Não contente com a nota, o Marco começou a frequentar as aulas de dúvidas do professor, no entanto, raras eram as vezes em que aparecia mais alguém, tal levou a que Marco desenvolvesse uma relação com o professor cada vez mais próxima. Além disso, Marco tinha também adicionado o e-mail do professor no Messenger, passando noites, após o jantar a conversar com o professor. Agora conversavam não apenas sobre a disciplina, mas falavam também de outras coisas, algumas delas relacionadas com ciências, outras mais pessoais.
Marco ficou sabendo que Prof. Telmo entrou na faculdade apenas com 17 anos, era um ano mais novo que os restantes alunos da turma, ele tinha cursado química. Quando já estava nos últimos anos do curso, ele inscreveu-se numa outra faculdade onde tirou ciências da educação, de modo a poder dar aulas e agora, apesar da sua idade, já se encontrava a tirar o doutoramento em química. Marco passou a admirar Prof. Telmo mais do que qualquer outra pessoa que tivesse conhecido.
Chegou o segundo teste e, tal como o primeiro, as notas foram más, no entanto Marco conseguiu subir para 19, enquanto a Carla subiu para 16, o Carla por sua vez continuou com 8. Mais uma vez Marco foi elogiado pelo professor e, juntamente com ele, a sua amiga Carla que tinha subida 2 valores, o que causou uma sensação estranha a Marco. Embora este estivesse contente com a subida da amiga, o facto de o professor a estar a elogiar causou-lhe uma sensação estranha, “seria que estava a sentir ciúmes”, pensou para si.
As férias de Natal chegaram e Prof. Telmo foi para a sua Terra Natal, foi para o Porto, no entanto Marco continuava a comunicar com ele pela internet, na verdade, todos os dias após o jantar ele ligava ao computador e esperava que o Prof. Telmo estivesse online. Sem dar conta, ele importava-se mais com o Prof. Telmo, durante as férias este não tinha aparecido no messenger durante três dias seguidos, pelo que o Marco dava consigo a pensar constantemente se teria acontecido alguma coisa com ele.
Os seus pais notaram, pois muitas eram as vezes que falavam com Marco e este não lhes prestava atenção, uma vez que estava perdido nos seus pensamentos. O seu pai começou a desconfiar que Marco estivesse apaixonado por alguém, questionando quem era a felizarda, no entanto Marco desmentia-o sempre dizendo que apenas estava preocupado com a escola e as notas.
O 2.º período começou, e tal como o primeiro Marco estava ansioso em ir para a escola, desta vez por razões diferentes, pois a 1.ª aula seria a de química. Enquanto conversava com a Carla e o Gonçalo sobre as férias e as prendas que tinham recebido o tempo passava e o Prof. Telmo não aparecia, o que começava a causar alguma ansiedade ao Marco.
Marco: Mas o professor não vem?
Gonçalo: Calma, quem me dera que ele faltasse, um furo vem sempre a calhar.
Marco: Não digas isso, ele não pode faltar. – disse meio desesperado.
Carla: O Marco tem razão, não nos podemos atrasar na matéria, se isso acontecer depois teremos de a dar a correr e será mais difícil. – disse, no entanto tinha estranhado atitude de Marco, sabia que ele era aplicado, contudo nunca o tinha visto desejar que um professor não faltasse ou ficar desesperado por faltarem.
Uma das empregadas da escola aproximou-se deles e da restante turma e disse “o professor não virá esta semana, podem ir embora pois não haverá aula.”
Muitos foram os gritos de euforia que se fizeram sentir junto à porta da sala, algo que começava a deixar Marco irritado, ele aproximou-se da funcionária e perguntou “sabe porque motivo o professor não pode vir dar aulas esta semana?”.
Funcionária: O professor Telmo sofreu um acidente rodoviário quando vinha do Porto para Lisboa, encontra-se internado no hospital e não se sabe ainda quando poderá ter alta.
O choque abateu-se sobre Marco e este teve-se de conter para que a sua face permanecesse imparcial à notícia que tinha acabado de receber.
Carla: Obrigado, espero que ele melhore rapidamente. – disse, agradecendo à funcionária da escola.
Gonçalo: Bem, vamos aproveitar o furo para ir ao bar da escola comer qualquer coisa?
Carla: Pode ser, vamos Marco?
Marco: Claro.
No curto caminho até ao bar, Marco permaneceu em silêncio, pois tinha receio de que se abrisse a boca começaria a chorar, razão pela qual inventou uma desculpa rápida de que precisava de ir à biblioteca da escola procurar um livro separando-se dos amigos. Na verdade, Marco não foi até à biblioteca, mas sim até à casa de banho onde entrou num dos compartimentos que esta oferecia, trancou a porta e sentou-se no chão a chorar baixinho para que ninguém o ouvisse. Ele não queria acreditar que o Prof. Telmo estava internado no hospital, não ele.