Olá galera, mais uma parte sendo postada e estou muito feliz com os comentários e também com as notas. Espero que estejam gostando e queiram que eu continue. Obrigado de verdade pela leitura e que continuem gostando!
Meu msn é: chpcbh@hotmail.com Quem quiser trocar ideia é só add. Vamos à história né...
Em meio às lágrimas sinto alguém se sentando ao meu lado na cama. João havia se vestido e se sentou, puxando levemente o edredom que tampava meu rosto cheio de lágrimas. Abri meus olhos e vi meu primo que não foi só eu que fiquei abalado naquele momento. Entendi que pra ele também estava sendo difícil a minha estadia ali, talvez porque ele nunca teve contato com um gay tão próximo. Talvez por medo de que sua reputação seja destruída por conta de um primo que ele sempre rejeitou. Ao ver minhas lágrimas ele diz:
- Carlos, foi mal pelo que a Verônica falou.
- Sobre o vídeo? Não se preocupe, essa não foi a primeira nem vai ser a última vez que vou me lembrar desse maldito vídeo.
- Você deve ter sofrido muito com isso né?
- Sofri sim, mas nada é tão ruim que não posso piorar.
Ele abaixou a cabeça e saiu do quarto como se fosse expulso dali. Eu tinha tentado dar uma trégua e o que ganhei em troca? Uma brincadeira que pelo visto seria corriqueira.
Fui na faculdade, entreguei os documentos e aproveitei para ficar rodando a cidade para conhece-la, mesmo achando que não duraria muito tempo ali, a não ser que encontrasse outro lugar pra morar. Juiz de Fora não é grande, mas é maior que minha cidade. Tava ficando escuro e eu percebi que estava perdido, procurei um policial ou um guarda e não achei nenhum. Tinha o endereço do apartamento anotado e avistei uma praça cheia de pessoas. Mirei num cara, mais ou menos 20 anos, que tava andando de bicicleta pela praça. Cheguei perto dele, que estava parado bebendo água:
- Oi, tudo bem? É que cheguei ontem na cidade e tô meio perdido. Será que você pode me ajudar?
- Claro brother, me fala onde você quer chegar.
Passei pra ele o nome da rua e o bairro e ele disse que ficava um pouquinho longe de onde eu tava, até porque pra ir pra faculdade eu peguei um ônibus que foi até rápido mas rodou bastante. Ele me disse que morava duas ruas depois e poderia me dar uma carona. Achei aquilo super engraçado pq iria na frente dele na bike. Fomos conversando e eu contei que tava no apê do meu primo por conta da faculdade e ele me contou que também estuda na UFJF, porém estava no 4º período de engenharia. Conversamos um pouco e em vinte minutos chegamos na rua do meu primo. Eu avistei o prédio e ele parou na porta e João, para minha surpresa, estava na portaria como se estivesse me procurando. Desci da bicicleta e disse:
- Muito obrigado cara, nem sei como te agradecer.
- Por nada, é só não se perder de novo. E como você se chama mesmo?
- Nossa, até me esqueci. Me chamo Carlos e você?
- Me chamo Tulio. Acho que seu primo tá te esperando.
Olhei para frente novamente e vi João acenando pra que eu entrasse, não entendi o porque mas ia me despedir mesmo.
- Então Tulio, eu tenho que ir. Obrigado de novo e a gente se vê por aí.
- Ok, tá afim de dar uma volta amanhã? As aulas só começam semana que vem mesmo né.
- Claro, topo sim. Passa aqui amanhã e me chama. Tô morando no 302, é só bater lá. Tchau.
Tulio foi embora e eu me direcionei até a portaria onde João me esperava. Passei por ele e disse oi, ele nem respondeu e foi andando atrás de mim até chegarmos no apartamento, quando ele começou:
- Posso saber onde você tava desde cedo e porque você voltou com esse cara?
- Pode sim, eu fui na faculdade e decidi andar um pouco mas depois acabei me perdendo. Aí pedi ajuda pro Tulio e ele me trouxe até aqui. Entendeu?
- Entendi sim. Toma cuidado hein, você não sabe com quem você tá andando.
Ele foi caminhando em direção a cozinha e eu disse em tom baixo:
- Pelo menos na rua ninguém debocha de mim.
João parou e se virou para mim como se quisesse me estrangular. , Nesse momento fiquei com muito medo por ter repreendido ele. Mas apesar de estar na casa dele eu não era obrigado a aguentar humilhações, ou era? João se aproximou até mim e disse olhando nos meus olhos:
- Carlos, eu sei que você não tá gostando nem um pouco de estar aqui e deve estar achando tudo muito ruim. Mas você tem que entender que pra mim também não é fácil.
- Claro que não é fácil pra você. Eu sei que a única coisa que me mantém aqui é o dinheiro que minha mãe tá dando pela minha estadia. Se não fosse por isso você nunca me aceitaria aqui, mas não se preocupe porque assim que eu conseguir um lugar pra ficar eu saio daqui.
- Então tá. Se é isso que você quer, você acha que eu vou implorar pra você ficar aqui? Só se lembra de que não fui eu quem convidei você pra se mudar pra cá.
A situação só piorava. Não daria mais continuar ali então abri a porta e desci as escadas. Me sentei na portaria e comecei a chorar novamente (sou manteiga derretida mesmo). Então pensei que precisava conversar com alguém, lembrei das referências que Tulio me deu da sua casa e resolvi ir até lá. Chegando no começo da rua, o vi sentado sozinho na porta de sua casa. Ao me ver chorando ele veio correndo na minha direção:
- Ei brother, o que aconteceu?
- Eu sou um idiota, as vezes acho que num deveria sonhar, deveria ter ficado na minha cidade e continuar sofrendo com as humilhações de sempre.
Depois que terminei de dizer, recebi um abraço tão terno que me acalmou de imediato. Ele foi me levando para sua casa e me levou até seu quarto. Me abraçou novamente e disse:
- Quer me contar o que aconteceu Carlos?
Nesse momento acho que surtei e joguei toda minha raiva:
- Eu acho que embora. Você não merece ser envolvido nisso, aliás ninguém merece se envolver na minha vida não. Eu sou gay Tulio, sou uma bichinha idiota que num deveria nem existir.
Sai em disparada pela casa até chegar na rua e me sentar na calçada. Não sabia para onde ir, não queria voltar pro apartamento e depois desse surto meu ex-novo amigo Tulio provavelmente não ia querer nunca mais conversar comigo. Me levantei, até que vi alguém ao meu lado...
CONTINUA...