Eu caminhava em direção a porta quando ouvi Bruno dizer em voz baixa, quase como um sussurro:
Bruno: - E seria tão ruim assim se isso acontecesse?
Imediatamente me virei e para ele, assim como em um reflexo.
Eu: - O que você disse?
Ele com cara de não to entendendo nada respondeu:
Bruno: -hã?
Eu: -O que foi que você acabou de dizer?
Bruno: -eu disse ok, foi mal.
Eu: -Não, eu falo depois disso.
Bruno: -Eu não disse nada.
Fez-se um silencio entre nos dois. Me questionei se ele realmente tinha dito aquilo ou eu imaginei. Ficamos ali nos encarando e foi graças ao toque do interfone que o climão foi quebrado. Era Justin que acabava de chegar. Abri a porta enquanto ele subia a escada e fui avisar ao Bruno que um amigo chegava para assistir ao jogo. Justin já é de casa, ele sempre esta por aqui para assistir a um jogo, ou filme ou somente para conversar. Ele já entrou pela porta falou comigo e passou para cozinha contando uma história sobre o cunhado a qual não dei a menor bola, quando passou por mim na sala Bruno ainda estava na sala de tv, quando ele saiu da cozinha Bruno já estava ao meu lado na sala, a primeira reação dele foi dizer:
-Woow!
Apresentei os dois quando ele finalmente completou:
Justin: -Como ele pode serei primo? Vocês são muito diferentes!
E claro que éramos, Bruno tem traços fortes, um tom de moreno de sol e puro músculo. Enquanto eu consideravelmente mais alto que ele não tenho músculos desenvolvidos. Sou o considerado normal, nem gordo, nem magrelo, ate com uma leve barriginha causada pelas inúmeras besteiras que como por aqui, e sou completamente branco, se não fosse pelo meu sotaque latino ate me passaria por um americano. Falei ao Justin sobre o submission e Justin começou a fazer umas perguntas, mas o Bruno não deu confiança para ele, aliais nem para mim, ele simplesmente foi para quarto dele. O jogo começou e conversamos um pouco durante o jogo.
Justin: -Parece que seu primo não gostou de mim.
Eu: -Acho que o problema é outro, um pouco antes de você chegar tivemos uma conversa que pode ter chateado ele.
Justin: -O que aconteceu?
Eu: -Ele veio com um papo estranho de que não ia mais andar sem camisa dentro de casa porque eu sou gay.
Justin: -É, cá entre nós, esse cara sem camisa deve ser de tirar o fôlego!
Rimos um pouco e continuei
Eu: -Estranho você dizendo isso, tem tanto tempo que não vejo um comentário gay da sua parte como este.
Justin: -Cara não vamos voltar nessa discussão, o que tive com você aconteceu, mas eu não sou gay, e qual o problema em reconhecer que um homem é bonito? Isso não quer dizer que quero transar com ele.
Eu: -Pois é, essa foi a razão da minha conversa com ele, não é por eu ser gay que por ele estar sem camisa eu vou ataca-lo né? Mas na verdade quando nos éramos crianças rolou um lance com a gente.
Contei para ele das punhetas vendo TV e acabou que a conversa pendeu para outro lado e o rumo deixou de ser o foco da conversa. O jogo ia fraco já estava no 7 inning e os Dodgers perdiam, mais com o lance de Bruno acabou que não so tomei todas as cervejas que comprei, como também as que Justin trouxe e já tinha aberto uma garrafa de whisky. Definitivamente eu já estava bem alto. Tínhamos pedido uma pizza, Justin foi recebe-lá quando Bruno apareceu na porta da sala de TV.
Bruno: -E ae?
Eu: - Fala
Bruno: -Ainda chateado com a asneira que eu falei?
Eu: -Que asneira?
Bruno: -O lance da camisa
Eu: - Que nada Brunão, já ate esqueci disso
Bruno: -É nada haver mesmo, nem sei porque falei aquilo, você é um cara plantado.
Eu: -Plantado?
Ele já entrando na sala
Bruno: -É seria um cara na dele, que se da ao respeito, saca?
Eu: -ah ta, ok, plantado (ri de canto de boca)
Bruno: -É serio, se eu não sei que você gay eu não diria que você é, porque você é plantado
Eu: -bem, senta ai, vamos ver o jogo, ta mau pros Dodgers mas espero que eles se recuperem. Ainda tem dois innings
Bruno: -Eu não entendo nada desse jogo.
Eu: -não seja por isso, eu te explico, é fácil, bica o whisky ai porque a cerveja já era.
Bruno: -Cade o gringo?
Eu: -Justin foi receber a pizza que pedimos. Olha americano você não chama de gringo, chama de yankee.
Nesse momento entra Justin com a pizza. Pensei ter notado que o Bruno meio que fechou a cara com a chegada dele. Pode ter sido impressão, afinal eu estava bem alto.
Criou-se um ambiente bem confuso. Eu já bêbado, tentando explicar em português o jogo para Bruno, enquanto conversava em inglês com Justin, resumindo eu já estava chamando urubu de meu loro quando Justin foi embora. Já passava da 1 da manhã e na verdade esse período é um pouco confuso na minha cabeça, só lembro de ter perguntado a Bruno se ele realmente falou ou se eu imaginei a ultima frase dele na nossa conversa mais cedo, “-E seria tão ruim assim se isso acontecesse?”, mas sinceramente não lembro o que ele respondeu. Eu realmente estava muito chapado.
A única coisa que sei com certeza foi que minha ultima lembrança era estar conversando com Bruno na sala de TV e depois disso acordando na minha cama apenas de cueca, o que era estranho eu nunca dormia de cueca, ao me virar bato minha mão em algo duro ao me lado, era o braço de Bruno que dormia na minha cama, sem camisa ao meu lado.
CONTINUA...