A PORTA DO INFERNO – FINAL
Última noite; Bryan Mcknight, 1863: Esta talvez seja a última vez que escrevo na minha vida. Procurei relatar fielmente tudo o que vi e que vivi desde que comecei minha busca por Jill, a mulher que amo, e por vingança, o único sentimento que tem espaço em minha alma desde o início desta jornada.
Toda história tem dois lados, mas só a do vencedor se firma e ecoa pela eternidade. Todo homem tem seu ponto de saturação: o meu é este; nesse momento, nesse lugar. Vencendo ou perdendo essa guerra terminará nesta noite.
Nunca busquei saber quais são os propósitos da minha vida. Porém, uma certeza tenho; cada cenário transformado em massacre, cada segundo, cada gota de sangue derramada, cada estilhaço de pólvora disparado; definitivamente há algo de espiritual neste plano que foi preparado para mim. Algo que não entendo, mas tampouco posso deixar de sentir. Nesta noite minha história ficará guardada para todo o sempre. E ao final afirmo a todos os bem aventurados que tiverem contato com esta carta: tudo valeu a pena, ainda que por um breve momento.
* * *
Montanhas Cheyenne, Colorado Springs – Quartel general do 75° regimento de infantaria do exército americano.
- Todos os homens em seus postos! – gritava o desesperado oficial, em meio aos disparos e à correria dos soldados que se posicionavam.
- General, o inimigo ultrapassou nosso perímetro! Estamos sob ataque!
- Usem os morteiros! Sargento, use os Howitzer!
- Canhões Howitzer em posição! Preparar!
- Fogo!
Em torno das muralhas da guarnição americana bombas caíam do céu iluminando a noite e levantando poeira e neve nos campos do Colorado. Alheio às explosões e ao cheiro de pólvora e carne despedaçada um homem de cabelos negros, olhos vermelhos e postura fria caminhava seguido por centenas de semelhantes e fiéis discípulos a caminho dos portões da base. Os tiros não o atingiam, o fogo escaldante não o queimava. Seus seguidores eliminavam como moscas os soldados que se posicionavam nas torres dos muros para detê-los com certeiros disparos de fuzil. Dante então chegou aos portões de aço blindado e com um soco os destroçou atirando-os longe.
Em 1863 os morteiros Howitzer equivaliam à bomba atômica dos tempos de hoje. Um homem que não era derrubado por um tiro destes certamente não seria derrubado por nada. Por nada deste mundo.
Os soldados apavorados recuaram ao ver aquele homem com olhar de demônio adentrar seu quartel. O general, um homem robusto de extensas barbas brancas e repleto de medalhas em seu ombro era o único que ainda apontava seu fuzil para o homem de preto – “este é o homem que atirou em Bryan na noite em que tudo começou”, pensou Dante.
O senhor do inferno rangeu seus dentes, mirou o peito do velho general e como que sem esforço fez o tórax do homem explodir e seu coração voar até a palma das frias mãos de Dante. O velho senhor teve tempo de ver o órgão bater pela última vez antes de cair morto.
Os soldados restantes, amedrontados e com tom de hipnose no olhar baixaram suas armas e ouviram Dante dizer em alto e bom som:
- A partir de agora vocês recebem ordens de mim. Sua missão é capturar este homem: Bryan McKnight!.
* * *
Na calada da noite os pesados passos de coturno não foram ouvidos por ninguém no saloon de Selene em meio às bebedeiras e cantorias, exceto pelos ouvidos de Bryan, que preparou seu revólver com a bala de prata, presente de Alicia e Nina, na agulha da arma.
Homens de uniforme militar cercaram o bar e tomaram posições enquanto Dante, agora líder do grupo, os observava .
- Saiam todos com as mãos para o alto! Vocês estão cercados por tropas federais! – gritou o jovem major do bando. Sob o comando de Dante seu único objetivo era capturar Knight.
- Estão atrás de você, Bryan – Disse Selene.
- Leve as meninas para o porão e mande todo mundo embora, Selene. Não saia de lá antes de eu voltar ou do sol nascer.
Bryan tombou uma das mesas de madeira e ficou atrás dela, com a arma apontada para a porta, esperando a primeira leva de soldados entrar. Quando a ordem foi dada por Dante o justiceiro sacou seu revolver reserva, um colt peacemaker e derrubou os cinco primeiros soldados. A salva de tiros vinda de fora se intensificou perfurando as paredes de madeira, destruindo os lustres do saloon e fazendo Bryan correr para trás do balcão, não antes de pegar o fuzil de um dos soldados mortos e disparar por uma fresta um tiro certeiro contra o enorme tanque de querosene combustível na rua em frente ao bar, causando uma gigantesca explosão que derrubou quase todos os homens na rua, exceto Dante.
Knight então quebra a porta do saloon com um chute e sai a rua, em meio as chamas que começavam a consumir várias casas e prédios, disposto a encarar seu duelo final com o senhor do inferno.
- Finalmente, Dante! Vamos terminar isso agora.
- Venha comigo, garoto. Não me force a atirar em você!
Knight aponta o Smith & Wesson com a bala de prata pronta para o disparo e retruca: - Acho que não, velhote. Tenho uma idéia melhor. Você me devolve a Jill e eu não estouro sua cabeça agora.
Dante ri. “-Venha Bryan. Você é o homem que vai me substituir como rei do inferno. Eu tive inúmeras chances de te matar se eu realmente quisesse isso. Por que insiste em ficar nessa pocilga com apenas a Jill se pode ter a mulher que quiser no universo?”
O forasteiro não entende. Apenas responde sem pensar: “-bom, ainda prefiro a Jill a você, ela é um pouco mais bonita. Em segundo, o whisque do bar da Selene é muito bom. E se você quer tanto se aposentar como rei do inferno eu posso providenciar isso agora. Talvez seja hora de você sentar numa praça e arremessar milho para as pombas, jogar xadrez...coisas de velho. E parar de me encher o saco”.
- Você ainda não pegou o espírito da Coisa, Bryan. VOCÊ É MEU FILHO!’ A Jill foi apenas a isca para te atrair.
Bryan olha para Dante enquanto este conta toda a história para ele. Desde a madrugada na fazenda. O filho homem desejado por seu pai. Até o seqüestro de Jill.
Pela primeira vez na vida Bryan sente sua arma tremer nas mãos. Ele já ouvira a história de como seu nascimento fora um “milagre”. Tudo fazia sentido. “-EU SOU SEU PAI, BRYAN!”.
Olhos nos olhos. O suor e a indecisão correm no rosto de Bryan McKnight. O Click do Relógio, única coisa que restara da torre da velha igreja badala três horas da manhã. A hora maligna. Hora em que os espíritos voltam para visitar os vivos. Bryan apura seu olhar e atira a bala de prata em Dante.
Tarde demais. O homem vindo das profundezas do inferno se antecipa e puxa o gatilho de sua arma acertando o lado esquerdo do peito de Knight, que cai pelas escadas da entrada do Saloon. O bar arde em chamas enquanto Selene e as meninas tentam fugir mas são capturadas pelos soldados de Dante. O saloon vai ao chão, tábua por tábua, sob o fogo intenso.
“Perdoe-me Jill. Eu falhei”.
* * *
“- Hora de encarar o destino, Knight!”
Recém acordado de um transe Knight vê a garota ruiva em vestes brancas que carrega um imenso cachorro, com olhar semelhante ao de um leão e uma coleira metálica. Eles estão em um grande campo verde. Knight deitado e Hella de costas para um labirinto de espessas folhagens. A garota de olhos verdes agacha-se e acaricia o rosto de Knight.
- Acabou, Bryan. Apenas relaxe. Prometo que farei tudo o que for possível para tornar sua eternidade agradável aqui comigo.
- N-ãã......o
- Fique calmo. Me deixe cuidar de você. Você parece bem debilitado agora e...
Knight então agarra o pulso de Hella com força quase esmagando-o e puxa o corpo da garota que cai sobre o seu.
- Me diga o que eu posso fazer agora, Hella.
- Me solte, Knight! Senão eu...
Bryan interrompe a frase de Hella de repente puxando e arrancando a coleira elétrica do cão de guarda e prendendo-a no pescoço da feiticeira ruiva, que se levanta rapidamente e some pelo labirinto. Ele apenas tem tempo de ver a garota se virar e dizer com um sorriso matreiro nos lábios: “- Se me pegar, te falo o que você quer saber!”.
O cão então, sem nenhum controle, avança sobre o pescoço de Knight que luta com suas últimas forças para livrar-se dele. Dentes afiados rasgam a pele do justiceiro, que pela primeira vez pensa não ter chance em uma briga. Ele se lembra de Jill. De tudo que ela deve estar passando nas mãos de Dante. Da bela garota loira de olhos cor do céu que se sacrificou por ele. Puxa o ar para dentro dos pulmões: sinal de que ainda tem a vida como sempre a conheceu. Lembra do Senhor de barbas e vestes brancas que o desejou sorte em sua jornada, e então um sopro faz seu olhar brilhar de novo.
Knight agarra o animal pelo maxilar com a mão esquerda e pelo focinho com a direita. Torce cada punho para um lado ouvindo um estalo e vendo a fera cair desfalecida ao seu lado. “Levante-se, Bryan!”. Pega então o chicote que Hella deixara cair durante a fuga e pressiona um pequeno botão no cabo. Ouve o grito feminino de dor vindo do fundo dos labirintos.
A corrente elétrica faz a deusa do inferno sentir um arrepio demasiado humano percorrer seu corpo. Knight caminha ferido mas altivo e determinado ao encontro da garota que agora rasteja em quatro patas tentando parcamente fugir após o choque.
“-Não vou dizer onde ela e o Dante estão! Para você tudo acaba aqui. Hora de encarar o destino, Knight!”
“-Hora de encarar a eletricidade, Hella”.
Pressionou mais uma vez o botão e viu o corpo da garota dar um solavanco para frente e cair de vez ao chão, braços esticados e rosto no solo, apenas o quadril levemente levantado denunciava que a garota ainda estava viva. Um gemido agudo seguido de soluços ofegantes ecoou da boca de Hella por todo o lugar. O vestido branco agora molhado pela umidade da relva que colava a vestimenta ao corpo da menina revelava belas formas, carnais demais até para uma deusa. Os olhos verdes fitavam Knight, de baixo para cima. Este, em pé ao lado de Hella tirou o cinto de sua calça e com ele prendeu firmemente os dois braços da garota cruzados nas costas, acima do quadril. O couro apertava seus punhos tão firmemente que não permitiam qualquer movimento. Pegou-a por uma das alças no ombro e a colocou de joelhos, com o rosto na altura de sua cintura. Passou os dedos pelos cabelos ruivos e com uma força moderada puxou-os para trás, fazendo com que a garota olhasse diretamente em seus olhos.
- Vou deixar você decidir como vou continuar isso, Hella: com dor ou sem dor.
* * *
Em outro lugar, um comboio com três carruagens entrava na caverna encravada na maior montanha dos arredores de Rockland, o esconderijo final de Dante e de seu bando: os diabos do leste. O primeiro veículo era conduzido pelo líder, os outros dois pelos seus soldados. Traziam objetos de saque, armas e jaulas com as garotas feitas prisioneiras nas incursões pelas cidades da região. Ao entrar no lugar a visão escurecia, as paredes vermelhas como magma e as estalactites no teto tornavam o lugar sinistro: se na terra havia uma porta para o inferno, este lugar era lá.
Jill tentava consolar as outras garotas que choravam e dividiam o mesmo cubículo de metal que ela. Ao chegarem no interior do local Dante apontou para que seus soldados abrissem a cela de Jill e a levassem aos seus aposentos, acompanhada de outras duas garotas de sua escolha. As três o olhavam lado a lado, tensas pela expectativa do que aconteceria. Dante tirou de sua cintura a adaga de prata com a afiada lâmina em formato de serpente e cortou as alças do vestido de Jill, deixando-a nua. “-Vá para cima daquela mesa! Rastejando, como uma cadela no cio”. Jill o olhou desafiadora, levando um forte tapa do demônio na face direita. Levou a mão ao rosto e continuou a mirá-lo. Ele então pegou uma das meninas pelo cabelo e ameaçou cortar seu pescoço com a adaga caso Jill não obedecesse. Ela então acatou a ordem e rastejou até a mesa, ficando numa posição que a deixava completamente exposta e fazia a pele branca de seu rosto enrubescer. Dante mandou uma das garotas se posicionar atrás da bela loira e fazer-lhe sexo oral. A assustada e desorientada menina se resigna sem hesitar. Enquanto a língua feminina serpenteava desajeitadamente por entre as coxas de Jill, fazendo-a sentir um modesto prazer que ela não demonstrava, Dante acariciou-lhe o rosto, as costas e o cabelo, dizendo sem nenhuma expressão no rosto.
- Esta noite eu tive que atirar no seu namorado, o meu filho Knight. Meu humor não está dos melhores. Mas quem sabe ele não fosse mesmo bom o suficiente para me substituir. O lado bom é que tenho a eternidade toda para fazer outro filho, e adivinhe que foi a escolhida, Jill.
A garota se arrepia ao ouvir isso. O choque emocional é interrompido por batidas repentinas na porta de Dante, que a entreabre, nervoso pela interrupção, apenas olhando para o rosto de seu soldado que traz a mensagem:
- A Hella não conseguiu segurar o Knight. Ele fugiu de lá.
Dante range os dentes, saca a arma e atira na cabeça do soldado, costume que fazia sempre com quem o trazia noticias ruins. Tranca a porta de seu quarto deixando lá as meninas presas e corre acompanhado de outros guardas até a entrada da caverna. Fiquem preparados: Se o Knight fugiu, daqui a pouco ele entra chutando a porta!
* * *
Pouco antes: em outro lugar
Knight rasgou o vestido de Hella deixando-a completamente despida, olhou para os adereços de ouro em formato de argola que o enfeitam. Pensou: “isso deve servir”. Deixou-a ajoelhada com o rosto virado para uma das paredes de plantas vivas do labirinto enquanto passava calmamente a ponta do chicote pelas costas e nádegas da garota e decidia o que fazer com ela. Olhou para os castiçais, cada um com três velas, que iluminavam o lugar. Teve então sua primeira idéia para a sessão que começaria.
Deitou a deusa no chão, de bruços, ainda com os braços amarrados. Tomou em mãos uma das velas flamejantes e despejou a cera ardente pela nuca, ombros e costas de Hella, que gemia por instinto quando cada gota quente caía em sua pele e endurecia formando uma branca camada. Repetiu a mesma ação por toda a linha da coluna, descendo até as carnes rijas e apetitosas dos glúteos da ruiva, que se contorcia mas era segurada por Knight, não tendo chance de proteger seu corpo. Afastou-lhe as nádegas e continuou derramando o liquido escaldante no corpo alvo e macio, até a parte do fim das coxas, chegando à sensível parte de trás do joelho. Ela gritou tão alto que Knight rasgou uma pequena parte na alça do vestido e a amordaçou. Deixou-a naquela posição até que a cera se solidificasse e aderisse firmemente à pele.
Pegou o que restara do vestido e arrancou as argolas de ouro uma a uma. Hella olhava-o, apreensiva. Cada argola tinha um pequeno trinco de abertura que serviam para encaixá-las nas roupas. Desta vez seria diferente para a rainha do submundo: os pequenos e incômodos arcos enfeitariam diretamente a sua pele.
Knight virou o corpo de Hella com a barriga para cima, colocou uma das mãos entre as coxas da garota e as afastou, por incrível que pareça, carinhosamente. Teve um pouco de trabalho para encaixar o primeiro em um dos lábios da vagina da garota, pressionando-o para que este apertasse e se fixasse na pele da melhor maneira possível. Repetiu o mesmo procedimento no lábio ao lado. Suspiros, respiração ofegante, era a expressão de todas as confusas sensações que Hella sentia naquele momento. Com cuidado, afastou os dois lábios já adornados e deixou o clitóris a sua mercê. Ali repousaria o terceiro anel. Com a ponta dos dedos acariciou-o até deixá-lo enrubescido e saliente. “-É melhor você ficar bem calma agora. Quanto mais se mexer mais vai doer”. Abriu minuciosamente o trinco e o fechou, pressionando o pequeno órgão de prazer da garota. Apenas um sufocado grunhido seguido de um gemido agudo foram ouvidos por Knight, enquanto sentia o mel de Hella começar a escorrer por seus dedos e pela palma de sua mão. Passou-os na boca da bela mulher chegando a tocar sua língua, uma vez que a mordaça a deixara aberta.
O quarto foi-lhe colocado no umbigo, segurando-a pelo quadril e não deixando que os movimentos do abdômen ritmados pela respiração ofegante o impedissem. O quinto e o sexto em cada um dos mamilos, precisos na ponta de cada auréola do seio. O corpo de Hella queimava, formigava, e o metal gelado das argolas lhe causava pequenos choques que em espasmos espalhavam calafrios por todo ele.
Colocou-a então de novo em pé. De deusa do submundo a uma submissa escrava. Toda a imponência e sarcasmo anteriores não faziam mais parte do ego de Hella naquele momento. Com um estalo do chicote nas nádegas mandou-a ficar com as pernas entreabertas.
- Sua última chance Hella. – disse ele puxando a mordaça. – Vai me dizer o que eu quero saber?
O silêncio permaneceu. “-então vamos começar a brincadeira”. –continuou Knight”. Pegou o chicote antes segurado pela agora dominada menina e com chibatadas certeiras ia arrancando a crosta de cera que se firmara em sua pele. Costas, quadris, bunda, coxas. Ela tremia, quase caía, mas era segurada de volta por Knight. Este dedicou uma atenção especial ás nádegas, parte onde a carne mais polpuda teimava em não ceder às chicotadas. Estando todo o belo corpo livre da cera e marcado por traços vermelhos, Knight se direcionou para a parte frontal.
-Acho que as argolas não serão tão fáceis de se arrancar com esse chicote quanto foi a cera, Hella. Mas você é uma deusa, então nada do que eu fizer aqui poderá ser considerado desumano.
Começou pelos seios. Os pequenos anéis estavam mais bem fixos do que Knight previa. Teve que mirar bem a ponta de couro e acertá-los com precisão para que os salientes bicos se desfizessem dos adornos. O mesmo com o umbigo. Chegara então à parte mais interessante: para ele; para ela provavelmente seria a mais dolorosa. Puxou devagar a argola presa no clitóris. Hella fechou os olhos e suspirou. Lágrimas começaram a escorrer pelo rosto da deusa quando a pele, mesmo com a leve puxada, não se desfez do anel.
Knight passava a ponta do chicote pela vagina, olhando diretamente nos olhos verdes da garota. Cada vez mais úmida, a ponta da chibata denunciava uma sutil e mascarada excitação em Hella, que não conseguia fazer com que seu corpo segurasse o suco que começava a besuntar suas partes íntimas. Knight aplicou o primeiro golpe. A pobre mulher gritou, não resistiu e caiu de joelhos, em seguida deitando no chão sobre suas costas e tentando proteger-se de novos açoites. O homem apertou mais uma vez o botão no cabo do chicote que acionava os choques na coleira de Hella. A presa cedeu aos mandos do algoz de mais uma vez abrir as pernas.
Uma série de rápidas chicotadas foi desferida, os anéis nos lábios finalmente se soltaram. O do clitóris continuava lá. A respiração de Hella atingiu um ritmo soluçante. Os gemidos agora eram sons como de quem puxa o ar do fundo do diafragma. A garota mordeu com força o pedaço de pano que tapava sua boca chegando a rasgá-lo e cravar os dentes nos próprios lábios. No momento em que o ultimo adorno se soltou, a deusa estava imersa em um orgasmo alucinante, profano e carnal.
- Tudo bem, Knight: eu conto! Eu conto!
Knight pegou-a desfalecida em seus braços. Saíram do labirinto e se depararam com um pequeno e calmo riacho. Colocou-a deitada as margens deste e com a água morna banhou o corpo de Hella refrescando-o das chibatadas decorrentes da sessão que acabara de acontecer. Ela revelou o esconderijo de Dante no vale dos arredores das montanhas de Rockland. A ex-deusa do submundo era uma inocente enfermeira nos tempos da guerra civil. Para salvar vários de seus pacientes ofereceu-se no mesmo pacto com Dante. Acabou por estar onde estava. Colocou a mão no peito de Knight, onde o tiro de Dante havia o matado. O ferimento instantaneamente cicatrizou-se. “-Você está pronto para voltar à vida e concluir sua missão, Knight”.
“ – E você em breve estará livre disso tudo, Hella”.
* * *
“Knight fugiu: daqui a pouco ele entra chutando a porta”
A frase mal tem tempo de ser terminada. Um tiro atinge o barril de pólvora na entrada no esconderijo do demônio causando uma imensa explosão, jogando para longe os capangas de Dante, abrindo um rombo nas muralhas e derrubando-o com a forte rajada de ar quente que passa por seu rosto. De trás da cortina de fogo surge Knight: o mesmo velho chapéu, a mesma Smith & Wesson .45 em punhos, mas o rosto de quem estava com muito mais raiva.
Acertou disparos precisos nos últimos guardas enquanto Dante corria de volta para seus aposentos. Abriu o tambor da arma, recarregou, fez inúmeros corpos caírem do alto das muralhas a cada aperto no gatilho. Só restaram cadáveres. Entrou então no esconderijo de Dante.
Após um longo corredor abria-se um salão imenso, do tipo que era difícil se acreditar que estava embrenhado nas entranhas de uma caverna. O lugar estava num silencio sepulcral, apenas iluminado por alguns castiçais no teto. No centro, três cruzes. Na do meio, a maior, estava presa Jill, amarrada pelos pulsos e tornozelos, e desacordada. Nas duas ao lado, ambas as garotas que antes dividiam o suplicio com a noiva de Knight. Amordaçadas, grunhiram quando viram Knight como se tentassem alertá-lo de algo. Não conseguiram. Dante aparece de surpresa vindo da escuridão e com sua adaga prateada golpeia o pescoço de Bryan. Antes de desferir o segundo golpe Knight bloqueia-o com o antebraço e acerta Dante com uma joelhada no abdômen. Saca a arma, dispara seis vezes, acerta um dos candelabros fazendo a vela cair sobre uma das cortinas e o lugar começar a arder em chamas. Dante desvia das balas como apenas um demônio poderia fazer, o tambor está descarregado. Knight o golpeia com a coronha fazendo-o cair. Avança sobre ele pressionando o joelho no peito do demônio e esmagando seu pescoço com o antebraço. Prestes a perder o fôlego e apagar, Dante da sua última cartada: vê a adaga caída ao lado, estica rapidamente o braço e acerta o tórax de Knight, perfurando-o. Knight então cai com a faca transpassada em seu peito. Respira com dificuldade uma ultima vez antes de fechar os olhos.
Dante se recupera, olha para Knight. “-Dessa vez continue morto”. Volta seu olhar para Jill e caminha até as garotas. Tira-a da cruz e a acorda com um forte tapa no rosto. “-Parece que agora eu finalmente venci, e depois de tanto vou poder desfrutar do meu troféu!”. Joga Jill sobre uma mesa. Desesperada ela se debate, tenta se desvencilhar, enquanto Dante com força abre suas pernas prestes a estuprá-la. Pela resistência Jill toma mais um tapa no rosto. A pancada a faz perder seu último ânimo para lutar, junto com sua esperança. Ela cai com a cabeça sobre a mesa pensando que nada mais poderia salvá-la agora.
É nesse momento que vê a ponta da adaga de prata, antes fincada no tórax de Knight, perfurar Dante por trás e a lamina reluzente sair por seu peito, rasgando seu coração e fazendo o sangue escuro e espesso lhe escorrer pela boca. O Demônio cai morto. Quando seu corpo desaba Jill pode ver por trás dele a figura de Knight olhando em seus olhos.
Se miram por alguns instantes. Há muito tempo isso não acontecia desta forma. “-Eu disse que voltaria, Jill”.
Em meio às chamas, se abraçam e se beijam. Um beijo longo, terno, mas com a vontade e a lascívia de quem o buscou por céu e inferno.
Knight e Jill libertam as garotas que ainda estavam presas no esconderijo do demônio. “-vamos, temos que sair daqui”. Na saída da fortaleza os cavalos das três carruagens agitam-se pelo fogo que começa a consumir todo o lugar. “-alguma de vocês sabe dirigir as outras duas carruagens?” Duas garotas se oferecem. Montam nos bancos, acompanhadas das demais e saem em disparada. Na última carruagem, quando todos já estavam a salvo, Knight e Jill sobem e com o controle do arreio dos cavalos o forasteiro cowboy os faz correrem à máxima velocidade. De um ponto distante do vale vêem os últimos barris de pólvoras explodirem em meio ao fogo e o esconderijo de Dante e dos diabos do leste desmoronar.
Os cavalos então diminuíram seu ritmo. Na carruagem rumando em direção aos primeiros raios de sol que nasciam no horizonte, Jill colocou sua mão na de Knight, e ambos mais uma vez se beijaram.
EPÍLOGO
Tempos depois, um homem observava da varanda de sua casa de fazenda a cidade de Rockland city à distância. O mesmo velho chapéu, a velha Smith & wesson agora aposentada, apenas adornando a parede sobre dois suportes, e no rosto apenas as lembranças do combate. Uma bela garota loira, de olhos azuis da cor do céu mais limpo, surge pela porta e o abraça. Assim ficam os dois, por um tempo que ninguém contou.
As ruas de Rockland continuavam movimentadas, mas agora graças ao próspero comércio que agitava a cidade. A mineração do ouro voltou a atrair novas pessoas e novos ares para a cidade, e foi com um destes empresários que Alicia se casou, passando a ajudar na administração do negócio. Niina, com o dinheiro ganho na época em que trabalhou no saloon de Selene, se tornou a primeira banqueira da cidade, responsável por quase todo o dinheiro crescente que corria lá. Selene, além de ser a nova xerife encarregada de manter a lei e a ordem na cidade com sua estrela no peito e o revólver na cintura, reergueu seu Saloon, agora um imponente hotel. Todas contribuíram, de uma forma ou outra, para reerguer a torre da nova igreja.
E são estas pessoas as responsáveis por espalhar a história do capitão que desafiou o inferno para salvar sua amada. Apenas uma história, que de boca em boca se tornou uma lenda, e de uma lenda virou um mito, sendo que dela poucos sabem o final. Uns dizem que Bryan McKnight morreu tempos depois pelos ferimentos do combate. Outros, que ele e sua amada foram viver em outro lugar, perto de sua terra natal. Mas o único consenso para todas as versões é que ele finalmente encontrou a paz: a paz que tantos procuram, e poucos conseguem encontrar.