MEU AMANTE ERA UM PADRE - 2ª PARTE

Um conto erótico de Modamix
Categoria: Homossexual
Contém 3546 palavras
Data: 16/12/2010 00:51:01
Assuntos: Gay, Homossexual

Era umas 11:00 horas da manhã, estávamos passando por uma cidade que tinha nome de um governador mineiro quando o ônibus quebrou. Tivemos que ficar enterrados lá, o sol torrando de quente não me fez esperar, comecei a procurar por hotéis e achei um bem barato e bom, foi onde fiquei hospedado, pretendi dormir por lá e pegar outro ônibus no dia seguinte. Durante a tarde, as 18 horas, aproveitei para visitar uma tia que, por incrível coincidência viajaria para Juiz de Fora e que passaria então pelo mesmo caminho onde eu ficaria, então combinamos de pegar o mesmo ônibus, pois fui convidado a ir para a casa dela em JF., e tudo ficou para ser decidido dentro do ônibus. Eu disse a ela que iria pensar, e se tomasse coragem desceria no meu ponto de destino já que o carro iria parar por lá. Caso não, seguiria com ela.

Olá!

Oi querido, você por aqui? Que surpresa!

Sim tia, eu mesmo, estou viajando, vou passar meu Natal em outra cidade no interior.

Ah menino, este ano vamos para Juiz de Fora, eu pensei que você fosse estar lá conosco também, por quê não vai?

Prometi a uns amigos que passaria o Natal com eles e depois tomaria outros rumos, tia.

Bem, o convite está feito, caso mude de idéia.

Obrigada tia.

Aonde está aqui filho?

Estou hospedado em um hotel, meu ônibus quebrou, viajo amanhã, fico por aqui esta noite.

Ótimo, poderia ter vindo pra cá, viajaremos amanhã também, iremos no mesmo ônibus então, por quê não segue conosco de uma vez?

Não sei tia, meu caminho é realmente para JF também e eles são muito irresponsáveis, caso eu não tome coragem de ficar por lá eu sigo com vocês para JF, irei decidindo no caminho até lá, certo?

Sim. Bem querido, fique a vontade, preciso ir à rua.

Obrigada, vou visitar um amigo, mas tarde apareço.

Combinados então?

Claro, viajaremos às 9 pela manhã.

Nesta mesma noite hospedado naquela cidade, aproveitei para visitar um ex. problema meu que está casado, hoje – só amigos – constituiu família e tem filhos, lindos por sinal. Fiz bem, fiquei por ali mesmo aquele dia, dei uma saída durante a noite com esse rapaz. Ele era um problema mesmo, porque só queria sexo e cama. As vezes ele me despertava algum entusiasmo, sem grande necessidade, aparentava, mas devidamente em datas especiais como aniversário, páscoa ou algo parecido, viajávamos para locais reservados. Felizmente eu sempre o rejeitei, o que fazia ele ir se afastando de mim aos poucos, por sentir que nunca teria dependência dele cada um seguiu sua vida da melhor forma que o tempo nos levou.

Dessa vez eu fui vê-lo, foi uma saída apenas, por quê? Ele não me estimulava em nada, suas articulações sempre mantinham o meu instinto passional. A maneira fria de me portar diante dele fazia-o entender que eu ainda continuava com o pensamento de encontrar uma pessoa que não desse importância apenas para o sexo mas para os cuidados de um com o outro, mas ele não soube agir assim. Depois, não entendeu o motivo da visita.

Olá Tom, tudo bem?

Deus!!! Você por aqui?

Por quê o espanto, e eu não sou Deus, algum problema?

Claro que não, que surpresa, o que faz por estes lados?

Estava passando por aqui, meu ônibus quebrou, me hospedei em um hotel, passei na casa da tia e aproveitei para lhe fazer uma visita. Onde está sua mulher? Quero cumprimentá-la.

A Solange? Está lá dentro! Vou chamá-la.

Enquanto a sua esposa caminhava até a sala, ele me olhava dos pés a cabeça, parecia não acreditar na minha presença. Seus olhos brilhavam:

Nossa, como você cresceu, como ficou bonito, agora está mais homem.

Sim Tom, cresci, acordei para a vida e estou deixando ela me levar.

Ei menino, quanto tempo hein?

Oi Solange, como vai você sumida?

Eu? Sumida? O sumido aqui é você, estamos todos bem graças a Deus, vou lhes fazer um café, já volto.

Obrigada.

Enquanto Tomás me olhava dos pés a cabeça, sentamos para conversar, o papo voltou um pouco ao passado. Sorrimos por instantes, estávamos felizes por sermos grandes amigos. Sua mulher nunca desconfiou de nada já que eu a considerava uma grande amiga, porém não tinha muita intimidade com ela, pois aquela minha aproximação era devido ao antigo relacionamento que tive com o Tomás. Enquanto sou questionado pelos namoros, fomos interrompidos naquele instante por Solange que nos chamava para a mesa:

Rapazes, venham para a mesa, o café está servido.

Vamos.

Fomos terminar aquele papo na mesa, servidos de biscoito com caputino e na companhia da Solange, uma loira de olhos verdes – o Tom nunca gostou de loiras – com a pele pouco clara, e muito bonita, continuamos nossa conversa. Ali colocávamos os atrasados em dia. Comentavam o que aconteceu com eles durante todo o tempo, como ia a vida, como eu estava. Em dado momento fui questionado por Solange, onde estavam as namoradas. Nesse instante o Tom engasgou-se com um pedaço de biscoito. Eu segurando o sorriso, rapidamente pedi para usar o banheiro por um segundo. Acho que ela não percebeu nada. Nunca prendi tanto um sorriso meu!

Era fácil esconder todo o nosso passado já que eu e o Tom não tínhamos mais interesse um pelo outro, assim pensei. O papo estava muito bom, eles passariam o Natal por ali mesmo e perguntaram-me para onde iria. Respondi para onde estava indo e resolvi convidá-los para sair a noite.

Gente, o café está ótimo. Vocês vão fazer o que hoje a noite?

Não sabemos, por quê?

Ah! Solange, eu iria chamar vocês para darmos uma saída.

O Tom me olhando assustado, perguntou o que Solange achava da idéia, já que havia anos que eles não faziam isso. Ela respondeu como toda dona de casa:

Rapazes, sinto muito mas, preciso cuidar das crianças, e não as levariam para sair a noite em bares. Vocês irão sem mim, importam-se?

Quando abri a boca para insistir, fui cutucado por um pé, o Tom enfiava a perna por baixo da mesa quando conseguiu acertar minha coxa.

Claro que não, mas gostaria que você fosse.

Não poderei, mas o Tom lhe fará companhia. O que acha querido?

Rapidamente notei na face do Tomás uma mudança de cor, enquanto ele respondeu em voz gaga e com pausa nas palavras:

Claro. Claro que sim querida, farei companhia a ele, afinal de contas, ele veio nos visitar não acho justo fazer essa desfeita.

Fico pensando como a moça era ingênua, não tinha maldade, não possuía malícia alguma diante de um casal de homens que pouco se viam ou se falavam já que, antes do seu casamento, eram os melhores amigos. Realmente. Isso não importava para ela, pois seu casamento estava muito bom, eles estavam felizes mas, o Tomás devia aprontar muito morando ali.

Já que você não vai Solange, vou indo, terei que ir até o hotel mudar de roupas depois de tomar um banho, as 19 horas passo por aqui. Até lá vai pensando.

Não querido, terei que ficar, também aguardo ligação da minha mãe.

Tudo certo, então iremos às 19 horas, combinado Tom?

Certo, estarei pronto.

Não esqueça de levar seus documentos querido, acho que a mamãe virá para irmos em um local onde se encontrará com amigas, estarei em casa as 21 horas.

Certo querida, não esquecerei.

Para onde vamos Tom?

Iremos para aquele mesmo bar de sempre, assim não ficamos tão longe de casa.

Combinado, as 19 então?

Claro.

Despedi da Solange, das crianças, e saí sem despedir do Tomás já que lhe encontraria logo mais. Mesmo assim, ele continuou com seus olhares, parecia prever alguma coisa armada. Estava completamente enganado.

As 19 horas eu apareci, como combinado e a Solange já tinha saído.

Olá cara, vamos?

Vamos, e a Solange?

Ela já saiu, foi com sua mãe, não sei onde.

Para onde vamos Tom?

Vamos para a Balada 10.

Mas Tom, combinamos que iríamos para o Bar.

Vamos para a Balada, já que Solange não quis nos acompanhar.

Mas se ela for a nossa procura?

Diremos que mudamos de rumo.

Certo.

Nesta noite fomos para um lugar muito movimentado naquela cidade, estávamos muito bem arrumados e, para os olhos maldosos, éramos um lindo casal de namorados freqüentadores da vida noturna naquela cidade que parecia não dormir nunca. O bar eu já conhecia, pois passei por ele várias vezes quando aos 18 anos, eu namorava uma moça, chamava Elizangela.

Foi meu pior namoro, durou dois dias apenas, pois descobri que ela era uma verdadeira prostituta. Aquilo me deixou em depressão.

A caminho do bar, não conversamos nada, ficamos mudos, ele não tocou em nenhum assunto, fomos calados até chegar no Balada, ele sério dirigia como se eu não estivesse ao seu lado, pus-me a pensar.

Chegamos no bar, vários olhares eram atirados em nossa direção, sentamos comportadíssimos e nos posicionamos um de frente ao outro no meio das mesas. Muitas pessoas nos olhavam, o local estava infestado de pessoas do meio gay. Eu nunca entendi porque o Tom gostava daquele lugar, mesmo quando namorávamos, eu sempre detestei aquela pizzaria, pois não suportava o cheiro de cigarro do pessoal que ia nesse bar, e antes que eu pudesse reclamar, o garçom chegou.

O que vão querer?

Eu? Ah!.. quero um bacardi com gelo e limão, e você Tom?

Eu quero uma cerveja, não esqueça a roupa.

Claro Senhor, o que mais vão querer?

Por enquanto, isso é tudo.

Mal sabia ele que estava ali apenas por acidente. Pois precisava fazer o meu tempo passar, enquanto isso meus pensamentos eram voltados para o outro que, a quilômetros de distância me esperava sem lembrar da minha chegada. O Tom, girava o pescoço para todos os lados enquanto observava os cantores que faziam uma apresentação naquele bar, um ambiente de música ao vivo que acontecia todas as quintas e sábados. O garçom se afasta da mesa.

É garoto, você ainda continua bonito, o que tem aprontado?

Nada Tomás, estou solteiro e você sabe disso, não sou de aprontar.

Estou apenas brincando. Observe, você ainda chama muita atenção nas pessoas. O que passa em você, açúcar?

Não sei.

Nesse instante, circulei com olhares para todas as mesas que nos cercavam e pude perceber o número de homens e mulheres, consegui separar quem era quem por comportamentos e reparei que havia muitos homens que me olhavam discretamente. Fiquei sem graça, pois de vários ângulos existia uma pessoa me observando.

Realmente, existem várias, de onde saíram tantos?

Não sei, a questão é: de onde é você! Entendeu?

Ah! Sim. Claro, vejo que você está bastante conhecido aqui não é mesmo, Tomás?

Sim, passo por aqui todos os sábados para tomar uma cerveja.

Como todo dono de casa, ali era o local escolhido por Tomás, onde ele tomava sua cerveja e passava o tempo pescando, caçando ou catando sabe lá o que e levando para onde só judas sabe. Distraído com a música, sou chamado de repente:

Olá, você? Que novidade, como vai você?

Elizangela? É você?

Sim, sou eu, que saudade, como você mudou. Está namorando?

Sim, estou casado e você?

Tomás me olha assustado, enquanto a garota, que parecia ter 40 anos, me respondia que estava do mesmo jeito e aprontando as mesmas coisas.

Estou aqui, daquele mesmo jeito, um dia aparece, outro não, e vou levando a vida.

Realmente é difícil, mas você é esperta, sempre dará um jeito.

Meti a mão no bolso, e dei a ela um trocado, não era muito mas dava para curtir o seu Natal. Tive pena, a garota era a minha ex-namorada, estava acabada, tinha 25 anos, parecia estar com 40 e tantos anos de idade, aquilo me deixou triste, ela estava triste, o sorriso estampado no seu rosto ficou claro para mim que ela não estava tão contente como aparentava seus lábios, ainda que eu estivesse bastante distante dela e longe de qualquer sentimento para uma aproximação, eu sempre olhei para essa moça com o coração.

A garota sai, se despede da gente, me deseja feliz Natal antecipado, o Tomás me olha nos olhos, e de expressão séria balança a cabeça fazendo um gesto o qual percebia-se nele um ar de ciúmes. Concluí que realmente ele ainda gostava de mim. Sorri para ele enquanto me levantava e ouvia ele me ofender classificando-me de safado.

Vou ao banheiro, Tomás.

Sim, não demore, vamos pedir algo para comer, seu safado.

Quando me dirigi ao banheiro, sou acompanhado por 5 homens que se levantava ao mesmo instante, percebi algo no ar. Resolvi agir normalmente, afinal, não sabia o que podia acontecer em um local onde estava lotado de pessoas com os mesmos comportamentos e orientações sexuais. Eu sempre previa o impossível, e neste momento cheguei por último ao banheiro. Entrando lá estavam eles, os 5 homens, todos entre 30 a 50 anos, caminhei passando por trás de todos que se posicionavam de costas para mim, andei até chegar no final dos vasos.

Terminei, fui até uma pequena pia que era usada por todos, enquanto esperava o último senhor lavar as mãos, fiquei escorado na parede observando a sua bunda, bela, grande e redonda por sinal. Fiquei duro enquanto via ele acabar de lavar as mãos. Meu pênis amolece ao sentir a frieza daquela água que saía da torneira, enquanto ele secava as mãos, virou-se de repente para mim e perguntou pela hora.

Olá! Desculpe incomodar, pode me dizer quantas horas são?

Percebendo que havia um relógio escondido por baixo da sua camisa com mangas cumpridas, questionei-o:

Seu relógio acabou a bateria? São dez para as nove da noite, moço.

Aos sorrisos, ele desconversou dizendo que não era aquela pergunta que seria feita para mim, mas que teria ficado sem jeito. Sorri:

O que era então?

Estive observando você, desde quando chegou, te achei muito interessante, porém não tive coragem de encarar, sabe como é, eu estranho, o que você iria imaginar ao meu respeito?

Não pensei duas vezes ao de dizer que o Tomás era meu namorado. Então ele se desculpou dirigindo-se para a saída. Enquanto eu dava um tempo para sair, secava minhas mãos, logo em seguida vou para a minha mesa.

O que foi fazer no banheiro que demorou tanto?

Fui barrado por um senhor, me cantou, mas como sempre, teve sua resposta merecida.

Bem, uma coisa eu tive certeza. Ali estava cheio de pessoas que iam naquele lugar em busca de sexo, os olhares repetiam até que passaram a me incomodar. Logo o Tomás percebeu que toda aquela história não acabava por ali, mencionando que eu, ao contrário dele, ainda fazia muito sucesso.

Eu disse, você ainda está bonito, consegue conquistar olhares, arrasar sentimentos fazendo destruir corações.

Por quê me diz isso?

Foi o que vi esta noite, estou errado?

Silêncio enquanto o garçom se aproxima:

Senhores, vão comer alguma coisa?

Sim, quero 3 empadas e mais um bacardi. E você Tom?

Quero outra cerveja garço, um filé e a conta, por favor.

Estranhei, ele fez o pedido e logo pediu a conta. Alguma coisa estava errada, perguntei então o que havia acontecido. Ele me deixou sem respostas diante daquele ato totalmente estranho e diferente dos seus comportamentos. Difícil dizer qual de nós se sentia mais inseguro, afinal ele já tinha família, estava casado com uma pessoa que também era minha amiga. Ficamos em total silêncio. Enquanto o garçom nos servia, tentamos esquecer as cenas e começamos a comer, quando levei o copo de bacardi na boca, percebi que seu olhar acompanhava cada parte dos meus movimentos.

O que você ainda sente por mim, Tomás?

Eu gosto de estar perto de você.

Eu não sei o que você sente por mim, mas com você eu não posso mais ficar, e você sabe porque, e por quais motivos.

Ele começou a tremer, enquanto seus olhos umedeciam de lágrimas, comecei a ouvi-lo.

Desculpe, eu não queria tocar nesse assunto, mas você não gosta nem um pouco de mim?

Gosto, mas agora é diferente, Tomás.

Confesso que já havia pensado nisso, mas seria complicado namorar o Tomás estando casado com a Solange, pois eu gostava muito dela e aprendi a conquistar uma confiança muito grande do casal, e o respeito com eles dois crescia a cada dia dentro de mim. Eu gostava de ver eles felizes, e não queria jamais que ela um dia fosse infeliz por minha causa.

Acho que você tem razão, minha vida mudou, estamos em outra.

Coma, está quase na hora de voltarmos, preciso viajar amanhã Tomás, voltarei por aqui mais vezes.

Claro, vamos terminar.

Percebi que essa história não terminava por ali, e naquele instante senti uma enorme vontade de abraça-lo como nos velhos tempos, mas como fazer? Conversávamos enquanto comíamos, o seu celular tocou:

Oi. Já estou em casa querido.

Claro meu bem, já terminamos, estamos indo para casa agora mesmo.

Era a Solange ao telefone, avisava que já tinha chegado em casa. Quando ele desligou, me olhou daquele mesmo jeito, percebi que ele era um completo divido ainda pela sua opção, digo, entre a Solange e eu.

Vamos conversar?

O quê quer me dizer, Tomás?

Você tem razão, eu agi como uma criança, eu não deveria fazer tudo daquela maneira.

Do que está falando, Tomás?

Sem resposta, aguardei que ele continuasse.

Danyel, não sei o que te contaram, mas sei que te amo, e muito cara.

Terminamos, levantando-me, fiz com que ele se levantasse, nossos corpos quase sem muito espaço um do outro, fomos caminhando em direção ao estacionamento. Olhando em meu rosto, ele perguntou:

Está solteiro realmente?

Com sua pergunta, imaginei o que ele era capaz de fazer para conseguir me colocar novamente em sua vida, então decidi que isso não seria justo, afinal, a Solange realmente amava ele, os dois já tinham filhos.

Pensei em dizer a verdade mas, alimentei aquele sentimento com uma dose de mentira para não estragar aquele casamento, então respondi:

Não, não estou só, Tomás, estou namorando já tem 9 meses, mas ele foi ver a família.

Entramos no carro, e seguimos para o hotel, onde eu ficaria. Enquanto íamos, ficamos algum tempo em completo silêncio, da mesma forma quando fomos para o bar. Ele apenas me olhava com os olhos cheios de água. Minha voz, confusa entre tantos pensamentos, perdia-se diante do medo.

Chegamos na frente do hotel. Abro a porta do carro. Novamente ele olha para mim, com os olhos vermelhos estende o braço, seu olhar parecia perguntar porque fiz aquilo. Por que tinha quer ser daquele jeito? Por que tudo precisava acabar daquela maneira? Fiz força, muita força para não chorar na presença do Tomás. Consegui me despedir dele com muita dificuldade, fechei a porta, enquanto ele me olhava entrar, acenei com o braço, como se estivesse indo de encontro com a morte. Um gesto de adeus.

Na recepção, o Rodrigo, funcionário do hotel, perguntou se eu estava passando bem, respondi que sim. Peguei as chaves do meu quarto e subi. Me deitei naquela enorme cama, de repente o silêncio tomou conta de tudo. Logo veio a escuridão, aos poucos comecei a chorar. De bom não havia nada naquele quarto, a escuridão me fez parecer estar presente no inferno, onde a luz não reinava, somente a escuridão de um mundo totalmente inferior.

Portas fechadas, luz apagas, me isolei de tudo, trancado comecei a chorar, chorar, chorar até adormecer.

Por que fiz tudo aquilo?

Já era o novo dia, acordei, tomei café, me dirigi até a casa da minha tia, de onde partiríamos para a rodoviária que ficava bem próximo daquele lugar onde passei aquela noite. Eu e a minha tia viajaríamos pelo mesmo caminho já que o meu destino estava traçado pela mesma estrada.

Seguimos viagem, eu, ela e uma prima minha, filha da irmã do meu pai que tinha falecido em 01 de Janeiro de 2002, viajando, como eu.

Na estrada íamos conversando, ela tentando me convencer a ir juntos, eu descaradamente dizia as duas que deveria descer naquela cidade porque alguém me esperava, já estávamos combinados passar o Natal por lá e o Ano Novo também, mas falei para a tia que iria pensar na sua proposta.

6 horas depois, o ônibus chega na entrada da cidade onde eu ficaria, e logo ao olhar para os lados, sou saudado com anúncio de bem-vindo, era um banner, placa que anunciava a existência daquela cidade, peguei o celular, liguei para o Padre avisando que estava chegando, ele disse que iria a meu encontro, quando na verdade já estava de pé no terminal rodoviário. O ônibus entra por um lado, vejo um senhor de pé, claro, de braços cruzados na plataforma de parada observando os ônibus que chegavam, percebi que ele circulava com a cabeça em todos os carros. Peguei novamente o celular para ligar e certificar-me de que, aquele senhor seria o Padre, pois não tinha eu gostado muito daquela aparência.

Esperava que ele fosse atender o telefone. “Vendo ele pegar o aparelho, eu não desceria ali, seguiria viagem com a minha tia mas, ao tentar discar, o funcionário da empresa pede por nossa atenção, sou interrompido, até nos informar sobre uma senhora que teria passado do ponto de parada certo dia”. Com isso, me esqueço de ligar, e acabo descendo ali naquele lugar, onde verdadeiramente era o meu destino.

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