Meu Amigo me Amava – Capítulo 77
Eu indo já em direção ao ponto, pois o Robertinho estava demorando pakas me surpreendo quando ele chega todo arrumado, diferente do Robertinho que conheci no hospital, todo ruim, maior cara de ressaca.
Robertinho - Sou eu mané, entra aí.
Ele tira os óculos, dá um sorriso meio safado, mas percebia sinceridade no sorriso, e uma cara de ser um rapaz bem elétrico, mas sincero ao mesmo tempo. Entro no carro totalmente nervoso, me sento, ele me olha, sorri e segue em frente, fico segurando minhas mãos que estavam frias, estava totalmente nervoso. Ele vai em direção a praia.
Robertinho - Você perdeu a língua Brow, não fala nada, algum problema?
Breno - Não pow, é que trabalhei o dia inteiro, estou meio cansado.
Robertinho - Tranqüilo.
Descemos do carro, nesta noite estava muito frio, muito mesmo e havia poucas pessoas na praia, ou correndo no calçadão, como de costume no Rio de Janeiro no final de tarde e inicio de noite, em que todos aproveitam para fazer algum tipo de exercícios.
Robertinho - Show eu curto muito beber um drink, um wisk, mas como você é um leke todo certinho então ta afim de beber uma água de coco?
Breno - Cara não precisa se preocupar na boa estou aqui apenas pra te entregar isso.
Puxo do bolso a receita do hospital que ele havia me pedido e entrego a ele. Robertinho começa a dar uma gargalhada.
Breno - Qual a graça cara?
Robertinho - Cara você trouxe a receita, caiu nessa.
Breno - Você me pediu pow eu trouxe.
Robertinho - Cara inventei essa só pra bater um papo contigo. Desculpe não fique com raiva blz? Nem cheguei a tomar esses remédios todos, maior merda, me senti melhor larguei de mão.
Breno - Pow me fez vir aqui à toa.
Robertinho - Não pow, só queria mesmo conversar contigo, sei lah. Tu me pareceu ser um leke maneiro, com juízo, sei lah trabalhar, fazer facul, coisas que jamais passou pela minha cabeça, nem das dos meus amigos.
Breno - Devo ser um comédia para você é isso?
Robertinho - Não cara, que isso.
Breno - Diz ae o que você quer?
Robertinho - Sei lá cara, não sou muito de pensar na vida, eu vivo entende. Mesmo não sentindo muita graça e tal.
Breno - Não entendi nada Roberto.
Robertinho - Robertinho cara, Robertinho. Minha mãe que me pôs este nome, Carlos Roberto Junior do meu pai, mas nem gosto.
Breno - Você não gosta do seu pai?
Robertinho - Ultimamente não nos damos muito bem.
Breno - Por quê?
Robertinho - Muitos problemas, mas não vim aqui falar deles certo. Pow cara maior tempão pra me adicionar, o que houve?
Breno - Cara na boa, não entendi nada daquele papel que você me deu, coloquei no bolso e confesso que até esqueci ali, se não fosse minha mãe achar.
Robertinho - Que moral você me deu.
Breno - Cara na boa, não entendi qual foi a sua, mas nem maldei, sério só não tive tempo. Viajei e tudo, voltei ontem.
Robertinho - Tu me falou no MSN, foi pra Cabo Frio certo?
Breno - Isso, fui pra lá, tenho um amigo lá aí tive que ir.
Robertinho - Dava tudo para estar lá cara na boa. Muito bom aquela paisagem, cidade linda.
Breno - Conhece?
Robertinho - No verão me mando pra lá.
Breno - Foi minha primeira vez lá e também curti muito.
Robertinho - Legal.
Breno - Mas cara por que você me deu seu hotmail assim, tu sempre faz isso com as pessoas que você conhece se esbarra.
Robertinho começa a sorrir, dá um gole na água de coco e faz maior cara feia, o meu nervosismo vai passando, mesmo toda hora olhando pros lados com medo de passar um conhecido, sei lah interpretar mal. Ele olha pro mar que estava agressivo, e depois me encara olho seus olhos, eram castanhos cor de mel, mais claros do que os do Pedro, porém menos expressivos. Fico ali o encarando.
Robertinho - Pow cara te achei um leke maneiro e não queria perder contato, sei lah, vi algo maneiro em tu que não encontro nos meus amigos, mas na boa relaxa que não sou viado.
Breno - Não pow que isso, só que isso nunca me aconteceu, aí achei estranho.
Quando o Robertinho falou que não era viado senti um aperto no meu coração, tudo bem que ele nem fez por mal, nem sabia de mim, não me conhecia na verdade, mas a palavra viado soou em meus ouvidos como algo negativo, ruim, e machucou, pensei que por essas e por outras que mantenho minha postura de nunca falar nada, viver me preservando, sem que ninguém saiba de nada, mesmo sabendo que não é errado, o que não tenho é coragem de enfrentar tudo isso com dignidade, com hombridade assim como o Jhonny fez apesar das circunstâncias que o levaram a isso, pois foi através da pressão do Estevão que ele assumiu sua homossexualidade a irmã. Vinicius que foi duramente agredido pelo pai, mas mesmo assim manteve-se de cabeça erguida e hoje leva tudo numa boa, pois ele me disse que temos que gostar e valorizar quem de fato valoriza e gosta da gente.
Robertinho - Diz aí e na faculdade, pegando muitas gatinhas. Deve ser o terror hein, inteligente, bonitinho, deve ser maior predador.
Breno - Bonitinho é foda, tipo bonitinho é um feio arrumadinho, isso que tu acha de mim?
Robertinho - Não pow, que isso, tu leva tudo a sério.
Breno - Desculpas pow estava brincando.
Robertinho - Cara estou bebendo essa água de coco forçado, bem melhor uma vodka, um red Bull, ice.
Breno - Cara você estava super mal aquele dia no hospital, disse que iria parar e tudo, e está pensando em bebidas. E as drogas têm usado ainda?
Robertinho - Às vezes dou um tapa na maconha, mas nem sempre.
Breno - Cara você super novo, inteligente, saudável, sabe que drogas é errado por que usa cara?
Robertinho - Breno na boa, vamos falar sobre isso depois.
Breno - Desculpe, não queria me meter na sua vida.
Robertinho - Não é isso cara, relaxa. Não tenho grilos em falar que bebo, que uso drogas nada disso. Vamos falar sobre coisas legais, não combinei pra bater um papo contigo pra falar dos meus problemas, depois você começa a falar dos seus aí fica um psicólogo do outro e não curto isso.
Breno - Dificilmente falo dos meus problemas.
Robertinho - Também não curto falar dos meus. Estamos kits então agora.
Ficamos mais ou menos umas duas horas sentados no quiosque, num frio danado tomando a água de coco. Até que terminamos, isso já umas oito e meia da noite, em que decidimos ir embora. No carro continuamos a conversar, nada sobre sexo, putarias, só conversas saudáveis mesmo, o Robertinho transmite muita sinceridade, muita verdade, e fala abertamente sobre tudo, deu pra perceber que ele como todos né tem muitos problemas, mas não se deixa abater por ele, diferentemente de mim que enfrenta tudo de peito aberto ele arrumou um método prejudicial apenas a ele e isso eu pude perceber logo de cara, ele pra fugir, esquecer dos problemas entra de cabeça na bebida e nas drogas, uma mistura nada legal, tinha algo que me atraia no Robertinho, não era seu físico, sua beleza,apesar de ser um cara bonito, o que me atraia nele era o fato dele ser um usuário de drogas, não que isso seja positivo, pelo contrario, mas ele até então foi a primeira pessoa que eu sei assim explicitamente que usa drogas, nunca convive com um viciado, graças a Deus, e algo dentro de mim me dizia que não o conheci no hospital em vão, que o bilhete que ele me deu com seu e-mail, que tudo isso foi obra do destino, que talvez eu apareci na vida dele para tentar ajudá-lo, bom pode parecer até doideira mas eu pensei nisso.
Robertinho - Relaxa cara eu posso te levar em casa. Sei que você não mora naquele bairro da praça que me falou, fica tranqüilo que não vou te roubar te matar e muito menos ficar indo a sua casa.
Breno - Não é isso cara, é que tipo não te conhecia, e melhor marcar em locais neutros neh, assim ninguém sabe onde mora ninguém.
Robertinho - Típico namorador de internet aposto, adora marcar reais com as gatinhas pelo MSN não é safado.
Breno - Que isso, nada haver.
Robertinho - Ta bom... Vou acreditar em você.
Perco o medo, e vou dando as coordenadas até minha casa, Roberto me deixa em frente ao portão da minha casa, confesso que ao descer fico meio constrangido e tal, olhando para ver que os vizinhos não estavam observando, pois o Robertinho estava dirigindo maior carrão, lindo, preto, todo filmado.
Breno - Cara obrigado pela carona, e bom proveito com a receita.
Robertinho - Pow foi mal, mas valeu. Bom... Agora temos o MSN um do outro, o celular. Gostei de bater um papo com você.
Breno - Também gostei, você é um cara legal, só precisa ter juízo.
Robertinho - Coisa que você tem de sobra né?
Breno - As vezes até demais. Fazer o que não é?
Robertinho - Beleza, casinha maneira, varanda, plantas, lar de uma família feliz.
Breno - As vezes tenho uns pegas com meu mano, mas depois tudo se resolve. Aposto que sua casa dá de dez a zero na minha, zona sul, deve ser maior casarão com piscina e tudo mais, quem anda num carro desses não pode ser duro.
Robertinho - Sim é um casarão, mas não tem piscina. E esse caro é do meu coroa não meu. Sou mais ferrado do que você cara, nem emprego eu tenho.
Breno - Por que não quer aposto. Inteligente você é e capaz também, basta acreditar em você.
Robertinho - Ta parecendo minha mãe, minha irmã.
Breno - Mas é verdade cara, o primeiro a acreditar na gente tem que ser nós mesmos, senão nada acontece.
Robertinho - Bom... Talvez você tenha razão. Cara chega de te encher, é tão bom conversar contigo que à hora voa. Amanha você trabalha, não quero ficar te alugando, depois nos falamos certo.
Breno - Valeu então.
Apertamos as mãos eu e o Robertinho, saio do carro, ele pisca com o farol e sai. Entro em casa
E não encontro ninguém, a porta como sempre encostada, vou direto pro quarto deixo minha mochila, separo umas peças de rouba e vou pro banho. Debaixo do chuveiro fico pensando na conversa que tive com o Robertinho, fico imaginando quais são os problemas além da bebida e das drogas, e principalmente o que mais me intrigava era que um cara que aparentemente tem tudo, como dinheiro, facilidades, é bonito, o que leva um jovem desses a mergulhar de cabeça na bebida, nas drogas, algo que cresci sabendo claramente ser errado e por isso que nunca entrei. Não tenho preconceitos e tal, mas sei lah, queria saber o que o levou a isso.
Saio do banheiro e vou pro quarto, logo chega o Rick correndo.
Breno - O que foi muleke?
Rick - Cara estava selecionando as musicas do meu niver, ficou show.
Breno - Cara você só fala nisso.
Rick - Não começa ta, não esqueci a cena que você fez hoje por causa do soco.
Breno - Claro cara, logo de manha na boca do estomago você me dá um soco, quer o que?
Rick - Machucou?
Breno - Na hora sim, mas passou. Nem sabia, está fazendo jiu jitsu né.
Rick - Comecei sábado, só tive duas aulas.
Breno - Agora vai ser covardia pow, eu não luto nada.
Rick - Não vou te bater relaxa... Não enquanto você não for comigo no shopping para comprar minha roupa né.
Breno - Interesseiro.
Rick - Breno e o Jhonny, será que ele vem. Queria apresentar ele a meus amigos, sempre falo dele, que ele manja tudo de jogos. Breno por que ele foi embora assim, nem falou comigo. Minha mãe não fala nada, você não fala nada. Não sou mais criança poxa, e eu percebo as coisas. Me diz o que aconteceu.
Breno - Cara o Jhonny um dia te conta tudo. Eu falei com ele, entreguei sua cartinha pra ele. Vamos ver, ele não me ligou mais, não sei. Hoje alias ele tinha que me ligar e não ligou. Rick vai dar tudo certo.
Rick - Tomara, faltam apenas seis dias. Sábado é meu niver.
Breno - 16 anos hein leke.
Rickanos te enchendo o saco neh.
Breno - Você é chatinho, mas eu gosto de você.
Rick - Eu sei disso.
Breno - Nossa família, seus amigos, seus professores, todos que você gosta e que gostam de você estarão lah comemorando junto com vc seu aniversário, isso que importa.
Rick - Mas queria que meu melhor amigo também estivesse aqui comemorando comigo.
Breno - Não fique triste cara, ele virá.
Rick me abraça e sai triste. No silencio do quarto percebo o quanto o Jhonny se tornou importante na vida do Rick, estava agora eu torcendo para que ele viesse, lembrei também que hoje segunda sairia o resultado do seu exame que fez num cardiologista em Cabo Frio, já eram dez da noite e o Jhonny nenhuma noticia me deu, ligo o PC pra ver se tinha algum e-mail, algum recado no Orkut e nada, nem no celular. Decido ligar pra ele.
Breno - (celular) Oi Jhonny tudo bem,não me ligou, fiquei esperando cara.
Jhonny - (celular) Desculpe Breno iria te ligar já.
Breno - (celular) Sei... Cara por favor me conta, e aí qual foi o resultado no exame, o que deu nele cara você não me disse nada. Fala, você realmente tem algum problema no coração. Jhonny você está realmente doente.
Na aflição da resposta da ligação
Continua...
Galera obrigado pelo carinho e principalmente pela paciência, sei que não deve ser fácil esperar tanto tempo pelas continuações dos contos, mas minha vida está uma correria, volta as aulas, faculdade, tudo muito difícil. Bom... pensei sinceramente em parar no capitulo 100 pois agora até dezembro ficara complicado pra mim, mas devido aos e-mails que recebi e comentários também vi que teria que correr muito com as historias, cortar tramas, ficaria ruim, talvez não valha a pena isso. Bom conto ainda com a opinião de vocês. Gostaria de agradecer também aos comentários, os contos ficaram no ranking dos mais comentados do site no mês, não é os mais lidos, porém um dos mais comentados, devo isso a vcs. Os e-mails vcs sabem demora um pouco mais leio e respondo a todos sem exceção. Uma coisa que gostaria de mencionar aqui é que não ligo para as criticas, até gosto, porem criticas dos leitores que acompanham os contos, as demais não me importam e de maneira nenhuma me afetam pois caso isso acontecesse não estaria durante tantos meses postando aqui, e tenho vários advogados de defesa, obrigado pelas palavras de todos vocês.
Meu e-mail: multiplosex@hotmail.com