Giorgio continou abaixado, porém não sabia o que dizer. Ou melhor, conhecia bastante aquela cidade, pois já havia lido mapas, pesquisado informações sobre o Brasil e, de facto, Santa Catarina. Porém, a fisionomia e o psíquico do homem hipnotizaram-no, fazendo-o calar-se. Aproximadamente, o homem tinha uns trinta anos; era musculado, possuía os cabelos levemente grisalhos, e uns olhos verdes e serenos. Giorgio estava a admirar o homem à sua frente, quando, de súbito, rompe o diálogo entre os estranhos.
Estranho: Ei! Olá! Você pode me ouvir? Você é surdo-mudo?
Giorgio: Não, desculpa-me, senhor. Estava... estava a...
Estranho: Uoh! Alto lá! Você não é daqui, ou é?
Giorgio: Saudações! Eu sou de Bragança, Portugal. Estou nesta cidade há um mês. Conheço bastantes locais, posso ajudar-te a chegar até o centro comercial. Chamo-me Giorgio Falgures.
Estranho: O meu nome é Fábio. Muito prazer.
Giorgio: Como?
Fábio: Muito prazer, eu disse.
Giorgio: Oh, percebo-te! Em Portugal, falamos "muito gosto", ou simplesmente "gosto".
Fábio: Ah, legal. Então, Jorge...
Giorgio: Chamo-me Giorgio, senhor!
Fábio: Desculpa aí, GI-OR-GIO-! Então, você sabe onde fica o centro comercial?
Giorgio: Se vais de pés, tomarás tempo, pois...
Fábio (a sorrir): Eu tenho carro.
Giorgio: Oh, certo. Deves, assim, ir-te por aquela rua que vês. Segue em frente sempre, que chegas rapidamente. É um tipo de rota alternativa, pois hoje o tráfego está intenso. O meu tio trabalha próximo de lá.
Fábio: Você fala bem engraçado, e muito rápido também. Eu amei o teu sotaque.
Giorgio: Certo, senhor. Até logo.
Fábio: Você é bem formal pra um menino da tua idade. Quantos anos tu tens, dezenove?
Giorgio: Tenho dezessete, mas sei que aparento mais. Uh, senhor, não estás apressado? Deves de ir a uma reunião, não?
Fábio: Na verdade, não. Olha, Giorgio, vou ser sincero contigo... eu sei onde fica o centro, até melhor do que tu. Moro aqui em Floripa há um tempão.
Giorgio: Uh, por que perguntaste, então?
Fábio: Porque eu te vi aí, sentado na fonte, e te achei muito encantador. Gostei de você.
Giorgio (a levantar-se): Escusa-me, mas tenho de ir-me...
Fábio: Por favor, não vá... Eu... ficaria muito triste se você fosse.
Giorgio: Solta-me, por favor! Tu malmente conheces-me!
Fábio: Posso te conhecer?
Giorgio sentiu calafrios a percorrer-lhe o corpo. Obviamente, Fábio era um homem afeiçoado. Porém, tinha receio de desenvolver qualquer coisa com um estranho, pois tinha vergonha de si e da família, medo do preconceito e da rejeição, sentimento barroco incessante e demasiada insegurança. Giorgio, ainda assim, mirou a face de Fábio e proferiu algo:
Giorgio (a sussurrar): Eu não sei. Por que o desejas?
Fábio: Olha, quando eu te vi, senti que você era diferente. Quis ter você na hora, delícia.
Giorgio: Eu não quero só sexo numa relação. Eu gostaria de algo mais romántico, sensitivo, psíquico, idealístico e...
Fábio cala Giorgio com um beijo rápido e carinhoso. Giorgio tem o ritmo cardíaco acelerado, as pernas trêmulas, e gosta disso. Fábio toca o seu rosto com as duas mãos e adentra a sua língua em sua nova conquista. Giorgio toma tempo para perceber que tinha de abrir a boca e deixar a língua penetrá-lo. Que sensação única e diferente! Fábio tem uma língua grossa e úmida, que examina os meus dentes, esfrega-se no meu palato e lambe-me as gengivas!
Fábio decide chamar o menino ao seu carro.
Fábio: Vem comigo. Prometo deixar a tua tarde de sexta-feira inesquecível.
Giorgio (após uma pausa): Uh, está bem, eu desejo ir contigo, Fábio.
Os dois vão ao carro de Fábio. Este acciona o aquecedor, pois estava frio. Logo, começam a conversar:
Giorgio: Fábio...
Fábio: Pode me chamar de Binho, se quiser. É o meu apelido.
Giorgio: Binho? Prefiro o teu nome ao teu apelido. Imagina-te chamar-me Falgures!
Fábio: Este é o teu apelido? Curioso!
Giorgio: O teu é ainda mais. "Binho" soa como um apodo a mim!
Fábio: Apodo? Peraí... ah!, entendi! Agora que caiu a ficha!
Giorgio: Como? Não te percebi, escusa-me.
Fábio: Pra você, apodo é o que é apelido pra mim. E apelido, pra ti, é... sobrenome pra mim.
Giorgio: Interessante... E pensei que não teria problemas de linguagem ao vir até ao Brasil!
Fábio: Pois é. Você dizia...
Giorgio: És bonito, senhor.
Fábio: Você também.
Giorgio: Grato, senhor.
Fábio: Engraçado você me chamar de senhor... parece até que eu sou o seu pai...
Giorgio: Escusa-me, tenho este hábito.
Fábio: Você não precisa se desculpar comigo toda hora. Eu não 'tou brigando contigo.
Giorgio: Escusa-me, quero dizer, uh...
Fábio (a rir): Tudo bem. Olha, chegamos. Este restaurante dá uma vista linda ao pôr-do-sol.
Giorgio: Eu tenho pouco dinheiro, Fábio. Não posso...
Fábio: Eu pago pra você. Você só me dá o prazer de te ter como companhia?
Giorgio (envergonhado): Já que dizes...
[À mesa]
Fábio: Gostei de você, sabia?
Giorgio: Não gostas mais?
Fábio: Não, assim, eu... eu gostei de te conhecer.
Giorgio: Eu não te conheço. Posso saber o que fazes?
Fábio: Eu sou empresário, gerente de uma multinacional. O meu escritório fica na Tancredo neves, uns dez metros daquela praça em que te achei.
Giorgio: E o que um homem tão ocupado estava a fazer fora do seu escritório?
Fábio: Hoje, tinha só uma reunião pela manhã. Aí, saí um pouco para espairecer antes de acabar na minha casa, bebendo e assistindo televisão. Eu moro sozinho, e você?
Giorgio: Eu vivo com os meus tios e primos. Os meus avós estão em Portugal.
Fábio: E os teus pais?
Giorgio: Estão... não estão mais vivos.
Fábio: Oh, querido. Sinto muito.
Giorgio: Escusa-me, mas quando penso nos meus pais, desato-me uma tristeza proffunda. Nunca pude conhecê-los, pois morreram de forma horrenda. Não quero falar sobre isso.
Fábio: Eu quem te peço desculpa agora. Ei, olha o sol ali se pondo!
De facto, estava a passar um espectáculo natural, e Giorgio contemplara um lindo pôr-do-dol.
Fábio: Posso te beijar?
Giorgio: Não tens medo de alguém estar a ver-te?
Fábio: Giorgio, eu aprendi uma coisa nesses meus 35 anos de vivência... a vida é curta demais e deve ser vivida como se cada dia fosse o último. Talvez, amanhã você não esteja vivo, talvez eu não esteja vivo e, sabe, eu gostei muito de você ter vindo comigo,e quero aproveitar este momento. E se amanhã eu puder refazer isto, serei eternamente grato ao Criador. Giorgio, eu gostei muito de você. Sei que nós poderemos criar algo entre nós...
Giorgio: Oh, mas tu mal sabes quem eu sou!
Fábio: Sei que você é inteligente, bonito, sem dúvida, meigo, gentil, educado, polido e profundo. Eu acho que vi a tua alma lá no chafariz.
Giorgio: Eu não sei o que dizer a ti.
Fábio: Então, me beija. Me beija, que o teu beijo é um favo de mel para mim, um fio das fadas com chocolate, o mais adociado dos perfumes. Me beija, por favor.
Giorgio beijou-o. Estava entregue totalmente a Fábio. Limites não existiam mais para este rapaz.
Após o jantar, Fábio levou Giorgio ao seu apartamento. Era aconchegante, limpo e muito organizado.
Fábio: Sinta-se em casa.
Giorgio: A minha casa não é tão luxuosa como esta!
Fábio: Vai ser... vai ser um dia...
Giorgio: Por que disseste isto?
Fábio: Porque um dia eu quero viver contigo. Posso?
Giorgio: E a filosofia do carpe diem, árcade?!
Fábio: O quê?
Giorgio: "Aproveita o teu dia", diz carpe diem. Não pensavas assim?
Fábio: Sim, mas seria ótimo te ter pra sempre comigo.
Giorgio: Queres ter-me?
Fábio: Sim.
Giorgio: Vem.
Giorgio começa a despir-se. Logo, está somente a usar meias brancas e uma cueca azulada. Giorgio vai a Fábio e desveste-o.
Giorgio (a sorrir): Oh, vejo que estás rígido!
Fábio: Ele é todo teu. Chupa, vai.
Giorgio: Hmmm, hmmmm, hmmmmmmmm, que pénis molhado!
Fábio: Bebe o meu leite, bebe, meu amor.
Giorgio: Hmmmm, hmmm, hmmmm, sou o teu amor, hmmm?
Fábio: Você é meu. Só meu. Ai, chupa, vai! Gostoso, tesão, hmmmmm, delícia!
Giorgio: Queres comer-me? Queres fazer sexo anal comigo?
Fábio: Por que tu falas assim? Até perdi o clima agora!
O pénis de Fábio abaixa, e Giorgio, que havia saído da sala de estar, ouve novamente o barulho dos primos a brincar.
Giorgio: Arre! Que sonho bom estava a ter! Por que estes putitos acordaram-me agora?
A continuar...