A AMIGA
Este conto já foi publicado sob outro pseudônimo; ocorre que o verdadeiro titular do nome não gostou de vê-lo associado à temática deste site e solicitou, gentilmente, que fosse retirada toda e qualquer referência a sua pessoa, razão pela qual eu passarei a republicar todos os meus escritos, sob a alcunha de Walfredo Wladislau (WW).
Foi bom ter aceitado o convite para o fim de semana em Gramado. Clarissa e o casal são amigos há tanto tempo, que todos se sentem em família: sem perguntas, sem cobranças, sem conselhos, os dois apenas a escutam contar, em flashes, o casamento que vai desabando. O ar puro, o frio da rua, o quente da calefação, o cinza da neblina que toma conta da paisagem, o fogo da lareira, o vinho em pequenos goles dão a sensação de acolhimento, e a tristeza que a invade vai passando com a lentidão do momento.
Impressiona a harmonia simples de marido e mulher. Com admiração e com justificada inveja Clarissa percebe os leves sorrisos quando Immanuel e Gabriela se olham, as palavras de carinho que trocam e os leves toques na pele um do outro quando se aproximam. Em todos os assuntos conversados, os dois demonstram o mesmo interesse e atenção, como cúmplices de um complô destinado a divorciá-la do pouco que ainda lhe resta de auto-estima. Decide que a vida não é justa, e lembra que nem no início seu casamento fora assim; se pergunta de que forma o tempo continua juntando esses dois.
A lembrança dos anos investidos na relação que hoje não tem mais futuro, em contraste com a terna felicidade dos amigos, provoca as lágrimas, que agora correm soltas pelo rosto. Envergonhada, levanta e se dirige ao seu quarto, grata pela discrição, triste pela solidão do momento. Surpreende-se ao perceber que seus passos, lentos, estão sendo seguidos, e entrega-se ao abraço paternal de Immanuel, que a envolve e consola.
Com a ponta da camisa semi-aberta, ele enxuga as lágrimas do seu rosto e tenta limpar o preto do lápis que lhe borra olhar. Clarissa esboça protestar, preocupada com a camisa molhada e suja, mas a mão forte a comprime contra o peito, enquanto dedos ágeis de Immanuel esgueiram-se por entre as mechas de cabelo. O momento é mágico e interminável, e ela administra o conflito interno, afastando a culpa por sentir prazer, dando lugar ao conforto por sentir amizade.
A candura do momento se quebra quando ela sente seus lábios em contato com os dele, e seus dentes sendo tocados pela língua afoita. Aflita, mas ainda retribuindo o beijo, abre os olhos à procura de Gabriela que, de pé, há muitos passos de distancia, assiste a cena e assente com um sorriso, denotando aprovação e incentivo.
Caminham abraçados para o quarto, e aos beijos se despem com a pressa dos amantes. Sem culpa, Clarissa busca o membro ereto com a boca e como que num salto, senta e cavalga bruscamente, abandonando completamente o pudor. Não entende o que está acontecendo, mas não perde tempo para buscar as razões que levam Gabriela a lhe ceder o marido naquilo que têm de mais íntimo. Fode como uma louca, mesmo porque fazia muito tempo que não fodia. Dedica-se inteiramente a Immanuel e perde a conta de quantas vezes gozou, enquanto o pau dele permanece imóvel, duro, sem o menor sinal de cansaço.
Rindo, enquanto goza mais uma vez, Clarissa acha mesmo muito justo que quem tem um marido desses, e um pau sempre duro a disposição, tem o dever de compartilhar a felicidade com as amigas.
Quando abre os olhos, percebe a presença de Gabriela que, seminua, deita ao lado do marido, e percorre-lhe o torso, a nuca, o pescoço e a boca com beijos, mordidas e lambidas sensuais. Como temia - e ao mesmo tempo queria - a amiga desvia-se do marido volta-se a ela, primeiro tocando-lhe os seios com a ponta das unhas bem feitas, depois beijando-lhe o bico com os lábios úmidos. Com as mãos trêmulas, um pouco vexada pelas unhas roídas, Clarissa puxa o rosto da amiga para perto do seu e inaugura seu primeiro beijo a outra mulher.
Uma avalanche de sentimentos e emoções antecipam um múltiplo orgasmo, que vem em ondas fortes, contínuas e sufocantes. Os gritos e gemidos de intenso prazer escapam aos lábios nos poucos segundos em que se desgrudam..
Exausta, as pernas flácidas pelo esforço concentrado, Clarissa aninha-se entre o casal, e por menos de dez segundos de intensa felicidade, sente-se também esposa de um e amante da outra.
Só então percebe que o gozo foi solitário, no momento em que Gabriela, como que lavando com a boca os vestígios íntimos da amiga, suga freneticamente o pênis do marido, que troca de posição, montando a esposa.
Intermináveis minutos de conjunção, no mais clássico papai-e-mamãe, o casal sincroniza suas exaltações de prazer.
Clarissa sente-se excluída, usada e incapaz de pertencer àquela cumplicidade. Chora, agora de raiva, de inveja, admite seu despeito quando ouve os suspiros combinados do dever cumprido. Deitados os três, ligados agora apenas pela proximidade dos seus corpos.
Walfredo.wladislau@hotmail.com