Galera, só tenho que estar emocionado com o número de comentários, de leituras e de menções que os outros autores estão fazendo ao meu conto. Fico muito feliz em estar agradando e gosto muito da opinião de vocês. Estou escrevendo bastante, pois estou sendo muito bem recompensado e espero que isso só aumente. Obrigado por tudo e boa leitura!
Abaixei a cabeça e percebi que não adiantaria discutir. Dei alguns passos até a escada, sendo observado atentamente pelo meu pai, mas uma mão me parou. Bruno...
- Não pai, ele não vai embora não.
- Bruno?! Você vai aceitar ter um viado como irmão? Que merda é essa? Ele vai embora sim e agora!
- Não. Se ele for, eu vou junto. E pode me desconsiderar como filho se eu sair pela porta!
- Você tá me desafiando Bruno? Pior! Você tá do lado do seu irmão, mesmo sabendo dessa palhaçada toda?
Me sentei na escada chorando mais e mais. Não sabia se seria melhor eu juntar as minhas coisas e ir embora rápido, diante daquela situação toda com Bruno e meu pai. Bruno continuou:
- Pai, eu só acho que o senhor tá perdendo a razão. O moleque só contou porque esperava apoio de vocês. Se você não concorda, pelo menos respeita ele.
Nem eu acreditava que ele tinha tido essa coragem. Não era muita coisa, mas já era uma mudança. Na verdade, eu queria que ele assumisse tudo que já tinha rolado entre a gente. Não! Era sonhar demais.
Meu pai ficou pensando por um tempo, andando impaciente de um lado pra outro até concordar com Bruno:
- É, você tá certo. Posso estar exagerando. Sobe Carlos, vai refletir sobre o que você disse.
Eu não precisava refletir nada. Eu sou assim e pronto. Subi para o quarto ainda sem entender a situação. A única coisa que eu entendia era que eu não tinha apoio de ninguém. Estava perdido. Aliás, Marcos ainda estava do meu lado. Era ele que eu tinha que valorizar. Peguei o telefone e contei do ocorrido para Marcos. Ele disse que chegaria logo e que as coisas melhorariam porque a gente ficaria junto. Desliguei e fiquei me olhando no espelho. Que cara era aquela! Aquele rapaz corajoso que contou pros pais sobre a homossexualidade dava lugar ao menino acuado e sozinho.
Bruno entrou no quarto com um olhar preocupado, até se encontrar com o meu. Apesar das cagadas que ele vinha fazendo, eu precisava agradecer pelo que ele tinha feito:
- Bruno, obrigado por ter me ajudado com meu pai. Valeu mesmo.
- De nada maninho. Eu sei que eu tô pisando na bola feio com você, mas eu quero me redimir!
- Pedindo a Thaís em namoro?
- Como você sabe disso? Ah, ela já veio fofocar né. Ela distorceu a parada toda. Eu só queria dizer que ela legal e que qualquer um ia querer namorar ela.
Tudo estava muito sem nexo. Ele continuou:
- Eu percebi a merda que eu fiz e fui acabar com ela sem contar da parada toda. Aí dei essa bobeira e ela pode ter sacado que eu queria ficar com ela.
- Vai ver é melhor mesmo. Ela gosta de você, com ela você pode ser feliz.
Ele parecia indignado com o que eu disse e segurou meu rosto com força:
- Eu quero você man. Eu posso ser feliz com você!
Nada daquilo me sensibilizava. Me defender na frente dos meus pais não fazia dele a melhor pessoa do mundo, nem apagava o que ele tinha feito:
- Você falaria agora sobre a sua sexualidade com meu pai?
Ele me soltou e ficou tenso! Era o que eu queria. Que ele percebesse que não era tão fácil assim. Tá certo que ele queria ficar comigo, mas se ele não conseguia nem refletir sobre sua própria sexualidade que futuro a gente teria? Ele se manteve indignado e disse:
- Mas eu não sou viado cara! Eu curto você, eu te amo. Mas eu não curto outros caras, eu quero ficar com você!
- Não Bruno, você quer curtir comigo. Quando a gente ficar, tudo vai acabar e não é isso que eu quero. Você vai encontrar alguém que você curta de verdade e que você pode assumir!
- Então o problema é esse? Eu me assumir? Tu só esquece que isso é fácil, eu não dependo de ninguém, trabalho. Mas nós somos irmãos man, aí a coisa fica tensa.
- Pois é. Já está bem claro então. Não vai dar certo. Obrigado por me alertar dos riscos mais uma vez.
Me deitei. A conversa por mim estava acabada. Já tava escrito que não ia dar certo e eu só sofria mais remoendo essa história. Tentava organizar as coisas. Meu pai me odiava. Era o que mais doía. O que ia rolar?
Nem percebi quando Bruno se deitou ao meu lado. Quase não me coube na cama. Ele me olhou nos olhos com uma serenidade que eu nunca esperava dele:
- Carlos, eu te amo de verdade. Nunca disse isso pra ninguém cara. Fica comigo, por favor?
Aquele cara grande, cheio de músculos, se humilhando ao meu lado. E o pior: esperando uma resposta!
CONTINUA...