Olá a todos da Casa dos Contos, desculpem-me pela demora, mas não deu mesmo. Agradeço a todos pelos comentários, vamos ao conto.
... Desço, ela (minha mãe) olha para mim e fala...
- pensei que não iria descer mais, vamos jantar antes que a comida esfrie e chama o teu irmão.
Ufa! Ela não viu, pensei, parecia que eu tinha tirado o peso do mundo das costas, jantamos normalmente, depois do jantar quando já ia subindo para o meu quarto a surpresa em forma de pergunta.
-que beijo foi aquele que eu vi? Perguntou ela.
Parei com o pé no primeiro degrau da escada, juro a minha vontade era de subir o mais rápido possível aqueles degraus e me trancar no quarto e não sair nunca mais, mas virei-me e demonstrando uma calma que não refletia o meu interior, pois se assim fosse, eu teria caído ali mesmo, porque por dentro eu estava tremendo muito.
- não pense que vai fugir, que beijo foi aquele? Esta não deve ser uma pergunta tão difícil assim para você.
-foi exatamente o que a senhor viu um beijo, digo sentindo o chão sumir debaixo de meus pés.
-ok, então se sente aqui e vamos conversar, dizia ela com uma tranquilidade na voz impressionante.
Ficamos alguns segundos um olhando para o outro, aquele silêncio estava ficando insuportável, mesmo sabendo que foram apenas alguns segundos, mas parecia que uma eternidade já tinha se passado, se é que isso era possível.
-estou esperando, disse ela.
-é... Bem... Não sei por onde começar, digo totalmente constrangido.
-o engraçado é que você soube muito bem por onde começar quando enfiou a língua na boca do seu amigo, disse ela enfatizando a palavra amigo.
-eu..., não sei mesmo..., é que..., digo gaguejando, nossa como eu queria mesmo sair daquele lugar.
-vou facilitar para você, eu pergunto e você responde sem rodeios, lembre-se que te amo de qualquer forma, jamais quero te ver triste e se é isso o que você quer, se é o te faz feliz vou compreender, diz ela tentando me deixar mais confortável.
-tudo bem.
- até onde eu sei, ele é o Rodrigo aquele mesmo com quem você brigou nos primeiros dias de aula, não estou certa?
-sim.
-quando vocês viraram amigos?
-na verdade, nunca fomos amigos, num dia de prova, ele não tinha estudado e me pediu ajuda, não quis ajuda-lo, mas a Maria pediu que o ajudasse, então passei as respostas para ele.
-mas como vocês nunca foram amigos, se ele veio para a sua festa de aniversário?
-fiquei muito surpreso nesse dia, pensei que ele tinha vindo aqui fazer confusão, mas o que ocorreu foi bem diferente.
-quer dizer que...
-isso mesmo, ele tinha bebido um pouco a mais do que devia, pedi que ele dormisse aqui e então rolou, disse esperando um tapa no rosto, tapa esse que nunca chegou.
Resumindo a conversa expliquei tudo para minha mãe e também disse que o Matheus já sabia de tudo, pois nos tinha flagrado no banheiro da boate.
Ela levantou deu um beijo em minha testa e quando ia saindo falou que queria ser apresentada formalmente ao novo genro, disse rindo e cantarolando.
Subi para o meu quarto e fiquei pensando como a minha vida tinha mudado tão rápido em tão pouco tempo, pois, pensando direito do dia do meu aniversário para aquele dia do pedido oficial, não tinha se passado nem 15 dias e minha vida estava toda transformada, passei alguns minutos tentando “digerir” aquela conversa, resolvo então, ligar pro Rô e dizer tudo o que tinha acontecido.
-oi amor pensei que tinha esquecido de mim, dizia ele todo manhoso.
-isso nunca, mas temos que conversar, minha mãe viu sim o nosso beijo. Disse de uma vez só. Acho que deveria ter preparado o terreno, pois ele ficou certo tempo mudo.
-mô, |Rô, tá na linha?
-estou sim é que meu coração quase parou aqui.
-está melhor?
-estou sim, mas eae o que ela disse, como foi?
-conversamos muito, sobre tudo.
Contei toda a conversa ao Rodrigo.
-tá e o que ela achou de tudo isso?
-ela aceitou numa boa, disso eu tinha certeza, mas ela também falou que quer ser apresentada formalmente ao genro.
-cara é sério? Quer que eu vá aí agora?
-de jeito nenhum, conheço minha mãe ela faria de tudo para nos deixar sem graça, ela é meio doida, asvezes penso que eu e meu padrasto somos os únicos com juízo nesta casa.
-mas se ela aceitou então não tem problema não.
-ainda não, querer eu quero, mas ainda não. Agora vou dormir porque o dia foi cheio de emoções para mim, beijo e sonha comigo.
-mas já, tão rápido, queria ficar conversando mais com você.
-deixa para amanhã porque hoje estou exausto.
-tudo bem, sonha comigo então, e amanhã passo aí para irmos juntos pra facul,
-de jeito nenhum como iríamos explicar isso?
-tem razão até amanhã meu amor, saiba que te amo muito viu?
-sei também te amo, meu lindo, digo desligando o celular e indo dormir.
Amanhece, me preparo para ir á facul, quando saio de casa, ele está lá me esperando.
-eu disse que não precisava.
-mas eu quis, quero estar sempre com você.
-sei, então vamos logo caso contrário vamos nos atrasar, qualquer coisa digo que estava no ponto e você me ofereceu uma carona.
Entramos no carro quando olho, vejo minha mãe abrindo a porta de casa.
-vamos agora, liga esse carro agora, não olha nem pra trás, digo.
-mas meu amor e a tua mãe?
-vamos agora.
Então ele dá partida no carro e quando olho para trás vejo minha mãe cruzando os braços. Ufa! Consegui adiar o inevitável. Eu tinha certeza que ela iria aprontar alguma.
-você disse que ela aceitou numa, então qual o motivo disso tudo?
-você não vai querer saber.
-como assim? Você mentiu? Ela realmente não aceitou? Dizia ele com os olhos já vermelhos como se fosse chorar.
-fica calmo amor, ela aceitou sim. O meu medo é outro
Ele me olhou como se perguntasse o que estava havendo, então tive que explicar.
Quando eu tinha uns dezesseis anos, levei minha primeira namorada para dormir comigo em casa, até aí tudo bem, mas quando amanheceu, minha mãe entrou no meu quarto com uma bandeja com o café da manhã dizendo “bom dia pombinhos, trouxe um lanche para vocês, pois, sei que estão mortos de fome, também com uma noite igual a de ontem, não deixaram ninguém dormir devido ao barulho que fizeram”.
Olhei pra Sheila que se escondeu embaixo do lençol, olhei para minha mãe com vontade de expulsá-la do meu quarto, ela deixou a bandeja em cima da cômoda e saiu como se aquilo fosse à coisa mais normal do mundo, acho que não preciso dizer que a Sheila, nunca mais voltou à minha casa.
-sério, jura que ela fez isso?
- é sério, estou com medo do que ela vai aprontar dessa vez.
-agora até eu fiquei com medo.
É sério turma às vezes penso em internar minha mãe, ela nos coloca em cada roubada, parece que ela adora nos deixar constrangidos.
Chegamos a facul, as aulas transcorrem normalmente, ficamos nos olhando e trocando mensagens pelo celular.
Na hora da saída pego carona com o Matheus, coisa que não agrada muito o Rodrigo, mas seria impossível, explicar isso, pegar carona com ele duas vezes, e também estava precisando conversar com o Matheus e falar tudo o que tinha ocorrido.
Contei tudo ao Matheus que só fazia gargalhar de minha desgraça, riu tanto que até chorou.
- a tia é uma figura mesmo, só ela mesmo pra te deixar sem graça, dizia aquele FDP, rindo da minha cara.
Contei ao Rodrigo que o Matheus já sabia de tudo, e a culpa era dele, pois tinha me agarrado no banheiro da boate. Mas que ele aceitou numa boa, os dois tornaram-se grandes amigos, causando um pouco de ciúmes em mim e principalmente no Pedro que se não gostava de mim, agora deveria estar me odiando.
Os dias vão passando, e acho que no final de setembro ou começo de outubro o inevitável acontece.
Aparece o Matheus me chamando pra dar uma saída, minha mãe pede que ele me dê uma carona até o supermercado, pois queria fazer um jantar especial- nossa como fui ingênuo deveria ter percebido- fomos compramos tudo o que estava na lista e quando voltamos.
-Rodolfo, aquele não é o carro do Rodrigo na tua porta?
-como assim, o que ele está fazendo aqui? Digo olhando para o Matheus que dá um sorriso muito estranho, mas que na hora não dei importância.
Descemos do carro, entramos em casa e vejo Rodrigo conversando com minha mãe, ele parecia um pouco desconfortável, já minha mãe conversava como se já o conhecesse a muito tempo.
Sabe aquela sensação de estou ferrado, me lasquei todo? Pois era exatamente isso o que eu estava sentindo, minhas pernas não me obedeciam, queria dar meia volta e ir embora, mas as pernas simplesmente não obedeciam, foi quando o Rodrigo levantou-se, dirigiu-se até mim e me beijou, cara, foi tudo pro ventilador.
-tá louco meu, perdeu o juízo foi? Digo empurrando ele e olhando para o Matheus e minha mãe que nessa hora...
Só no próximo, pois estou muito fulo ainda do que aconteceu, abraços a todos.
Sei que esse ficou chatinho e sem emoção, mas tinha que ser para poder dar lógica ao que vem depois.