Ok, ok, antes de mais nada, minhas sinceras desculpas. Alguém derrubou meu MAC no chão e resultado? Lá foi ele para a assistencia técnica. Eu estou sem meu computador de uso pessoal. Por essa razão Adestrando Betão atrasou, porque o que tenho desse conto esta no MAC quebrado. Devo receber ele de volta essa semana e providenciarei ficar em dias com vocês.
Esse conto esta sendo postado porque já estava salvo no site da Casa dos Contos.
Bem, espero realmente que gostem d ultima temporada, vou postar de segunda a quinta. Então por favor, eu entendo que vocês queiram que eu poste logo, mas gente, preciso trabalhar né? RS. Tá, eu reclamo assim mas adoro os pedidos, confesso.
Obrigado mais uma vez pelo carinho e por todos os e-mails, mensagens e comentarios.
Parte 1
OBS: Há um grau moderado de violencia nessa historia.
DOIS ANOS E OITO MESES ANTES.
Ele ainda dormia, estava bem relaxado, afinal havia transado boa parte da madrugada, por isso tinha o sono profundo e pesado. Mas a mão que alisava seu peito lentamente lhe acordava até que a voz dela o arrancou completamente do sono.
-Acorda meu amor, vai, acorda.
Bruno abriu os olhos e viu Lícia já toda arrumada e maquiada sentada ao lado da cama.
Bruno com um sorrisinho de canto de boca e com voz de sono: -Bom dia doutora!
Lícia: -Levanta vai, a gente tem que ir embora, tenho audiência daqui a pouco.
Bruno: -Vai nessa então, eu vou andando pra estação, é aqui perto mermo.
Lícia: -Tudo bem então Zé Preguiça. Fica ai deitado.
Bruno: -Porra mas a canseira que você me deu ontem hein?
Lícia riu: -Tá bom, mas isso que é homem, não aquilo que tenho em casa.
E o beijou.
Lícia se levantando: -Você esta precisando de dinheiro?
Bruno fechando a cara e com tom irritadisso: -Eu não gosto quando você fala assim sabe? Fica parecendo que tá me pagando pô. Preciso de grana não, ainda tenho.
Lícia com um sorriso nos lábios: -Hum, meu mau humorado lindo! Estou indo então.
E soltou um beijo para ele pegando a bolsa e saindo do quarto. Com a conversa do dinheiro ele perdeu o sono e foi tomar um banho. Decidiu que comeria algo na rua. Tomar café em motel custava caro. Ele ainda tinha algum dinheiro, mas não podia ficar esbanjando.
Horas depois saltava do ônibus na entrada da estrada de chão que levava a roça da sua família. Caminhava tranquilamente enquanto na verdade nem pensava em nada importante, quando ouviu uma voz no lado direito da estrada.
Desconhecido: -Bom dia!
Bruno secamente: -Bom dia.
Desconhecido: -Me da uma informação?
Bruno vai em direção dele meio que impaciente: -Diz.
Desconhecido: -Tu conhece um Bruno que mora nessa roça ai da frente?
Bruno com olhar desconfiado: -Sou eu, porque?
O desconhecido então em um movimento rápido saca o .36 da cintura, mas seu erro foi deixar que Bruno se aproximasse tanto dele, em um movimento rápido, típico de um bom capoeira, antes mesmo dele esticar completamente o braço para apontar a arma para Bruno, o chute na cabeça o jogou já desacordado no chão. Bruno então chutou a arma para longe e pegou o cara no chão e com um sacolejo e um tapa no rosto o acordou.
Bruno irritado: -Tá maluco palhaço? Vem me apontar uma arma do nada?
O desconhecido meio desorientado: -O que aconteceu?
Bruno aplica outro tapa, mas agora com violência: -Porque disso meu irmão?
O desconhecido assustado: -Não ia te matar não. Só vim te buscar, meu patrão tá querendo levar um papo com você.
Bruno ainda irritado: -E num vai dizer quem é seu patrão não mané?
Desconhecido sério: -você conhece, não tá comendo a mulher dele?
Bruno olhou sério para o desconhecido e ficou assim por quase um minuto: Quer saber? Num aparece mais aqui e avisa pro teu patrão que se quer falar comigo num adianta mandar mané pra vim me buscar não. Basta me ligar e marcar que eu apareço, e quer saber? Vai dormir.
E deu um soco violento no rosto do homem que imediatamente perdeu os sentidos.
Ele se levantou e catou a arma no chão e seguiu no seu caminho para casa.
Pensou consigo mesmo: -É tá parecendo que tô com um problema.
Sua primeira preocupação era Lícia. E agora? Ele já tinha procurado ela? Ela estaria segura? E para piorar o telefone dela só dava desligado. Ele não deveria ter voltado ainda, segundo o que Lícia disse ele só voltaria na noite seguinte.
Ao chegar em casa o fato de não conseguir falar com ela o afligia. Ligava uma vez atrás da outra mas sem sucesso. Se perguntava se devia ir ao fórum, lugar qual ela pedira para que ele nunca fosse. Ao chegar em casa ele achou estar só, afinal a mãe, o pai e o irmão mais velho saiam cedo para lida no campo, então a entrada do irmão mais novo na cozinha o fez se virar assustado.
Tiago: -Eita, tá se assustando a toa?
Bruno: -Não sabia que tava em casa. Raro tu por aqui.
Tiago em tom irônico: -Queria era não ter que voltar pra essa porcaria de casa, mas fazer o que?
Bruno ignorou o comentário do irmão. Geralmente eles discutiriam mas ele estava preocupado demais naquela manha para isso. Tentou novamente ligar para Licia, mas mais uma vez, apenas caixa de mensagens. Na sua preocupação acabou por se esquecer completamente do .36 sobre a mesa da cozinha.
Tiago pegando a arma da mesa: -Olha só o valentão agora anda armado.
Bruno se virou para ele, tirou o telefone do ouvido e em tom firme e seco: -Coloca de volta onde tava, agora!
Tiago abriu um sorriso cínico e apontou a arma para Bruno que estava do outro lado da mesa: -Qual foi maninho? Ficou com medinho foi?
Bruno olhando fixamente nos olhos de Tiago: -Coloque sobre a mesa Tiago, agora!
Tiago ainda com o sorriso cínico: -Relaxa.
Baixou a arma e a colocou sobre a mesa, em um movimento rápido, Bruno a pegou.
Tiago rindo: -Calma mano, meu assunto com você, quando chegar a hora de resolver vai ser no braço. Arma é coisa de covarde. A propósito, bonita arma.
Bruno ainda sério: -Não é minha, tomei de um cara, vou devolver pro dono.
Tiago ainda com ar cínico, mas agora sem o sorriso: -Claro, claro, sempre é de um amigo né?
Bruno tinha razão em não gostar do seu irmão ter pego a arma. Tiago era conhecido na região pelos pequenos golpes e até por uma ação ousada de assaltar uma loja de eletrônicos da cidade. Mas a situação entre os dois é mais antiga. Não é exagero dizer que nunca os dois se gostaram. É algo mais do que maneiras de pensar diferentes, quer dizer, nesse ponto nem tanto, ambos tinham gostos parecidos e apreciação pelas artes marciais, embora Bruno gostasse de todas, enquanto Tiago apenas do Jiu-jitsu, mas suas posturas eram diferentes. Bruno sempre foi integro e honesto, já Tiago, sempre foi do tipo “meu pirão primeiro”. A verdade é que ambos nunca se deram bem, e ao passar dos anos essa animosidade veio apenas crescendo. Ainda não haviam chegado ao ponto de uma briga real, que partisse para o embate, mas da forma que a coisa ia, parecia ser apenas uma questão de tempo.
A aflição dele acabou as 11:12 da manhã quando finamente o telefone de Lícia chamou. Ela atendeu o telefone claramente nervosa.
Bruno: -Está tudo bem?
Lícia: -Não, não está, meu marido resolveu voltar mais cedo, chegou em casa ontem e não me encontrou! Não sei como explicar a ele porque não dormi em casa, acho que vou pedir para minha amiga dizer que dormi na casa dela essa noite...
Bruno: -Olha não adianta nada disso. Chegou a hora Lícia, ele já sabe que a gente ta junto, mandou um capanga zé ruela armado aqui pra me escoltar pra conversar com ele.
Lícia assustada: -O que você disse a ele?
Bruno: -Ele quem?
Lícia: -O cara não te levou até ele?
Bruno: -Claro que não, dei um pau nele e tomei a arma. Tenho até que saber de tu o que faço com ela.
Lícia: -Você fez o que?
Bruno: -Dei um pau nele. Porra o cara ia me apontar uma arma!
Lícia em ar espantado: -Você enfrentou um homem armado? Você é maluco?
Bruno: -Ah! Lícia! um manézão, mas e então vamo lá junto conversar com ele?
Lícia: -Não! Deixa que eu me resolvo com ele. Você fica ai, em casa e evita sair na rua até depois que eu conversar com ele.
Bruno: -Porque? Tenho medo dele não!
Lícia: -Por mim, pra que eu não fique preocupada. Por favor, fique em casa.
Bruno: -Por você tudo bem, mas ainda acho que devia ir contigo, dizer pro cara que ele é corno e ainda que ta deixando ele pode emputesser ele e ele te fazer alguma maldade.
O silêncio dela do outro lado causou estranheza em Bruno.
Bruno: -Alô, você ta aí?
Lícia: -Bruno, olha você é um garoto muito legal, bonito, sexy e na cama, de longe foi o melhor homem que já deitou comigo e olha que foram alguns. Mas não entenda errado. São quase 20 anos de casamento, eu não posso abrir mão disso, dos meus filhos, da minha família.
Bruno surpreso com o que acaba de ouvir: -Péra aê, péra aê. Tô sacando errado ou tu ta me botando pra rodar?
Lícia: -Não é possível que você tenha acreditado que realmente nos tínhamos uma relação que fosse além do sexo.
Bruno: -Caralho mulher! Do que você ta falando! A gente já tinha falado disso! Que ia ficar junto.
Lícia não acreditando na inocência de Bruno: -Mas você realmente acreditava em um futuro com uma mulher com o dobro da sua idade? Bruno eu tenho um filho da sua idade. A gente só estava se divertindo junto. Eu não posso deixar meu marido por um garoto!
Bruno já beirando o desespero: -Mas eu te amo!
Lícia: -Não ama, não. Você só acha que ama.
Bruno quase gritando: -Não, eu não acho, eu te amo caralho!
Lícia após alguns segundos de silêncio: -Mas eu não te amo.
As palavras dela bateram forte nele.
Lícia: -Acho melhor você não me procurar mais.
Bruno em princípio de desespero: -Calma, péra, você ta nervosa, vamos conversar, aonde te encontro?
Lícia: -Fica em casa, vou conversar com meu esposo e te mando uma mensagem dizendo quando estiver tudo bem. Mas não me liga ta bom? Beijo e tudo de bom.
Bruno: -Não péra....
Ela desligou a chamada.
Bruno por um instante não acreditava no que tinha acabado de acontecer. Mas antes mesmo de ter tempo para processar o que houve escuta o som da risada cínica de Tiago atrás dele.
Tiago em tom muito irónico: -Então, chutado né? Que merda.
Bruno apertou os olhos e em tom raivoso: -Não te mete nessa porra!
Tiago ainda irónico: Coé man, a jogada do te amo foi boa, mas se não colou paciência. Não pegou nenhum telefone das amigas com grana dela não? Tu pode investir em outra agora.
Bruno se virou para ele com cara de ódio.
Tiago: -Ah não! Tu se apaixonou mesmo pela velha?!?
E caiu na gargalhada. Bruno em uma ação impensada, jogou o braço com tudo sobre a mesa jogando o que estava nela no chão.
Tiago ainda com um sorriso irritante nos lábios: -Ok, ok, já entendi, ta nervosinho. Olha o lance da arma, melhor começar a andar com ela hein? O corno vai mandar mais capanga atrás de tu. Corno é um bicho difícil de lidar. Tenho experiência com eles, vai por mim.
Bruno olhou para ele e com tom de raiva: -Ele que mande quantos goiabões quiser, que sóco todos!
Tiago em tom de desdém: -É mas vai que ele acha um que pode te encarar de igual? Melhor andar com a arma.
Bruno olhando nos olhos dele: -Porque? Ta pensando em oferecer teus serviços a ele?
Tiago riu e começou a andar para fora da cozinha: -Não tinha pensado nisso maninho. Mas uma coisa é boa.
Parou, desfez o sorriso e encarou sério Bruno, olhos nos olhos: -Mas que bom que tu reconhece que to a tua altura. Mermo sabendo que tu ta errado. Eu supero e muito tu.
Bruno que estava com sede de sangue deu um passo a frente e devolveu a encarada: -É mermo? Ta afim de tirar a prova?
Tiago voltando a rir: -Não da idea maninho, eu posso aceitar a dica.
E saiu da cozinha em direção ao quintal.
Bruno não estava para brincadeira. A provocação do irmão apenas serviu para fever ainda mais o sangue dele. Não ia ficar ali sentado na cozinha esperando uma carta de alforria de Lícia, também não ia aceitar ser chutado assim, nunca tinha dito para uma mulher que a amava, pelo contrario, era conhecido em toda região por ser um pegador nato. Quantas não foram a que ele levou para a cama? Com quantas não se divertiu e quando não quis mais mandou pastar? Sua fama na região era essa. A de canalha. O único defeito real dele. O de apenas querer sexo, e para isso dizia o que elas queriam ouvir. Agora ele estava do outro lado da moeda. Verdadeiramente apaixonado e rejeitado.
Saiu de casa tão desnorteado de raiva que nem lembrou da arma que ficou em cima da pia.
Sabia aonde ela morava, decidiu ir até lá.
“Foda-se, todo mundo já sabe de tudo mermo!”
Era na cidade ao lado e quando chegou lá já se passava das 15 horas. No interfone ouviu que não tinha niguém em casa. Escalou a árvore ao lado e por cima do muro verificou ser verdade, pois nenhum carro estava na garagem. Decidiu esperar do outro lado da rua. Mas já se aproximava das 18 horas e nenhum carro chegou. Tentou ligar para ela varias vezes mas o telefone estava desligado. A fome apertou, e decidiu ir até a pracinha próxima e comer alguma besteira para enganar o estômago. Voltou, subiu novamente na árvore e verificou que nenhum carro chegára.
“Aonde essa galera se meteu?”
Quando passou das 20 horas ele não viu outra opção. Voltaria para casa, se não voltassem para casa, passaria a noite ali na rua porque o ultimo ônibus para sua cidade saia em 30 minutos. Voltou andando lentamente e pegou o ônibus. Ao longo de todo esse período apenas pensava como tinha sido idiota, em outros momentos que uma conversa olho no olho ela voltaria atrás, em fim, essas coisas que quem já teve a péssima experiência de ser dispensado enquanto ainda gosta da pessoa nós pensamos.
Estava tão perdido em seus pensamentos que nem viu quando sua parada passou. Acabou saltando no centro da cidade e foi para casa andando. Não podia mais ligar para Lícia, afinal, seu telefone havia descarregado.
Já estava se aproximando da saída da cidade que levava ao caminho da sua casa quando ouviu seu nome ser chamado. Ao se virar viu que tratava-se do irmão que vinha andando em direção a ele sem camisa e usando um boné preto.
Bruno não estava com saco para ele, então se virou e continuou andando: -Me deixa em paz Tiago!
Tiago correndo para acompanha-lo: -Calma cara, não posso falar com você não?
Bruno parou e se virou para ele: -Ta bom, o que tu quer?
Tiago: -E aê? Falou com a velha?
Bruno: -Cara do que te interessa man? Vai cuidar da tua vida.
Tiago: -Ta certo, ta certo, so vim agradecer a tu cara. Na moral. Valeu mermo.
Bruno parou e se virou para ele: -Me agradecer? Pelo que?
Tiago abriu aquele sorriso irónico que dava raiva a qualquer pessoa que visse: -A dica que tu me deu man. Deu certo! Rolou uma grana massa!
Bruno sem entender: -De que porra você ta falando?
Tiago mudando radicalmente de feição, para uma feição séria e fechada: -Eu ofereci meus serviços ao corno!
E antes mesmo de Bruno ter tempo de reagir, o sôco de Tiago acertou em cheio seu rosto. Ele então se pôs em posição para revidar, mas enquanto se colocava completamente em pé sentiu os braços, tanto o esquerdo como o direito serem pegos e travados por outros dois braços que terminaram com suas mãos sobre sua nuca. Bruno estava preso e por alguém tão forte quanto ele, pois não conseguia se soltar.
Tiago rindo: -Então maninho, o cara paga bem! Ainda ganhei um extra pela arma dele que devolvi, lembra? Aquela que ficou sobre a pia.
Bruno: -Me larga covarde e vem na mão, vem como homem porra!
Tiago: -Mas eu tô aqui como homem, nem trouxe a arma comigo e olha que ele ofereceu. Mas na boa. Ainda não ta na hora de te arrebentar não. Ele disse que quer assistir eu arrebentando sua cara. Se ligou? Então pra deixar tu bem mansinho até a gente chegar lá meu brother Jackson ta me dando uma força, se ligou?
Jackson era conhecido por Bruno, era um dos “amiguinhos” que andavam com Tiago. Um filhinho de papai que vivia apenas para o Jiu-jitsu, malhar, se encher de anabolizantes e procurar briga.
Bruno tentava se soltar mas tinha sido pego de jeito. Jackson era realmente forte.
Bruno: -Me larga caralho, vai ser na covardia é? É assim que se diz macho?
Jackson: -Tiago bota logo esse maluco pra sonhar que ta difícil de segurar ele.
Tiago com o sorrisinho irónico de sempre: -Hora da naninha.
Fez a cara de raiva que sempre fazia antes de ameaçar ou de partir para a violência. E sôcou violentamente a boca do estômago de Bruno, que nada pôde fazer para se defender. Outro sôco veio em seqüência e assim outros três. Jackson soltou Bruno que caiu de joelhos no chão, respirando pesado, não conseguiu se manter de joelhos e pôs a mão esquerda no chão pra tentar evitar cair de cara.
Jackson: -Caralho! O maluco é bruto! Ainda ta acordado?
Tiago com ar sério mas visivelmente animado: -É lutador brother, não é da nossa galera mas é lutador. Caralho man, vou finalmente espancar esse maluco! A anos sonho com isso! Mas agora ele vai mimir como eu prometi!
E desferiu um soco de cima para baixo em cheio no rosto de Bruno, que caiu no chão inconsciente.
CONTINUA...