O que a enlouquecia era a forma displicente daquele rapaz. Embora visivelmente necessitado do emprego, mantinha uma atitude superior em relação a sua chefa. Aparentemente não se deixava influenciar pelo posto hierarquicamente superior ao seu, como se avaliasse atrás de toda a pompa que o cargo conferia àquela mulher, o seu DNA de vadia, inferior, devassa. Carla não poderia suportar tamanha ousadia de um simples auxiliar de administração, estagiário, propriamente dito, que se arvorava de defensor da moral.
Mas, ao mesmo tempo em que tal atitude a revoltava, uma chama ardia em algum lugar da sua alma, fazendo-a sempre querer ser maltratada, esnobada e ferida daquela forma. Quanto mais desprezada, mais se sentia atraída e desafiada a descobrir o que realmente havia por baixo de toda aquela capa de desdém. Cássio, por sua vez fingia não notar a pluralidade de sensações e sentimentos que explodiam nos olhos de sua chefa, toda vez que se sentia ultrajada por sua petulância. Tentava manter a calma, como quem quer de alguma maneira conservar a sanidade. Ou simplesmente o emprego.
Por muito menos outros já haviam sido demitidos sumariamente. Carla tornou-se uma pessoa implacável, fria, inflexível aos motivos mais dolorosos que lhe eram apresentados. Sua intenção de nunca mais ser enganada ou usada por quem quer que seja, com certeza afetou a sua percepção ou interpretação dos fatos. Agora apenas ela teria o direito de usar, manipular, adulterar os fatos e comportamentos a seu bel prazer, da maneira que melhor lhe conviesse.
Por isso Cássio era tão intrigante. Era como um potro selvagem que não se permitia montar. Não se encaixava no esquema manda-que-eu-obedeço, até então bem aceito por todos do escritório. Carla não encontrava resistência, fosse de empregados, sócios, fornecedores e até mesmo concorrentes. Sua caixa de pandora continuava a criar pânico em todas as figuras chave de seu jogo. A simples ameaça de abri-la já disponibilizava a todos. O jovem, porém, nada tinha a esconder, nada a pagar. Ele era uma dessas almas livres de qualquer acusação, pelo simples fato de não se permitir qualquer amarra, seja cultural, seja emocional ou moral. Ele simplesmente enfrentava aquilo que se pusesse em seu caminho.
Cinco para as seis da tarde. Quase todos já haviam deixado o escritório. Carla nem percebeu o tempo passar, dada a maneira com que mergulhara no projeto de expansão da holding, que precisava estar pronto para a reunião da manhã seguinte. De repente, sua boca desejou sentir o gosto do café produzido ali. Soraia, sua assistente já havia saído. O escritório estava praticamente vazio. Apenas Cássio podia ser visto a distancia, como que ajustando as ultimas coisas antes de encerrar.
- Cássio, pode vir aqui? A voz autoritária de Carla causava ao mesmo tempo temor e raiva a seus funcionários. Cássio levantou-se lentamente, caminhando em direção ao chamado. Apesar de ser o fim do expediente, sua apresentação pessoal era a de quem estivesse começando naquele exato momento. Nada lhe roubava o ar tranqüilo equilibrado e relaxado, mesmo diante das tensões mais imprevisíveis.
- Como posso ajudá-la? – perguntou solícito. “Como se eu precisasse de você mais que você de mim!”, ela pensou ao escutá-lo. – sou seu até os próximos dois minutos.
- O que quer dizer com isso? – A voz de Carla assumiu um tom mais ríspido, não programado. – Quer dizer que às seis horas em ponto você se torna um imprestável à essa empresa? Cássio não se perturbou com o tom, menos ainda com as palavras desafiadoras.
- Um minuto e meio. Seu rosto continuava sereno, enquanto observava o visível transtorno a inaugurar o rosto de sua chefa. Ela não conseguia crer que tamanho controle, além da audácia poderia vir de um rapaz em inicio de carreira. – Acho melhor você ser mais objetiva com a sua instrução, porque o tempo passa rapidamente.
- Ocorre que não acredito em sua capa de frieza e controle – ela resolveu pagar para ver. – Atrás desse homem seguro existe um rapaz brincando de ser forte. Já vi muitos iguais a você e lhe asseguro que os dobrei a todos.
- Um minuto – ele respondeu, olhando seu relógio de pulso. – o que você deseja mesmo?
- Vá até a cafeteira e pegue um café amargo para mim. A ordem era seca, incisiva e desafiadora.
- Caso eu fosse atender a sua orientação, gastaria o seu tempo para chegar até lá e o meu tempo para trazer o seu café. O que eu ganho com isso?
- O direito de continuar trabalhando para mim! – Carla vociferava, visivelmente alterada com o comportamento atrevido do rapaz.
- Fazendo jus assim da sua fama de mandona e de valer-se do cargo para intimidar os seus subordinados mais fracos. O ar de deboche do rapaz era inacreditável. Era como se nada houvesse a ser perdido, nada houvesse a ser cobrado, nada houvesse a ser pago. Essa atitude o fazia único, aos olhos de alguém acostumada a vergar os brios mais intratáveis.
- Olha aqui seu...
- Olhe aqui você! São seis horas em ponto e você acabou de me perder! – Cássio virou as costas e começou a caminhar em direção a porta.
- Volte aqui! – Carla gritou descontrolada. – Se você sair por essa porta, não precisa mais voltar, entendeu?
- Claro que entendi... – A voz do rapaz era impressionantemente calma. – e não tinha mesmo intenção de voltar, Buana!
- Cássio! – a voz de Carla tremia – Não vá embora... Por favor!
O jovem parou sua caminhada em direção ao elevador. Carla ficou assistindo ansiosa pela sua decisão. De repente, sentiu-se frágil, carente, desprovida de qualquer vestígio do orgulho que sempre ostentou. O mundo parecia ter parado para ver, para testemunhar se ela ainda detinha o poder ou acabara de vergar, ante a inflexibilidade de um homem que não se deixava domar.
Uma mistura de alegria infantil e nervosismo adolescente fizeram com que seus olhos brilhassem, logo ao perceber Cássio vindo em sua direção. Seu coração disparou sem controle, enquanto um sorriso de alívio se instalava em seu rosto, como se a sua vida dependesse daquele gesto simples. Carla suava frio, esquecendo-se da discussão, dos gritos, da tentativa de causar temor. Apenas surpreendeu-se pela atitude de seu subordinado.
Cássio agarrou-a pelos braços, quase a levantando do chão. Os olhos faiscantes da mulher não conseguiam parar de piscar. A respiração ofegante ao sentir seu corpo quente tão perto desfez o que lhe restava de forças para resistir. Foi o beijo mais longo, mais intenso, mais desejado de toda a sua vida. Eram tão colados um ao outro que já não se sabia mais se um dia já foram separados. A vida poderia acabar ali e nenhum deles se importaria.
As mãos de Cássio reviravam os cabelos de Carla, emaranhando-se a partir da nuca, puxando com força os cachos fazendo-a gemer, enquanto seu pescoço se expunha se oferecia à boca faminta do homem, qual conde hematófago a servir-se de um banquete. As marcas em sua pele alva seriam inevitáveis, mas, quem em sã consciência se importaria com isto àquela altura?
Cássio afastou a mulher de seu peito a distancia suficiente para arrancar-lhe os botões da blusa de seda. Em um instante ele tinha ao alcance do olhar um sutiã de brancura irrepreensível, sobre uma pele suave e arrepiada. Sem pejo e sem dó, sua mão começa a apalpar seu seio freneticamente. Carla geme de dor e desejo, enquanto retribui a ousadia, apalpando-lhe o membro duro sob as calças. O clima era pesado, o ar rarefeito. Eles continuaram colados um ao outro, caminhando trôpegos em direção à espaçosa e confortável poltrona que reinava imponente no centro da sala da chefa.
Caíram ainda ligados, ainda loucos de tesão e fome. Apenas um movimento e a mão de Cássio avançava para dentro da saia de Carla, quase totalmente encolhida, deixando à mostra aquelas tão desejadas coxas. Ele estava alucinado a massagear-lhe o clitóris sob a calcinha. Carla gemia alucinada, como uma cadela que pressente o momento de ser coberta pelo macho escolhido. Ela o lambia e o arranhava. Ele batia em suas pernas e apertava com força sua genitália. Estavam absolutamente entregues um ao outro. Nada mais importava.
Cássio deslizou do pescoço para os seios, libertos da lingerie que fora jogada ao longe. Ele chupava com a sofreguidão de um potrinho recém-nascido, enquanto seus dedos avançavam sob a calcinha em direção à gruta mais que desejada. Carla enlouquecera, perdera o juízo, o pudor e o controle de toda a situação. Talvez, fosse por isto a sua reserva constante em relação ao rapaz. Algo instintivo lhe alertava o perigo de se aproximar demais. Como se soubesse que, ao ultrapassar o limite invisível que havia entre eles, ela deixaria de mandar em si mesma.
A noite foi longa para eles. Carla deu-se de todas as formas possíveis. Fez tudo o que Cássio lhe ordenou de forma ditatorial. De joelhos, engoliu seu mastro quase vomitando ao sentir-lhe em sua garganta. De cócoras, sentiu-o invadindo seu ânus com violência consentida. Cavalgou-o por muito tempo. Foi comida de lado, de quatro, de pé, deitada de bruços sobre sua própria mesa de trabalho. Sentiu-se vadia, cachorra, puta de beira de estrada, princesa. Deixou-se colocar o cinto de Cássio ao pescoço para satisfazer-lhe o desejo de vê-la nua, de quatro, andando na coleira ao lado de seu novo dono. Sentiu-se mulher.
Quinze para uma da madrugada. Carla retorna da máquina de café, trazendo dois capuccinos. Olha de forma satisfeita em direção ao homem nu, deitado em seu sofá:
- Açúcar ou adoçante, buana?