Meu melhor amigo estava prestes a casar. Na verdade, minha paixão.
Desde a infância, fui criado com Otávio, meu vizinho e quase irmão. Nossos pais eram amigos de infância e isso nos tornava presenças constantes na vida um do outro. Uma das primeiras lembranças que tenho dele, foi acordarmos abraçados numa tarde em que foi brincar em casa.
À medida em que crescemos, continuamos próximos, mas nossos traços começavam a se distinguir. Ele se enfiava em brigas, eu cuidava de seus machucados. Ele me protegia, eu inventava histórias para acobertar seus deslizes com os pais. Eu me destacava em história, ele em ciências. Ele gostava de carros, eu... De carros, também.
Foi aos dezesseis anos que ele começou a namorar a Amanda, uma garota um pouco mais nova e que eu não conseguia olhar na cara. Ela tirava notas ainda maiores do que as minhas em história. Otávio vivia grudado com ela. E foi num racha que a conhecemos, pois ela também frequentava.
Com o passar do tempo, também comecei a namorar, mas suas manias me incomodavam. As suas roupas eram tão bregas... Na verdade, até seu jeito de passar maquiagem me incomodava. A Cris não tinha a elegância, nem a vitalidade da Amanda. E aos poucos, de uma observação apurada, fui passando a um devaneio. A Cris ficava até interessante como Amanda na minha imaginação, mas não bastava. Eu devaneava diretamente com a Amanda. Imaginava meu amigo com ela e me masturbava com este pensamento. Talvez seja sintomático o fato de que eu não ME imaginava com ela, mas esta percepção veio muito tardiamente.
Certo dia, em sua casa, fui além. Havia uma calcinha entre as roupas sujas do banheiro e eu a roubei. Roubei e fui para casa, já de pau duro, esperando a hora de tocar uma bronha. Assim o fiz. E o fiz por muitos dias, com outras calcinhas também.
Foi só no anúncio do noivado que eu realmente fiquei perturbado. Aos 20 anos, ele já namorava havia 4 e realmente parecia apropriado, mas eu nunca sequer cogitei esta possibilidade. Fiquei sem chão. Desesperado. Furioso. E ainda assim, calei a boca e aceitei o convite para padrinho.
Voltamos a andar mais juntos. Tinhamos pouco mais de um ano para cuidar de todos os preparativos e o meu bom gosto espantava Otávio. Eventualmente, iamos a um sítio recém-comprado e eu ouvia do meu quarto, os barulhos que vinham do dele. Lembro-me claramente da primeira vez em que fomos, que a Cris estava sentada no meu colo, cavalgando no meu pau e eu metia com violência, mas com os olhos fechados, imaginei pela primeira vez o sexo do quarto ao lado. A Amanda não estava nele. Eu, sim.
Entrei em crise. Recalquei o quanto foi possível, mas aquelas calcinhas começaram a exercer um magnetismo sobre mim e não demorou para que eu vestisse pela primeira vez, uma de algodão, confortável, ainda que pequena. Tive que ajeitar o pau para trás, mas me sentia bem nela. Comecei a usar em minhas saídas com o Tavinho, pouco tempo depois, em minhas corridas clandestinas. A adrenalina nunca foi tão alta quanto nesses tempos.
Em nossa próxima visita ao sítio, fui sem calcinha nenhuma, porque me sentia culpado e tinha medo que descobrissem. Tentava vencer esse hábito de maneira desesperada, mas logo em meu primeiro banho, encontrei pendurado com a toalha o vestidinho que minha namorada usava antes de tomar seu banho. Sem pensar duas vezes, vesti e me olhei. Foi difícil fechar o zíper nas costas, mas exceto pelas pernas muito descobertas e do busto um tanto esvaziado, me coube muito bem. Posteriormente fiz diversos julgamentos de valor, a começar pelo de que isso era coisa de veado e eu não deveria estar fazendo. Antes desse, no entanto, veio um pensamento primordial: os vestidos da Amanda são mais bonitos.
Foi assim que eu comecei a observar com atenção suas roupas e comprar algumas iguais para mim. A primeira vez foi difícil e eu morri de medo e vergonha, mas como sabia o número da minha namorada, sabia o meu também. Não precisava vestir para ter uma noção do caimento. Algumas se mostraram investidas falhas, mas em outras eu me sentia maravilhosa e me masturbava de maneira insaciável, me imaginando com o meu amigo.
Já estávamos na véspera, praticamente, com tudo adiantado, que eu entrei em colapso. Não poderia aceitar manter o curso natural das coisas. E assim, certa noite, o Tavinho me ligou chorando. Pediu para que eu fosse em sua casa. Precisava conversar.
Concordei. Sem pensar duas vezes, me dirigi para lá correndo e encontrei meu amigo ainda aos prantos. A pouco menos de uma semana, a Amanda resolveu dizer que não sabia se era isso o que queria. Que estava com medo de dar este passo. Embora eu ansiasse por esta notícia há séculos não consegui me sentir bem diante dela. Abracei meu amigo e tentei consolá-lo da maneira como fazia antigamente, quando seus pais o colocavam de castigo.
Acolhi em meu peito o seu rosto e, fazendo um cafuné, expliquei com o coração partido que era importante ela pensar nisso agora, antes de se casarem. Que ela ia perceber o quanto ele era maravilhoso e que qualquer mulher gostaria de ter. Perceberia que o momento do qual estava com medo, era tudo o que ela mais queria na vida. E se, afinal, ela não quisesse de fato, certamente outras iriam querer.
Ele sorriu o sorriso mais lindo do mundo ao olhar em meus olhos e dizer que se eu fosse mulher, ele queria casar comigo. Respondi, com lágrimas nos olhos que se eu fosse mulher, certamente seria dele e, assim, nos beijamos. Foi natural, sem afetação, sem medos. Duas bocas e meus cabelos, que há pouco mais de um ano cresciam, agora caiam sob seu rosto forte.
Não sei quanto tempo durou. Estávamos abraçados em seu sofá, qual a primeira lembrança que tenho do meu amigo, quando me dei conta do que estávamos fazendo. Sem dizer nada, saí de sua casa. Meu carro já estava na esquina, quando ouvi seu grito pedindo desculpas.
Mal consegui dormir. Passei o dia sem me concentrar no trabalho, nem pensar na faculdade, nem em coisa alguma. Só pensava em nossas línguas se tocando de maneira inédita e deliciosamente inaceitável. Eu não era, afinal, gay. Tampouco o Otávio! Mas estava perturbado e acabei por terminar meu namoro com a Cris. Não conseguia olhar na cara dela.
Foi só na tarde do domingo, que voltei a falar com ele. Me ligou, dizendo que tinha se reconciliado com a noiva e queria me agradecer os conselhos. Queria, também, me encontrar novamente, à noite, num barzinho, para uma despedida de solteiro. Aceitei. A partir daquele instante, comecei a me preparar. Não importavam as consequências, eu iria até o fim. Homo, hétero, a, pansexual... Não importava. Aquela noite seria nossa.
Comecei fazendo o mais difícil. Encaixei o chuveirinho na minha bunda e comecei a limpar o canal. Mesmo aquilo, já doia, mas eu tinha que suportar, para suportar o que viria depois. Me depilei. Pela primeira vez, a lámina da gilete tocava as áreas mais obscuras do meu corpo. Os pelos eram ralos, mas existiram até então e a cada tufo que ia para o ralo, uma parte do homem que acordou naquela manhã se quebrava. Não tinha mais volta. Após um bom banho, passei óleos e cremes da minha namorada, que ficavam em casa. Passá-los em minha bundinha lisa foi uma sensação tão erótica que me peguei brincando com o dedo ao redor do anel por muito tempo, entrando com a ponta do indicador algumas vezes, antes de vestir o sutiã e perceber meu coração disparado.
A calcinha eu coloquei em seguida, com muita dificuldade por conta da excitação. Precisei passar gelo, para retrair e conseguir colocar para trás e esconder as bolas. Coloquei uma calcinha nova, preta, com rendas, presas a uma liga que levava à meia 7/8 arrastão. Por cima, uma calça skinny e uma camiseta, para entrar no carro. Segui até um shopping próximo do local de encontro e no banheiro masculino, terminei a produção. A calça e camiseta foram substituídos respectivamente por um vestido marrom, de veludo, que cobria até a metade da coxa e dava um brilho diferente ao refletir a luz. De manguinhas curtas, que mal cobriam meus frágeis ombros, ele era extremamente apertado na cintura e aberto acima do busto, no qual fazia volume com sua costura, somada ao enchimento do meu sutiã de alça transparente.
Uma gargantilha simples adornava o pescoço, enquanto pulseiras douradas exibiam-se em meus braços expostos para além do casaquinho bege que coloquei por cima.Nas orelhas então furadas, surgiram argolas grandes, douradas.
Modelei as sobrancelhas. Estava indeciso até então, mas sinceramente não via motivos para não fazê-lo, diante de tudo o que eu já fizera nas últimas horas. Após breve maquiagem, de tons fortes, mas delicados, foi a hora de me equilibrar no scarpin negro e seu salto de 5cm, com o qual saí do box para pentear os cabelos, então na altura do pescoço. Alguns homens entravam e me olhavam com estranhamento. Era divertido como tanto entre os que censuravam, quanto entre os que tratavam com normalidade, não teve um olhar que não conferiu minha bundinha pequena, mas empinada pelo salto e modelada pelo vestido. Isto me deu a confiança necessária para, após conferir se a calcinha estava marcando, sair pé ante pé, para voltar poderosa ao meu carro e dirigir até o barzinho, no qual cheguei com pouco mais de 10 minutos de atraso. Considerando que o Tavinho só teve o trabalho de fazer a barba, tomar um banho e se versir casualmente, era perfeitamente aceitável meu atraso.
Ele, contudo, não me reconheceu. Olhava na direção do infinito, antes de se dar conta de que a morena de pele pálida que acabara de entrar e caminhava rebolando em sua direção era seu amigo, o qual se anunciava com um selinho com o sabor da cereja de seu gloss.
Tavinho parecia perplexo, então expliquei que naquela noite eu era uma mulher. Ele poderia casar comigo. Dito isso ele sorriu e nos beijamos novamente, desta vez com a mesma voracidade daquela fatídica noite.
Guardou a aliança de noivado no bolso e pediu uma tequila sunrise. Tomei uma tambem e não demorou muitos drinques para estarmos na pista de dança do andar superior, sentindo nossas mãos, corpos e línguas em sintonia.
Só que salto alto dói e em menos de duas horas eu pedi para ir embora. Estava bêbada e, sem nenhum pudor, afagava seu pau por cima da calça, enquanto sussurrava o pedido em seu ouvido. Como resposta, levei dois tapas na bunda, com suas mãos que nela então repousaram e ouvi "amanhã você vai estar toda ardida".
Nos beijamos e partimos, já com umas sacanagens e uma direção imprudente no percurso, mas chegamos e fomos direto para o seu quarto. Carregada no colo, fui jogada em sua cama, na qual Tavinho pulou a seguir. Abri o zíper de sua calça e saltou o seu pênis ainda sob a cueca. Passei a mão sobre ele e senti pulsando duro, qual o meu queria ficar, a desdém da repressão imposta pela calcinha.
Tirei da cueca e encostei nos lábios. Era uma cabeça vermelha, grande, que já estava babada de esperma e era este o gosto que eu queria sentir. É incrível como as coisas mais úteis que aprendi com filmes, até hoje, foi com os eróticos. Eu sabia mais ou menos o que fazer e chupei com vontade, escondendo os dentes sob os lábios pelos quais sentia passar a textura das veias grossas. Ouvia os gemidos que me instigavam a continuar, enquanto me esforçava para não engasgar.
As mãos firmes seguravam meus cabelos, enquanto minha garganta se apresentava como o limite de um prazer. Parei. Não porque eu não quisesse fazê-lo gozar, mas porque ele queria gozar no meu cu. Não me queixei. Era esse o momento com o qual eu sonhava há meses e agora seria realizado. Tavinho levantou meu vestido com certa dificuldade, pois era muito justo e pouco elástico, até a minha cintura. Eu fiquei de quatro, empinando a bundinha agora desprotegida e balbuciava pedindo seu caralho.
Minha calcinha foi afastada para o lado e algo quente e úmido encostou no buraquinho. Era sua língua, que começava a brincar nela. Eu gemia e pedia para ser fodida. Não conseguia ter forças para sequer rebolar em sua cara. Pressionava o rosto contra o travesseiro e gemia feito uma menininha virgem.
Já esmagava o colchão com minhas mãos, quando sua respiração se afastou do meu cu e, em seu lugar, senti uma gosma geladinha, espalhada por suas mãos. Era a primeira vez que ele ia comer um cuzinho e queria que eu gostasse tanto quanto, me dizia. Eu, enquanto isso, só conseguia repetir o "vem, me fode", como um mantra.
Ele começou. Seu pau ainda estava duro, quando senti a cabeça, cujo tamanho tanto impressionava, procurando seu lugar dentro de mim.
Não resisti à dor. Não impus qualquer resistência, mas senti a força das pernas se esvair e uma lágrima borrava meu rímel, mas eu estava determinada a suportar e dar o meu melhor ao meu macho idealizado por tanto tempo.
Afinal, passou e o restante seguiu-se vagarosamente, até que nossas coxas se encostaram. Paramos por um tempo naquela posição de dor latente. Olhei para trás e sorri. Mandei um beijo pelo ar e fui retribuído com carícias nas nádegas enquanto seu sorriso tinha um quê de animalesco. Comecei a relaxar e rebolar. Percebendo, Otávio sentiu o momento de, após um tapa, me fazer sentir toda a envergadura de sua rola dura entrando e saindo do meu cu, enquanto suas mãos modulavam o movimento com o controle da minha cintura.
Segui sendo enrabado e comecei a gostar, mas era diferente. Meu pau estava mole e ainda assim, meu cu começou a piscar e eu perdi os sentidos enquanto jatos de esperma se espalhavam pelo lençol. Eu gemia alto, pedindo para ele gozar no meu cu e não demorei a ser atendida. Logo senti sua pulsação aumentar e um calor gosmento preencher meu rabo. Ainda limpei com a língua o seu pau gozado e nos beijamos longamente, abraçados e desfalecidos, até cair no sono.
Me troquei com suas roupas após um bom banho e busquei meu carro nos arredores do barzinho, antes de ir para casa com o sentimento de que minha vida nunca mais seria a mesma.
Foi estranho, no final de semana seguinte, estar de terno diante de um juiz de paz, jurando me esforçar para preservar o sagrado matrimônio de meu amigo, que de fato se casou. Posto isso, talvez seja mais coerente eu agora chamá-lo de amante...