A única coisa que conseguia pensar era no tempo que havia perdido em não aproveitar aquela mulher antes.
Havia pouco mais de três anos que Juliana se mudara para a minha rua.
Era dia 3 de outubro, dia de eleição, naquele dia eu havia decidido votar pela manhã, já que a tarde as zonas eleitorais estão abarrotadas de gente. Tudo havia corrido na mais perfeita normalidade exceto o fato de encontrar com Marcela, uma ex amiga que guardava um grande rancor por mim desde a época do colégio, que fazia boca de urna na seção em que eu voto. Trocamos farpas ao nos ver como sempre acontecia, mas logo votei e meti o pé para minha casa.
Na época eu ainda era casada e meu marido estava me esperando para almoçar, mas ao descer do ônibus notei uma movimentação numa das casas próximas à minha que estava fechada há muito tempo.
Ao passar pela fachada percebi que estava se mudando para ali uma jovem mulher no auge dos seus 25 anos e de uma beleza estonteante, devia medir 1,65m e pesar mais ou menos uns 60 kg, seu cabelo castanho muito liso lhe chegava à altura dos ombros, e ao se virar para dar instruções aos entregadores pude notar que seus olhos tinham um tom verde quase mel. Imaginei que deveria ser casada, ou morar com alguém, mas depois soube que não tinha ninguém.
Eu fiquei ali, olhando-a durante poucos segundos e como que quebrando o encanto daquela visão meu celular começou a tocar.
Imediatamente seu rosto seguiu o som e de maneira inusitada se encontrou ao meu.
Eu não sabia onde esconder meu rosto de tanta vergonha, ela me olhou diretamente nos olhos e percebeu que eu estive observando-a. Imaginei que ficaria brava, mas ela só me olhava. Passaram-se poucos segundos e eu finalmente consegui atender ao telefone.
- Oi amor! Já estou chegando. Beijinho. – disse enquanto começava a andar.
Ela percebendo que eu iria embora, acenou para que eu entrasse pelo portão. Entrei então.
A verdade era que eu estava muito curiosa quanto à nova moradora e ao me chamar ela meio que antecipou minha pesquisa posterior.
- Olá, meu nome é Juliana e como você pode ver acabei de me mudar.
- Oi – falei estendendo a mão para um aperto – eu sou Ana. Eu moro bem ali na frente com meu marido.
- Você parece ser legal. Ainda bem que conheci alguém logo no primeiro dia da mudança. A verdade é que eu odeio me mudar, a gente perde o contato com os amigos, deixa pra trás um monte de lembranças; sem contar que muitas coisas materiais também se perdem. – ela parecia empolgada – Ei, ei! Cuidado com minha mesa de centro, eu realmente não quero que o vidro se quebre. – falou para um dos homens da mudança.
Eu realmente gostaria de ficar ali conversando com ela, mas o Jorge estava me esperando para o almoço e ele não gostava de atrasos, então me despedi dela com um beijinho no rosto, ela me beijou de volta bem próximo à minha boca, mas achei que não havia nada demais em seu gesto e fui embora.
Cheguei em casa e meu marido estava com uma tromba gigante no rosto, parecia que não me via há anos e não há poucas horas.
- Por que você demorou tanto para chegar? – me perguntou irritado.
Olhei pra ele de cima em baixo e disse:
- Quem ouve você falar assim pensa que te fiz esperar um século e não pouco mais de uma hora. – O maxilar dele se contraiu com raiva e eu continuei – Quando cheguei aqui vi que alguém estava se mudando para a casa que foi da dona Esmeralda. A moça foi simpática comigo e conversamos um pouco.
Ele relaxou um pouco antes de falar:
- Minha mãe está esperando para almoçarmos. Não faça mais isso, você sabe que eu tenho uma certa obsessão por horários.
- Pelo amor de Deus Jorge! Eu me atrasei apenas alguns minutos e para você é como se fosse uma eternidade. – estava um pouco cansada desse TOC que ele tinha com relação ao horário.
Saí sem esperar por ele, afinal minha sogra morava a pouco mais de uma quadra da nossa casa. Ele me alcançou logo em seguida.
Passamos em frente à casa de Juliana e a mesma ainda estava às voltas com os homens da mudança, ao nos ver acenou. Percebi que Jorge demorou mais do que o usual em sua observação e o cutuquei nas costelas ao mesmo tempo em que acenei de volta para ela.
O almoço foi divertido, meus cunhados vinham visitar minha sogra aos domingos e traziam suas namoradas e namorados e todos riam das piadas sem graça do meu sogro.
Ao fim da tarde fomos embora e ao passar pela casa de Juliana notei que a mudança já havia sido concluída e que apenas caixas de papelão se amontoavam perto do muro, esperando pelo lixeiro que passaria pela manhã na segunda feira.
À noite preparei o jantar e Jorge o devorou rapidamente antes de deitar e dormir. Fiquei meio chateada, já que fazia algum tempo que não nos amávamos, mas compreendia que o trabalho consumia todas as suas forças. Nas raras vezes em que fazíamos amor era de maneira burocrática e rápida e sempre terminava da mesma maneira, ele gozava e depois dormia.
No início senti falta daquele homem que havia me conquistado com um maravilhoso sexo oral e que me levava ao orgasmo sem muito esforço, mas com o passar do tempo, passei a aliviar meu tesão sozinha, me masturbando tarde da noite enquanto ele dormia.
Resolvi assistir TV, talvez estivesse passando algum filme que eu ainda não tinha visto, mas logo percebi que a programação de domingo à noite era pior do que a do meio de semana, então resolvi dormir.
Desliguei o aparelho e apaguei a luz do abajur. Ao entrar nas cobertas lembrei-me de Juliana e algo me fez arrepiar. Meus mamilos se comprimiam na blusinha apertada que eu usava e meus pelos dos braços estavam eriçados. Tirei a blusa e toquei meus seios, que estavam inchados. Ao tocar os mamilos senti que meu sexo estava quente e úmido, desci minha mãe direita até ele e toquei com a ponta dos dedos o clitóris que estava inchado. Um gemido involuntário escapou de mim no momento do toque e mais uma vez pensei em Juliana, agora nua se tocando na minha frente.
Minha respiração estava acelerada igualmente acelerado estava meu coração que batia descompassado no meu peito, minha mente vagava e quanto mais pressão eu fizesse sobre o sexo, mais forte parecia vir o orgasmo. Olhei para o lado e vi Jorge ali, adormecido e continuei a me tocar. Fui acariciando o sexo até que com cuidado introduzi o dedo médio em mim e comecei a fazer o movimento de vai e vem imaginando que Juliana fazia o mesmo, aumentei o ritmo e quando estava prestes a gozar ouvi Jorge dizer:
- O que você está fazendo ai em baixo das cobertas? – sua voz era sonolenta e parecia que não estava entendendo direito o que via.
- Nada não, amor – eu estava ofegante e minha voz saiu entrecortada – volte a dormir.
Ele se virou e eu fiquei ai, observando-o dormir, com o sexo literalmente na mão e agora completamente interrompida, não conseguiria mais chegar lá.
Fiquei meio irritada, já que estava quase gozando e havia sido interrompida na hora H, me virei de bruços e forcei-me a dormir.
Tive um sonho louco e pela manhã apenas conseguia me lembrar de partes, acordei molhada e tive a nítida impressão que havia gozado enquanto dormia, mas não tinha certeza. Ao fim da tarde apenas me lembrava de ter sonhado com Juliana e de que havia sido bom, mas não conseguia me lembrar do sonho.
Meses se passaram até eu me encontrar com ela de novo, meu casamento estava em crise e acabamos por nos encontrar um dia em que eu estava na pior.
Havíamos decidido nos separar, Jorge e eu. Resolvemos que seria melhor, já que nutríamos um grande carinho um pelo outro e não queríamos perder esse sentimento.
Era terça feira e já estava tudo decidido, eu voltaria para a casa da minha mãe e nós seguiríamos com nossa vida. É verdade, estava tudo decidido, minha cabeça dizia que estava tudo bem, mas meu coração estava em frangalhos e por mais que eu dissesse para mim mesma que era o melhor a fazer, minha alma doía só de pensar em voltar para a minha vida de solteira.
Acabei encontrando Juliana por acaso, estava esperando o ônibus chegar e ela passou de carro por mim. Eu nem a tinha visto, já que estava com os olhos cheios de lágrimas e não veria ninguém a minha frente naquele momento.
Logo em seguida ela voltou com o carro e parou no ponto do ônibus, gerando uma série de protestos, inclusive meus. Acenou para que eu entrasse no carro e assim o fiz.
- Pra onde você está indo? – disse antes de perceber que eu chorava. – O que foi Ana? Aconteceu alguma coisa? – disse, mas logo completou – Que idiota!! Claro que aconteceu se não você não estaria chorando. O que aconteceu?
Eu não conseguia formular nenhuma palavra e ela percebendo a situação parou o carro e me abraçou.
Era um abraço suave, cheio de carinho e eu estava muito precisando daquele abraço. Fiquei ali, abraçada a ela durante um longo tempo e quando me acalmei ela perguntou:
- O que foi que aconteceu? Pode me falar, talvez eu possa ajudar. – seu rosto demonstrava afeição e me passava confiança, então resolvi abrir meu coração:
- Meu casamento acabou! – disse assim, sem rodeios – Acabou Juliana, o Jorge me deixou. Pediu para eu voltar para a casa da minha mãe e eu vou voltar, mas por dentro estou despedaçada, acho que nunca mais vou me apaixonar por ninguém.
Eu falava entre soluços e estava de cabeça baixa, mas a levantei quando senti que suas mãos tocavam-me o rosto. Ao levantar a cabeça me encontrei com aqueles olhos verdes que me fitavam de maneira gentil e carinhosa.
- Ana, eu sei que é difícil se separar de alguém que você ama, mas a vida continua e você não deve se deixar abater por que seu casamento acabou. Casamentos começam e terminam, sempre foi assim e sempre será o que você não pode é ficar nesse baixo astral, vem vou te levar lá pra casa e quando você estiver melhor te levo na casa da sua mãe. Concordei e assim foi.
Acabei dormindo lá. Eu estava tão triste que meus soluços não pararam nem quando estava sonolenta, quase adormecida no sofá. Ela foi tão carinhosa e gentil que não tive como recusar seu convite de dormirmos juntas na sua cama de casal.
Nem vi direito quando ela voltou do banho, tamanho era meu sono, mas senti claramente que ela me abraçava e colava seu corpo no meu. Seu abraço era tão bom, e eu estava tão carente que me permiti aquele contato. Era inverno e fazia frio, mas eu não sentia frio, já que o corpo dela era quente e esquentava o meu.
Senti que suas mãos tocavam-me os cabelos e de costas aceitei a carícia. Eu estava com tanto sono... Sua carícia nos meus cabelos só intensificavam minha sonolência e eu acabei dormindo.
Mergulhei em um sono profundo.
De repente acordei sentindo que era virada de frente para ela e senti que seus braços me envolviam em um abraço apertado e cúmplice. Não tinha coragem de abrir os olhos, mas em determinado momento tive que faze-lo, porque senti o calor da sua respiração bem próximo ao meu rosto.
Ao abrir os olhos vi que ela me fitava e eu quase me perdi na profundidade daqueles olhos verdes que me encaravam, notei que seus lábios estavam inchados e vermelhos e que suas pupilas estavam dilatadas apesar da luz que vinha do abajur, notei que ela tinha o cabelo cheiroso e que agora depois de meses ele havia crescido e lhe cobria quase os seios, vi que estava sem camisa e notei que seus mamilos eram rosados, apesar do cabelo castanho escuro que ela tinha. A olhei de novo nos olhos e percebi que ela me sorria, um sorriso branco e com dentes perfeitamente alinhados, ao contrário de mim que tenho os dentes incisivos um pouquinho afastados. Sorri de volta e ela percebendo que eu lhe sorria deixou que seu rosto encontrasse o meu e que seu nariz roçasse o meu; entreabri os lábios para dizer algo, mas ela me fez calar com um beijo.
Nada no mundo me preparou para aquele beijo, todo o meu corpo respondeu àquela carícia e a pouca resistência que eu supunha ter se esvaiu em segundos conforme sua língua procurava a minha de maneira urgente e insistente. Entreguei-me àquele beijo como se fosse o meu primeiro e por mais que minha cabeça me dissesse que aquilo não era o mais apropriado para a situação, meu corpo não resistia às sensações tão conhecidas e ao mesmo tempo tão novas.
Senti suas mãos envolverem meus seios e gemi abafado entre um beijo e outro, a mão acariciava lentamente e incendiava meu corpo mais e mais.
Ela interrompeu o beijo e eu a ajudei a tirar minha camisa. Ela ficou me olhando, admirando o formato dos meus seios durante algum tempo e eu já completamente entregue guiei sua cabeça para baixo de encontro aos meus seios. Senti o calor úmido da língua dela sobre um dos mamilos e quase desfaleci.
- Meu Deus... Quem é você? Como alguém pode fazer coisas tão boas?
Ela nada dizia, apenas continuava sua lenta exploração e me enlouquecia com suas carícias.
Eu estava ali, deitada na cama com aquela mulher linda e apenas conseguia gemer, tamanho era o prazer que sentia. Ela ficou ali, com o meu seio na boca durante muito tempo, um depois o outro e eu não conseguia pensar em mais nada além daquela boca que me devorava lentamente e me deixava mole.
Senti sua mão deslizar pelo meu corpo em direção ao meu sexo, sua carícia era suave e conforme a ponta dos seus dedos tocavam minha pele eu me derretia mais e mais. Senti uma leve pressão sobre meu clitóris por cima da calcinha que a essa altura já estava encharcada, a ponta do dedo dela se movia lentamente, para cima e para baixo e eu quase via estrelas.
Nunca pensei que o toque de uma mulher pudesse ser tão suave e ao mesmo tempo tão prazeroso, nunca havia sentido tamanha excitação e ela ainda nem me tocara o sexo de verdade.
Ela interrompeu a carícia no meu seio e me olhou nos olhos, eu podia ver que ela estava queimando de desejo tanto quanto eu, sua mão agora afastava minha calcinha e de maneira precisa tocava-me o sexo.
Ela me observava atenta e de repente tirou a mão, eu logo iria protestar, mas ela me ofereceu o dedo para eu chupar e eu assim o fiz. Que sensação maravilhosa, sentir aquele dedo lambuzado com meu gosto na boca. Fechei os olhos quando senti que ela voltaria a me tocar. Senti novamente sua boca em meu mamilo, sua língua úmida tocando suavemente o biquinho enquanto a mão se preparava para me penetrar.
Senti o dedo dela deslizar por meu sexo e pude senti-lo entrar lentamente, gemi alto e meu corpo, tomado por um frenesi sexual, se movia rápido em direção àquele dedo que me fazia gemer como uma vadia.
- Ai, ai que gostoso! Continua que assim eu gozo – falei entre gemidos e ela me obedeceu prontamente, aumentando o ritmo daquele vai e vem. Senti sua boca percorrendo meu corpo, passando pela minha barriga, detendo-se em meu umbigo alguns minutos e por fim indo em direção ao meu sexo, que a essa altura já estava inchado de tanto tesão. Segurei com as duas mãos sua cabeça e forcei gentilmente para baixo e ela deixou-se guiar. Abri os olhos e pude vê-la a poucos centímetros da minha borboletinha, ela me olhou nos olhos enquanto abria a boca e quando ia envolver-me naquele mar quente e úmido de seus lábios, ouvi um barulho.
Acordei assustada no meio da noite, ofegante e com muito calor. Demorei um pouco para me localizar, mas quando meus olhos se acostumaram com a escuridão pude notar Juliana ali, adormecida ao meu lado.
Levantei e fui até a cozinha beber água. Percebi que o shortinho que eu estava vestindo estava úmido e quando fui ao banheiro pude notar o porquê. Estava molhada de tesão e ao me olhar no espelho vi que meu rosto estava corado e minhas pupilas muito dilatadas.
Sentada no vaso sanitário, relembrei o sonho que havia tido e só de pensar naquilo meu corpo reagiu imediatamente, senti calafrios e para tirar essas lembranças da minha cabeça entrei em baixo do chuveiro frio, logo me arrependi dessa decisão, já que estava fazendo muito frio e meu corpo quente fez com que eu tivesse um choque que quase me fez desmaiar. Gritei e caí no chão tamanha era a dor.
Em poucos segundos senti que Juliana me abraçava e me ajudava a levantar. Apesar de ser um ato inocente senti meu corpo querendo reagir, mas como estava com muito frio ela não percebeu, graças a Deus.
- Meu Deus Ana! O que você queria fazer? Se matar? – ela parecia realmente brava – Depois de acordar com o corpo quente se jogou em baixo do chuveiro. Pelo amor de Deus! São duas horas da manhã; o que de tão importante você tem para resolver que não pode esperar até amanhã? – Eu quase não conseguia ouvir a voz dela, estava distante.
Senti muito longe que ela tirava as próprias roupas. Eu estava deitada sob o edredom e mesmo assim sentia frio e ela disse.
- Tenho que fazer subir sua temperatura, não se assuste. – e deitou nua ao meu lado me abraçando.
Tentei protestar, mas ela estava surda às minhas palavras e mesmo queimando de frio a proximidade do seu corpo não era indiferente para mim. Apesar de estar nua com seu corpo colado ao meu ela nada tentou, apenas ficou ali abraçada a mim até eu dormir.
Acordei pela manhã sozinha na cama, meu corpo doía e ainda tinha febre, mas reuni forças para levantar. Fui até a cozinha e Juliana estava lá ainda com roupas de dormir, preparava o café entretida na tarefa.
Sentei-me na cadeira logo atrás dela e quando ela se virou pude ver que se assustou.
Tentei sorrir, mas minha cabeça doía então fiquei ali com um meio sorriso no rosto.
- Ta devendo né? – perguntei.
- Engraçadinha. Queria ver se fosse você que estivesse distraída e eu aparecesse na ponta dos pés e lhe assustasse.
- Aí você teria um cadáver, bem morto estirado no chão da sua cozinha. – entrei na brincadeira.
Ela ajeitou as coisas para o café na mesa e sentou-se na cadeira oposta a minha.
Comemos em silêncio. Quando estava terminando o café já me sentia melhor e disse:
- Obrigada, Juliana. Você foi literalmente meu anjo da guarda ontem.
Ela estendeu as mãos e pegou as minhas antes de dizer:
- Não precisa me agradecer Ana, sei que se a situação fosse inversa você faria o mesmo por mim. E além do mais, agora somos amigas e amigos ajudam aqueles a quem gostam.
Conversamos sobre coisas bobas até a hora de eu ir embora, ela não tocou no assunto da madrugada e eu também fingi que nada havia acontecido, mas a lembrança daquele sonho estava tão nítida na minha memória que eu precisava me controlar para não pensar naquilo. Ela parecia indiferente ao fato de ter dormido nua ao meu lado e eu logo afastei da mente qualquer fantasia que eu pudesse estar tendo e passei a vê-la apenas como uma maravilhosa amiga.
Trocamos telefone e prometemos manter contato e no fim da tarde ela me levou até a casa da minha mãe.
Ficamos meses sem nos falar e nesse meio tempo arrumei um emprego e meus pensamentos eram ocupados quase que todo o tempo com coisas relacionadas ao trabalho. Eu pouco pensava em Jorge e menos ainda em Juliana.
Soube que ele havia arrumado outra mulher e mais tarde vi que ela era uma cópia desbotada de mim e cheguei à conclusão de que estava melhor sem ele.
Não tinha tempo para romances e depois de seis meses finalmente consegui entrar para a faculdade de contabilidade e agora trabalhando durante o dia e estudando a noite sobrava menos tempo para encontrar alguém.
Às vezes meu subconsciente me pregava peças e eu sonhava com Juliana, sempre acordava no meio da noite da mesma maneira, excitada e aliviava minha tensão me tocando.
Achava estranho sonhar com ela de maneira tão íntima, já que nunca tinha me envolvido com nenhuma mulher antes e muito menos sentido atração, mas os sonhos ficavam cada vez mais freqüentes e eu ia todo dia para o trabalho com olheiras incrivelmente negras que nem a maquiagem conseguia disfarçar. O pior era ouvir as piadas dos colegas sobre a noite ter sido boa sem que eu tivesse dormido com ninguém.
Depois da quase oito meses sem contato recebi uma mensagem sua no celular. Dizia que precisava me encontrar e que se eu pudesse gostaria que fosse à sua casa no fim de semana.
Respondi afirmativamente enviando-lhe uma mensagem confirmando o horário.
Era quinta feira e marquei para aparecer na sua casa no sábado pela manhã. Depois daquela mensagem enigmática não consegui mais trabalhar e nem prestar atenção às aulas na faculdade, só pensava em ir vê-la.
No sábado pela manhã, saí dirigindo um carro velho que eu havia comprado e que me dava mais prejuízo do que me ajudava, mas eu gostava daquele Chevette ano 1982, vermelho com listras pretas no capô. É claro que eu precisaria gastar muito dinheiro nele para que o mesmo ficasse bonito, mas quando o vi numa feira para vender não resisti e comprei, gerando os mais variados protestos por parte da minha mãe, que dizia não entrar no mesmo enquanto ele não estivesse 100% restaurado.
Cheguei a casa dela antes das dez da manhã, desci do carro e toquei a campainha. Dei uma última olhada no meu visu pelo vidro do carro e vi que estava tudo ok. Esperei menos de dois minutos quando ela apareceu na janela e fez sinal para que eu entrasse.
A porta da frente estava encostada e o único trabalho que eu tive foi empurrá-la para entrar.
Era estranho voltar ali depois de tanto tempo, a decoração estava diferente, no mais estava exatamente como eu me lembrava. Sentei-me no sofá e esperei até ela aparecer na porta da sala.
Quando apareceu estava diferente, seus cabelos agora batiam no meio das costas, havia ganhado um pouco de peso, mas nada que destoasse do conjunto final, seu rosto parecia cansado, vestia uma bermuda caqui com bolsos do lado e uma camiseta regata vermelha. Veio andando devagar até sentar-se em uma poltrona diante de mim.
- Saudades de você. – falou de cabeça baixa. Sua voz soava triste. – Não me odeie.
Estranhei que ela fizesse um pedido como esse e perguntei:
- Não entendi. Como assim não me odeie?
Ela ficou em silêncio durante muito tempo até que finalmente respondeu.
- Eu dormi com seu ex marido. – demorou um pouco até meu cérebro processar aquela informação.
Quando finalmente entendi o que aquilo queria dizer, a única coisa que consegui fazer foi deixar que uma lágrima rolasse pelo meu rosto.
Estava triste, até aquele momento evitei pensar em Jorge, mas o fato de saber que Juliana havia dormido com ele havia me magoado.
Estava separada havia oito meses, mas agora parecia que havia sido ontem que ele havia me deixado. Me senti traída, me senti enganada, me senti um lixo.
Enxuguei as lágrimas teimosas que insistiam em rolar com a palma da mão e tentei olhar para ela, não consegui.
Calada levantei e fui me dirigindo para a porta, ela tentou me segurar pela mão, mas eu a puxei antes que ela conseguisse me tocar. Antes de sair pela porta ainda perguntei:
- E ai? Ele foi bom com você? Não minta, saberei se você mentir.
- Eu juro que não queria que isso tivesse acontecido. – ela falou.
- Não foi isso que eu perguntei. Responda a minha pergunta com sinceridade. – Minha voz soava ameaçadora apesar do meu semblante destruído.
- Sim. – sua voz saiu quase num murmúrio.
- Então faça bom proveito. – disse de maneira irônica e saí.
Ela veio atrás de mim e quando eu estava entrando no carro ela me pegou pelo braço e disse:
- Por favor, não vá embora assim. Vamos conversar. Eu te disse porque não queria que você soubesse por outra pessoa além de mim, porque gosto de você.
- Uma maneira bem curiosa de demonstrar sentimentos, você não acha? – eu mesma não conseguia me reconhecer naquelas palavras.
- Ana... Por favor... – ela disse ainda antes de eu entrar no carro.
Ela segurava a porta aberta e fazia força comigo para eu não fecha-la, mas eu estava decidida a ir embora, mesmo que tivesse que arrasta-la pela porta.
- É melhor soltar a porta do meu carro, estou lhe avisando, solte ou vai sofrer as conseqüências. – algo em minha voz a intimidou e ela soltou a porta. Bati com força e saí dali cantando pneu.
Pelo retrovisor podia vê-la no meio da rua, desolada, mas estava decidida a não voltar a vê-la.
Dirigi sem rumo durante horas, até parar no litoral. Estacionei o carro no acostamento e fui até a arrebentação. Sentei-me na areia e deixei a tristeza finalmente me invadir.
Não sabia se estava triste por ela ter ficado com Jorge ou porque Jorge ficou com ela. Não sabia se era porque ainda amava Jorge ou se era porque amava a ela. Não sabia se era pelo fato de terem dormido juntos ou pelo fato dele ter dado a ela o que há muito tempo não dava a mim quando casados.
Deixei-me ficar ali durante muito tempo, perdida nos meus pensamentos até que senti a água batendo nos meus pés. A maré tinha subido e eu nem tinha percebido.
Senti vontade de me jogar no mar, deixar que as águas me levassem para longe daquele lugar, para longe da minha tristeza, mas por covardia não o fiz.
Voltei para casa e disse à minha mãe que iria sair e que não voltava mais hoje. Ela me perguntou para onde eu iria e eu apenas disse que ia para Copacabana.
Coloquei a minha melhor roupa, me maquiei como uma profissional e quando estava saindo vi que minha mãe conversava com alguém no portão. Percebi na hora que era Juliana. Passei por ela como se fosse um fantasma e não estivesse ali. Minha mãe ainda tentou me fazer parar dizendo:
- Ana, não seja rude. Não vai falar com sua amiga?
- Olhei para um lado e depois para outro para finalmente dizer:
- Não estou vendo nenhuma amiga minha aqui mãe.
Vi que minhas palavras tiveram o efeito desejado e que Juliana contraiu o maxilar, mas não me importei, me virei e entrei no carro.
Dirigia com o som alto e não via nada atrás de mim, só a estrada na minha frente.
Quando cheguei a Copacabana, estacionei o carro em um estacionamento próximo e me dirigi a uma das inúmeras boates que existiam ali. Cheguei à porta de uma, paguei a entrada e quando ia entrar senti que uma mão me segurava.
Olhei para trás e vi Juliana.
Aquilo me irritou profundamente. Quem ela achava que era para me seguir até ali?
- Caralho! Pelo amor de Deus! Você pode fazer a gentileza de me deixar em paz?
- Só depois de conversarmos. – ela disse.
- Isso nunca vai acontecer. Me esqueça. – disse antes de entrar.
Estava escuro, meus olhos demoraram até se acostumar com a iluminação, mas logo percebi que o lugar estava lotado. “Ótimo!” pensei, um lugar cheio diminuía as chances de Juliana me incomodar, se a mesma decidisse continuar me seguindo.
Fui até o bar e pedi um Scotch duplo sem gelo e me sentei no bar enquanto bebia. Um homem puxou assunto comigo. O olhei de cima a baixo e vi que era bonito e atraente, me permiti ser cortejada de maneira tosca e vulgar.
Não conseguia ouvir direito o que ele dizia, mas ouvia claramente quando ele me chamava de gostosa e dizia que tinha muita sorte de me encontrar.
Eu até me acho bonita, 1,60 m, 56 kg, cabelos curtos, castanhos, olhos azuis, mas não me achava isso tudo.
A única intenção dele era me levar para a cama e como eu estava há muito tempo sem transar acabei aceitando o convite para sentarmos longe do bar.
Ele me puxava pela mão e eu já meio alegre devido à bebida o seguia sem resistência.
Sentamos e ele veio logo me beijando, um beijo rude e desesperado, como se eu fosse a última mulher da face da terra e ele precisasse me comer, literalmente, para sobreviver.
Suas mãos grandes agarraram com violência meus seios e eu gemi de dor, ele deve ter entendido como se eu tivesse gostado e apertou mais. Me soltei do beijo e abri os olhos, parada ali, a pouco menos de um metro estava Juliana. Ela me olhava de maneira inquisitiva e eu vendo que ela me olhava desci a mão e segurei no membro do meu acompanhante que já estava duro e pronto para a ação.
Continuei olhando para ela enquanto forçava minha mão para dentro da calça dele e começava uma lenta, mas decidida masturbação.
Vê-la ali, olhando o que eu estava fazendo fez com que eu começasse a gostar da situação. Era visível que ela estava incomodada com a situação e eu vendo aquilo, me aproveitei para colocar o membro dele para fora. Olhei para baixo e vi que era grande, mas nada exagerado e tinha a cabeça vermelha e inchada. Olhei mais uma vez para ela antes de cair de boca. Ele mal percebia o que estava acontecendo, apenas gemia enquanto minha língua trabalhava de maneira voraz naquele pedaço de carne que pulsava na minha boca. Minha xaninha estava molhada devido à situação inusitada e eu queria logo subir nele e gozar como há muito tempo não fazia. Continuei a chupar e às vezes o engolia por completo, entre uma engolida e outra olhava para ela, paralisada ali olhando meu ato de transgressão. Sem parar de chupar estendi minha mão até minha bolsa e tirei uma camisinha dali. Voltei a beijá-lo, agora de olhos abertos, olhando e adorando vê-la ali me observando. Coloquei a camisinha nele sem ver e com um único movimento subi nele, afastei minha calcinha, encaixei o membro em mim e forcei o corpo para baixo fazendo que ele entrasse por inteiro de uma única vez. Eu subia e descia naquele membro e gemia, ele meio que apenas deixava-me comandar a situação. O vestido escondia nosso ato, mas eu sentia que aqueles olhos ainda me olhavam e o mero pensamento me fazia antecipar o orgasmo. O senti vindo em pequenas ondas e depois crescendo até explodir me fazendo desfalecer sobre o desconhecido. Ele continuou metendo até que o senti gozar em um tremor e um urro em meu ouvido.
Saí de cima dele, ajeitei minha roupa e saí em direção ao banheiro.
Nem olhei para ela quando passei e muito menos para o desconhecido jogado no sofá. Sentia-me muito bem e nem o fato dela me seguir até o banheiro me irritou.
Eu estava retocando a maquiagem quando ela entrou. Não me virei.
- O que você estava pensando quando fez aquilo? – sua voz parecia triste.
- Que eu saiba, sou uma mulher solteira que não deve satisfações a ninguém sobre seus atos. – fazia questão de enfatizar cada palavra para realmente ferir.
- Mas isso não lhe dá o direito de atentar contra o pudor em um local público. – ela disse.
- Faça-me um favor! Olha quem está falando, de repente falou a policial ou advogada. – a ironia era evidente em minhas palavras.
- Assim você não me deixa escolha. – falou enquanto retirava da bolsa uma identificação policial. – Me acompanhe sem escândalo e, por favor, não chame atenção.
Olhei para ela e para a identificação depois disse:
- Ok, agora você tem toda a minha atenção, oficial. – debochava da situação bem diante dos olhos dela.
Fui na frente e ela me seguindo. Passei pelo desconhecido com quem havia acabado de transar, ele me abordou, mas disse que não era uma boa hora, então ele se afastou.
Saímos da boate e ela disse:
- Eu realmente não esperava que a situação chegasse a esse ponto, mas suas atitudes não me deixaram escolha.
- Ta bom papai, agora que já me passou o sermão posso ir embora?
- Você não vai chegar nem perto do volante hoje Ana, bebeu um Scotch duplo e beber e dirigir é contra a lei. – disse – Eu vou te levar para casa; e vou contar para sua mãe o que você fez.
- Ai você forçou. Não envolva minha mãe nisso. – agora começava a me preocupar. Seria ela capaz de fazer o que ameaçava? Tentei contornar a situação. – Olha, eu realmente não posso deixar meu carro aqui, eles fecham pela manhã o estacionamento e eu preciso dele para ir trabalhar.
- Pensasse nisso antes de transgredir a legislação e por desrespeitar um policial.
Comecei a ficar realmente preocupada, ela parecia falar sério e por mais que eu tentasse argumentar não conseguia convencê-la.
- Vamos, vou levar você para casa.
- Eu não quero ir com você. Você dormiu com o homem que amei durante oito anos, me seguiu até minha casa, me seguiu até aqui e agora está me prendendo por eu ter feito o que muitas mulheres solteiras fazem. O que você quer que eu faça para não contar para a minha mãe? – já estava desesperada com a situação. – Eu só quero ir para casa no meu carro.
- Me ouça, apenas isso. Se você me ouvir eu relevo sua transgressão e não levo ao conhecimento de sua mãe o que aconteceu aqui. Quanto ao seu carro, sinto muito, mas não posso deixar você sair dirigindo, você bebeu e se dirigir vai colocar em risco não só sua vida como a de outras pessoas.
- Onde está o seu carro? Vamos resolver logo esse impasse. – disse.
- Siga-me. – disse indo ao estacionamento.
Fui atrás dela a contra gosto. Logo chegamos ao carro. Fiz questão de ir ao banco de trás. Ela protestou, mas eu não cedi.
Ela tentava puxar assunto comigo, mas eu nada respondia e depois de algum tempo ela se cansou.
Depois de vinte e cinco minutos dirigindo, percebi que ela se dirigia à entrada de um motel, esses de beira de estrada. Protestei, mas ela apenas disse que conversaríamos e pela manhã eu poderia pegar o carro no estacionamento.
- Do que está com medo? Por acaso já não dormimos juntas? E pelo que me lembro estávamos nuas. – ela riu – Não se preocupe, não vou fazer nada que você não queira.
O carro alcançou a recepção e o atendente deu uma risadinha quando percebeu se tratar de duas mulheres, mas logo se calou quando Juliana lhe mostrou algo que eu não pude ver.
Ela pegou a chave do quarto e dirigiu até a vaga destinada ao quarto.
Descemos do carro em silêncio e eu a segui quando ela abriu a porta. Ela fez sinal para que eu entrasse e entrou logo depois de mim.
Joguei minha bolsa em um canto do quarto e disse que precisava ir ao banheiro. Demorei pouco mais de dois minutos e quando voltei, ela estava sentada na cama.
Olhei para o lado e vi que sua arma estava na mesinha ao lado da cama junto com as algemas.
Ela fez sinal para que eu sentasse e o fiz em uma espécie de pufe que estava ali próximo.
Demorou um pouco para que ela começasse a falar:
- Me desculpe. – começou. – Eu não deveria ter dormido com seu ex marido.
- Continue. – falei.
- Ana, a verdade é que o encontrei por acaso em uma festa e rolou um clima entre nós. Eu tentei resistir, disse que você era minha amiga e que não podia fazer aquilo, mas no fim minha força se esvaiu e eu me deixei levar. Há muito tempo não estava na cama com ninguém e minha carência fez com que eu cedesse.
- Juliana, você é uma mulher bonita, pode ter o homem que quiser, pode até ter meu ex marido, mas isso apenas faz com que doa mais. Eu dormi nua na sua cama, éramos amigas e como minha amiga você deveria ficar ao meu lado, não dormir com o meu ex marido. – minha voz era triste, não sentia mais raiva, só tristeza. – O pior é que foi uma transa sem compromisso, sem amor. Se você o amasse eu entenderia, doeria, mas eu tentaria entender, mas não, vocês transaram como eu hoje transei com aquele desconhecido. Ele poderia ser o marido ou namorado de alguém, mas eu não sabia, não fiz questão de ser amiga da mulher dele, se é que ele tem alguém. O que mais me dói é que foi puramente sexo, só sexo. Você sabe por que eu lhe perguntei mais cedo se você tinha gozado? – ela fez não com a cabaça – Era porque há muito tempo ele deixou de me fazer gozar, muito antes de nos separarmos ele, nas raras vezes em que fazíamos amor, era rápido e terminava do mesmo jeito: ele gozava e dormia.
Parei de falar por um momento, mas logo continuei:
- Doeu saber que ele deu o melhor de si para você, numa trepada sem compromisso ele deu o melhor de si e para mim que era a esposa dele há oito anos só o peso do seu corpo, uma gozada rápida e sono depois.
- Eu não tinha idéia. – ela falou se levantando – Eu sou uma burra mesmo, eu achando que você tinha sorte de ter um homem como aquele e agora você me diz isso. Sinceramente falando, não sei mais o que dizer.
Aproximou-se de mim e estendeu as mãos me convidando a levantar. Eu não queria a pena dela, não queria que ela sentisse piedade de mim. A única coisa que eu queria era ir embora.
Não aceitei o convite e ela abaixou-se ficando bem de frente a mim e me disse olhando nos olhos:
- O que eu preciso fazer para você me perdoar?
Eu ainda estava magoada e queria magoá-la também:
- Deixar de existir. – minha resposta a pegou de surpresa, eu quase podia tocar a tristeza que vi naqueles olhos. – Me deixar ir. – disse em seguida.
- É isso o que você quer? – Sua voz tremeu.
- É sim. – respondi.
Ela se levantou e andou até o sofá, sentou-se lá e disse:
- Amanhã pela manhã, quando o álcool tiver abandonado o seu corpo te levo para buscar o seu carro. Por agora durma e descanse. Vou dormir aqui. – senti que sua voz estava diferente do normal. Uma pontinha de remorsos invadiu meu coração. Como eu pude magoar aquela criatura tão encantadora, principalmente quando a mesma estava tão arrependida do erro que cometera. Seres humanos são criaturas imperfeitas, passíveis de cometer erros e eu estava ali, julgando-a como se eu nunca tivesse cometido um engano.
Levantei-me e fui tomar banho, precisava. Havia suado muito e meu corpo já começava a ficar pegajoso.
Tomei cuidado para não entrar em baixo do chuveiro frio, para não acontecer de novo aquele choque. A água estava quente e lavei os cabelos. Quando voltei ao quarto notei que Juliana havia adormecido torta no sofá. Senti pena e fui até ela. Imaginei que conseguiria pega-la no colo e transporta-la até a cama e assim o fiz.
Agradeci a Deus pela distância ser pequena, já que quase a derrubei antes de chegar à cama. A ajeitei na cama e cobri-a para não sentir frio, em seguida deitei-me ao seu lado.
Situaçãozinha delicada a minha. Por mais que tenha ficado magoada com o fato dela ter dormido com Jorge, não conseguia sentir raiva dela. Muito pelo contrário, queria abraçá-la e beijar-lhe a boca, fazer amor com ela.
Tentei desviar meu pensamento e liguei a TV. Eu sabia exatamente o que veria, já que em motéis sempre existem aqueles canais pornô.
Nem bem liguei a televisão e ela se mexeu ao meu lado. Tentei abaixar o volume, mas ela já havia despertado. Olhou para a televisão e depois para mim. Eu havia sido pega em flagrante vendo pornografia e meu rosto queimava e apesar de o quarto estar à meia luz era nítido que eu estava corada de vergonha.
Desliguei o aparelho e virei de costas para ela. Tentei dormir, mas sentir os olhos dela me fitando as costas me incomodava.
Virei de barriga para cima e fitava o teto, mas mesmo assim ainda conseguia vê-la me olhando pelo espelho.
- Estou constrangida. Não fique me olhando assim. – pedi.
- Não tenha vergonha. Você é uma mulher bonita que merece ser admirada. – senti sua mão apertar a minha sob o lençol.
Correspondi ao aperto e ela meio que encorajada pelo meu gesto acariciou meu rosto.
- Sabia que eu sonho com você?– disse quase num sussurro.
Aquilo me pegou de surpresa, mas entrei na onda:
- Também sonho com você.
- Mas eu duvido que seja do mesmo jeito. – ela disse chegando mais perto.
- E de que jeito poderia ser? – tinha medo da resposta, mas precisava saber.
Ela me abraçou e eu virei para ela correspondendo ao abraço. Era um toque cheio de carinho e me permiti sentir aquele abraço.
Senti que ela se aproximava mais de mim e quando seu rosto estava bem próximo de mim fechei os olhos. Senti os lábios dela apenas roçando os meus, sem pressa e esse toque me arrepiou da cabeça aos pés.
Abri os olhos e vi que ela os tinha também abertos, estendi a mão e toquei seu rosto macio e fiz o contorno de sua boca com a ponta do dedo.
- Acho que sim, é do mesmo jeito. – disse, antes de beijar-lhe a boca.
Senti que ela abriu a boca para melhor receber o beijo que eu lhe dava. Senti que ela me apertava mais de encontro ao seu corpo, sua perna estava estrategicamente entre as minhas e essa proximidade fez com que eu aprofundasse o beijo.
Ela deitou-se sobre mim e eu abri as pernas para que ela se encaixasse em mim, o corpo dela parecia que havia sido feito sob medida para o meu, já que o mesmo se moldou com perfeição às minhas curvas.
Eu agora deixava que ela comandasse a ação e ela me ajudou a tirar o vestido, deixando-me só de calcinha. Meus seios apesar de ter sido casada estavam em perfeita harmonia com a gravidade e eram medianos com mamilos escuros e pequenos.
Suas mãos tocavam-me com delicadeza e eu retribuía cada toque com o mesmo afeto.
Senti que ela envolvia meus seios nas mãos e respondi segurando-lhe as nádegas, lutando para livrá-la da saia que vestia.
Ousada deslizei a mão por sua barriga, fazendo com que ela se levantasse um pouco para eu poder tocar-lhe o sexo. Afastei a calcinha e com a ponta dos dedos toquei-lhe aquela maciez úmida e senti quando ela tremeu sob o meu toque.
Que maravilha sentir aquele tremor e o gemido abafado no meu ouvido. Encorajada pela sua reação continuei acariciando até que a ouvi dizer:
- Coloca o dedinho dentro de mim. – sua voz soou melosa e meio que no instinto a penetrei com o dedo indicador.
Quando senti que meu dedo estava todo dentro dela comecei a movimentá-lo lentamente enquanto continuava a beijar sua boca. Ela se contorcia na minha mão e eu já estava muito excitada para pensar em algo que não fosse curtir aquele momento.
Ela gemia baixo e pedia mais, mas eu parei um instante, retirei o dedo e coloquei na boca, queria e precisava provar o gosto daquele ser que se derretia sobre mim, seu gosto era incrível e aquilo só me enlouqueceu. Girei com ela na cama, ficando por cima e assumi totalmente o controle e aquilo me excitou muito.
Abri botão por botão de sua blusa, expondo um par de seios medianos e firmes, seus mamilos eram escuros e estavam muito rijos, o seio inteiro estava enrijecido de excitação.
Fiquei ali admirando aqueles seios até que senti que ela guiava minha cabeça em direção a eles. Não beijei de imediato, mantive o rosto próximo e os envolvi com as mãos, apertando de leve, depois com a palma acariciei os mamilos fazendo com que ela gemesse revirando os olhos.
Eu queria sentir aqueles seios nus nos meus e a beijei novamente colando meu tronco ao dela. Arrepiei-me no momento do toque e fiz com que meus mamilos roçassem os dela.
A olhei nos olhos e vi que estavam transbordando de desejo e não a fiz esperar mais, desci meus lábios beijando aquele pescoço, dando pequenos chupões até que encontrei o mamilo duro. Toquei-lhe com a ponta da língua apenas provocando, um seio depois o outro e fiquei assim, provocando-a até que sem agüentar envolvi um seio na boca.
Suguei delicadamente o mamilo e enquanto sugava agitava a língua dentro da boca fazendo com que ela segurasse firme minha cabeça e puxasse os meus cabelos.
Fiquei ali, fazendo isso durante muito tempo, completamente esquecida do tempo e de tudo o que havia acontecido antes, apenas saboreando aquela mulher maravilhosa que gemia e se contorcia sob o meu corpo.
Ela puxou minha cabeça para perto a sua e me beijou com carinho. Rolamos na cama e mais uma vez ela ficou sobre mim.
Ela estava à amazona sobre mim e se eu tivesse um mastro ela estaria me cavalgando. A visão do corpo dela montado sobre o meu me era excitante e eu estendi as mãos agarrando aqueles seios que balançavam enquanto ela jogava o corpo para trás rebolando sobre mim.
Sentei-me na cama com ela no meu colo e beijei mais uma vez aqueles seios, mas senti que ela me empurrava de volta à posição inicial.
Ela me sorriu e pude notar certa malícia, quase uma maldade naqueles olhos de gata que me olhavam com paixão. Vi quando ela estendeu a mão para a mesinha e pegou as algemas. Senti medo, mas ela me tranqüilizou dizendo que não me machucaria. Relaxei enquanto ela prendia minhas mãos na cabeceira de ferro da cama e a ouvi dizer:
- Agora sim, completamente à minha mercê. – e riu completando – Eu quis fazer isso desde o primeiro instante em que eu te vi, naquele dia da mudança.
Deitou-se sobre mim e me disse ao ouvido:
- Vou fazer amor devagarzinho e espero que você goste. – e me mordeu a orelha arrancando de mim um longo e delicioso suspiro.
Senti mais uma vez o seu beijo, lento, sem urgência, um beijo carregado de carinho. Eu jamais, em minha vida, havia provado um beijo como aquele, era algo inexplicável. Sua boca era macia, sem a aspereza dos lábios de um homem, a língua não era dura, nem invadia minha boca de maneira rude, muito pelo contrário, sentia-me amada e ao mesmo tempo desejada, mas sem a urgência de um homem afoito pelo coito final.
Sentia agora que ela me beijava o pescoço e que sua língua percorria meu corpo lentamente, me torturando enquanto buscava meus seios.
Senti o leve roçar dos seus lábios sobre meu mamilo e isso me fez ficar mais louca de desejo, ela abriu a boca e eu olhei para baixo porque queria ver quando ela me tomasse o seio entre os lábios, mas ela não o fez, apenas ficou ali com a boca aberta e eu sentindo o hálito quente que me levava a loucura. Ela deixou meu seio ali, rijo e continuou sua exploração em direção ao meu sexo, sentia sua língua tocando lentamente minha barriga e descendo.
Quando estava a poucos centímetros do meu sexo prendi a respiração esperando a carícia, mas ela apenas passou por lá beijando minhas coxas e seguindo em direção aos meus pés.
Ela acariciou meus pés, massageando a sola. Senti cócegas de início, mas como estava com as mãos presas não tinha como impedi-la de continuar acabei aceitando a carícia mesmo rindo muito.
De início sentia cócegas, mas conforme a carícia ia se aprofundando a vontade de rir ia gradativamente sendo substituída por prazer e em poucos minutos estava completamente entregue recebendo com satisfação a carícia. Ela chupava meus dedos e lambia o peito do meu pé e eu com as mãos presas olhava para baixo e apreciava aquela cena inusitada.
Ela pegou meus pés e tocou seus seios com eles, era uma sensação nova sentir a rigidez dos mamilos nas solas dos pés e eu gostei. Logo eu mesma tocava-lhe o corpo com os pés. Fazia deles minhas mãos. Ela cerrava os olhos e curtia o momento e eu lutava com as algemas, agora completamente tomada de desejo, implorando por tê-la sob minhas mãos. Mas ela continuava a me torturar, a enlouquecer-me naquela provocação sem fim e a mim apenas restava ficar ali, passiva, completamente à mercê dos seus desejos.
Senti que ela voltava a me beijar os pés e em seguida começava a subir com os lábios pela minha perna, lentamente, provocando em mim arrepios nos lugares que eu desconhecia que pudessem se arrepiar.
Ela parou a poucos centímetros do meu sexo e antes de tomá-lo nos lábio ainda disse:
- Agora você é toda minha. – e envolveu todo o meu sexo entre os lábios.
Nunca na minha vida havia sentido tamanho prazer, o sexo oral que Jorge fazia em mim não passava de brincadeira de criança comparado àquela carícia. Os lábios macios sugavam de maneira lenta e gentil meu clitóris e a língua me lambia de baixo até em cima de uma maneira que eu jamais imaginei ser possível. Ela ficou ali, durante vários minutos me lambendo e consequentemente me deixando louca. Enquanto me chupava sentia que ela me penetrava com a língua e devo dizer que aquilo era muito mais prazeroso do que a penetração propriamente dita.
Suas mão buscavam meus seios enquanto ela me devorava e eu algemada à cabeceira da cama só conseguia mexer os quadris e implorar para que ela me transportasse para o paraíso.
Ela fez menção de me penetrar com os dedos, mas eu pedi para que não fizesse, estava a um passo do clímax e não precisaria desse incentivo. Ela então acelerou os movimentos com a língua e eu que estava a poucos momentos de explodir não consegui mais me conter e gozei escandalosamente em sua boca. Senti como se minha alma tivesse se separado do meu corpo e ali, em estado de flutuação podia sentir todo o carinho que tinha por Juliana.
Fiquei ali, curtindo aquele momento, sentindo os espasmos do meu corpo e o calor daquela boca que ainda me chupava até que senti que ela vinha me beijar com meu gosto na boca. Aceitei o beijo enquanto sentia seu corpo pesando sobre o meu.
Ficamos nos beijando durante muito tempo, até que ela soltou minhas mãos e eu finalmente pude tocá-la outra vez.
Rolei com ela na cama e ajudei-a a tirar a calcinha que ela ainda vestia e beijei-lhe o corpo todo, evitando a área genital de propósito, queria enlouquecê-la da mesma maneira que ela havia feito comigo.
A virei de bruços e coloquei seus cabelos para o lado expondo-lhe a nuca. Parei um instante admirando aquele corpo de curvas perfeitas deitado de bruços e mordi-lhe a orelha. Senti que ela arrepiava sob o toque dos meus lábios e continuei minha exploração lenta e provocante pelas suas costas apenas tocando suavemente sua pele com os lábios entreabertos fazendo com que ela sentisse meu hálito quente em seu corpo. Toquei-lhe os seios quando ela levantou o tronco e meu Deus, que maravilha senti-la ali, deitada, completamente submissa ao meu toque.
Deitei-me sobre ela, meu corpo nu de encontro ao dela era maravilhoso, o calor que passava do corpo dela me enlouquecia, ela virou a cabeça para me beijar e ficamos assim nos beijando e eu sentindo a maciez de suas nádegas de encontro ao meu sexo.
Desci as mãos por aquele corpo e senti que ela levantava os quadris para que eu a tocasse mais intimamente. Seu sexo fervia e estava muito molhado, fiquei louca, queria senti o sabor daquele desejo e não me privei mais dessa vontade, desci a boca até seu sexo e toquei-lhe com a língua. Ouvi seu gemido abafado junto ao travesseiro e isso me excitou muito, a fiz virar e cai de boca naquela maravilha quente e úmida, ao mesmo tempo em que chupava ofereci meu sexo para ela e ela o tomou, chupando ainda com mais desejo do que antes.
Agora completamente entregue aquele desejo desvairado, não pensava em mais nada, só no prazer que aquela situação provocava. Enquanto chupava e era chupada por ela me sentia no paraíso.
Seus gemidos eram cada vez mais altos e eu sentia que ela chegaria ao orgasmo a qualquer momento, a penetrei com um dedo e mais uma vez senti seu tremor então fiquei louca. A penetrava fundo e mantinha seu clitóris entre meus lábios, sugando e sentindo seus movimentos cada vez mais rápidos.
Ela começou a gritar no momento do orgasmo e algo inusitado aconteceu: ela teve uma ejaculação feminina. Aquilo me deixou enlouquecida e não pensei duas vezes antes de receber todo aquele líquido na boca.
Fiquei sobre ela na posição de 69 durante algum tempo ainda sentindo as vibrações que vinham dela até que a ouvir dizer:
- Vem aqui amor, vem dar um beijo para eu saber que não estou sonhando.
Deite-me ao lado dela e a beijei carinhosamente. Ficamos nos beijando até nosso desejo reacender, então nos amamos de novo e de novo. O dia já estava alto quando, cansadas caímos no sono abraçadas.
Quando acordei, ela estava ainda adormecida e naquele momento tive certeza que a amava. Fiquei observando-a dormir durante algum tempo e quando ela acordou estava mais bonita do que antes. Recebi seu sorriso com meu coração aos pulos e a abracei forte, num pedido silencioso pelo seu amor. Ela me correspondeu com o mesmo ardor.
Não dissemos nada, nada precisava ser dito, apenas o calor dos nossos corpos cúmplices era testemunha do amor nascido num dia três de outubro entre uma mulher convictamente heterossexual e uma desconhecida que se mudara para sua rua e de lá para sua vida.
Hoje ainda estamos juntas e sempre que podemos voltamos àquele motel para revivermos o momento mais maravilhoso de nossas vidas.
Jorge se casou de novo, hoje não quer me ver nem pintada, já que todos sabem que curei minhas mágoas na cama de uma mulher. Nenhum homem suportaria tamanha “humilhação”, já que eles nunca imaginam que possa existir algo melhor do que seu membro.
Hoje moramos em outro lugar, terminei minha faculdade e trabalho numa grande empresa de Contabilidade, Juliana ainda é policial, mas pensa em abandonar a farda, afinal logo, logo teremos uma nova vida para cuidar, estou grávida de uma linda menina. Logo ela vai nascer então nossa família estará completa.