Continuação da série Reuniões e você somente o entenderá na íntegra se ler os anterioresREUNIÕES, SOB O LUAR DO SERTÃO - O celeiro
O tempo parece não andar com a mesma pressa aqui na fazenda. Quando a gente pensa que já é meio dia, vê-se que inda não bateu o badalar das dez e as noites sem lua realça as estrelas do firmamento como que em um planetário...
(Impressões de Manoel)
Carmem vê o irmão com a prima que não é prima
10º Dia
Hoje me enchi de coragem e resolvi dar umas voltas pela fazenda, quis ir sozinha para ver se mudou muito desde minha infância.
Levantei cedo, botei um vestidinho curto de fazenda macia – como fazia naquela época, e saí antes que as outras despertassem. Passei pela cozinha, Izidora tinha coado o café que repousava no bule ao lado do fogão a lenha. Enchi meu antigo caneco de esmalte, pesquei na lata alguns avoadores e saí pela porta da cozinha indo acocorar encostada no tronco da mangueira maior.
O sol ainda não despontara, a luz fugidia da madrugada fazia o manto de orvalho parecer uma cortina impenetrável, formando círculos em volta das lâmpadas acesas no quintal e o vento frio abraçou meu corpo eriçando meus pêlos, estremeci. Parece que ainda soa do limbo a voz aguda de papai.
- Carminha! Acorda o preguiçoso do teu irmão.
- Deixa ele dormir, pai...
- Vai logo menina! Ta na hora de tirar leite!
Fecho os olhos, me vejo abrindo o quarto dos meninos e passando por baixo da rede do Júlio me aproximando devagarzinho da cama de Maneco envolto no grosso cobertor de lã crua.
- Neco! – sacudo a cama de leve – Acorda Neco que o pai ta te chamando – falo baixinho para não despertar Julio.
- Hummm! – se mexe tirando a coberta com o pé descalço – Ô maninha, ainda ta cedo! O carijó inda nem cantou...
O mano sempre dormiu pelado. Puxo o cobertor e seu corpo livre de roupas se mostra expondo o rapaz de quase dezesseis anos, com pelinhos negros brotando de seu tórax. Ele pega rápido meu braço e me puxa para a cama cobrindo-me com a pesada e quente manta.
- Hei! Ta doido Neco – reclamei sem muita convicção – O pai pode aparecer...
Ele não se importava com minhas reclamações, apenas ficava quieto me abraçando imóvel sentindo minha respiração pausada e o calor que emanava de meu corpo.
- Humm... Teu cheirinho tá gostoso, Mina – e enchia meu pescoço e meus cabelos de cheiros – Já banhou e não me esperou...
- Inda não mano... Eu te vi com a Neuza!
- Onde? – perguntou preocupado com o que eu havia visto.
- No celeiro.
- Que tu viu?
- Tudo!
Ele pára de indagar e seus braços me espremem ao seu corpo, sinto a pressão que me tira o fôlego.
- Ai! Ta doendo... – ele afrouxa o aperto e acaricia meus cabelos.
- Tu não viu nada, certo! Tu não viu nada.
Mas eu tinha visto desde que Neuza saíra furtiva da sala, desconfiada, e foi em direção ao curral se desviando para o celeiro. Eu sabia que a prima ia se encontrar com o Neco, deixei passar um tempinho e fui atrás. Não dei a volta de Neuza, fui direto me esconder por detrás dor fardos de milho empilhados ao fundo do galpão e esperei nervosa a chegada dos dois.
- Manoel!... Manoel!... – chamou baixo a prima na semi-escuridão do local. Ele ainda não tinha chegado.
Ela então foi pro cantinho onde o pai guarda os sacos, tirou os jacás e alisou cuidadosamente a cama improvisada antes de deitar e esperar. Não demorou muito o mano chegou desconfiado, sabendo que Neuza já a esperava.
- Pensei que tu não vinha – reclama tirando o vestido, Neco sentava a seu lado.
- É que não vi Mina...
- Deixa ela pra lá! Vai ver foi brincar com Maria no areal – atalha puxando meu irmão para si.
Se beijam e suas mãos acariciam seus corpos. O mano chupa o peito já caído de Neuza que respira alto gemendo e tirando o calção de Neco com os pés.
Em meu esconderijo tremo de espanto ao ver a entrega sexual animalesco.
- Tira logo esse calção e enfia tua vara no meu xiri – ordena.
Com bastante cuidado saio de trás dos sacos e procuro uma posição que me permita assistir tudo, sem ser vista.
- Isssso!!!! Assim mesmo... Mete todo... mete todo... – escuto os reclames prazerosos de Neuza sentindo o membro ereto de Neco invadindo sua xoxota.
Vejo meu irmão estocando em movimentos bruscos a pélvis de Neuza que geme alto, sabendo não haver perigo de ser escutada.
- Fode! Fode! Fode! – repete-se sem fim elevando as pernas abertas em vê que se movimentam freneticamente como que eletrizadas.
Sinto escorrer um líquido de minha vagina. Levanto o vestido e passo a mão percebendo que a visão do mano fodendo me excitara e lubrificara minha vagina. Massageio com o indicador meu clitóris e gozo quase que instantaneamente, mordo meus lábios com força. Engulo meu próprio grito com medo de ser notada.
Maneco goza e solta urros de prazer, Neuza ensandecida movimenta o corpo espasmodicamente também chegando ao orgasmo violento e abraça o corpo do mano com suas pernas e braços colando-se por definitivo a ele.
Volto ligeira para meu esconderijo sentindo as pernas bambas, sento em uma saca, tiro a calcinha e limpo minha xoxota molhada por meu próprio líquido. Maneco está sentado e Neuza se limpa com um saco vazio que joga num canto, veste a roupa.
- Foi mais gostoso que no campo, Nequinho – abraça e beija meu irmão segurando seu pênis – Cada dia que passa tu estais mais sabido. Agora espera de ir.
Ela sai requebrando as cadeiras com sensualidade. Meu irmão sai do celeiro e se lava com água do coche, veste a roupa e volta pra casa.
Minhas pernas ainda tremem, tenho medo de não agüentar o corpo e cair. Espero até me acalmar e voltei entrando pela porta da cozinha. Maria está sentada no tamborete.
- Mamá! Se o Neco perguntar, diz que eu estava contigo no areal – ela balança a cabeça concordando, como sempre foi.
Vou direto pro quarto vestir outra calcinha, pois a minha eu deixei de molho na lavanderia do poço.
- Onde tu tava, minha princesa – Neco me abraça por trás e beija meu cangote, fico toda arrepiada – Te procurei foi muito...
- Tava com a mana no areal – respondo com a calcinha na mão, ele levanta o vestido e dá uma palmada em minha bunda.
- Andou sujando a calcinha de novo, né! Não deixa mamãe saber senão ela briga - ele sai, eu me visto.
- Vi sim! Vi quando tu meteu tua rola na xoxota dela – falei séria e senti seu corpo estremecer.
- Não diz nada pra ninguém, por favor! – quase implora temendo que papai fique sabendo e lhe bata.
Neuza não é nossa prima de verdade, é filha de um amigo de infância do papai. Todos anos ela vem passar as férias de julho conosco.
- Digo não bobinho – dou uma beijoca em sua boca – Mas tu tens que prometer uma coisa – falo sorrindo.
- Lá vem chantagem... Lá vem chantagem – responde rindo – Que é, princesa chantagista.
- Digo outra hora – levanto rápido da cama jogando o cobertor no chão. – Agora tu vai levantar que o pai ta te chamando - ele levanta e veste o calção dependurado no espelho da cama.
- Tu vai banhar no poço agora? – pergunta enquanto põe pasta na escova e joga no ombro a toalha de banho.
- Vou não – passo pela rede de Julio, que sacudo forte – Acorda preguiçoso! – ele reclama, se cobre e volta a dormir.
As lembranças retornam como que por encanto e repintam a paisagem com as cores de antigamente. As galinhas cacarejando impacientes pela demora de mamãe com o pirão de farinha seca com sal em uma grande bacia de alumínio, que lhe joga toda manhã. Papai carregando a lata de lavagem pros porcos e o Ataliba, ainda menino, enchendo o reservatório da cozinha com a água que trouxera do riacho nas ancoretas. As vacas mugindo reclames pela demora do Neco em ordenha-las e soltá-las na quinta de capim e Izidora terminando o café.
Os sons de minha infância acalentam meus sonhos e me jogam em um emaranhado de sensações inebriantesBolo de tapioca com ovo assado, antigamente, em fornos a lenha.
(2) Cestos grandes de fibra entrançada usada para transporte em animais de carga. Muito usado ainda hoje nos vilarejos do médio-sertão maranhense.