Turma, nota 10 pra vocês nos comentários. O número de leituras está enorme, obrigado por tudo. Espero que gostem, boa leitura...
Chorava muito.
- Você nunca vai estar sozinho.
Ele me abraçou. Um abraço terno, que me transmitiu uma paz enorme. Não era um abraço comum, nada comparado a todos os abraços que já tive na minha vida. Aquele abraço estava diferente, os sentimentos estavam diferentes. Me desvencilhei do abraço e continuei a me consolar sozinho, enquanto Bruno desceu para a sala.
Ia sentir muita falta do Marcos, mas eu sabia que faltava muita coisa pra nos completar como casal. Faltava um fogo, um prazer que eu não tinha com ele.
Reparei na minha aliança de compromisso e comecei a imaginar como seria um namoro a distância, sendo que junto com ele já não tinha amor. Fiquei sem graça de dizer que não queria continuar, logo decidi continuar.
Só parei meus pensamentos com Bruno chegando no quarto fazendo o maior barulho:
- Cara, já sei uma forma de te deixar felizão. Bora sair?
- Sério Bruno? Eu acho que prefiro ficar em casa, tô muito desanimado.
- Comigo tu não fica desanimado. Anda vestir uma roupinha melhor e vamos sair vai.
Nem retruquei mais, troquei de roupa e fui sair com ele. Fomos a pé mesmo. Caminhamos durante muito tempo até encontrarmos a menina que Bruno tinha ficado no clube. O passei ficou uma merda né. Ela colou com ele e, apesar de ele não dar muita atenção, ela não se tocava e continuava nos seguindo. As vezes até esquecíamos que ela estava do lado e ele contando sobre seus namoros no Rio de Janeiro, de como ele gostava do mar e em BH ele nem tinha como. Contei também das vezes que eu fui acampar com meus amigos e que foi uma alternativa pra falta de praia em Minas Gerais. Depois de um tempão a idiota se tocou e se despediu dele com um selinho.
Fiquei sem graça e ele percebeu, disse rindo:
- Tá com ciúmes do maninho aqui né?
- Mas está tão na cara assim?
- Que você tá bravinho? Tá sim. Mas liga não que eu não espalho. Sei que irmão mais novo não curte admitir que gosta do mais velho.
Aquela frase mudou meu foco do assunto. Na verdade, eu nem sabia que sentido que eu estava dando para aquele papo. De fato, era muito difícil explicar meus ciúmes, coisa de irmão né.
Andamos mais um pouco e ele contando que era difícil fazer amizades, porque as pessoas acham que por ele ser alto e forte ele tem um jeito grosseiro. Tive que rir da cara de sofredor dele:
- Ah tá. E quem disse que você não é assim Bruno?
- Eu tô dizendo porra. Num sou esse cara grosso que eu pareço não. Posso ser bem educado com quem merece.
- Então quando eu merecer você me avisa tá?
Rimos juntos e ele disse que precisava conversar com alguém:
- Cara, tô precisando falar mais sobre aquela parada lá, saca?
Fingi de bobo porque queria saber até onde ele iria:
- Sobre o que Bruno?
- Sobre aquela história lá de eu achar que tô virando viado.
- Podemos até falar, mas vamos esclarecer algumas coisas. Viado não é a melhor palavra. Fala gay que fica mais bonitinho.
- Já é então, acho que tô virando gay.
- Melhorou Bruno, mas por que você tá achando isso?
- Tô reparando num carinha sabe. Ele é legal pra caramba e tô curtindo ele demais, só que fico com receio dessa merda, nunca pensei num cara. Tá foda isso!
- Eu acho que entendo Bruno. Só acho que você tem que ter calma com você mesmo. Eu me aceitei super rápido, mas pra maioria é muito difícil. E se você tá realmente afim desse cara e acha que ele tá afim de você, vai atrás. Não deixa isso escapar por puro medo né.
- Vou pensar nisso maninho. Bora pra casa?
- Ah não. Vamos pra outro lugar, me arrumei tanto pra voltar em uma hora pra casa.
Ele me olhou de cima a baixo, começou a rir baixo e deu um sorriso de canto, completando:
- Realmente, tá bem gatinho pra ir embora agora. Vamos jantar então?
Ele me abraçou. Ele me elogiou e me abraçou. Ele me elogiou, me abraçou e eu corei. O que estava acontecendo comigo? Será que eu tava vendo meu irmão de forma diferente? Que palhaçada era essa?
CONTINUA...