E aqui vai mais um capítulo ;
Fomos para a cama e deitei-me no peito nu de Afonso.
Eu: Nem consigo imaginar como Tiago se sente ao ver a mão dele tão doente. Eu acho que desesperava.
Afonso: Pois…
Eu: Hoje tive mesmo pena dele. Nunca pensei que fosse ter pena dele depois de tudo o que se passou, mas ele tava mesmo aflito.
Afonso: Pois…
Eu: Eu aqui a fala pra você e você só sabe dizer ‘pois’?
Afonso: E se você me achar feio?
Agora fui completamente apanhado de surpresa. E se eu o achar feio? Mas porque esta pergunta agora?
Eu: Não estou a perceber.
Afonso: E se você voltar a ver e quando me vir achar que eu sou feio?
Eu: Afonso e eu lá ligo para a aparência? Se eu não vejo se você é bonito ou feio quer dizer que me apaixonei pelo seu interior e é só isso que me interessa.
Afonso: Mas ele não é nada de se jogar fora, é um dos rapazes mais bonitos da sua faculdade. Tanto rapazes como raparigas fariam de tudo para ficar com ele.
Eu: Agora você viajou rsrsrs e está com ciúmes rsrs
Afonso: Não é nada disso. Você já namorou para ele e com certeza o achava bonito. E se você depois achar que eu sou feio e tiver vergonha de mim?
Sentei-me na cama.
Eu: Afonso, é verdade que ele é muito bonito por fora, isso eu admito. Mas e por dentro? – falei colocando a minha mão no seu coração – Ele namorava comigo e deixou-me a partir do momento em que eu fiquei cego.
Afonso: Eu sei…
Eu: Então por dentro ele mostrou ser muito feio e isso para mim conta muito. Se eu soubesse que ele era assim por dentro nunca tinha namorado para ele.
Eu: Agora você é completamente diferente. Você apareceu de repente na minha vida e eu pude ver o seu coração. – disse beijando o seu coração – e o seu coração era tão bonito que eu não demorei muito tempo para me apaixonar.
Afonso: Eu só não quero perder você.
Eu: E você não me vai perder – digo beijando os seus lábios – e mais uma coisa. Você muito feio não pode ser, disso tenho a certeza rsrsr
Afonso: Porque diz isso?
Eu: Porque no dia em que o conheci a minha irmã disse “Ou você pega ou pego eu! Um Deus grego desses não pode andar por ai solteiro” rsrsrs e eu peguei rsrsrs
Afonso: Eu é que fiquei com um Deus grego, às vezes não acredito que você é o meu namorado.
Eu: Ei coisa boa – digo beijando-o.
Ficamos namorando mais um pouco mas não demoramos a adormecer.
Nesta noite não me lembro de ter sonhado, tive um sono longo e tranquilo.
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De manhã o despertador de Afonso começou a tocar, mas como seria de esperar num dia normal, ele já estava a pé e de certeza que a mesa já estava posta com um pequeno almoço dos Deuses rsrsrs eu estava mesmo mal habituado rsrs levantei-me, foi ao banheiro tratar da minha higiene pessoal e fui para a cozinha.
Afonso: Bom dia minha vida – diz beijando-me os lábios. – pode sentar-se que está quase pronto.
Sentei-me e fui sentindo o cheiro de tudo o que havia na mesa. Torradas, chocolate, várias frutas.
Afonso: Aqui estão as torradas – diz colocando a minha mão junto às torradas – aqui estão os morangos e aqui o chocolate, como você gosta.
Eu: Você quer que eu fique que nem uma baleia rsrsrs
Afonso: Eu conheço uma maneira bem gostosa de ficar em forma rsrsrs Aqui tem café, leite ou chá. E aqui tem salada de fruta, preparada agora mesmo. Não quero que a D. Antónia diga que você anda passando fome rsrs
Eu: Se continuar assim eles vão ter de alargar a porta lá de casa para eu conseguir entrar rsrs
Afonso: Eu já disse que conheço uma forma bem gostosa de fazer exercício rsrs mas agora coma que ainda tenho de o deixar em casa dos seus pais.
Eu: Eu acho que hoje vou tentar ir de ónibus... - ele não vai gostar rsrs
Afonso: Sozinho?
Eu: Sim, não deve ser assim tão complicado.
Afonso: Meu amor você sabe que eu quero que seja mais autónomo mas você não devia fazer isso sozinho, quando eu tiver uma folga fazemos isso juntos, sim?
Eu: È melhor, você tem razão.
Afonso: E então depois você pode tentar andar sozinho, mas primeiro é melhor conhecer bem como funciona. E agora coma por favor senão vou chegar atrasado e a minha chefe anda naqueles dias em que não pode ver ninguém à frente rsrs
Eu: Sim Sr. Engenheiro, os seus desejos são ordens rsrs
Tomamos o pequeno almoço e Afonso me deixou em casa dos meus pais.
Pouco depois de lá ter chegado a minha mãe saiu com a Clarice. Agora andava a tirar um curso de culinária, mas era uma coisa muito da alta rsrsrs era só mulheres de médicos, engenheiros, advogados…. Rsrs podem imaginar como devia ser, mas a minha mãe estava mesmo entusiasmada.
De repente ouço o telefone de casa a tocar.
Eu: Casa dos Albuquerque, quem fala?
Tiago: Pedro sou eu, o Tiago.
Eu: Tudo bem? Aconteceu alguma coisa com a sua mãe? – será que tinha acontecido alguma coisa.
Tiago: Não, está tudo estável. Mas o seu tio disse que deixou uns papeis com o seu pai para eu entregar na faculdade para justificar algumas faltas que tenho tido por andar a acompanhar a minha mãe nos tratamentos. Sabe onde estão?
Eu: Não sei não, mas posso ligar ao meu pai para perguntar.
Tiago: Se puder fazer isso eu agradeço imenso.
Eu: Então fazemos assim eu vou desligar e ligar com ele e depois ligo com você, pode ser?
Tiago: Sim, claro, eu espero.
Eu: Pronto, então até já.
Tiago: Pedro?
Eu: Sim?
Tiago: Obrigado…
Eu: Não precisa agradecer, até já.
Desliguei e liguei com o meu pai, os papeis estavam no escritório cá em casa. Então liguei com Tiago e disse que ele podia passar cá em casa quando quisesse. Ele como estava perto disse que não demorava.
Fui para o sofá da sala e fiquei um pouco a ouvir musica até que ouço a campainha tocar. Vou até à porta.
Eu: Quem é?
Tiago: Sou eu, o Tiago.
Abri a porta e pedi para entrar.
Eu: Os papeis estão no escritório, venha comigo por favor, não faço ideia de como são os papeis e você já os deve conhecer.
Entramos no escritório e logo Tiago os encontrou, eram os únicos papéis em cima da secretária.
Tiago: Obrigado e mais uma vez desculpe qualquer incómodo.
Eu: Não tem de estar a pedir desculpa constantemente.
Tiago: mas eu sinto que tenho a obrigação de o fazer.
Eu: E porque é que sente isso?
Tiago: Porque o que eu fiz com você não se faz a ninguém. – ele tinha tristeza na voz.
Eu: Você está arrependido?
Tiago: Muito. Você não imagina como eu me arrependi.
Eu: Mas sabe que o arrependimento agora não muda nada. Eu precisei de você e você me abandonou.
Tiago: Eu sei. E sei que o meu arrependimento não muda nada.
Eu: Porque é que você me abandonou? Não consegui viver ao meu lado só por eu não ver? Por ter uma deficiência? Eu não merecia o seu amor?
Tiago: Não, claro que não. Eu só não sabia lidar com a situação. Eu não sabia como estar do seu lado e apoiar você. – a voz dele tremia – Eu não sabia o que dizer… não sabia o que fazer… eu não consegui olhar para você e ver você sofrendo. Você não merecia isso. Você foi das melhores pessoas que já conheci. Você não merecia isso.
Eu: Mas então só pensou em você. Eu não queria que dissesse nada… eu não queria que fizesse nada… Eu apenas queria que ficasse a meu lado. Podia ter ficado parado e em silêncio. Na altura isso para mim era o suficiente.
Tiago: Eu sei que sim, e agora eu vejo as coisas de outra forma. Mas eu era novo demais e na altura fiquei com medo e quis fugir. Me desculpa, eu vivo com essa culpa desde essa altura.
Eu: Eu agora não consigo desculpa-lo e não sei se vou desculpa-lo um dia. Mas já não tenho aquela magoa e de certa forma até compreendo o seu lado. Mas isso não justifica nada.
Tiago: Espero que um dia me consiga perdoar. E ainda bem que encontrou alguém que o mereça, o Afonso parece ser a pessoa certa. Fico feliz por vocês.
Tiago aproxima-se de mim e abraça-me. Fui completamente apanhado de surpresa. Já há muito tempo que não tinha contato físico com ele. Foi estranho, mas não foi mau… foi estranho…
Tiago: desculpa, foi a força do hábito. Eu não devia tê-lo abraçado. Me desculpe.
Eu: Mais uma vez digo que não precisa estar constantemente a desculpar-se mas peço também que não volte a abraçar-me.
Tiago: Não volta a acontecer.
Eu: Queria mais alguma coisa aqui de casa?
Tiago: Não, era só estes papeis. Agora já posso ir para a faculdade.
Eu: E como vão as aulas? Muito trabalho?
Tiago: Lembra do nosso terceiro ano quando nos queixávamos que tínhamos trabalho demais?
Eu: lembro sim, quase não tínhamos tempo para respirar.
Tiago: Agora é vinte vezes pior, porque além das aulas temos de estagiar num escritório de advogados.
Eu: Sim, eu sei. O Filipe e a Ana estão a trabalhar no escritório do meu pai.
Tiago: Eu sei, eu ainda pensei candidatar-me para o escritório do seu pai, mas achei melhor não tentar.
Eu: E fez bem em não tentar, de certeza que o meu pai não ia gostar de ver lá a sua candidatura rsrs
Tiago. E com razão. Sou mesmo burro.
Eu: Tenho a certeza que conseguiu estagiar num ótimo escritório, você era um dos melhores alunos.
Tiago: Sim, consegui, mas não se compara ao escritório do seu pai. Além de não conseguir o melhor estágio ainda perdi você.
A sério que ele estava a dizer isto? Será que ainda sente alguma coisa por mim?
Eu: Você vai encontrar alguém que o faça feliz.
Tiago: Talvez. Mas se continuar a desperdiçar oportunidades é melhor ficar sozinho.
E agora o que é que eu digo?!?!
Eu: Pois…
Tiago: Eu não sei o que eu sinto, mas de uma coisa eu tenho a certeza, eu não esqueci vocêCONTINUA…