Acordei com uma dor de cabeça terrível, uma sensação de enjoo e um gosto horroroso na boca, típica consequência de uma noite de bebedeira. Estava deitado em minha cama, usando apenas cueca. Como foi que eu cheguei na cama? Passei a mão pela cabeça e me virei. Ao fazer isso bati minha mão em algo que estava ao meu lado, quando virei a cabeça para olhar, la estava Bruno. Estava deitado ao meu lado, de peito nu. A primeira reação foi de susto. O que ele fazia ali? O que aconteceu na noite passada? E pra piorar tudo a ressaca deixava tudo mais nebuloso. Me levantei da cama e observei o quarto. Bruno dormia profundamente, usando a bermuda da noite anterior. Me dei conta que sexo não houve, não havia indicio, mas o que eu poderia ter feito para que ele estivesse na minha cama ja me causava uma ressaca moral. Entrei no banheiro e escovei os dentes e molhei o rosto. O gosto amargo na minha boca aliviou, voltei a porta e pude mais uma vez observar Bruno deitado na minha cama. Caralho, era lindo ver ele ali deitado. A sua barba começava a nascer, deixando o rosto com uma leve penugem negra, era incrível como ate o pescoço dele era bonito. Músculos delineados e descendo mais estava seu peito. Alto, bem definido, liso. Aliais todo o corpo dele era liso. Notei que ate suas pernas estavam sem pelos. E o abdómen então era perfeito. 6 gomos delineados, e o músculo obliquo fazia o desenho completo do conjunto abdominal. Respirei fundo e foi tomar um banho. Ao sair do banho enrolei a toalha na cintura e fui ao quarto pegar uma roupa ao entrar no quarto, Bruno meio que se espreguiçando:
Bom dia cachaceiro!
Tinha no seu rosto um sorriso malandro, um sorriso que so o brasileiro faz, putz que sorriso lindo!
Eu: -Não lembro de nada de ontem.
Bruno: -Eu imaginei, você tava chapadasso! (sorrindo ainda mais)
Eu: -Não me entenda mau, mas porque você dormiu na minha cama?
Bruno: -Você não me deu alternativa.
Engoli seco, so me passava pela cabeça, “-O que foi que eu fiz?”. Vendo meu ar de confusão ele deu outro sorriso malandro e disse:
Bruno: -Você puxou o assunto da nossa conversa na sala que achou eu ter dito uma coisa que eu não disse e dai a gente ficou dando muita risada, relembramos as punhetas nas antigas sexta sexy e ficamos de risada e zuação. Na verdade essa noite foi muito legal, você é muito engraçado quando quer.
Eu meio sem graça, por não lembrar de nada, apenas ri.
Bruno: -Então você continou bebendo ate que meio que apagou na sala, dai eu te peguei e trouxe para cama.
Eu: - Pegou como?
Rindo novamente, Bruno: -Foi assim que tive que dormir na sua cama, eu te peguei no colo.
Eu fiquei totalmente sem graça.
Bruno: -Te botei na cama e tirei sua camisa e sua bermuda, dai você me pegou pelo braço e disse que se tirei sua roupa agora teria que dormir com você.
Eu realmente não sabia onde enfiar a cara.
Bruno: -Então me deitei ao seu lado. Esperava que após você dormisse eu sairia e ia para cama, mas acabei pegando no sono também.
Passei a mão pela cabeça lentamente, notando o meu desconforto ele continuou:
Bruno: -Relaxa primo, você não deu em cima de mim, nem ficou me pegando, na verdade você estava tão chapado que dormiu rapidamente..
Mesmo com aquelas palavras minha ressaca moral tornará-se 10x pior.
O sábado passou, logo depois do café voltei para cama. Tentei dormir talvez assim a ressaca melhorasse. Mas toda hora que fechava os olhos me vinha na cabeça a imagem de Bruno me pegando no colo. Claro que nem lembrava do ato em si, mas fantasiava como deveria ter sido. Lembrava dele deitado ao meu lado, não adiantava mais negar, eu estava louco de tesão por ele. O corpo, o jeito brasileiro, o rosto e o caralho do sorriso malandro, como eu queria beijar aquela boca! Mas depois do vexame da noite anterior, que ainda bem que eu estava bêbado demais ate para fazer qualquer coisa, porque se eu tivesse bebido menos, provavelmente eu teria feito alguma besteira. Fiquei trancado no quarto o dia todo. Ate perdi as contas de quantas punhetas bati na intenção de Bruno naquela tarde. No inicio da noite, quando ja me sentia melhor da ressaca e ja tinha batido punhetas o suficiente para ter certeza de que não faria nenhuma besteira ao encontra-lo, afinal um homem com tesão pode fazer muita bobagem, fui a sala chamar Bruno para jantar como um pedido de desculpas pelo vexame da noite anterior. Afinal eu tinha prometido que não daria em cima dele e acabei fazendo exatamente isso. Mas não o encontrei. 10 horas da noite e ele não tinha voltado ainda. Começava a me preocupar. Embora eu estivesse bem chapado na noite anterior algo eu tinha certeza. Bruno pode ate ter feito algum curso de inglês no Brasil, mas ele não entendia inglês. Notei durante a conversa com Justin que ele não entendia o que era dito. O curso dele começava na segunda-feira, não sei como ele iria se virar, queria conversar sobre isso com ele também, mas ja eram 11 da noite e ele não chegava. Eu estava com fome, resolvi dar uma volta a pé pelo bairro, decidi ir ao posto de gasolina que ficava a umas duas quadras comer um hot dog e ver se via ele em algum lugar. Sai do posto ja passava da 1h, além de não ter encontrado Bruno fiz uma burrada muito grande.
Era madrugada de domingo e não tinha ninguém na rua, quando notei que na rua que antecedia a do meu edifício uma figura estranha usando um gorro e um casaco surrado estava encostado num muro fumando. Era um homem grande e encorpado. Optei por atravessar para o outro lado da rua, não sou nenhum frouxo mas embate físico nunca foi meu forte, sempre preferi evitar, não sei se o cara seria apenas alguém na rua rua ou se era um marginal. Por via das duvidas fiz o possível para evitar confusão. Mas ao passar pelo outro lado da rua ele veio me seguindo, apertei o passo quando ouvi o “-Hey man” e cai na besteira de olhar para trás.
Ele ja vinha exibindo a arma na cintura quando a retirou e encostou na minha barriga:
-Sabe, na hora que você saiu de casa e vi você andando pela rua pensei, esse porra ta pedindo pra ser assaltado. Idiotas como você tem que ficar na cama a essa hora.
A única coisa que fiz foi pedir que não me machucasse. Ele me empurrou contra a parede com brutalidade:
Passa a carteira babaca.
Pus a mão no bolso para retirar a carteira e no processo ela e o celular caíram no chão, em um movimento impensado me abaixei para catar os dois do chão, nesse momento ele bateu com o cano da arma na minha cabeça, uma dor aguda e seca precederam o meu desmaio. Fiquei inconsciente por alguns segundos, retomei a consciência com Bruno me chamando:
Primo, primo, acorda, tu ta bem?
Eu meio confuso, so acenti com a cabeça. De repente a feição dele mudou de preocupado para enfurecido. Ele se levantou e vi o marginal no chão se contorcendo. Ele deu um chute na barriga do cara e gritou: - Agora vagabundo é com nos dois. (em português, lógico que o cara não entendeu as palavras que ele usou, mas pelo tom bruto e grosso ele entendeu o recado) Agarrou o cara pelo pescoço e o levantou do chão. Em seguida começou a socar o marginal no rosto. Ele estava enfurecido, parecia um animal descontrolado, os modos de Bruno em geral são meio grossos, não por mau, acho que ja faz parte da personalidade dele ser assim, mas naquela noite a forma dele agir no dia a dia passou a ser delicada quando comparadas ao que ele fazia com aquele infeliz. A violência da pancada da mão dele contra o rosto do bandido era tão grande que o som de alguma coisa se quebrando se seguia após cada soco. Eu meio tonto tentei me levantar, senti o sangue do corte que escorria na minha cabeça molhando minha camisa, estava tonto demais para levantar, eu precisava parar p Bruno caso contrario ele iria matar o bandido, eu se levasse um único soco daqueles na cara provavelmente entraria em coma, como não conseguia me levantar tive uma ideia e disse: - Bruno, me ajuda. Ele imediatamente arremessou o cara para o lado e veio ate mim:
Bruno: -Que foi primo? Piorou?
Eu: -Bruno me leva daqui, por favor.
Com muito odio na voz, Bruno: -Eu ainda não terminei com o maluco ali.
Eu: -Por favor, para, o rosto do cara ja ta destruido se você continuar pode mata-lo
E era verdade, o rosto do cara ja não era mais um rosto, era uma massa roxa e vermelha ensanguentada. Bruno apenas balançou a cabeça concordando, mas sua feição era de alguém que fazia isso contra a vontade dele. Ele ia pegar a arma no chão quando eu disse:
Não pega nisso, deixa isso ai.
Ele voltou e me pegou pelo braço e me ajudou a levantar passando em seguida meu braço pelo seu pescoço e me ajudou a andar.
Bruno: -Pra onde a gente vai primo?
Seguimos para a emergência do California Pacific no meu carro, porque não haviam taxis na rua e mesmo se passasse algum não acredito que pararia. Minha sorte foi Bruno saber dirigir.
Após ser tratado e levar os benditos 4 pontos na cabeça e depois de muito conversar com o policial que veio registrar a ocorrência, Bruno pode conversar comigo na volta para casa:
Bruno: -Porra primo! Que bobeira é essa? Como tu sai numa rua deserta como essa sozinho aquela hora?!? Aqui não é Rio de Janeiro mas assalto existe em qualquer lugar!
Eu cabisbaixo apenas ouvia a bronca dele calado.
Bruno: -Se eu não tô voltando pra casa hein? Ainda bem que reconheci tu, ja imaginou o que poderia ter acontecido?
E ele estava certo. O que fiz foi muito errado. Mas essa semana não estava sendo fácil para mim. Bruno estava mexendo demais comigo e o pior que sem fazer nada demais ele mexia comigo a ponto de me fazer parar de raciocinar direito. Mas agora, depois do que ele fez, ele simplesmente virou um herói pra mim. Ele desarmou um cara maior que ele e ainda espancou o cara. Daquele momento em diante a atração que eu sentia por Bruno começou a se transformar em outra coisa. Eu começava a me apaixonar por meu primo.
CONTINUA...
