Quando a amizade finda

Um conto erótico de Pablão
Categoria: Grupal
Contém 1816 palavras
Data: 08/12/2009 22:54:31
Assuntos: Amigas, Grupal, Menage, Trio

Entrando no quarto escurecido pelas cortinas semi-cerradas, algo me pareceu confortavelmente diferente. Podia ouvir cada uma daquelas duas lindas mulheres respirando e exalavam algo completamente novo. Sentia-me livre, e elas me inspiravam a isso com seus olhares de relance e um ar de malícia.

A primeira das duas amigas, minha namorada, estava sentada numa cadeira mais próxima à porta e parecia esperar ansiosamente por mim. Fiquei feliz por ser bem esperado e procurei demonstrar. Sorri muito sinceramente e acolhi-a em meus braços bem abertos. Cheiro de sabonete bom. Perfume de saudade e ansiedade. Um nariz quente percorrendo suavemente meu pescoço. Algo na força daquele abraço me despertou. Comecei a me excitar e me envergonhei, mas algo no seu olhar de aprovação dizia que eu não deveria me envergonhar, pois pelo contrário, tratava-se mesmo de uma reação esperada. Um sorriso indecifrável em seu rosto. Sem dúvida, era a reação que ela esperava com o perfume e a força do abraço, com seu toque quente em minha pele fria, recém arrepiada.

Nesse momento, olhando através do ombro da minha namorada lembrei da presença de sua amiga e voltei a sentir vergonha por estar me excitando sem nenhum motivo explicável, ali em frente às duas. Como que lendo meus pensamentos, minha namorada virou-se para a amiga e piscou um olho, antes de me apertar com mais força e escorregar uma mão macia e quente por minhas costas. Embora parecesse apenas um pouco mais à vontade do que eu, a amiga aparentemente compreendeu perfeitamente todo a conversa muda que havia se passado naquele piscar e sorriu espontaneamente. Num instante me passou pela cabeça que talvez tudo já tivesse sido planejado previamente por elas. Porém, dadas as circunstâncias, isso não importava muito.

Cordialmente, desapertei o abraço como sinal de que devia agora cumprimentar também a amiga. Ainda segurando sua mão me aproximei da cama, onde a amiga repousava angelicalmente. Vestia um pijama que parecia lhe deixar muito confortável e à vontade. Subitamente tive vontade de me despir, de tirar o peso das roupas e compartilhar daquele conforto. Não o fiz, mas ela pareceu acompanhar meus pensamentos perfeitamente e antes de me abraçar, com um gesto que não poderia ter sido mais natural, levantou-se da cama, pôs-se bem próxima à minha frente e retirou minha blusa. Senti um choque percorrer meu corpo quado seu dedos delicados puxaram minha camisa pelas costas. Pensei que era brincadeira, ou algo que fosse me render uma boa bronca de namorada depois. Olhei quase assustado para o lado e vi minha namorada, que sorria para mim. Procurei tranquilizar-me.

O fim de uma tarde calma e silenciosa enchia o ar de calma. Os últimos raios de sol se largavam preguiçosamente janela adentro, coloridos e cintilantes, parecendo dizer que a tarde não queria ceder espaço para a noite, que teríamos luz por muito tempo ainda e não precisávamos nos apressar, pois o lento anoitecer não tinha pressa.

Já despido da cintura pra cima, senti uma brisa fraca vinda da janela me tocar a pele e tornar ainda mais intenso o contato com o tecido sedoso do pijama e com a mulher que ele pouco cobria. O corpo parecia todo colado ao meu. Senti seu perfume, muito diferente do primeiro. Nem pior nem melhor. Igualmente agradável... Igualmente atraente... Igualmente excitante.

Expressando toda minha satisfação, antes de desgrudar meu corpo do seu dei-lhe um longo beijo nas bochechas. Demorado e forte o suficiente para que eu pudesse sentir o calor inundar-lhe a face de rubor. Como respeito, dei-lha algum espaço. Centímetros suficientes apenas para respirar forte o tempo de livrar-se do rubor. Porém, talvez tivessem parecido muito para ela e senti suas mãos –não tão tímidas quanto sua face demonstrava- puxarem o meu corpo de volta. Ela sabia bem o que estava fazendo e eu me deixei levar por seu jogo. Abracei-a novamente, ainda mais intensamente que da primeira vez.

Tive a impressão de que aquela era a saudação mais agradável que alguém jamais havia recebido. O calor de nossos corpos se tocando sem pudor, mas ainda com um resquício do respeito da nossa antiga e fraterna amizade. Aquela crescente liberdade de expressar francamente o que nós três sentíamos, aqueles olhares cúmplices e o indescritível perfume do quarto. Primavera para pássaros que éramos.

Chegávamos agora ao limiar da amizade. Na invisível -mas nítida- linha entre sermos apenas amigos ou algo mais. Entre sermos finalmente sinceros e naturais, nos entregando à verdade inevitável e há tanto contida, ou reprimidos e mesquinhos, negando para nós mesmos o que era evidente.

Mais uma rodada daquele jogo em que eu já me via completamente envolvido, mero peão à mercê da vontade de duas hábeis jogadoras. Sem nenhuma palavra a amiga sentou-se na cama e me sugeriu o mesmo, segurando minha mão. Com a mão livre, convidei também minha namorada e ela sentou-se ao meu lado, ainda sorrindo. Estava gostando de ter em cada mão uma mãozinha diferente. Em cada lateral do corpo, outro corpo quente e atraente. Pensei em algo maldoso para fazer com aquelas duas mãos, e cheguei a pensar por uma fração de segundo: Porque não? Mas algo nos olhares das duas me dizia que eu não perderia por ser só um pouquinho mais paciente. O jogo complicava-se e eu só podia mover-me à esmo, sem saber claramente o que meus movimentos provocariam na rodada seguinte. Esperava pelos movimentos que adviriam o xeque-mate.

Me larguei na cama e senti os lençóis macios acariciarem minhas costas. Puxei as duas e ambas se deitaram. Cada uma de um lado, podia vê-las sorrindo disfarçadamente. Sentia pelo toque quente de suas mãos que estavam gostando disso tanto quanto eu e fiquei satisfeito. A cama parecia maior do que normalmente era e nesse dia parecia especialmente aconchegante. Caberíamos os três deitados lado a lado sem que precisássemos sequer encostar um no outro. No entanto, encostávamos e é certo que nenhum de nós três se incomodou com isso.

Entregues ao ocioso anoitecer nos permitíamos calma e lentidão de movimentos. Assim, vagarosamente conduzia o corpo delas para junto do meu enquanto acariciava seus cabelos, percorria seus rostos com as pontas dos dedos, tateava o contorno dos lábios e sentia a suavidade de suas formas.

Eu avançava no jogo, queria o xeque-mate às duas rainhas sendo apenas um peão.

Quase sem que me desse conta, ao fim dos carinhos, estavam ambas com a cabeça recostada sobre meu peito. Suas mãos repousadas sobre minha barriga encontravam-se timidamente e tocavam-se de leve. Dedos percorriam palma e palma; abraçavam-se como se fossem os dois corpos nus. Entrelaçavam-se e apertavam-se com delicadeza. Brincavam deslizando pelas linhas do meu tronco, subindo do umbigo ao peito e resvalando juntas pelo relevo das costelas.

Agora as mãos abertas percorriam de cima a baixo minha barriga e eu retribuía puxando pelas costas seus corpos contra o meu. Aproveitando do pequeno impulso, ergueram suas cabeças e ficaram face a face sobre meu peito, deliciosamente perto da minha boca. Depois de me olharem provocantes aproximaram-se fechando os olhos e colaram os ávidos lábios.

Um casal de pássaros cantou harmoniosamente ao pé da janela. Sentia seus adoráveis perfumes se misturando. O calor irradiava daquelas bocas volumosas que mordiscavam-se maliciosamente. Percorreu-me dos pés à cabeça uma intensa inquietude e foi difícil me manter passivo. De fato só consegui me conter quando lembrei do olhar cúmplice das duas que havia me dito que a paciência é uma virtude louvável e recompensável. Estava pagando pra ver.

Fazendo o máximo esforço para não atrapalhá-las em seu beijo, desvencilhei-me de suas mão e me prontifiquei a despí-las, afinal o quarto começava a ficar quente e estavam ainda completamente vestidas. Comecei pela blusa da minha namorada. Enquanto lhe fazia um carinho nas costas e na barriga ia retirando sua blusa, à medida que minhas mãos iam subindo-lhe pelo corpo. Desgrudando sua boca da amiga apenas o mínimo necessário para poder retirar a blusa, ela me ajudou rapidamente.

Agora era a vez de ajudar a amiga a despir seu pijama e me aproximei dela na cama. Deixando claro para as duas que não precisavam interromper seus beijos e carinhos por minha causa, repousei minhas mãos sobre os ombros de nossa amiga. A blusa do pijama tinha alças finas e delicadas que não atrapalhariam meus carinhos; mesmo assim, carinhosamente empurrei as alças de forma a deixar seu ombro nu. Fiquei por trás de suas costas e comecei a beijar seu ombro. Beijava à princípio devagar, mas quando percebi que ela estava gostando muito daquilo aumentei a intensidade e logo estava abraçado à ela com meus braços envolvendo sua cintura e apertando seu corpo contra o meu. Subi em direção à sua nuca, arrastando meus lábios úmidos por sua pele macia, sedosa . Sabia que minha namorada adorava beijos na nuca e queria experimentar o mesmo com nossa amiga.

Encaixei minhas mãos em baixo de seus peitos, sem contudo atrapalhar minha namorada - que ainda a beijava. O cheiro delicioso do seu cabelo e o gosto da sua pele me excitavam muito. Percebendo como eu estava, ela foi se arrepiando e se entregando cada vez mais aos carinhos com minha namorada.

Passou então uma jogada inesperada por mim e percebi que havia sido cercado por peças mais nobres e fortes, com as quais não poderia lidar.

Me esforçava para agradá-las e parecia de fato que estavam satisfeitas, porém não comigo e sim uma com a outra. Trocavam beijos cada vez mais ardentes e pareciam nem notar minhas mãos buscando um espaço entre seus corpos. Inútil. Colados como estavam, não havia espaço algum.

Mil vozes incompreensíveis murmuravam em meus ouvidos. As paredes do quarto se deformaram, contorceram-se em minha direção e me esmagaram antes mesmo que eu conseguisse me libertar, explodir num grito claustrofóbico.

Logo percebi que o dia havia cedido muito rapidamente lugar à noite, empurrado e expulso daquele ambiente. A confortável brisa ganhou forças e tornou-se um vento gélido, incômodo. O quarto, que há um momento me parecia primaveril, se mostrava agora melancólico, soturno.

Levantei-me da cama. Nem notaram. Incapaz de deixar aquele quarto, cujas paredes agora inclinavam-se sobre minha cabeça me asfixiando, me afastei o máximo que pude da cama, onde continuavam - cada vez mais absortas.

Larguei-me ao chão, procurando não mais olhar para o que faziam. Não escutar seus sussurros que, sabia, zombavam de mim - peão encurralado pelas duas rainhas. Recostado na parede, dobrei os joelhos e entre eles escondi meus olhos. Tentei não imaginar o que acontecia na cama que estava agora a muitos quilômetros de mim. Segundos de silêncio no quarto.

Mesmo não olhando e tapando os ouvidos com as mãos, podia sentir agora os cetros de mármore sendo arrastados ritualisticamente pelas rainhas em minha direção, prenunciando meu fim. Podia senti-las desprezar meu medo e meus tremores. Ouvi-las gargalharem minha ingenuidade e zombarem das minhas frágeis mãos tentando me defender, inutilmente. Os cetros ergueram-se majestosamente sobre minha cabeça. Me encolhi o máximo que pude e apertei os olhos.

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Comentários

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como dito, muito literário... muito envolvente e natural.

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amei, de fato muito literario...é isso que gosto de ler, ternura, cultualidade...parabéns.

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amei, de fato muito literario...é isso que gosto de ler, ternura, cultualidade...parabéns.

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