continuando...
Chegando em casa, coloquei meu carro na garagem, respirei fundo e desci, já imagina que o Ricky estaria na sala jogando videogame. Não deu outro, entrei na sala e lá estava ele, só de samba-canção e cara emburrada, continuou jogando, então eu dei boa noite e fui pro banheiro do nosso quarto direto ver como tava, tava muito visível, tinha ficado uma cicatriz.
Desci e fui pra cozinha comer alguma coisa, a empregada tinha deixado tudo semipronto na geladeira, mas daria muito trabalho, então resolvi fazer um lanche com patê de atum, salada, queijo e salame. Quando sentei na mesa pra comer, ele aparece e pega uma latinha de suco na geladeira e resolvo quebrar o clima.
Eu: - Não vai falar comigo mesmo?
Ele vira pra falar algo, mas olha e vê a cicatriz direto.
Ricardo: - O que é isso?
E vem na minha direção e passa os dedos sob meu lábio, mas doeu e eu tirei como reflexo.
Ricardo com a cara mais fechada ainda: - O que foi isso? Alguém te bateu?
Eu: - Não, quando eu deixei o Ale em casa, ele... Me beijou, eu empurrei ele, tentei explicar que tinha namorado e não queria, mas ele me beijou de novo e na hora que o empurrei de novo ele mordeu meu lábio... Acho que sem querer.
Ricardo: - Porra Marcio, que merda é essa? Eu não falei pra você ficar longe desse cara? Que porra velho.
Eu: - Desculpa, mas eu achei ele um cara legal e achei que seria um amigo bacana, não imaginava nem esperava isso.
Ricardo: - Porra, você é ingênuo de mais ou burro mesmo?
Não gostei nem um pouco.
Eu: - Tudo bem, eu errei deixando ele se aproximar de mais. Mas não precisava falar assim comigo.
Ricardo: - Você queria o que? Aquele merda fica no seu pé, não se toca que você tá comigo, te beija, deixa marca em você. Ele tá pedindo pra morrer, só pode.
Eu: - Calma. – Fui abraça-lo.
Ricardo: - Calma o caralho. – Me empurrou com força até de mais e me derrubou.
Meus olhos encheram de lágrimas na hora. Eu levantei, fui pro nosso quarto (não queria chorar na frente dele) e fui chorar no meu travesseiro, tava chateado comigo por ter deixado o Ale confundir as coisas, chateado por Ricardo ter me empurrado no chão e sido grosso comigo.
Ricardo entrou no quarto um tempo depois, veio até a cama, me puxou ainda chorando pro seu peito, esperando eu me acalmar.
Ricardo: - Desculpa meu amor, não queria ter feito aquilo com você, a culpa não é sua, você é muito generoso e isso as vezes te cega. Mas eu te amo muito, não quero você chateado comigo.
Não falei nada, só fiquei lá no peito dele, ele beijando minha cabeça até eu dormir. Na manhã seguinte, olhando no calendário vi que em 4 dias voltaria a trabalhar, mas isso era bom, sentia falta dos alunos e do trabalho e teria as noites livres pra curtir meu namorado agora. Ricardo tinha ido pro escritório por que tinha marcado com um cliente, por que grande parte do trabalho fazia em casa ou ia no fórum, ficava mais na rua que no escritório. Ele tinha me dito uns dias, que faria uma pós-graduação, especialização aos sábados, nos últimos sábados do mês, eu concordei já que ele usou de argumento o fato de eu já ser mestre e ele se sentir leigo perto de mim.
Aquela manhã chamei Bruno pra sair, fomos no Ibirapuera andar de bicicleta, tomamos água de coco, foi muito divertido. Eu adorava ele morando lá com a gente, ele era maravilhoso mesmo, na volta no carro viemos conversando sobre a vida dele.
Bruno: - Sabe, tem uma coisa que eu queria te contar, mas não sei como.
Eu: - Ué, eu sei, pode falar na lata.
Bruno: - Eu sei que você gostava dele e tudo mais, que vocês quase ficaram, ele me contou a historia.
Já imaginava do que e de quem se tratava.
Bruno: - Eu to namorando com o Gabriel.
Fiquei estático, mas não fiquei bravo, só nunca pensei ouvir as palavras Gabriel e namorando na mesma frase.
Eu: - Nossa, que legal, como aconteceu isso?
Bruno: - Ah, sabe como é né, foi rolando um clima entre nós, no começo evitamos um pouco e foi rolando aos poucos, ele no começo disse que não passaria de um rolo, mas depois de um tempo ele me pediu em namoro.
Eu: - Há quanto tempo?
Bruno: - Vai fazer um mês, pouco depois do natal.
Eu: - E você só me conta agora?
Bruno: - Eu fiquei com medo, eu sei que quase rolou algo entre vocês e depois de tudo que você fez por mim não queria te magoar nem nada.
Eu: - Que isso Bruno, eu to tão bem com o Ricky, mas tudo bem, eu fico tão feliz por vocês, de verdade, o Ricky também vai ficar.
Bruno: - Então... ele já sabe...
Eu: - Nossa, que legal eu ser o ultimo a saber.- Aquilo sim tinha me incomodado, mas não falei nada só ficou estampado na minha cara.
Mas eu não podia não ficar feliz por eles, eles trabalhavam juntos, tinham tudo a ver, eram muito bonitos, sempre soube que um dia alguém ia amarrar o coração do Ga, que bom que era o Bruno, alguém que já era entrosado no grupo e que eu amava.
Bruno: - Sabe Ma, tava pensando aqui, ta na hora de eu superar meu medo de dirigir e comprar um carro pra mim. Todo esse tempo com grana guardada e tal, chega de vocês terem de me buscar sempre.
Eu: - Não é nenhum incomodo, mas tudo bem, chama os meninos pra irem com você, eles vão amar.
A única coisa que eu não queria era que o Bruno fosse embora da minha casa, mas sabia que era só questão de tempo até o Ga chamar ele pra morarem juntos. Naquela noite ainda, eles tavam de aliança e fomos comer pizza, éramos dois casais, tava bem legal ali, não posso negar.
No dia seguinte, quando fomos na academia, Alexandre estava lá conversando com outro cara, fingiu que nem me viu, ele nem falou comigo durante o treino, apesar que Ricardo também não dava oportunidade, ele ficava o tempo todo perto de mim, mas ele treinava serio não era de falar muito.
Na hora de ir embora, como eu acabei primeiro, tomei um banho rápido e desci pro carro pra esperar eles, Bruno foi comigo, então o Alexandre vem com o outro rapaz em nossa direção.
Alexandre: - Fala ai gato, nem falou comigo hoje.
Eu: - Eu nem sei se devo, você sabe que foi muito chato aquilo que aconteceu ontem.
Alexandre: - Tudo bem, mas não vou dizer que me arrependo por que seria mentira, mas vocês dois podiam sair com a gente.
Eu: - Você não entendeu né? Eu namoro e meu amigo aqui também.
Bruno estava meio irritado.
Bruno: - Olha, vaza daqui tudo bem? Ou a coisa vai ficar feia pra você.
O Bruno era um amor com a gente, mas ele também era gente que se estressava e sabia se posicionar.
Alexandre: - Calma ai bonitão, não precisa falar assim.
Alexandre chegou mais perto do Bruno, acho que pra intimidar, mas o Bruno não cedeu, então o clima foi interrompido por ninguém menos que Ga e Ricardo saindo juntos.
Gabriel: - Ta acontecendo alguma coisa aqui?
Ricardo: - Não sei se ta, mas agora vai.
E deu um soco em cheio no Alexandre, depois que ele tava no chão ele deu mais dois socos e o Gabriel segurou ele, só ele mesmo pra ter força pra segurar a fera.
Gabriel: - Calma ai irmão, não faz isso não.
Bruno: - Podia ter deixado ele me peitando, queria ver se ele aguentava.
Gabriel: - Ele tava te peitando?!
Ga foi e deu um chute nele. Hoje em dia eu acho a cena engraçada, mas naquele dia fiquei em choque, então entramos no carro do Ga todos e fomos embora pra minha casa. Na nossa casa, eu e Bruno ficamos jogando buraco e Ga e Ricardo jogando videogame. Depois fomos jogar um pouco também, tava tão legal aquilo, dois casais de amigos que se amavam, era uma relação muito boa que construíamos, lógico que tinha discussões, mas sempre se resolviam logo nada era muito duradouro.
Gabriel muito idiota como sempre, estraga o clima de filme americano.
Gabriel: - Então, a gente podia fazer um swing aqui hein?!
Todos riram.
Ricardo: - Sem essa, esse aqui é só meu.
E me agarrou.
Gabriel: - Bruno,você já falou com ele?
Bruno: - Ainda não com o Marcio, só com o Ricky.
Eu: - Falar o que?
Bruno: - Eu te agradeço por tudo que você fez por mim, de verdade, você foi um anjo pra mim...
Eu já sabia o que viria.
Bruno: - Mas não quero mais invadir o espaço de vocês, a privacidade... Eu amo você Ma, mas eu vou morar com o Ga, tudo bem pra você?
Eu respirei fundo pra não chorar, mas não de tristeza era porque eu sentiria saudades.
Eu: - Lógico que sim, se ta bom pra você ta bom pra mim. Mas eu vou sentir sua falta, muito.
Agora sim aquela casa ficaria vazia, mas eu entendia que ele tinha que viver esse amor e eu sabia que sempre que eu ligasse eles iriam nos visitar como era em todos os finais de semana. Mas me incomodava uma casa grande pra duas pessoas, então eu tinha resolvido adotar um cachorro, ou vários, o Ricky adorou a ideia, ele amava cachorros.
Mal sabia eu, na época, que os cachorros só não iriam suprir a falta de outra coisa que ele sonhava, mas não me contava, e que era coisa instintiva, que eu não podia dar a ele... Filhos.
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Bom meus queridos, ta ai mais uma parte, espero sinceramente que vocês gostem, eu estou amando contar minha história pra vocês e ser tão bem quisto como tenho sido aqui. Vocês são de mais. Qualquer sugestão e critica são bem vindos.
E-mail para contato: Marcio.casadoscontos@hotmail.com
Até o próximo ;)