Quero começar desejando um FELIZ DIA DAS MÃES para todos!!! E lembrem-se essa data não é apenas para festejada no segundo domingo de Maio. É uma exercicio diário!!! Então ame a sua mãe, como a ti mesmo!!!
Três dias se passaram e todos trabalhavam nas mínimas condições para tentar manter os pacientes do hospital bem. A chuva deu uma trégua e as águas começaram a baixar consideravelmente. As pessoas pensavam que estavam preparadas para as consequências, mas deveriam ter pensado nisso antes.... muito antes.
- Quando vamos poder ver o Paulinho? – perguntou Pedro.
- Espero que em breve, consegui falar com os meus pais agora... eles estão bem... minha mãe foi para o hospital quando soube da situação da cidade... ela ficou preocupada.
- Gente... e o Phelip... eu... não posso perder outro irmão. – disse Pedro sentando numa cama improvisada.
- Amor... a água começou a baixar, vamos procurar ele em breve, talvez até amanhã se tudo der certo. – ele falou deitando ao lado de Pedro.
- Amor... eu tenho medo sabia. – ele disse abraçando o marido.
- De que? Eu não sei onde estão meus amigos... o Dr. Emanuel continua desaparecido... eu tenho medo de tudo o que vamos ter que enfrentar quando as águas saírem....
- O importante é que você está bem, nossos filhos estão bem... você é tudo o que importa na minha vida Pedro Soares. – ele disse beijando o marido.
- E Dora? O que vamos fazer com ela? – perguntou Pedro.
- Acho melhor ela se mudar para a nossa casa... para ela não ficar sozinha. – disse Mauricio acariciando os pelos de Pedro.
- Eu também acho a melhor opção... afinal ela perdeu os filhos, o marido... a casa.
- Sim... Pedro foi a coisa mais difícil que eu já fiz na minha vida... se eu pudesse fazer algo... estava impotente, apenas chorei com ela.
- Amor, quando eu pensava na possibilidade de ter acontecido algo com você e as crianças eu enloquecia... imagina se eu tivesse essa confirmação.
- Pedro... eu sei que é difícil e não o momento apropriadol, mas aconteceu algo entre você e o Vinicius?!
- Se eu falar que não estarei mentindo...
- Como assim? – perguntou Mauricio mudando de expressão.
- Ele me beijou... mas foi apenas um selinho... nada demais, depois eu o afastei e falei que não...
- Sério?!
- Você sentiu alguma coisa?
- Sim... infelizmente eu senti pena dele... por gostar de alguém que não gosta dele... nunca duvide quando eu digo que eu te amo, Mauricio Elias Soares. – disse ele o beijando.
- Claro amor... tá vendo... se fosse você... teria feito o maior escândalo né? – ele disse rindo.
- Eu?! – disse Pedro o beijando novamente. – Detalhes!
Phelip, Duarte e Fernanda continuavam presos na pequena cidade, sem saber noticias de seus familiares. Um grupo do exercito chegou e informou que apenas metade da cidade havia sido afetada e que a estrada já estava restaurada. Eles não perderam tempo e se mandaram para ver os familiares.
- Meu Deus!! – disse Fernanda.
- Calma... Eles estão bem. – disse Phelip tentando ser o mais positivo possível.
- Temos que ter fé... eu sei que a minha mãe está bem! Eu sinto isso... passamos por tanta coisas juntos... eu tenho fé. – ele disse deixando uma lágrima escorrer.
- Verdade. – disse Phelip olhando pelo retrovisor.
- Eu tenho medo de ficar sozinha... eu só tenho os meus pais... – disse Fernanda.
- E eu só tenho a minha mãe... e você não está sozinha. Tem a mim... ao Phelip... se ficarmos juntos tudo vai dar certo. – ele falou coçando o gesso.
- Obrigada... e desculpa novamente pelo seu braço.
- Você não tem nada haver com isso Fê. Eu faria de novo se fosse perciso. – ele disse rindo.
- Vocês dois são as melhores pessoas na minha vida. – ela disse.
- E você é uma grande amiga – disse Vinicius repousando sua cabeça na banco traseiro.
- Olhem!! – gritou Phelip.
No lugar da cratera que havia se formado na estrada, os agentes da prefeitura colocaram uma ponte de madeira para a passagem de carros e caminhões para ajudar as cidades que haviam sido afetadas pela água.
Estáticos, os três não conseguiam acreditar nas imagens que viam. Casas destruídas e muita lama. Por algumas vezes o carro atolou, mas ninguém precisou descer para empurrar. Algumas localidades da cidade já estavam foram de perigo e a primeira casa que eles foram foi a de Fernanda. A área foi severamente afetada pela enchente, mas foi apenas passagem para a água, uma vez que ficava localizada na parte alta da cidade. Muito emocionada a jovem se encontrou com seus pais.
- Meu Deus! Eu pensei que nunca mais fosse ver vocês! – disse a moça chorando igual a uma criança.
- E nós! – disse a mãe dela tremendo.
- Que bom, vocês estão bem. – disse o pai dela também chorando.
- Fernanda... precisamos ir... – disse Phelip.
- Claro... obrigada pro tudo... mãe, pai... eles salvaram a minha vida de todas as formas nesses três dias. – disse ela chorando.
- Phelip... eu sei que tivemos nossas brigas, mas eu te agradeço. – disse o pai dela abraçando o jovem.
- De nada senhor... só fizemos a nossa obrigação. – disse Phelip sem reagir ao abraço.
- Phelip temos que ir. – disse Duarte.
- Meu Deus querido... você está bem?! – perguntou a mãe de Fernanda.
- Sim senhora... apenas desloquei o meu braço novamente.
- Para onde vocês estão indo? Perguntou o Pai de Fernanda.
- Vamos para casa... a parte do centro... porque? – perguntou Duarte aflito.
- Foi uma das áreas mais atingidas... na verdade está submersa... de acordo com os oficiais vai levar uns três dias para as águas abaixarem completamente. Por enquanto as pessoas estão sem acesso... tentei ir e ajudar, mas não consegui... acho melhor vocês ficarem aqui. – ele disse.
- Queridos... eu sei que vocês querem ver os familiares e a dor no coração deve ser grande... não posso medir as dores, mas eu peço que por favor... fiquem aqui... eu acho que seria essa decisão que os pais de vocês gostariam que vocês tomassem. – disse a mulher gentilmente.
- Eu não sei... o Duarte está precisando descansar um pouco... tivemos dias difíceis.
- Claro... tenho roupas que devem caber em vocês. – disse o homem.
- Está começando a ficar tarde... estamos sem eletricidade... vou ligar as lâmpadas de emergência. – disse a mulher.
- Gente... vou mostrar o quarto de vocês. – disse Fernanda limpando as lágrimas.
Sabe aquela sensação de estar em casa, mas não está totalmente na sua zona de conforto. Eles sabiam, a enchente trouxe muitos problemas para todos. Prefeitura, Governo e principalmente os habitantes daquela cidade. Pouco a pouco, as águas iam sendo levadas, mas as marcas continuariam no peito de cada um por muito tempo.
- O que foi coração? – perguntou Caleb sentando ao lado de Priscila.
- Estou pensando... tentando colocar a minha cabeça no lugar... foram muitas coisas ao mesmo tempo. – ela disse pegando os braços do noivo e o fazendo abraça-la.
- É bom amor... é muito bom. – ele disse beijando a nuca dela.
- O Pedro... eu lembro que uma vez na quinta série... ele foi para um acampamento. Era para as crianças mais descoladas que conhecíamos. Era preciso de um teste para entrar... ele conseguiu passar com honra e o Paulo não conseguiu... então passou as férias em outro lugar e eu fiquei sozinha em casa durante um mês... eu não estava acostumada com isso... de estar sozinha. E agora... depois que eu perdi o bebê... eu... eu me senti sozinha. – ela disse chorando.
- Eu to aqui amor. – disse ele.
- Eu sei... isso é uma luta interna... que eu vou vencer. – ela disse.
- Gente desculpa atrapalhar, mas a janta está pronta. – disse um funcionário da empresa.
Rodolfo Soares era um homem conhecido pela veia filantrópica que possuía. Ele sempre ajudou instituições beneficentes de vários lugares do Brasil, mas nada se comparava ao que ele estava fazendo no momento. Ele simplesmente transformou sua empresa em um grande hotel para os desabrigados.
Na linha de produção, haviam milhares de camas improvisadas com caixas e esponja. O refeitório se transformou em um grande restaurante popular... toda a comida e bebida era da empresa. Mas Rodolfo sabia que aquelas pessoas estava necessitadas e fazia isso com um sorriso enorme no rosto.
- O senhor é um homem extraordinário Sr. Rodolfo. – disse o capitão do exercito.
- Obrigado, mas eu não faço mais do que a minha obrigação. Afinal de contas a minha empresa estava também de
acordo com a usina. – ele disse.
- Então é uma forma de compensação? – perguntou o homem.
- Também... não diria compensação ou obrigação, mas é algo do gênero. – ele disse.
- Não deixa de ser uma grande obra. E pode ter certeza que as pessoas saberão disso. Ainda existem pessoas boas nesse planeta... o senhor ao contrário de outros abriu a porta de sua propriedade para ajudar os necessitados... de toda a cidade apenas três fizeram isso. – falou o capitão.
- Cada um faz aquilo que pesa a consciência... – ele disse.
- O senhor está preocupado? Parece tão distante. – perguntou o oficial.
- Um dos meus filhos continua desaparecido... – disse Rodolfo com a voz embargada.
- E onde ele estava no momento da enchente?
- Em um sitio... próximo a Br. – ele disse.
- Vou deslocar os homens para a área... vamos fazer uma busca agora mesmo.
- Você faria isso por mim? – perguntou Rodolfo emocionado.
- Pelo Senhor nós faríamos sim... – disse o oficial pegando um rádio e falando com os homens.
No hospital, a água já estava diminuindo. Os funcionários tinham medo de olhar as salas do primeiro andar. Mas era inevitável. Carlos e Mauricio foram os responsáveis por fazer o serviço, motivos burocráticos fizeram Pedro e Emilly também descerem para contabilizar os gastos, uma vez que não havia ninguém do setor financeiro. Lama e mais lama era o que eles encontraram pelo caminho. O lugar parecia mais cenário de um filme de horror.
- Jesus! – disse Emily com um certo nojo da água.
- Tomem cuidado. – disse Jean.
- Tem perigo de ter algum animal? – perguntou Pedro.
- Não... mas é bom ficar atento. – disse um soldado baixinho que fazia com que o nível do rio parecesse maior.
- Aqui fica a administração. – disse Mauricio apontando para a porta.
- Afastem-se. – disse Jean. – Tenente SoutoÁgua saiu da sala e relevou três corpos. De uma enfermeira e dois funcionários administrativos. Emily gritou e encontrou amparo nos braços de Mauricio. Pedro se manteve forte até gritar.
- Não!!! – disse correndo com dificuldade para dentro da sala.
- O que foi? – gritou Mauricio.
- Dr. Emanuel!!!! – gritou Pedro pegando o corpo de seu chefe de dentro da água suja.
- Pedro! – disse Carlos se aproximando.
- Não pode ser... – disse Mauricio.
- Ele... ele... disse que... ele disse que... iria tirar férias!!! – disse Pedro chorando como se fosse uma criança.
- Meu Deus!! Isso não está acontecendo. – falou Carlos colocando a mão na cabeça e olhando para o outro lado.
- Eu... eu... sinto muito. – disse Mauricio abraçando o corpo do médico.
- Temos que continuar... é difícil, mas é necessário – disse Jean tentando ser solidário.
- Não podemos deixar ele aqui... ele é o chefe desse hospital. – disse Pedro chorando.
Ele e Mauricio conseguiram levantar e colocaram o corpo em cima de uma mesa.
- Continuem... – disse o Carlos chorando. – Eu fico... aqui.
- Pedro! O Dr. Emanuel. – disse Emily chorando.
- Eu sei... vamos ver essa questão depois... precisamos continuar. – ele falou limpando as lágrimas.
Depois daquele momento o coração de todos começou a bater mais forte. E a cada sala vistoriada era mais um choque e mais mortos. Fora aqueles que desapareceram para sempre nas águas ou que só foram encontrados meses depois. Sim, aquele dia não foi fácil para muitas pessoas... mas com o descida das águas chegaria a fase de reerguer a cidade.
- Tem um corpo ali. – disse Jean apontando para a parede.
- Deus. – disse Emily se ajoelhando no chão molhado e chorando feito uma criança. – Eu não quero mais... chega!!
- Pedro... fala comigo... Pedro... – disse Mauricio segurando o marido.
Sim... Para muitos aquele dia... seria impossível de esquecer.
- Qual é o nome doutor Mauricio?! – perguntou um soldado.
- Ronald... Ronald Teixeira... Designer do Marketing do nosso hospital.
- Pobre coitado... ficou com a blusa presa aqui. – falou o soldado baixinho.
- Pedro?! - perguntou Jean.
- Ele está em estado de choque... tenho que levar ele daqui. - disse Mauricio segurando o marido pelos braços.
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