Bom, estou escrevendo outra série de contos aqui e espero que gostem. Não sei por que estou fazendo isso se estou ocupado o tempo todo, não faço a mínima, ainda mais esse ano que é ano de vestiba e to estudando a fu. Bem, vai entender, espero que curtam, era isso. MSN: will52@hotmail.com
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Tudo começou quando eu tinha apenas 8 anos. Era um dia de calor, estava passando as férias na casa dos meus avós em Santa Catariana, onde eu adorava ficar. Estava na praia com meu avô, eu e ele íamos quase todas as manhãs. Ele ficava dormindo na cadeira com o chapéu no rosto, enquanto eu brincava na areia e mergulhava no mar.
Certo dia, estava eu catando conchas na beira d’água distraidamente, até que um garoto apareceu de repente ao meu lado:
- Oi, meu nome é Apolo, qual é o seu?
- Oi... De onde você saiu? – Falei meio assustado.
- Daquela casa lá, eu acho que você não viu porque você estava distraído. – Falou ele sorrindo pra mim.
- Ah bom... Meu nome é Heitor, tenho 8 anos e você? – Disse retribuindo o sorriso.
- Tenho 9 anos, você não quer ajuda para catar mais conchas? Adoro procurar elas.
- Aha, você tem um baldinho?
E então, desde esse dia, Apolo e eu nos tornamos grandes amigos. Todos os dias quando ia à praia com meu avô, me encontrava com ele para a gente brincar, adorava a companhia dele, e ele a minha, nos dávamos muito bem. Apolo estava passando as férias na casa da praia de seus pais. Eles estavam sempre envolvidos com trabalho que mal davam atenção a ele, e acabavam passando o dia todo fora de casa; Assim, Apolo ficava com a sua babá na maior parte do tempo, e comigo durante as manhãs e algumas tardes na praia.
Nessa época, tínhamos praticamente a mesma altura. Apolo tinha cabelos castanhos e olhos verdes claros, era magro como uma vassoura e corajoso como um leão, estava sempre querendo descobrir o mundo. Já eu, tinha cabelos loiros escuros e olhos azuis escuros também, era meio gordinho feito e um pouco tímido. Com personalidades fortes, eu e Apolo estávamos sempre aprontando, brincando pela praia e nos divertindo muito.
Quando nos demos por conta, o verão estava acabando, e aquele seria o último dia em que passaria ao lado de Apolo, pois talvez só nos veríamos no próximo verão. Então, acordamos bem cedo para ir à praia naquele dia, pois queríamos aproveitar o máximo possível do que restava ainda. Cedinho da manhã começamos a fazer um castelo de areia enorme, pois por incrível que pareça não havíamos feito um ainda durante todo o tempo que ficamos juntos. Do nada, o castelo pareceu tremer, e dele saiu “a coisa” mais incrível que poderia ter visto em minha infância, o nascimento de filhotes de tartarugas.
- Uuuuuauuu Heitor! Olha isso, não acredito que havia tartarugas enterradas bem embaixo do nosso castelo! Como elas conseguiram respirar embaixo da areia?!
- Não sei, mas isso é muito legal! A gente precisa tirar uma foto delas! Você tem uma máquina de tirar foto?
- Tenho, tá na minha casa, vou pegar! – Apolo saiu correndo em direção a sua casa, já que era pertinho da praia.
Estava fascinado com as pequenas tartarugas, mais do que isso, o sentimento de felicidade de presenciar aquilo e estar com Apolo, um pequeno garoto que passou a ser o meu melhor amigo naquele verão, era indescritível... Não podia estar mais feliz, mal sabia que aquela era a melhor fase da vida.
Logo Apolo chegou com a câmera e começamos a tirar várias fotos:
- Tira dessa! Aqui oh! Isso! – Falei a ele.
- Vamos tirar uma da gente com as tartaruguinhas! – Falou ele com um enorme sorriso no rosto, tão contente quanto eu.
- Vamos!
Apolo parou do meu lado e me abraçou com uma mão enquanto segurava a câmera com a outra. Aqueles minutos foram incríveis, estávamos rindo por tudo de tão significante que era aquele momento para nós, duas crianças inocentes descobrindo juntas um dos verdadeiros sentidos da vida.
Não passou muito tempo e as tartarugas foram embora, sentamos na areia um do lado do outro para vermos se as enxergávamos na água.
- Tor, essa eu acho que foi as melhores férias de verão que eu pude ter, é tão legal estar com você perto de mim, você me faz muito feliz sabe. – Falou ele corando.
- Você também... – Falei mais vermelho ainda. – Eu gosto muito de estar com você... - De repente, Apolo encosta a cabeça no meu ombro. - Foi muito legal passar essas férias com você, não queria que isso acabasse. A gente têm ainda tantas coisas pra fazer juntos... – Falei parecendo meio triste.
- Mas a gente vai se ver de novo, nas férias que vem, na outra e na outra, até a gente crescer, comprar uma casa aqui e passarmos todos os dias na praia. – Ele tirou a cabeça do meu ombro depois de falar e sorriu pra mim, como se aquele sorriso tivesse solucionado todos os problemas do mundo.
- Você promete pra mim? Que a gente ainda vai se ver um dia? Mesmo?
- Prometo. – Ele segurou a minha mão e logo após, houve um abraço doce, singelo e carinhoso entre nós, eu abracei ele forte, e ele retribui também...
- Bom, então é melhor a gente aproveitar muiiiiiiito bem o resto do dia, né?
- Siim! Muitão!
O dia passou depressa, havíamos tomado sorvete, jogado futebol, brincado de nos enterrarmos na areia e mais uma porção de coisas. Quando me dei por conta já era quase noite, meu avô que havia acompanhado grande parte do nosso dia, estava cansado e foi para sua home. Disse que era para mim ir em meia-hora para o apartamento, já que estava anoitecendo e Apolo tinha que fazer as malas para ir embora.
- Que bom que o seu avô deixou você ficar mais um pouco, já que você também mora pertinho, né?
- É... Você não quer mergulhar uma última vez não?
- Claro.
Nos mandamos para água, ela estava quentinha e calma, mal havia ondas.
- Para acabarmos bem esse dia eu vou te dar um presente Apolo. – Falei sorrindo deslavadamente.
- O que? – Disse ele curioso, com um ponto de interrogação grudado no rosto.
- Um Caldinho! Hahaha! – Comecei a jogar vários nele até que ele implorasse para parar.
- Seu bobão! Agora você vai ver!
Apolo pulou por cima de mim para me jogar água, e então, aconteceu o que talvez mudou muito coisa. Sem querer nossos rostos se encontraram, e ele acabou acidentalmente por me dar um selinho, em meio a todo aquele alvoroço. Ficamos muito sem jeito, não sabíamos como reagir diante daquilo. Apolo ficou sério e não disse mais nada, ficou me encarando por um bom tempo, sem dizer uma única palavra, até que eu resolvo quebrar o silêncio:
- É... Não fica assim Apolo, não foi nada demais, não é?
- É... Claro, desculpa Tor. – Ele permaneceu sério, até que eu pulei em cima dele e comecei outro caldinho.
- Ah Tor! Você vai ver! - Com isso, Apolo perdeu sua expressão séria e logo voltou à brincadeira, sorrindo como nunca.
Se passado um bom tempo na água, decidimos ir para areia, era hora de dizer adeus, pois Apolo precisava ir.
- Eu vou sentir a sua falta. – Disse a ele, olhando-o triste.
- Eu também vou sentir a sua. – Ele olhou fundo nos meus olhos entristecido.
- Apolo, eu acho que eu te amo...
- Como assim? – Falou ele meio encabulado.
- Minha vó disse pra mim uma vez, que quando a gente gosta muito, muito mesmo de alguém, a gente diz: Eu te amo.
- Ah... Nesse caso, eu também te amo Tor.
Então, houve o último abraço entre duas crianças com laços indefinidos e fortes, pois a despedida havia chegado... Esse último abraço foi duro, pois era o Adeus do tempo maravilho que havíamos passado juntos, poderia haver outros tempos como esse, mas quem garantiria? Foi duro, não queria me desvencilhar dele.
- Então era isso, tchau Apolo...
- Tchau Heitor... E não se preocupa, eu vou cumprir a promessa, você vai ver. – Falou ele sorrindo, sorrindo unicamente, mostrando aquele sorriso magistral que só ele tinha.
Quando me virei para ir embora, me veio um aperto enorme no coração. Logo comecei a chorar silenciosamente no caminho de volta para o apartamento, parecia tão doloroso aceitar a partida, não estava entendendo o que havia de errado comigo naquela época...
10 anos depois... Muita coisa mudou
Infelizmente, as pessoas crescem, as coisas mudam, são substituídas, são esquecidas... Com exceção dos sentimentos, quando verdadeiros, jamais são esquecidos, pois podem eles... Serem revividos.
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Continua