Desejo Constante 4 (Parte 3)

Um conto erótico de Pequeno T
Categoria: Homossexual
Contém 2274 palavras
Data: 21/02/2012 20:44:17

O que foi? – Ele parou na porta e se virou para saber do que se tratava.

- Ah... Nada, vamos. – Guardei o celular para que ele não o visse.

Ao acaso, achei melhor que ele não soubesse, talvez eu pudesse resolver aquilo tudo com Jéssica. Bom, era o que eu pensava.

Fomos almoçar em um restaurante no centro da cidade, por volta de 13:30, não estava cheio de gente, mas também não estava vazio, era um ambiente bom para conversarmos... Eu tentava não lembrar da mensagem que Jess havia me enviado, não queria deixar escapar nada, pois acabaria metendo Gabriel no meio de tudo, afinal, ele já havia feito muita coisa por mim sem eu o ter protegido uma vez em troca.

- O que você tem? Não fala nada desde que saímos da casa de seus tios, e mal tocou na sua comida... Algo que eu possa ajudar? – Ele estendeu seu braço sob a mesa e tocou minha mão esquerda posicionada ao lado do meu copo.

- Não é nada de mais, estou um pouco apreensivo, ainda não tenho certeza se Carlota entendeu bem o que viu, e ainda tem Caio que não fala mais comigo. – Acariciei sua mão sob a minha enquanto contava mentiras.

- Não se preocupe, pelo o que bem vi, Carlota não contaria sobre o que viu para sua tia, afinal ela deve prezar o emprego que tem, e não arranjaria confusão. E quanto ao Caio, bom... Se ele realmente for seu amigo, entenderá seus motivos.

- Vou passar a contar mais meus problemas pra você rsrs. Sabe exatamente o que dizer – Ele realmente sabia.

- Sou todo ouvidos.

Peguei meu celular, resolveria aquilo em breve, respondi a mensagem de Jéssica, pedindo para que me encontrasse no shopping às 2:50, estaria disposto a pará-la antes que algo pudesse acontecer. Não creio que ela seria tão infantil a ponto de contar a todos.

- Então... Depois de almoçar, quer ir em algum lugar? Tenho o resto da tarde livre só pra você...

- Eu adoraria passar o resto da minha tarde com você, mas eu tenho que encontrar alguém no shopping – Notei seu olhar crescer, e se diferenciar ao ouvir a palavra “alguém” – Mas ainda podemos sair esse final de semana, que tal irmos ao cinema?

- Como assim alguém? Esse “alguém” provavelmente tem nome... – Ele soltou minha mão.

- Tá com ciúmes? Que fofo ahaha – Ele corou, mas ainda com o rosto fechado, era engraçado vê-lo com ciúmes.

- Não ria, quero saber quem é...

- Não é ninguém importante, é só a Jéssica, ela queria falar comigo em particular, acho que é alguma coisa sobre a festa de aniversário dela, ainda não tenho certeza. Mas não se preocupa que se der, eu ligo pra você passar o resto da tarde comigo, assim você pode me contar algumas coisas que eu ainda quero saber.

- Ok então, fala pra ela me convidar pra festa. – “Tenho certeza que ela vai” pensei – Mas o que você quer saber?

- Deixa pra eu te perguntar depois...

- Suspense, gostei.

Ele fez sinal para o garçom e pediu a conta.

- Ah, e por falar em contar coisas, tinha que te falar sobre meu teste que fiz na terça-feira.

- Que teste? Você fez algum teste na terça-feira?

- Sim, eu fiz o teste para o time de futebol do ensino médio, Iury conseguiu uma vaga pra fazer o teste e eu... Passei. Sou oficialmente um jogador da escola. – Pude sentir seu entusiasmo no tom da frase.

- Meus parabéns! Mas porque não me contou antes? E... Desde quando fala com Iury? – Foi uma pergunta atrás de outra, eu fiquei realmente surpreso com tudo, pois além de ele não me contar algo importante como fazer parte do time de futebol, eu não sabia que ele estava andando com Iury, um dos “machos alfa” da escola, digamos assim.

- Eu queria fazer uma surpresa, mas não deu bem certo, como você pôde ver...

- Foi por isso que você foi até o apartamento de meus tios? – Debrucei meus braços sob a mesa, como que está interessado no assunto.

- Foi... E só de pensar que aquele cara iria tocar em você... – Ele trincou os dentes.

- Calma, já passou, eu estou aqui com você agora, isso importa. Nós.

No momento em que percebi o quanto estar ali comigo era importante pra ele, meu coração congelou, ou melhor, trincou, mas não por tristeza. Foi como da primeira vez em que o vi, andando em minha direção. Eu estava sendo amado mais uma vez, não era fã de contos de fadas, ou de finais felizes, pois sabia que na maioria das vezes não aconteciam. Mas minha mente fértil permitiu que aqueles meus momentos com ele se denominassem verdadeiros contos, dos quais se eu os escrevesse, poderia ler e reler, afinal, era minha história.

Gabriel me deixou no shopping o qual eu iria encontrar Jéssica, ainda sorridente, disse que se algo acontecesse eu poderia ligar, ou talvez, pudéssemos aproveitar o final da tarde juntos, eu não iria dispensar tamanho convite, claro.

Fui à praça de alimentação, a mensagem de Jéssica dizia que iria me encontrar lá, sabe-se lá o porque de ser na praça de alimentação, poderíamos procurar um lugar mais calmo, ou talvez ela só quisesse sentar, conversar e comer algo no final se conseguisse o que queria. Poderia ser isso?

A garota de blusa branca, calça jeans e salto alto, provavelmente estaria procurando alguém, não podia deixar de notar que ela era bonita de longe, mas uma garota como aquela não poderia estar sozinha. O que eu estava fazendo? Era ela, mas não podia ser... Jéssica? A garota para qual todos olhavam era Jéssica? Pude notar pois ao se aproximar de minha mesa, ela tinha a mesma pinta que Jéssica tinha no pescoço, ou melhor... Ah, que confuso.

- Vejo que não recuou, ou se escondeu de mim. Isso é bom. – Ela se sentou a mesa, mas eu ainda estava processando o que acabara de ver.

- Oi Jéssica. Aproveitou a tarde pra passar no salão?

- Isso não vêm ao caso, mas sim...

Realmente, estava boquiaberto, não era o que eu estava acostumado ao vê-la no colégio, ela era do tipo tímida ao que se vê, mas atirada ao que se não vê. Porque ela se arrumou toda?

- Bom, vamos ao que nos trouxe aqui, olha, sobre eu e o Gabriel... Nós... – Ia ser bem direto, mas ela foi quem levou a melhor, e me interrompeu.

- Não estão namorando de verdade, eu sei. Foi uma boa jogada pra tirar a Nicolle do caminho, a final eu sei que você não está mais “na dela”. – O jeito como ela conduziu a conversa me fez soar um tanto confuso.

- O quê? – Ela entendeu errado? Então pra ela eu não estou com Gabriel de verdade? Espera aí... Então ela não descobriu o que eu pensava? Nossa, ela parecia ser mais inteligente...

- Admito que no começo até achei que você tivesse uma “pinta” mas depois entendi tudo, eu soube que a Nicolle está totalmente desgovernada. Brenda, estava passando no corredor e viu você abraçado com Gabriel e contou tudo para Nicolle, claro que a turma toda já sabe, e zombaram da cara da Nicolle na saída.

- Mas... Mas... – Era um absurdo como as coisas são vistas, provavelmente como a história foi passada de mãos em mãos, foi colocada no final de uma forma totalmente diferente, o que era bom.

- E agora, o caminho está livre pra mim. – Ela se levantou, e sentou ao meu lado, e por fim, claro, me beijou.

- Espera Jéssica, espera... Para. – Interrompi.

- O que foi? Eu não sou boa o suficiente? Você ficou “babando” quando me viu, qual a desculpa agora? – Em revirar de olhos, pude entender o motivo de tudo aquilo, claro, eu era um tanto mais experto do que ela, então, aquilo tudo se tratava de... Ciúmes?

- Eu não to entendendo, achei que você... Não é apaixonada pelo Gabriel? Você queria ficar com ele na festa da Hanna.

- Garotos são tão bobos... Eu admito que o Gabriel até tem um certo charme e que muitas estão na cola dele. – Engoli minhas próprias palavras novamente - Mas eu prefiro você, acha mesmo que eu pedi pra você ir a festa da Hanna a toa? Acha que eu não falei pra você do Gabriel só pra ti fazer ciúmes? Então, agora que você já sabe, não preciso mais fingir.

- Escuta, eu até acho você legal e tudo mais, e somos amigos. Quero dizer, sempre fomos, não é agora que as coisas vão mudar. Eu... Sinto muito – Me levantei da mesa, estava de alguma forma, abalado.

Nunca teria imaginado esse lado de Jéssica... E ao saber que eu e Gabriel fomos vistos no corredor, soube que não era seguro ficar perto dele a sós. A não ser que quiséssemos acabar com nosso relacionamento por causas que muitos conhecem.

- Não vou forçar nada, eu seu que você vai ceder, mais cedo ou mais tarde. Não se preocupe meu lindo, vai ser preciso mais que uma mentira de um casal gay para me tirar do caminho. – Ela se levantou, e sumiu no meio dos que caminhavam ao redor da praça.

Estava muito confuso pra fazer algum tipo de argumento. Então, ao invés de eu me preocupar com as garotas atrás de Gabriel, na verdade eu deveria me preocupar com as garotas atrás de mim?

Em meio tudo aquilo, segui em direção a loja de livros, estava chegando o aniversário da minha tia, eu iria dar um livro do qual ela sempre falava, na verdade, eram vários de uma coleção, então iria comprar o que ela ainda não havia lido.

- Ah droga! Me desculpe, eu não prestei atenção... – Um garoto esbarrou em mim e derramou café, provavelmente havia acabado de sair do Starbucks, não vi seu rosto pois estava abaixado juntando seu copo agora sem valor. Foi algo tão rápido que eu poderia nem ter notado a mancha de café no meu peito.

- Que isso, não foi nada de mais, já estou indo pra casa mesmo, uma mancha de café não mata ninguém – Enquanto eu falava, ele se levantou e vi um sorriso brotar de seu rosto.

Ele era mais alto que eu, possivelmente mais velho, olhos verdeados e seus cabelos loiros, bagunçados pelo baque, eu poderia ter ajeitado para não ficar engraçado, mas ele logo o fez.

- Cara me desculpa, vem... Vou comprar uma camisa nova pra você trocar essa. – Ele pegou no meu ombro e me conduziu. – Não me senti nada confortável com seu gesto, eu já havia dito que iria pra casa, não precisava comprar outra camisa.

- Não precisa, é só uma mancha de café rsrs.

- Mancha? Metade do seu peito está marrom. – Ele parou e “examinou” a mancha - Por favor, eu imploro, me deixa comprar uma nova camisa pra você... Mesmo porque, foi você que derramou meu café.

- Eu? Você esbarrou em mim, devia tomar mais cuidado quando andar por aí – Tirei sua mão de meu ombro.

- Então isso é um sim? – Ele era persistente, me lembrava muito alguém com o qual sempre me ganhava em persistência.

- Pode ser, só não derrame nada na minha camisa novamente.

- Não prometo nada.

Ele me levou até a loja Levi’s, lá pediu para eu escolher uma camisa qualquer que fosse do meu gosto. Fiquei um pouco sem graça, mas era ele que insistia, então escolhi uma que me conveio, e fui experimentar.

Entrei no vestiário, e logo em seguida percebo que ele está do outro lado da porta me esperando.

- Então, ficou boa?

- Sim, essa aqui não é nada mal. – Não sabia o porque, mas estava dialogando com aquele adolescente desconhecido que havia derramado café em mim. Eu deveria ficar calado até ele comprar e “até nunca mais”.

Saí da loja com a camisa e a sacola para minha camisa manchada, a essa altura eu só pensava em chegar em casa e ligar para Gabriel sobre a história maluca da Jéssica, ele merecia saber tanto quanto eu. Acho que aquela tarde não merecia uma saída de casal para o cinema ou algo do tipo.

- Ei, espera... – O garoto veio atrás de mim.

- O quê foi agora? – Perguntei desorientado e ainda caminhando em direção a saída.

- Você não... Não me disse seu nome.

Me virei e o encarei por alguns segundos. Eu não deveria seguir em frente? Então por que diabos eu havia parado?

- Thales... – Provavelmente achando que eu perguntaria o seu nome logo em seguida, ficou parado e esperando o meu próximo passo. Mas logo me interveio de fazer o meu “nada”.

- Lucas, prazer... – Ele estendeu a mão, vendo que eu não perguntei seu nome.

- Prazer Lucas, e obrigado pela camisa. – Fiz um movimento com a cabeça, normalmente feito para confirmar algo.

- Você já vai pra casa? Se quiser eu te dou uma caron...

- Não, mas obrigado, de novo. Vou pegar um táxi. – Ao seu olhar era perceptível que ele estava incomodado com algo.

Ele se virou e seguiu o caminho contrário do que eu iria seguir. Naquela dia, tudo fora muito estranho, ou tecnicamente, compulsivo. Ainda não sabia o paradeiro da fita da qual Gabriel pegou, esperava que ele a tivesse queimado ou algo assim, recebi mensagem um tanto ameaçadora de Jéssica mas no final, descobri o seu verdadeiro “eu”. Ganhei uma camisa nova e uma com mancha de café. Eu deveria seriamente estar me perguntando: Quem era aquele garoto?

Agradeço a todos que comentam, leem e gostam, não sabem o quão gratificante é pra mim. Quem diria que algo começado por curiosidade poderia se tornar meu novo vício? Confesso que ao receber meus primeiros comentários no meu primeiro conto, foi algo tão maravilhoso e logo me vi no "desejo constante" de escrever cade vez mais. Obrigado a todos vocês! :)

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Comentários

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Um quarteto... Q beleza!!! Muitooooo bom!! Ta incrivel seu conto! Ve se continua logo :-D

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Mto bom ... Nota dez, seu conto está me fascinando.

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Quem será o garoto misterioso????, eu tô amando o seu conto!!!

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