Eu nunca fui muito de sair a noite, mas nesse dia alguns amigos meus haviam me convidado e ficaram meio que colocando aquela pilha pra eu ir. Eu estava em época de pré-vestibular , estava super concentrado e preocupado com as provas, mas realmente meus amigos ficava colocando aquela pilha de que eu devia descontrair , beijar na boca , transar , namorar e como eu não era freqüentador do meio Gay , tinha 18 anos recém completos e uma ótima relação familiar , tinha apenas minha irmãzinha mais nova de seis anos e meus pais sempre investiram muito no meu futuro eu já havia feito dois idiomas (alemão e espanhol) meu pai trabalha em uma multinacional e é diretor de um setor inteiro e queria me preparar para trabalhar junto com ele e quem sabe até ir para a Espanha trabalhar direto na matriz da empresa. Com relação a sexualidade eles sempre se mostraram liberais, ao menos no modo de entender , lembro que quando houveram os primeiros homossexuais nos reality shows , eles comentavam de forma normal , nunca fizeram nenhum tipo de comentários grosseiros, meu pai tinha cerca de 10 pessoas homossexuais no setor dele entre homens e mulheres e sempre foi muito respeitador com todas as pessoas e minha mãe é diretora de um colégio tradicional aqui da cidade e sempre teve que lidar com diversos tipos de situação , porém , eu sempre me mantive reservado com relação a minha situação porque me sentia inseguro com relação aos meus pais, por mais que sejam compreensivos eu não sabia como iriam reagir com relação ao próprio filho.
Mas conheci alguns meninos gays nos chat’s , discretos, mas mais liberais com relação a ir a meio gay , boites e festas gays , nunca namorei nenhum deles, apenas fiz boas amizades , minhas transas eram esporádicas , saí muitas vezes com um cara que mora no prédio da frente, um físico de grego , uma pele morena jambo e olhos verdes incrivelmente sedutores, o sexo era ótimo com ele , mas sempre era vazio, sempre era muito pornográfico, e eu já gosto daquele contexto erótico , de envolvimento , de beijar , de tocar , de curtir todas as preliminares aquele contato da pele , de transpirar junto, sentir a respiração ofegante do outro , aquela coisa toda seqüenciada , mas ele apesar de ser bem gentil , de ser cuidadoso pra não machucar no sexo anal , não era muito ligado nesse lado, ele era muito de partir pra penetração e depois sempre tinha algum compromisso e nem rolava um papo depois, era meio frio.
Nesse dia eu resolvi aceitar o convite dos meus amigos para ir a essa festa, era na casa de um menino que tinha piscina, churrasqueira e ia rolar uma festinha na casa dele , pois os pais haviam viajado.
Cheguei na casa desse garoto cerca de umas 21:00 , era uma casa bem localizada, em um condomínio de luxo aqui do bairro , toquei a campainha da casa, o som estava em uma altura razoável , acho que por conta do regulamento, mas tava bem legal , entrei e percebi que a casa estava bem movimentada, muitos garotos bonitos , tipo modelinhos , eu logo encontrei o Nicholas meu amigo que havia me chamado , ele me levou pra área externa pra me apresentar pro dono da casa. Era um garoto bem atraente , não diria que era gay se o visse na rua , um corpo definido , mas não bombado. Ele me recebeu muito bem , me deu um abraço meio abusado , mas tinha uma boa pegada, me deu um beijo na nuca e elogiou meu perfume (212 vip tá??? É pra quem pode rsrs) Eu comecei a curtir a festa, bebi caipirinha , fiquei meio alto , mas relaxei , resolvi curtir , mas comecei a ver umas coisas que me desagradaram , comecei a ver o uso de muitas drogas , o início de um sexo grupal na piscina , e senti o clima ficando meio pesado. Chamei meu amigo que estava pra lá de bêbado e ficou naquela insistência pra eu ficar , mas eu disse que estava me sentindo mal , que tinha misturado muita bebida e não tinha condição de ficar. Me dirigi até a saída da casa e fui andando pelo condomínio , muito arborizado , limpo e bonito , a lua estava linda e eu fui refletindo sobre o ocorrido naquela casa, um monte de garotos bonitos se drogando, fazendo sexo sem critério, eu apesar de ter tido aquele affair com meu vizinho eu não curtia muito o sexo pelo sexo, sonhava com um carinha legal , tinha o ideal de encontrar um cara legal, namorar, coisas do tipo e pensando nisto eu fui por aquele caminho, eu não morava longe Dalí e fui andando sem me ligar em nada, já estava na avenida principal e ia pegar a rua descendo, resolvir ir pra casa a pé. Já eram duas horas da manhã e eu não senti nenhum perigo , fui andando , quando menos esperei um grupo de crianças de rua me cercou , eles ficaram me fazendo um monte de chacotas, ficaram me alisando , dizendo, que pele macia , ficaram me ameaçando com estiletes próximo ao meu rosto e começaram a mandar que eu tirasse tênis , relógio , minha roupa e me deixaram só de cueca na rua , me deram alguns chutes e depois saíram correndo porque uma patrulha se aproximou , eu fiquei em estado de choque, só lembro de ter sentado no chão e colocar o rosto entre os joelhos e quando a viatura se aproximou eu só olhei para o policial e depois não consegui ver mais nada , eu sei que eles me levaram até a delegacia, eu lembro de ter recobrado a consicencia no corredor da delegacia aonde eu vi uma grande movimentação , eu estava envolto em uma espécie de cobertor , chamei por uma senhora que estava no balcão e ela se dirigiu até mim, me olhou de forma muito carinhosa, diria que até materna e me disse: você passou por um trauma, estava preocupada com você , vamos até a cozinha, quer beber mais um pouco de água? Eu nem me lembrava de ter bebido água até aquele momento, mas eu a acompanhei. Ela me levou até a cozinha, me deu uma água e perguntou se eu queria tomar um banho e colocar uma roupa. Eu já estava um pouco melhor e perguntei se não era roupa de presidiário , ela riu e me disse que não, que era uma roupa comum , algumas reservas que eles tinham lá para situações assim. Eu fui até o banheiro, tomei um banho, coloquei a roupa e voltei para o salão. Ela me disse que o delegado de plantão estava me esperando para que eu pudesse prestar o depoimento. Eu fui até a sala do delegado , ele havia se ausentado alguns minutos para tomar um café, aguardei cerca de uns cinco minutos, ouvi uns passos e a voz de um cara que parecia ser jovem, mas só olhei quando ele se aproximou mais, ele era incrivelmente lindo , devia ter pelo menos 28 anos , era alto, devia ter quase 1,80 de altura , moreno claro , um rosto muito bonito , másculo apesar de jovem , cabelos pretos , corte de cabelo asa delta , cabelos lisos , eu tentei conter a minha admiração , era o tipo galã de novela. Ele me deu boa noite e iniciou a conversa , a senhora sentou-se em uma mesa ao lado e começou a redigir o meu depoimento, aquele bando de meninos pelo que eu soube já vem agindo há um certo tempo na região e chegaram a ferir gravemente algumas pessoas com armas de corte e a violentar uma menina. Eu prestei todo o depoimento e já estava amanhecendo , eles me pediram o contato com a família e eu já havia imaginado que meus pais deveriam estar preocupados
Meus pais foram me buscar na delegacia, minha mãe chorava nervosa, me abraçavam e toda aquela situação típica de pais zelosos que agradeço a Deus por ter.
Fiquei alguns dias recolhido, dei entrada na segunda via de documentos e ganhei todas as coisas de volta, celular, mp3 , relógio e carteira.
Estava concentrado nos meus estudos novamente , mas sentia que precisava relaxar, aquela cena dos garotos, da agressão ainda não havia saído da minha mente e volta e meia eu tinha algum pesadelo.
Resolvi pegar um dia , um sábado de manhã e fui até a praia. Pegei meu MP3 e fui caminhando até a praia. O dia estava bonito, o calor na medida certa , muitos surfistas e kites na praia , eu sentei na areia , sentindo a aquele vento gostoso , estava ouvindo uma música naquela hora que mexe muito comigo que é a Marcas de Ontém da Adriana Mezzadri que fez parte da trilha sonora do Clone.
Eu coloquei a musica no repeat e relaxei com aquela música e começaram a passar muitas coisas pela minha mente , refleti sobre muitas coisas , derrepente senti um toque nas minhas costas , quando virei pra trás pareceu cena de novela, sabe quando rola o encontro de dois personagens de par romântico que toca a música de fundo com o encontro? Pois é , na hora que olhei pra trás estava entrando outra música do Clone que é a Meu grande amor da Lara Fabian ... exatamente naquele instrumental do começo de piano, eu achei muito engraçado porque pareceu coisa de novela mesmo. Era o delegato ou melhor o Lucas , ele estava com aquela roupa de surfista , no dia que prestei depoimento eu notei que ele é todo definido e tem aquele bração , aquele corpo perfeito, definição perfeita, aquele homem que tem um corpo lindo e inclusive pernas grossas e aquela bunda toda redondinha. Eu apesar de ser passivo acho que homem de bunda bonita é tudo!
Ele me cumprimentou , achei até estranho isso porque eu pensei que ele enquanto delegado ou qualquer outro policial não teria essa proximidade com um cidadão comum , mas ele se mostrou diferente. Me perguntou se eu estava bem , sentou do meu lado e começamos a conversar , ele me contou que naquela noite ele estava substituindo o outro delgado , mas ele havia mudado de setor e sido transferido para um setor interno e administrativo e que não ficaria mais na rua ou nas delegacias.
Ficamos conversando por várias horas, subimos a um trailer e tomamos uma água de coco e ele se despediu , ele me disse que sempre ia aquela praia pra surfar e que qualquer coisa ele estaria por ali. Eu fiquei encantado, não imaginei que pudesse rolar uma conversa tão legal e tão extensa com um cara daqueles, mas ele era sensível , apesar de másculo e viril , ele tinha um ar de sensibilidade no modo de encarar a vida, muito inteligente, meio idealista, me contou de algumas coisas que ele já havia vivido na rua , dos confrontos e outras situações e falamos sobre questões sociais e foi um papo muito legal. Observei a quantidade de garotas que falava com ele , a forma com que se jogavam e se insinuavam, imaginei o quanto daquelas garotas ele já não deveria ter ficado e confesso que cheguei a invejá-las.
Eu fiquei uns dois dias em casa estudando, ele me disse que costumava ir pra praia surfar de manhã , exceto nos dias que surgia algum imprevisto de trabalho , eu fiquei instigado a retornar e encontrá-lo e tive sorte , ele estava lá e desta vez só de sunga, eu pude admirar aquele corpo monumental quase que por inteiro , ele sorriu ao me ver. Sentamos novamente juntos, ficamos conversando, ele me perguntou pelo vestibular, ficamos conversando mais uma vez durante horas. Ele começou a me contar mais sobre a vida dele e me disse que estava em um grande impasse sobre o que comprar de presente pra “gatinha” dele ... eu logo pensei que poderia se tratar de uma namorada , mas ele me disse que era a filha dele , e aí que todas as esperanças se dissiparam , pensei logo que ele era casado , filha , ou seja, realmente acordei de um sonho que eu já havia julgado ser impossível e dei aquela de desentendido e perguntei normalmente, sobre a quanto tempo ele e a esposa estavam juntos. Ele me disse que nunca foi casado , que a filha era fruto de um namoro que ele teve com uma garota que até iria se casar, mas ela se mostrou muito diferente do que ele imaginava e acabou não dando certo entre os dois. Dali em diante a nossa amizade se fortaleceu , foi curioso que ele começou a fazer parte da minha vida, nós fomos juntos ao shopping comprar o presente da filha dele e eu o ajudei na escolha, afinal eu tenho uma irmã da mesma idade da filha dele , logo ele começou a freqüentar a minha casa, meus pais se relacionavam bem com ele , afinal ele era jovem, apesar de ser dez anos mais velho do que eu , ele era bem jovem , ainda curtia viver, sair e tem uma mentalidade bem legal, nós costumamos sair pra levar a filha dele e a minha irmã no shopping, no parque, eu virei meio que conselheiro dele porque as vezes é um pouquinho nervosinho, esquentado , quando íamos pras night’s ele as vezes se esquentava com alguns carinhas abusados que chegavam na mulher que ele tava ficando e queria resolver na base da porrada e eu que sempre dava uma segurada nele , uma vez, uma ficante dele que tava meio bêbada me disse : tu parece mulher dele, fica controlando ele , deixa ele sair na porrada. Eu olhei aquela situação e pensei ... apesar de ser homem ” biologicamente falando ” , pensei : Homem é um bicho burro mesmo, arruma essas mulherzinhas toscas que só servem pra dar uma comida mesmo, mas ficam se metendo com essas vagabas e depois reclamam que não arrumam mulher certa. Nada contra as mulheres, mas contra esse tipo de mulher e principalmente os caras muitas das vezes maravilhosos que se metem com elas .... ou vulgarmente falando: “ se metem e metem nelas” Mas a nossa relação se fortalecia e conheci a mãe dele que inclusive me adorou, ele foi morar sozinho um tempo depois , eu praticamente organizei a casa dele , eu achava estranho as vezes alguns gestos dele , ele tinha horas que me tratava como um bibelô , mas nunca rolava nada efetivo, ele praticamente era meu namorado ou meu irmão mais velho, sei lá, tinha muito aquele senso de proteção comigo, me ligava , me dizia os locais que eu não deveria passar, eu estava começando a prova do vestibular e ele sempre me perguntava como estava , me desejava sorte, eu estava tentando em três faculdades diferentes , ele era meu protetor, perto dele eu me sentia acolhido, protegido, as vezes rolava uns abraços entre nós , eu não sei se ele percebia alguma coisa, mas eu não fazia de maldade, mas eu me sentia completamente apaixonado por ele, as vezes quando eu estava inseguro ou com medo por conta da tensão das provas e ele me abraçava e eu me entregava ao corpo dele, sabe aquela coisa que parece que o corpo da pessoa é como aquela cama macia e aquele cobertor em dia de frio, aquela coisa que te conforta, que te sustenta, que te faz mergulhar naquele momento parecendo que nada mais existe em volta, eu não sentia nenhum laço de maldade ou de intuito sexual , eu também não me excitava, não era esse o sentido, era mais profundo , sei lá , é muito curioso esse sentimento e essa relação que se desenvolveu entre nós, era mágico.
Eu enfim passei no vestibular e nós havíamos marcado de sair a noite pra comemorar, eu fui almoçar com os meus pais e minha irmãzinha e a noite eu iria sair com ele. Nós havíamos combinado de nos encontrarmos direto em um bar que costumávamos ir , era um lugarzinho bem legal, com musica ao vivo, sempre íamos lá quando o nosso encontro era mais pra conversa, pois boites não davam pra conversar e o foco dele lá era mulher. Engraçado que ele nunca questionou eu não pegar nenhuma mulher, eu acho que um cara qualquer , no mínimo esperto já teria sacado a minha e ele não é nenhum bobinho, mas nunca me perguntou, questionou ou muito menos zoou , apenas não entrava no mérito e eu por minha vez também preferi deixar as coisas como estavam. Eu fiquei esperando por ele umas duas horas , senti uma coisa muito estranha, sabe aquele aperto no peito e a intuição de alguma coisa errada acontecendo. Eu resolvi ligar pra ele , e ele não atendeu , eu pedi mais um chope e tentei relaxar, demorou uns quinze minutos ele me ligou , me pediu mil desculpas , mas todos os policiais haviam sido convocados pra uma ação que iria acontecer um complexo de favelas e me disse que ele teria que ir e por isso ele não havia conseguido me ligar para avisar que não poderia me encontrar. Eu disse que iria rezar por ele, ele me agradeceu , e disse em um tom muito entristecido que se desse tudo certo , se não acontecesse nada com ele , que ele iria dar o passo certo na vida dele e fazer a melhor escolha que ele já poderia ter feito. Eu não entendi muito bem , mas continuava com aquele sentimento de preocupação que em parte já havia tido um significado. Fui até a praia, era um campo sagrado pra mim. Nunca fui religioso, mas sempre tive fé , sempre acreditei em tudo de bom que poderia haver, uma vez , no ano novo eu assisti um culto de Iemanjá na praia , sempre achei aquela imagem muito bonita , sempre acreditei que no mar existia aquela mulher bonita vestida de azul que protegia as pessoas e neste dia uma senhora que parecia ser mãe de santo me deu um desses santinhos de oração de são Jorge e outro de são Sebastião e me disse uma frase que me tocou muito: “ filho do caçador e da rainha das águas doces , que sua coroa seja sempre iluminada e que seu coração seja sempre bondoso como é . toma essas orações , sempre que você sentir seu coração apertado faz essa reza , sempre que se sentir em perigo, peça a Jorge que proteja seus caminhos e daqueles que você ama e peça a Sebastião que te ajude na tua missão” Eu andava com essas orações na carteira e na vez que fui roubado eu havia perdido esses santinhos, apesar de não ser religioso, eu acredito que na natureza Deus se expressa e se manifesta e comecei a rezar mais depois do assalto , comprei outros santinhos iguais, não sei se o que aquela senhora tinha me dado tinha sido benzido , mas eu não tinha dado muita atenção a esse lado , vivia nessa preocupação de só estudar pro vestibular e sendo assim eu nunca tinha feito uma oração , as vezes quando eu lembrava antes de dormir, minha mãe sempre me pergunta se eu rezei quando vou dormir , eu as vezes mentia, dizia que já , e as vezes até rezava, mas depois que aconteceram essas coisas eu passei a me ligar mais nesse lado espiritual , acendo vela pro meu anjo da guarda , de vez em quando entrava em umas igrejas católicas que sempre achei muito bonitas , gosto de rezar no silencio e também já fui em algumas sessões kardecistas com a mãe do Lucas.
Eu me sentei na beira da praia e comecei a rezar praquela senhora do mar, li a oração de são Jorge e São Sebastião e pensava muito no Lucas, comecei a chorar, meu peito doía , sentia que precisava estar ali rezando por ele. Não me dei conta da hora, já eram quase duas horas da manhã , ainda havia muito movimento na orla e eu subi até o calçadão e peguei um taxi , cheguei em casa e minha mãe tava acordada na sala , estava terminado a programação de um evento da escola. Eu fui até ela , dei um beijo , ela me perguntou se estava tudo bem , eu contei sobre o Lucas e ela ficou igualmente preocupada, falou que também iria rezar por ele. Eu dei um beijo nela e fui pro meu quarto, tomei um banho e tentei deitar pra dormir, deixei o celular ao lado do travesseiro, eu não dormi , as vezes cochilava, mas tinha sempre aquele susto, pensava que o telefone poderia tocar, nisso a noite foi passando e eu vi o dia clarear. Logo por volta das oito da manhã o telefone tocou e era do rádio do Lucas. Atendi dizendo: “Nossa eu nem dormi preocupado contigo” Era a D. Laura a mãe dele , ela estava com uma voz embargada , disse que o Lucas tinha tomado um tiro e estava em uma cirurgia. Eu fiquei paralisado , sem reação , meus pais ainda não haviam se levantado, afinal no final de semana eles dormiam até tarde e eu não pude falar nada, minha reação foi correr para o hospital , eu logo encontrei a D. Laura e a abracei , ela chorava muito, eu retirei os santinhos do bolso e nós ficamos em oração. O Médico surgiu no corredor e disse que a cirurgia havia sido bem sucedida , mas o estado dele ainda era delicado. Fiquei revezando com a D. Laura durante esses dias , ele ficou na UTI e nós ficávamos no hospital fazendo o acompanhamento, eu tentava passar força pra D. Laura , levava ela pra almoçar, fazia umas saladas coloridas no self service , tentava anima-la a comer, mas ela ficou muito abalada e preocupada com o filho e me agradecia o tempo todo por estar ali do lado dela.
Os dias foram se passando e ele foi apresentando melhora. Alguns dias depois ele foi transferido para um quarto particular e enfim eu pude vê-lo. Ele já estava melhor , já com mais condições de falar e se mover. Ele me olhou , eu vi que ele estava com um certo ar de emoção. Eu não tive a menor vergonha ou medo de me aproximar, dei um beijo e acariciei o rosto dele , não pude conter a emoção. Ele sorriu e me olhou, disse que estava muito feliz de me ver e que naquele momento aonde ele se viu perto da morte ele só pensava em três pessoas que eram a filha, a mãe e eu. Eu olhei pra ele , ficamos em silencio apenas nos olhando, ele me pediu pra aproximar o rosto e me beijou . Naquele momento eu senti como se tudo parasse, só sentia o beijo dele , o toque da mão dele na minha nuca , eu não senti medo de que ninguém entrasse, visse , criticasse, eu só me importava por estar vivendo aquele momento que eu sempre sonhei e de ter o homem que eu amo de volta do meu lado.
Nós deixamos aquele momento fluir , ele me disse que assim que saísse Dalí , nós teríamos uma chance melhor de conversar, a recuperação dele foi progredindo e algum tempo depois ele estava de volta em casa. A D. Laura foi ficar uns dias no AP. dele pra dar uma ajuda e quando ela não podia eu ficava com ele, mas , ainda não havíamos conversado. Apenas mantínhamos aquela nossa relação , ficávamos abraçados, assistindo TV na sala abraçados, parecia que só existia aquele momento, mas eu não me importei, deixei o tempo fiuir.
Um pouco tempo depois ele já estava podendo sair e me propôs uma viagem. Fomos para o Nordeste , pra um resort , eram umas merecidas férias depois de todo esse stress que tínhamos passado.
Nós ficamos no mesmo quarto, chegamos, e começamos a agendar programações de passeios e outras coisas. No final da tarde, nós descemos e fomos até uma prainha muito gostosa , com uma água mansa , umas marolinhas leves , aquele clima de por do sol. Ficamos ali novamente juntos, desta vez não abraçados, pois essas coisas entre nós só rolava esse contato quando estávamos sozinhos na casa dele ou em algum lugar privado, nada combinado, mas só rolava nessas situações.
Ficamos em silencio um tempo, ele me olhou e me perguntou se eu lembrava o que ele havia dito antes de ir praquela ação? Eu disse que lembrava algo sobre decisões e ele disse:
- Pois é , decisões certas, decisões que por medo, por ignorância e digo até que por burrice eu não tomei antes.
Eu me mantive calado, apenas olhava pra ele de forma compreensiva. Não forcei nenhuma barra, deixei fluir , ele me estendeu a mão , me abraçou por cima do ombro como um amigo abraça o outro , fomos caminhando por aquela praia , chegamos até um cantinho mais deserto e ele parou e me beijou , me beijou mais intensamente e nós fomos nos envolvendo em um clima muito intenso , nós fizemos amor ali , foi mágico, foi como eu sempre sonhei , foi intenso , com verdade , com toque , eu sentia a respiração dele , o corpo dele , o cheiro da pele , o beijo dele , era tudo único pra mim , acariciar os cabelos , o peso do corpo dele sobre o meu , e Dalí em diante nós estamos juntos. Com relação a mãe dele e a minha família, houve uma certa resistência no inicio , mas as coisas se acertaram, meu pai foi um pouco mais resistentes, de início nos tratava com uma certa hostilidade, mas um dia entre uma cervejinha , churrasco e jogo de futebol (aliás os dois torcem pelo mesmo time) as coisas se harmonizaram , sempre que nos reunimos ficamos eu , minha sogra e minha mãe na cozinha e os dois fanáticos por futebol ou debatendo o jogo ou jogando buraco perto da piscina e as meninas brincando ou na piscina ou no quarto jogando joguinhos no PC.
Enfim amigos , essa é a minha história!
Espero que outros tenham a chance de viver algo tão lindo e tão emocionante quanto o que vivi ....