Olá galera. Espero que gostem dessa parte assim como tem gostado da história. Agradeço pelos comentários sempre. Só não coloco o nome de todo mundo que comenta aqui por que é muita gente e ficaria muito tempo pra fazer isso, mas é pra vcs que eu continuo escrevendo. Obrigado por tudo, inclusive pra quem tc comigo no msn, contando suas histórias e ouvindo as minhas! Aproveitem o conto e mande a opinião de vocês, nota 10!
Terminei de beber a água tentando sorrir da brincadeirinha de Pedro.
- Então, vamos voltar pra cama e descansar um pouco?
- Vamos, tô muito cansado mesmo João!
- Eu não acredito que você me chamou de João?!
- Desculpa amor. Eu juro que foi sem querer. Por favor.
Ele me olhou com uma cara de magoado e foi pro quarto sem mais delongas. Fui atrás dele e ele me olhou sério:
- Por isso que você tá triste assim né? É por causa do casamento. Eu já tô ficando cansado disso.
- Pedro, foi só uma palavra, sem querer. Para de procurar problemas comigo.
Eu sei, eu estava errado. Estava colocando a culpa do meu erro (enorme) de ter falado o nome do João com o Pedro, mas eu não tinha mais o que pensar.
- Eu tô procurando problemas com você? Cara, eu faço tudo por você, tudo que eu nunca pensei fazer por ninguém e você diz que eu tô procurando problemas com você? Eu não precisava disso, de verdade!
Ele ficou profundamente triste e eu não tinha como melhorar essa história. Deixei que seguisse para o outro quarto, arrumei minhas coisas e dormi ainda pensando no que fazer da minha vida. Se por um lado eu sabia que a vida ao lado de Pedro me faria melhor do que as aventuras com João, por outro lado eu ainda pensava em como seria se eu tivesse dado outra chance a ele.
Acordei ainda preocupado com Pedro. Fui ao seu quarto e ele não estava mais lá. A cama já estava arrumada e fui procura-lo. O encontrei nos fundos, numa espécie de jardim que lá tinha. Ele estava de olhos fechados, com o rosto sério. Cheguei ao seu lado e toquei seu ombro:
- Pedro, vim te pedir desculpas por ontem?
- Pra aliviar sua consciência? Porque se for por isso não precisa. Pode ficar despreocupado que eu não vou me drogar, nem tentar me matar e muito menos procurar outro pra te fazer ciúmes.
- Não é por isso não Pedro. É porque eu tô cansado dessa história toda.
- Cansado tô eu. Quer saber? Eu desisto de você! Eu fiz de tudo, mas eu achei que um dia você pudesse ser só meu, pudesse olhar nos meus olhos e dizer que me amava sem que eu te fizesse dizer isso! Dói muito dizer isso, mas eu preciso deixar você livre pra correr atrás dele antes desse maldito casamento. Cansei de ser segunda opção. Boa sorte Carlos.
Eu estava estático. Nunca esperava essa atitude do Pedro. As lágrimas começaram a cair e ele simplesmente saiu de casa sem ouvir nada do que eu pensei em falar. Mas naquele estado as palavras não iriam sair mesmo.
Me sentei no sofá buscando uma boa atitude naquele momento e cheguei a uma importante conclusão: eu estava altamente dependente.
Me senti uma mercadoria!
Quando não estava correndo atrás de um eu corria atrás do outro. Que palhaçada, Carlos. Voltei pro quarto, me arrumei. Coloquei uma coisa na cabeça: ou eu lutava pelo que eu queria ou abria mão de uma vez por todas.
Pensei muito enquanto me arrumava e estava na hora mesmo de parar de correr atrás desses dois, me magoar e magoá-los. Precisava de novos ares, uma mudança radical. As aulas estavam voltando e eu não poderia me ausentar tanto assim, mas eu precisava fazer alguma coisa pra mudar a situação.
Arrumei minhas coisas lentamente, lembrando de cada momento que vivi naquela casa ao lado de Pedro. Será que eu o amava mesmo. Sim, eu o amava. Mas as coisas não eram tão fáceis assim.
Eu não conseguia amar só a Pedro. O problema era esse. João tinha alguma coisa que faltava a Pedro. Dois totalmente opostos!
Juntei todas as minhas coisas, apenas deixei o maior presente de Pedro: a aliança com nossos nomes. Se ele tinha desistido de mim eu também desistiria daquela relação. Não ia ser fácil, ao contrário do que ele pensava, mas eu já sentia saudades.
Passei na faculdade para ter certeza do dia de início das aulas e seria na próxima semana. Teria 5 dias para voltar pras aulas, cinco dias para mudar meu panorama atual e voltar pra Juiz de Fora diferente, interno e externamente.
Sai de casa ainda pensando nos dois. Quando eu voltasse para as aulas já imaginava Pedro sofrendo a minha espera e João acertando os últimos detalhes de seu casamento que ocorreria em poucos dias.
Tudo ia caminhar bem sem mim.
Seria prepotência demais achar que minha ausência pararia a vida dos dois. Muito pelo contrário. Pedro já sabia da gravidade de se drogar e eu mesmo já tinha certeza que ele não tentaria se matar novamente.
Cheguei à rodoviária, passei num caixa eletrônico e tirei quase todo o dinheiro que tinha guardado para essa “nova experiência”.
Segui em direção ao guichê e comprei uma passagem pra Belo Horizonte. Ia fazer um passeio por lá e tentar me de tudo.
Comprei a passagem, guardei o dinheiro em um lugar seguro e segui para a parte de embarque.
Eram 12:45 e o ônibus sairia as 17:00.
Me sentei, ainda me perguntando se seria a melhor coisa a se fazer, mas definitivamente estaria sendo melhor me isolar um pouco.
O ônibus parou e vi pelo letreiro que seria o que eu pegaria. Retirei a passagem do bolso procurando ler apenas pra me distrair. Eu estava muito ansioso. Triste também, mas a ansiedade me dominava. Por um momento eu tava pensando muito mais em mim do que nos dois amores da minha vida! Nossa, que frase forte. Mas eu já tinha entendido que a minha vida não se resumia apenas aos dois. Eu precisava de um rumo e essa viagem tinha tudo pra dar certo nesse quesito.
A porta do ônibus se abriu e o auxiliar do motorista desceu para colocar as malas no bagageiro.
Levei minhas duas malas até lá e as coloquei dentro. Agora não teria mais volta.
Era isso!
Iria fugir dos meus problemas. Parecia covarde, mas era a melhor saída.
Subi os degraus do ônibus e assentei na poltrona 22, ao lado da janela.
Faltavam ainda dois minutos e o ônibus já estava ligado. Olhei meu celular e inúmeras ligações de Pedro não atendidas. Ainda bem que havia colocado no silencioso.
Me ajeitei na cadeira me preparando para horas de viagem, quando ouvi meu nome do lado de fora.
Que surpresa! Lá estava Pedro, ao lado da janela do ônibus tentando chamar minha atenção. Seus olhos estavam marejados:
- Carlos, por favor, não me deixa aqui. Desce desse ônibus, ainda dá tempo.
Eu o olhava ainda surpreso, mas certo da minha decisão. O motorista fechou a porta do ônibus e eu assistia Pedro chorar compulsivamente.
- Fica comigo, por favor.
O ônibus arrancou e Pedro fazia parte do meu recente passado...
CONTINUA...