REUNIÕES, SOB O LUAR DO SERTÃO - O PedidoContinuação da série REUNIÕES, para entender leia os anterioresCada instante desses dias era uma nova descoberta, ou uma recordação pincelada do baú de nossas vidas. O que vivemos e como vivemos aqui em nossa meninice pertence a cada um que guarda como um tesouro precioso, não revelado.
Mina sabe que tentei naquela noite, mas não consegui. Ontem foi diferente...
(Recordações de Manoel)
Manoel chora...
26ª Noite
Ainda é viva a lembrança daquela noite de lua, como a de hoje.
Depois do jantar, quando papai e mamãe esperavam o café fumegante da Izidora, sentei no colo de Maneco.
- É hoje a noite... – segredei ao seu ouvido.
- Não sei se consigo – respondeu acariciando minha barriga.
- Tem que ser hoje! – decidi levantando e saindo para a varanda sem dar chance para ele retrucar.
Sentei na rede e esperei normalizar minha respiração antes de sair andando devagar como que não querendo nada.
Desde cedo eu havia me preparado. Vesti uma saia rodada bastante larga, uma camisa escura e repetia para mim mesma, sem parar.
- Hoje é a noite. Hoje é a noite. Hoje é a noite...
Andando o mais normal possível, mas sempre voltando a cabeça para ver se ninguém me seguia, contornei o galinheiro e apressei os passos em direção ao celeiro. Fui direto para trás do depósito de sacas de feijão, onde eu havia preparado tudo. Sentei e esperei.
Deve ter demorado por algum motivo, pois adormeci deitada nos sacos brancos cuidadosamente estendidos no chão. Quando despertei ele estava em pé, ao meu lado, olhando ternamente. Abri os olhos sonolentos e sorri de leve para ele.
Minha respiração se acelerou e as batidas de meu coração podiam ser ouvidas à distância.
- Vem! Deita aqui – bati leve nos sacos ao meu lado indicando onde deveria ficar.
Ele senta, cruza as pernas e me olha. Seu olhar diz tudo.
Pensei naquele momento em desistir, mas esse sonho acalento há muito e não será uma olhar de desaprovação que impedirá de realiza-lo.
- Mina! Não dá, não vou conseguir... – fala quase implorando que eu lhe liberte da promessa feita.
- Claro que vai, tu é homem – fiz uma pausa dramática para criar clima – Eu sou mulher.
Suspendo a saia folgada, estou sem calcinha. Tiro a camisa, estou sem sutiã.
- Vem! – peço com delicadeza, ele não vem.
Seguro seu braço e puxo para mim, ele deita sobre meu corpo, eu beijo sua boca fechada.
- Que foi? Tu não me quer?
- Mina, não vou conseguir. Tu és minha princesa, não dá.
Tenta levantar, não deixo. Abraço seu corpo com meus braços e minhas pernas e me jogo em sua direção mexendo a cintura para que ele sinta o meu desejo. Ele não diz nada, não aceita meu beijo, não aceita meu corpo.
- Se não for tu eu me entrego pro primeiro homem que aparecer!
- Tu não és louca de fazer isso – com força se desvencilha de meu abraço e sai nadando devagar enquanto minha frustração me jogo um choro convulsivo.
Estamos todos conversando animados na varanda. Os meninos saíram com o Nat para uma roda de São Gonçalo na Vila. Devem chegar de madrugada, imagino.
Manoel está pensativo, desgarrado do grupo. Observo de longe e percebo que seus olhos lacrimejam. Ele levanta e sai andando devagar em direção ao galinheiro, está fumando, o que não faz há muito tempo. Ele desaparece encoberto pelos arbustos. Levanto e vou na direção que desaparecera.
Ao cruzar o canteiro Ataliba vem chegando com uma charrete.
- Tu não vais participar da Roda? – pergunto.
- Vou sim. Vim só deixar a charrete e volto logo – desce e puxa Sarita em direção ao celeiro.
- Deixa que faço isso – pego a rédea de sua mão – Aproveito e dou umas voltinhas por aí.
- Ta bom dona Carmem... – responde – Pode deixar a Sarita com a charrete que peço pro Nat tirar – fala enquanto volta com passadas largas para a Vila.
Subo na charrete e parto em direção ao galinheiro. Manoel está acocorado encostado na cerca, fumando e olhando pro céu. Paro ao seu lado.
- Neco sobre aqui, vamos dar uma volta para conversar – chamo e ele atende, movimento as rédeas e Sarita trota em direção à lagoa.
A lua cheia ilumina a água tremulante pelo vendo fino que sopra. Descemos e vamos sentar no banco da palhoça.
- Que tu tens, Neco? – pergunto segurando seu queixo.
- É Nininha que está se excedendo nessa sua liberdade sem freio – fala baixinho acendendo outro cigarro.
- Que ela aprontou dessa vez?
- Acho que ela ta dando em cima do Nat... – pára indignado. – Porra merda! Ele é quase uma criança?
Eu já percebera, mas não falei nada para não criar um clima de desconforto.
- Sabe Mina! Resolvi vir nessa viajem louca para tentar salvar meu casamento. Aqui teríamos oportunidade para conversar, aparar as arestas e por um fim nesse inferno que tem sido nossas vidas.
- Vocês já conversaram sobre isso?
- Iniciamos uma papo carregado, ela me acusa de não satisfazer seus anseios sexuais, diz que tenho mulheres na rua, que para mim ela não passa “da esposa”...
- E tu? O que tens feito para contornar essa situação?
- Tu sabes que não sou um homem lá muito direito. Dou minhas escapulidas de vez enquanto, mas nunca deixei de dar a atenção que ela merece. Toda vez que ele demonstrar desejos, estou sempre no ponto. Nunca neguei fogo.
- Isso não nos basta Neco. Trepar com meu marido todas as vezes que o procuro não atende a meus anseios, quero mais, bem mais que uma gozada papai e mamãe uma ou duas vezes por mês. Vocês pensam que só basta meter o cacete em nossa xoxota para que acalmem nosso fogo de sexo. Não! Isso não basta para mim, muito menos deve bastar para tua mulher que, sempre soubemos, é louca por homem.
- E que mais devo fazer?
- No teu caso não sei, somente vocês dois podem aparar as arestas e chegar a um denominador comum. Conversa com ela abertamente, como sempre fazemos. Fala de teus receios, de tuas dúvidas, das barreiras que existem...
Paro de falar, ele também. Desço do banco e deito na areia fria olhando a lua ser encoberta por uma nuvem negra que lança um que de escuridão nas águas.
- Vamos dar um mergulho – sugiro.
- Como? Não trouxemos roupa de banho.
- E precisa?
- Queres banhar nua?
- Sempre nos banhamos nus, nunca nos importamos... – levanto e fico em frente dele – Vamos recordar os tempos de antigamente!
- Quer saber princesa! Até que um banho agora não é ruim – e tira a calça rápido, arranca a camisa e a cueca e corre para a água, onde mergulha e nada em direção à ilha.
Tiro a roupa e sigo sorrindo como nos tempos de criança. Brincamos na água como dois molecotes chapinhando respingos em nossos rostos. Neco sobe e deita no tabuado da ilha. Subo e fico debruçada apoiada na amurada de ripa olhando a margem oposta.
- Princesa teu corpo ainda é de mocinha nova – fala mirando e massageando meu calcanhar – Não parece que o tempo passou para ti.
- Também não és um coroa de se jogar fora – respondo sem virar, sentindo sua mão massageando meus pés.
Ele levanta e se atira na água mergulhando por um bom tempo. Começo a ficar preocupada, ele mergulho há muito tempo e não voltou.
- Neco! Neco! – chamo temerosa.
Ele volta respirando forte.
- Vê o que peguei no fundo da lagoa – atira algo em minha direção, é um pano sujo que descobri ser o biquíni que Flávia perdera quando quase se afogara.
- Vamos levar... – lavo a peça minúscula.
- Vem pra cá princesa, a água ta morninha – chama e me atiro de ponta cabeça em sua direção.
Abraço Neco e ficamos boiando colados sem falar.
- Vamos pra ilha – sugiro e nado de volta, escuto suas braçadas firmes e percebo que me ultrapassa.
Ele sobe ofegante e deita novamente, eu subo e deito em cima dele. Ele me abraça forte e me beija com carinho. Rola o corpo e fica sobre mim, continuamos nos beijando cada minuto com mais sofreguidão, com crescente desejo reprimido por tantos anos.
Sua mão passeia em meu corpo, abro as pernas, ele se aninha em mim. Continuamos o beijo negado e sinto o toque de seu membro em minha vagina. Ele segura seu pênis e aponta para mim, estou leve, não sinto nada, nem ao menos quando me penetra profundo.
Suspiro de prazer, ele bombeia com firmeza, sinto o gozo eletrizante tomar conta de meu sistema nervoso e abraço seu corpo querido esmagando meus seios. Ele continua o movimento cadenciado acelerando aos poucos em prenuncio ao seu orgasmo, que vem em explosões incessantes de jatos que me martelam o mais profundo de meu interior. Ele arfa gemidos guturais que enche o ambiente de sons prazerosos.
Ficamos parados por muito tempo até que meus espasmos vaginais expulsam meu membro flácido. Ele rola e fica deitado, de olhos fechados e respirando em descompasso. Minha mente me transporta para uma certa noite de frustração.
- Tu me devias essa promessa há mais de vinte anos...