Eu ouvi aquele som oco na cabeça, fiquei vendo a cara de espanto do morceguinho, senti outro golpe no meu braço... uma dor infeliz tomou posse do meu corpo primeiro dor de cabeça e depois dor no braço; senti algo quente escorrendo na minha cabeça, sangue, fui caindo e perdendo o sentido até que apaguei de vez.
Eu acordei no hospital, estava com o braço engessado, a cabeça enfaixada e uma dor de cabeça federal. Ao abrir os olhos vi que estava sozinho no quarto, olhei pela janela e vi que estava de noite já, mas não sabia dizer que horas eram. A dor era terrível, minha cabeça parecia que ia explodir.
Acabei dormindo novamente porque não estava aguentando mais a dor. Acordei de manhã com a enfermeira entrando no quarto. Ela veio perguntando como eu estava me sentindo:
- Então, como você está?
- Estou com muita dor de cabeça.
- Ok, vou te dar um analgésico.
- Quando tempo eu vou ficar aqui?
- Ah, vai demorar um pouquinho, mas fica tranquilo, de tarde seus familiares vem te visitar.
Eu fui lembrando de tudo o que rolou comigo, de como aquele covarde me pegou pelas costas, do rosto do Bruno, ao ver o que ele fez comigo, isso me deixou com mais ódio ainda por ele... ainda iria me vingar.
Foi passando o dia e eu lá naquela cama, sentindo dor e entediado. Meu cabelo teria sido raspado, levei 5 pontos na cabeça e quebrei o braço. Cada pontinha de dor que tinha mais ódio eu sentia. De tarde, eu estava deitado tirando um cochilo depois do almoço quando sinto uma mão no meu rosto. Abri meus olhos e vi aquele rosto lindo com os olhos cinza me hipnotizando. Na hora minha respiração ficou mais pesada, meus batimentos também e minha garganta secou, era a hora!
- Oi – cumprimentei.
- Oi... como você está?
- to bem... estava com muita dor de cabeça, mas estou bem agora. E seu namoradinho filho da puta?
- Ele não é meu namorado! – abri um sorrisão.
- Pelo menos ter levado pontos na cabeça serviu pra alguma coisa...
- Para! Não começa!
- Não começar o que cara? A dizer que te amo? A dizer que quero ficar com você.
- Não faz assim, por favor! Ver você nessa cama é tão ruim!
- É, e ficar nela é pior ainda rsrs – ele começou a chorar – Ah morceguinho, chora não! Oh! To bem já, com você aqui, vou ficar melhor ainda.
- Eu vou embora hoje, vou voltar pro Rio.
- Ah, bem... pelo menos você veio me ver né... já fico feliz, feliz demais.
- Você está bem mesmo?
- Não, eu menti pra você.
- O que você tem? Tá sentindo o que?
- Vontade de ter você comigo, vontade de falar que você é meu e sei que só vou ficar legal se eu beijar sua boca. (Que papo de sedutorzinho barato! Puta merda, comigo não foi assim, juro rsrs)
- Você não desiste né?
- De você? Nunca!
Nossos olhos tinham se acorrentado, não conseguia desgrudar meus olhos dos dele e ao ponto que ele se aproximava, foi ficando maior e mais profundo aquele olho cinza, era um dia nublado lindo. Quando ele estava bem perto eu inconscientemente fechei os olhos, esperando por aquele toque que não tardou a vir. Senti sua boca encostando na minha e começamos a nos beijar. Foi nosso primeiro beijo e ao sentir seus lábios nos meus, meu mundo parou, a dor sumiu e eu só queria viver aquele momento. Meu coração disparou de uma forma nunca antes sentida, minha respiração acelerou, eu comecei a suar e claro, o lençol parecia uma barraca, com a minha excitação. Aquele foi, com certeza, o beijo mais gostoso da minha vida (Ei!!!! Que porra é essa?! Melhor porra nenhuma!!) Foi o beijo mais gostoso que eu dei até aquele dia! (tá bom assim Taz?) (Muito melhor!)
Ele era delicado ao beijar, não sabia se era pelos meus ferimentos ou se ele beijava tranquilo assim mesmo, mas eu tinha adorado, estava adorando... deveria ter se passado séculos ou minutos, ou segundos, não sei dizer, perdi totalmente a noção do tempo e do espaço. Mas algo me trouxe a realidade e vi que a qualquer hora uma enfermeira poderia entrar, então afastei ele.
- Nossa! Como eu sonhei com isso!
- Eu também Edu, como sonhei em sentir sua língua, seu gosto, seus lábios.
- Quero mais! mas não aqui... no Rio a gente continua?
- Vou pensar no seu caso.
- Ah, para de graça!
- Tenho que ir Eduardo.
- me chama de Dudu.
- rsrs Tenho que ir Dudu...
- Tudo bem, obrigado por me visitar.
- Não tem que agradecer, é a única coisa que poderia fazer depois do que rolou.
- Se preocupa com isso não!
- Bem, vou indo... abraço.
- outro, boa viagem.
Foi mágico aquele momento... nosso primeiro beijo, eu me senti nas nuvens, mais feliz impossível, ainda mais porque o filho da puta do André estava fora da jogada e o caminho estava livre para mim. Aquele beijo significou o fim do sofrimento!
Um pouco mais tarde meus pais foram me visitar, assim como minha irmã. Eles disseram que eu dormi demais, fiquei desacordado por horas, mas nada de muito grave havia me acontecido.
- Que bom que você está bem filho, nossa! Você nos deu um susto enorme! Mas foi bem feito pra você, sabia? – falou minha mãe.
- Como assim mãe?
- Eu sempre falei pra você parar de zuar com esses meninos, isso é bulling, o garoto não aguentou e revidou.
- Mãe?! Do que a senhora está falando?
- Não se faça de desentendido... o Bruno contou tudo o que aconteceu... Nós sabemos que você ficou insultando aquele garoto até num aguentar mais e te bater... Isso é muito feio garoto! Nós não te ensinamos isso!!- Eu não estava acreditando naquilo, era muito surreal! Não podia ser, ele não podia ter posto a culpa em mim e defender o André.
- Como é?! O Bruno falou isso com vocês?
- Falou! Porque? Não é verdade? – uma lágrima rolou do meu olho.
- Não, não, é sim... Eu sou um ibecil mesmo, um infeliz desgraçado! Só faço burrice, sou um asno. – as lágrimas continuava rolando, uma a uma e eu as limpando para que não me vissem naquele estado.
- Não precisa chorar meu filho, está tudo bem agora... não fica assim, a gente sabe que você se arrepende, quando chegarmos no Rio, você vai na casa desse rapaz se desculpar, ok?
- Ok... posso ficar sozinho? – eu não aguentava mais eles ali, queria chorar, mas na frente deles eu não podia.
Com meu pedido meus pais foram saindo assim como minha irmã também, assim pude desabar.
- “Não acredito que ele fez isso comigo! Não acredito que mentiu pra mim, mentiu para os meus pais, me enganou direitinho... Que filho da puta! Num acredito que me humilhei pra ele... essa hora os dois deve estar juntos, rindo de mim, que ódio de mim!”.
Minha raiva era tanta que minha pressão aumentou, fazendo minha cabeça doer e meus pontos latejarem. Apertei o botãozinho e a enfermeira apareceu:
- Sim, algum problema?
- Quero dormir. Estou com muita dor.
- Porque você está chorando?
- De dor!
- Calma, deixa eu medir sua pressão e te dou um analgésico.
- Obrigado.
- 16X8, tá alta. Toma esse e coloca esse debaixo da língua – falou ela me dando os comprimidos.
- Quero dormir.
- São5 da tarde.
- Me dá um calmante, por favor!
De tanto eu insistir, ela me deu um calmante e eu dentro de minutos estava dormindo. Mas de madrugada eu acordei e a primeira coisa que veio a minha mente era ele. Tudo tinha voltado... eu não conseguia tirar ele da minha cabeça, mas agora era pior, eu estava magoado e ensaiava diálogos sobre o que falar quando o encontrasse... fiquei assim, nessa meditação às avessas até de manhã, depois tirei outro cochilo. Minha vida ali naquele hospital era essa, dormir, comer, pensar no Bruno, dormir, comer, pensar no Bruno.
- “Que beijo gostoso!... filho da puta!”
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E ai galera? Tá legal a história? Do que tão gostando mais?
Viu? o Luiz voltou com os comentários rsrs.
Ele é a melhor coisa que aconteceu na minha vida! Te amo meu Tazmania!