corpo foi arrastado pelas escadas e atirado à piscina. Foi colocado hidróxido de sódio no filtro da piscina. Foi o que provocou a deterioração do corpo. Acreditamos que a vítima foi forçada a engolir o relógio durante uma relação sexual, uma vez que o corpo já estava despido quando foi arrastado e havia vestígios de sémen na cama.
– Temos algum suspeito?
– Ainda não. O testemunho da empregada é irrelevante, ela apenas ia à casa da vítima duas vezes por semana, não tinha conhecimento da vida pessoal do patrão.
Enquanto ouvia, Luís observava as fotos tiradas na piscina. Levantou a cabeça e encarou o inspector.
– E a outra testemunha? O Pedro Lopes?
– Foi chamado a depor, deve estar mesmo a chegar.
***
Estavam na sala de interrogatório. Susana e Vieira discutiam pormenores, preparando o inquérito, enquanto Luís estava abstraído nos seus pensamentos.
Duas coisas não saíam da sua cabeça. Primeiro, Gonçalo tinha morrido durante um acto sexual. E apenas havia sémen no local… não havia vestígios de presença feminina. Segundo, e mais importante, era-lhe difícil esquecer aqueles gélidos e magnéticos olhos azuis. Aquele olhar que se cruzara no seu.
Inquietava-o pensar que voltaria a ver Pedro. Ficava agitado, mas ao mesmo tempo queria vê-lo de novo. Era um atracção perturbadora.
A porta abriu-se. Pedro Lopes entrou na sala, cumprimentou-os. Curiosamente, não vinha acompanhado de advogado. Susana indicou-lhe a cadeira para se sentar.
– Vamos começar, senhor Pedro Lopes.
Luís reparou na diferença mais visível entre ele e Pedro. Ao contrário das roupas formais de Luís, Pedro assumia um estilo descontraído, elegante, quase desportivo.
Susana continuou.
– Diga-nos: quando foi a última vez que viu o senhor Gonçalo Dias?
– Ontem, por volta das 19h. Eu e o Gonçalo trabalhávamos juntos no estúdio de fotografia. Ele foi para casa. Não vi nada de anormal nesse dia. Até que recebi uma mensagem do telemóvel dele. Fui lá assim que vi a mensagem, às duas da manhã. Encontrei-o na piscina, no estado em que o viram.
Apesar de estar a responder a Susana, Pedro olhava directamente nos olhos esverdeados de Luís. Susana ignorou tal atitude.
– Sabe de alguém que lhe quisesse mal? Algum relacionamento mal terminado, problemas monetários, conflitos profissionais?
– À primeira vista, não.
***
O interrogatório durou cerca de uma hora. Tudo parecia muito simples: nada de suspeito em Pedro, nada de suspeito que Pedro tivesse visto. Um caso labiríntico.
Mas Luís continuava desconfiado, como que guiado por um instinto. Pedro estava a levantar-se, tinham dado o inquérito por terminado.
– Senhor Pedro Lopes… – todas as atenções voltaram-se para Luís. Ele viu que Pedro esboçara um leve sorriso com o canto dos lábios. – Qual era a natureza do seu relacionamento com Gonçalo Dias?
– Éramos… amigos. Colegas e amigos.
Vieira estava estupefacto.
– Menezes, mas que raio vem a ser isto?
Luís ignorou-o. Ele e Pedro estavam frente a frente, olhos nos olhos.
– Portanto, você trabalhava com o Gonçalo? Fotografava nus masculinos?
Pedro sorriu, provocativo.
– Exacto. É uma arte, detective. Nada mais.
– O senhor Pedro alguma vez se envolveu numa relação homossexual?
Vieira levantou-se, furioso.
– Já chega, Menezes! Isto passou todos os limites!
Nenhum dos dois homens pareceu ouvi-lo. Estavam os dois fixos um no outro, como que atraídos por uma força magnética. E Pedro sorria. Como era belo o seu sorriso… Ele abriu a boca para responder ao detective.
– Não, Luís. Nunca me envolvi com homens. Eu não vou para a cama com homens. Uso-os para a minha arte.
Luís foi apanhado de surpresa. Não pela resposta; já estava à espera que Pedro negasse. O que o surpreendeu foi ter sido chamado pelo seu nome próprio. Pedro estava já de pé, mas Luís, pela segunda vez, impediu-o.
– Como sabe que me chamo Luís?
Ele sorriu: – Que diferença faz?
Ficaram a olhar-se durante um momento prolongado.
– Acho que não tem mais perguntas para mim, ou tem, detective?
Pedro levantou-se novamente, sem esperar pela resposta. Luís notou um volume nas calças dele. Não conseguiu desviar o olhar. Tudo o que Pedro dizia era negado pelos sinais do seu corpo. E ele nada fazia para o disfarçar.
Quando Pedro saiu, Luís ficou a olhar para a porta aberta, para o vazio. Vieira, ameaçador, aproximou-se dele.
– Isto não vai ficar assim, Luís Menezes. Não vou deixar que repita a merda que fez há um anoDentro de alguns dias publico os capítulos 3 e 4, já com momentos mais eróticos.
GossipBoy