Meu Amigo me Amava – Capítulo 44
Ao escutar o barulho na porta me viro, vejo o Pedro ali, em pé, com os olhos cheios d’água, havia flagrado nosso beijo. Eu quase cai da cada com o choque, fico sem graça. Me levanto e vou em direção ao Pedro, tentar explicar a ele. O Pedro olha pra mim com raiva, seus olhos expressivos como sempre, de castanho ficaram negros, pensei que ele fosse avançar em cima de mim novamente. Olho pro Jhonny que também ficou super sem graça com o clima que ficou no quarto do hospital, porém não falou nda.
Me levanto da cama e vou tentar falar com o Pedro que bate com força a porta do hospital e sai correndo pelos corredores do hospital, aquilo me bate um desespero que saio também atrás do Pedro correndo, grito o seu nome, e ele corre mais, não olha pra trás, as pessoas que estavam no hospital, enfermeiros, médicos, recepcionistas, observam tudo com certa estranheza, não entendem nada. Meus olhos começam a encher de lágrimas também, pois não queria magoar o Pedro, e tão pouco o Jhonny, mas, minha indecisão, minhas atitudes, mesmo que sem querer estavam machucando ambos ao mesmo tempo, tanto o Pedro que flagrou o beijo, quanto o Jhonny que me vê saindo desesperadamente atrás do Pedro.
Corro até o estacionamento do hospital, peço pro Pedro me ouvir, grito o seu nome e ele nem bola me dá. Me jogo sobre o capuz do carro, peço pra ele parar, o Pedro liga o carro bruscamente e dá uma arrancada, ele ameaça acelerar e caio no chão com força. Ele dá partida no carro, acho que quando percebe que poderia ter me machucado ele para o carro, e vem correndo pra perto de mim, que estava no chão chorando, logo juntam algumas pessoas que estavam na recepção pra ver o que aconteceu, os guardas também, e me levam pra dentro do hospital.
Guarda – O que ocorreu no estacionamento meu jovem?
Breno - Não... não foi nada, apenas não olhei pro carro que estava saindo, então quase fui atropelado pela minha distração.
Guarda - tem certeza disso meu jovem?
Breno - Sim, senhor guarda, tenho sim. Ando com a cabeça nas nuvens.
Guarda - Fica aqui na sala que logo o médico vem pra te examinar, pra ver se está tudo bem e aí sim você ficará liberado. Tem um rapaz na recepção dizendo que é seu amigo.
Breno - Sim, ele é meu colega de trabalho.
Guarda - Ok, ele virá aqui falar com você. Nome dele por favor.
Breno - Pedro... o nome do meu amigo é Pedro.
O guarda sai da sala onde estava para esperar o médico. Minutos depois chega o Pedro, estava tenso.
Pedro - Cara, olha o que você quase me faz fazer.
Breno - Eu cara, você que sempre age como uma criança. Pedro você não me ouviu gritar com você cara. Que merda.
Pedro - Cara eu vi, Breno você está gostando daquele cara. Você está se apaixonando pelo Jhonny cara.
Breno - Não estou Pedro. Não quero confusão na minha vida cara, chega.
Pedro - Está sim cara. Aquele beijo, mão foi um simples beijo cara. Ta rolando sentimento ali, e não só da parte do Jhonny cara, da sua também.
Breno - Não está Pedro. Não está.
Pedro - Fui na sua casa, o Rick me falou tudo. Da confusão novamente na casa do Jhonny, da prisão do Estevão.
Breno - Foi lá em casa fazer o que?
Pedro - O Maurício pediu pra te falar que você não se encontra mais em aviso prévio. Que seu Nestor reconsiderou o fato de você ser um excelente funcionário, ser essencial na empresa. Cara, você está empregado novamente.
Breno - Que nojo do seu Nestor cara, que nojo do Maurício.
Jhonny - Breno, cara você está empregado novamente, isso que importa.
Breno - Estou empregado por ameaçar o Maurício cara, por ter descoberto um podre dele, por saber que ele e o Estevão são cúmplices. Pedro você não percebe cara que cada vez mais isso está se tornando uma bola de neve, que daqui a pouco pode virar uma avalanche cara.
Pedro - Calma Breno. Um dia de cada vez. Leke que medo de ter te machucado. Cara pensei o pior.
Breno - Já duas vezes que quase que você me mata Pedro. Duas vezes já.
Pedro - Não cara, por favor... fiquei cego. Breno te amo cara.
O Pedro olha pra porta pra ver se tinha chegado alguém, como estava sem movimento no corredor ele fecha a porta, vem pra perto de mim e me dá um abraço. Seu coração batia acelerado. Eu não correspondo, estava ficando cansado daquilo tudo. Das instabilidades emocionais do Pedro, sempre muito intenso, agindo pela emoção, na verdade o Pedro é um cara pura emoção, a racionalidade dele vem depois, e isso é perigo constante. Ele percebe que eu estava chateado, que não o perdoaria e então ele me olha nos olhos e fala.
Pedro - Estou te perdendo neh Breno. Você não é mais o mesmo, você mudou muito.
Breno - Pedro por favor, cara eu só não quero mais confusões. Pedro a minha vida era tranqüila cara, você sabe disso. Um cara normal, que rala o dia inteiro, que depois sai pra fazer faculdade. Que as vezes pegava umas minas, transava com uns cara as vezes tudo na encolha cara. Aê aparece você, me descontrola emocionalmente por completo, depois o Jhonny, um leke com uma história de vida foda. Os dois cobrando de mim amor, e acham que eu tenho que decidir.
Pedro - Cara eu sei que você nunca me iludiu. Eu que sempre disse que te amo, você nunca ma falou, nunca pronunciou as palavras ‘Pedro eu te amo”.
Breno - Não é bem assim Pedro. Não complica as coisas cara, eu gosto de você.
Pedro - Gosto de você não é “amar” cara.
Breno - Pedro o que você quer? Cara você não pode me exigir nada, sabia disso. Tu é casado, tem uma filha, você tem família cara e não quero ser o pivô da destruição da família de ninguém.
Pedro - Você é bom de arrumar pretextos cara, achar desculpas.
Breno - Não é desculpas cara, é fato. E o fato é que você é casado. A Luciana.../
Pedro - A Luciana não tem nada haver com isso cara.
Breno - Tem sim. E Pedro não vamos continuar com essa história, já tivemos essa conversa. Por favor.
Pedro - Está me pedindo pra ir embora é isso?
Breno - Não disse isso cara. Você está pondo palavras na minha boca, está vendo como você é?
O Pedro se levanta, fecha a porta, neste momento ele não bate e sai. Fico ali na sala, sozinho, olhando para aquelas paredes brancas, sinto um vazio no meu peito e ao mesmo tempo uma dor, percebi que depois daquela conversa muita coisa iria mudar. Eu teria que ter uma decisão, estava mais do que provado de que o Jhonny e o Pedro gostavam de mim, e eu... de que amigo estava gostando, não dá pra ficar com os dois, e eu não queria magoar nenhum dos dois, apenas gostaria de ter a minha vida de volta, aquela vida chata, sem graça, porém vem mais tranqüila do que esta, cheia de confusões, brigas, intrigas, parecia mais uma novela, uma novela que não tem data pra terminar, porém não era novela filme, e sim minha vida, de pernas pro ar, literalmente.
Momentos depois chega o médico com uma lanterna, me pede pra observar seus dedos, pra ver se perdi os reflexos, faz alguns toques, como não havia me machucado ele diz que estou liberado. Penso em sair do hospital, mas vou novamente até o quarto do Jhonny, olho pro relógio na parede e vejo as horas, e minha mãe nada de voltar com as roupas.
Entro no quarto do Jhonny que estava deitado de lado. Entro sem fazer barulho, ele nem olha pra porta e fala meu nome.
Jhonny - Breno, e aí brother, conseguiu conversar com o Pedro.
Vou pra cama do Jhonny, e começo a chorar, estava triste, e ao mesmo tempo feliz de ter um amigo como o Jhonny. Eu o abraço, ele me pede pra se acalmar, lembro que estava muito triste nesse dia. Deito na cama do Jhonny e fico chorando abraçado com ele durante um tempo, estava ficando saturado de tudo isso. Acabo dormindo no hospital, na cama do Jhonny, uma loucura. Amanhece e chegam as enfermeiras que me acordam, o Jhonny estava no sofá. No momento pulo da cama de susto, imaginei “Pronto, flagraram tudo, eu e o Jhonny na mesma cama, geral no hospital vai sacar que somos gays”. Ao ver o Jhonny no sofá, arrumado já, sinto um alívio, ele me olha e dá um sorriso, sabia o quanto era preconceituoso, medroso a respeito desse assunto de se assumir.
Me levanto, o Jhonny me oferece umas roupas que minha mãe havia trazido, me troco e vamos até o quarto de onde estava Dona Nuancy. Entrando no quarto vemos a mãe do Jhonny ainda no soro, estava acordada, o Jhonny se emociona ao ver a mãe, fico meio sem graça, e eles começam a conversar. Fiquei muito triste ao estar ali e ouvir aquela conversa, os dois não mereciam passar por tudo aquilo, comecei a ver o quanto as vezes a vida é injusta com as pessoas.
Jhonny - Mãe, a senhora está se sentindo melhor?
Nuancy - Meu filho, estava preocupada com você. Meu filho, o que foi aquilo?
Jhonny - Esquece mãe, passou.
Nuancy - Meu filho, e eu que pensava que tinha uma família certinha, perfeita, que podridão foi aquela.
Jhonny - Mãe por favor, deixa que resolvo isso. Olha pensa na senhora, em sair do hospital, voltar pra casa.
Nuancy - Meu filho, liga pra Estela, vou contar tudo a minha filha.
Jhonny - Mãe não. Olha, deixa a Estela fora disso tudo.
Nuancy - Sou sua mãe meu filho, não vou admitir que ninguém, ninguém maltrate meu filho, meus filhos por que aquele vídeo do meu genro com aquele rapaz, foi a coisa mais nojenta que já vi na vida.
Jhonny - Mãe, o papai esteve aqui?
Nuancy - Acho que não. Por que meu filho?
Jhonny - Mãe o papai está defendendo o Estevão. Ontem quando a senhora desmaiou, o Breno queria ligar pra polícia, chamar ajuda pra mim e a senhora. O papai e o Estevão trancaram a casa, apagaram as luzes, me deixou no quarto sangrando, e a senhora caída no chão, se o Breno não gritasse, chamasse os vizinhos e os policiais, estaríamos lá até agora.
Nuancy - Meu filho.... Breno isso é verdade.
Breno - Jhonny por favor.../
Jhonny - Fala a verdade brother.
Breno - Sim Dona Nuancy, seu Henrique estava acobertando a safadeza do seu marido.
Nuancy - Meu Deus do céu, será que esses 30 anos de casamento, depois desse tempo todo, eu não conheço a minha família, não conheço o homem com quem casei.
Jhonny - Mãe, eu nunca mais entro dentro de casa, com o papai não moro mais.
Nuancy - Meu filho, você quer que eu enfarte aqui?
Jhonny - Tenho nojo do papai. A atitude dele não vou perdoar nunca. Já estava magoado com o lance da discussão, dele dizer que prefere morrer ao ter um filho gay, e agora o vejo defender o genro fudendo com um leke, ficar do lado dele, ao ponto de deixar o filho e a esposa trancados dentro de casa, apagar as luzes e ainda tentar pular o muro. Que homem é esse, que espécie de pai ele é?
Ao pronunciar essas palavras a porta do quarto se abre, é seu Henrique. Ele entra e o Jhonny o olha com ódio e sai. Seu Henrique o pega pelo braço.
Henrique - Meu filho.
O Jhonny num ataque de fúria, nunca o vi naquele estado, fica com o rosto vermelho, parecia que iria explodir, agarra o pai pelo pescoço e o joga contra a parede, parecia que iria esganar o pai.
Jhonny - Tira suas mãos nojentas de cima de mim seu monstro. Quero você longe de mim.
Henrique - Você está me machucando Jhonny, para com isso.
Eu tento segurar o Jhonny, mais ele não me ouvia, estava possesso de ódio, D. Nuancy começa a se alterar.
Breno - Jhonny, olha sua ,mãe cara, larga seu pai. Larga ele cara.
O Jhonny não me ouve, Dona Nuancy começa a gritar, fica um clima pesado no quarto do hospital.
Henrique - Me solta muleke, me respeite, sou seu pai.
O Jhonny não solta, seu Henrique então, pra se soltar das mãos do Jhonny lhe dá um forte soco na barriga, o Jhonny cai e começa a gemer de dor. Abro a porta do quarto e saio desesperado para chamar ajuda, algum guarda, qdo chego a recepção não acredito no que meus olhos estavam vendo. Era o Estevão chegando, todo natural, me vê e dá um sorriso, vem em minha direção.
Estevão - E então Breninho, assustado com minha presença.
No meu choque ao ver aquilo.
Continua...
Galera, desculpem a demora, estou vacilando mesmo ao demorar tantos dias para por as continuações aqui, mas minha vida está uma loucura, agradeço ao carinho e compreensão de todos os amigos, mande-me e-mails que responderei, obrigado por tudo.