Meninos Malvados - 3ª Temporada - 3x04 -Boas Intencões

Categoria: Homossexual
Contém 1094 palavras
Data: 30/01/2011 17:37:45

[Música: Heartless – The Fray]

O tempo estava bastante estranho naquele dia em Florianópolis, antes de sair de casa, Igor tinha visto de sua sacada as nuvens escuras que cobriam o lardo esquerdo do céu. Agora, um pouco mais tarde, que saiu pelo jardim da casa de Maurício, sentia os pingos de chuva que lhe tocaram o rosto inicialmente, finos, leves, se misturavam as suas lágrimas. Eles eram tão iguais, pensavam quase todos de maneira igual.

Enquanto caminhada até a saída da mansão, Igor sentia seus olhos às vezes escurecerem, sua mente trouxe, então, de volta como num rápido Flashback do ano 2007, o dia de sua partida, chovia a dois dias na cidade, era uma quarta, e fazia quatro dias que tudo tinha acontecido, lembrou-se de comprar uma passagem de ônibus até a capital, Rio de Janeiro. Ele não chorava mais nesse dia, sentia-se anestesiado de qualquer dor.

A chuva em Florianópolis se firmada e os pingos finos começaram a ficar mais fortes e grossos, em poucos instantes os cabelos de Igor já estava bastante molhados, assim como usa roupa, mas quando alcançou a portão de saída, viu que era eletrônico, e que a única maneira de fugir seria pulando o muro, mas ele era medroso o suficiente para nem cogitar essa hipótese. Parada na chuva, ao fechar os olhos recordou-se na partida na rodoviária, fazia tanto tempo que evitava lembrar aquilo, alguns segundos vislumbrando as últimas imagens de Campos dos Goytacazes, e Igor por efeito de um calmante, apagou pelo resto da viagem.

Uma buzina e os olhos de Igor se abriram:

- Larga de ser cabeça dura, entra aqui, esta chuvendo muito, te levo em casa. – Maurício estava mais uma vez em seu camaro.

Igor sabia que não tinha outra saída, até achar um taxi naquela chuva, estaria muito molhado, num súbito acesso decisivo, entro no carro todo molhado.

- Igor, você não precisava fugir assim rapaz! Eu não ia fazer nada demais contigo. Minhas intenções contigo são muito boas! – Enquanto dirigia o carro que agora já rumava rumo ao apartamento de Igor, Maurício falava com o menino, que agora se encontrava de cabeça baixa, muito olhado, parecia em estado de choque. Mas o silencio foi quebrado por uma voz muito embargada.

- Boas Intenções? – A voz de Igor era embargada e incisiva, ele respirava muito lento. – Você não me conhece, você pode achar que sabe algo de mim, mas não é por que você me vê sempre, ou que me deseja, que quer dizer que saiba de quem eu sou, você nem sabe das feridas que sangram em meu coração todas as noites quando eu vou dormir.

Os olhos marejados de Igor agora olhavam para frente, lagrimas se misturavam com a água que saia de seus cabelos muito úmidos.

- Me desculpe... Eu fiz tudo errado... Mas mesmo que você não entenda, ou aceite, minhas intenções são as melhores, eu acabei de pedir o divórcio a minha esposa, para estar com você... – O transito estava lento, Maurício parou o carro num sinal que estava vermelho. Igor ficou em silêncio por alguns segundos.

- Eu me demito! – As palavras saíram de sua boca ao mesmo tempo em que a porta do carro se abriu e Igor saiu para rua. Pegou a contramão pelo caminho o qual Maurício não poderia segui-lo, a chuva estava tão forte, mas Igor sentia-se em paz consigo mesmo, jamais seria conveniente com traições, ele repugnava traição e Maurício não era homem para ele, Igor sabia que aquele homem queria mais uma aventura, ele fazia o estilo do canalha que se diverte por um tempo e joga fora.

Andando um pouco a esmo, Igor viu uma pequena escadaria coberta, onde correu e sentou-se olhando a chuva, estava muito molhado, mas a chuva era muito forte. Ficou ali por alguns segundos, observado a chuva. Abstraiu-se do mundo, e só foi recobrar a atenção, alguns minutos depois quando uma voz grave o chamou, era um desconhecido.

- Ei rapaz! O que faz sentado ai? É morador de rua? – O rapaz de olhos azuis e corpo normal, alto, estava no porta que dava para escada, Igor estava sentado de frente de um prédio.

- Desculpe, não, estou só me protegendo da chuva... fui pego de surpresa. - Igor olhou para o rapaz no alto da escada. – Mas eu não vou ficar aqui, vou andando, desculpe por atrapalhar.

- De forma alguma, eu vi quando estava na sacado do meu apartamento quando alguém saiu de um carro no farol e veio correndo para essa área. Pensei que fosse assalto, ou alguém fugindo de seqüestro relâmpago, por isso vim até aqui, quando percebi que você se abrigou por aqui por baixo. – O rapaz descia as escadas, tinha uma toalha nas mãos.

Igor sentiu-se obrigado a dar algum tipo de satisfação a aquele bem feitor, aquele sim, com boas intenções, a um estranho, solidário de verdade:

- Eu acabei de pedir demissão, meu chefe não me via mais como apenas mais um funcionário. A como eu sou dramático, sai correndo do carro para não ter que ouvir mais nada. – Igor sorriu meio sem graça enquanto secava-se com a toalha.

- Então você é fujão? – O rapaz dos olhos muito azuis questionou Igor.

Esse deu de ombro, como que deixa subentendido o mais ou menos, talvez seja, e sorriu ao agradecer e entregar a toalha ao seu benfeitor.

- Vou aproveitar a chuva virou uma garoa e vou andando, moro próximo, naquele prédio lá – Igor apontou para um prédio a duas quadras dali – Obrigado por tudo, meu benfeitor.

Enquanto Igor já andava, o rapaz, veio até a beira da escada que dava para rua e gritou para o menino que já andava um pouco rápido na chuva:

- Me agradeceria melhor, se me disse seu nome!

Igor sorriu um sorriso muito iluminado que não sorria há muito tempo e respondeu:

- Igor!

- Luís Gustavo!

Igor sorriu, deu um pequeno aceno de tchau e começou a correr em direção ao seu prédio. Uma noite com boas intenções, uma conturbada e outra de verdadeira solidariedade... Igor sentia-se tranqüilo, desempregado talvez, mas tranqüilo, despretensioso como nunca.

Mas assim que chegou a porta do prédio onde morava, seu coração disparou, de costas no hall do prédio estava Maurício que o esperava, engraçado como de costas ele parecia com Matheus. Igor não tinha para onde fugir, mas estava resguardado pela opção de não querer receber o Maurício em sua casa. Seria com certeza apenas um pequeno mal estar e tudo estaria acabado. Boas Intenções, dela o inferno está cheioQUER CONHECER OS MENINOS MALVADOS?

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