Eu já estava acostumado a ter meu cantinho, minha privacidade e, agora de repente eu ter que dividir meu lugar com alguém... Mesmo essa pessoa sendo o Edu, seria no mínimo complicado.
Edu - E então, posso ou não? (ele disse aflito).
Eu – Edu. O que aconteceu para você tomar uma atitude dessas, assim tão rápido?
Edu - Você não quer que eu fique aqui não é? (ele disse irritado).
Eu - Não. Não é isso... Esquece. Você pode ficar.
Eu não sabia se iria dar certo, mas ele ficou tão contente quando eu disse sim... Nós teríamos que nos ajustar... Respeitar as diferenças um do outro... Seria complicado? Sabia que sim, mas eu tentaria. Porque não? Vamos em frente!!!
No outro dia, ele resolveu ficar em casa, não questionei. Deixei-o por lá e fui pra ‘facul’ sozinho. Logo, encontrei o Breno todo agitado me esperando.
Breno – Diego. Descobriu algo sobre o Edu?
Eu - Ele vai ficar lá em casa por um tempo. Por quê?
Breno - Ainda bem. A mãe dele está muito angustiada com esse sumiço, mas eu já disse que ele estava comigo, assim ela não se preocupa.
Eu – Pô. Valeu Breno. Eu só não consigo entender porque ele saiu assim, sem dizer nada pra ninguém.
Antes de tentar ajudar, eu necessitaria conhecer e entender a situação, por isso o Breno contou tudo o que eu precisava saber naquele momento... O fato consistia na chegada do Thiago (irmão do Edu) na cidade. E, quando isso acontecia, ele não ficava em casa. E agora? Sinceramente, eu não acreditava que esse cara pudesse ser tão ruim assim. Por mais que eles fossem diferentes e tal, se realmente os dois quisessem... Acho que dariam para conviver civilizadamente, mas o problema é que eles não queriam nem ouvir falar um do outro. Seria mais difícil do que eu pensava. Enfim, o Breno me acompanhou até em casa na intenção de visitá-lo. Eu teria que pensar no que dizer e, como conversar, pois tudo o que eu falasse naquele momento atingiria grandes proporções, já que ele estava muito triste. Eu gosto de ter o Edu aqui comigo, me fazendo companhia e tal, mas ele não poderia afastar-se da sua família. Não queria ser o motivo de nenhuma desavença entre ninguém. Nós tentamos incentivá-lo a procurar seus pais, conversar, dar um fim nessa história de uma vez por todas, mas ele já estava decidido.
Edu – Olha só Breno... Você é meu amigo, gosto muito de ti. E você Diego, eu te amo, já te disse. Agora se vocês têm alguma consideração por mim, não toca mais nesse assunto comigo.
Breno - Nós estamos tentando te ajudar cara.
Eu - Edu. Só queremos o seu bem.
Eu sabia que se o Edu continuasse agindo dessa forma, nosso relacionamento também seria prejudicado. Depois de tantas dificuldades que enfrentamos para ficar juntos, eu não poderia deixar tudo ser destruído de uma hora pra outra.
O ideal seria que ele descarregasse tudo de uma vez, não guardar mais essa mágoa, porque isso não faz bem, ao contrário. Não queria pressioná-lo, então, esperaria o tempo que fosse necessário, e quando ele estivesse confortável, acredito que nos contaria. Por fim, essa ocasião havia chegado. O Edu confiava em nós, por isso ele desabafou um pouco.
Realmente o Thiago ficaria por aqui até o fim das férias (nem era tanto tempo assim), mas o pai dele demonstrava felicidade por novamente estarem juntos e, infelizmente não havia espaço para ele naquela casa. Era visível a tristeza no seu olhar ao dizer essa história. O Breno convivia e conhecia muito bem a família do Edu, por isso ele me explicou que, na verdade o convívio entre os dois era algo impossível de acintecer, devido os desentendimentos, brigas e provocações um com o outro. Claro que esse fato me sensibilizou. Como era possível ninguém fazer nada para acabar com esse cenário tão lamentável? Ainda que o pai dele já desconfiasse de nós, ele não me causava medo. Minha preocupação era esse irmão, pois eu não sabia que males ele poderia causar em nossas vidas.
Para evitar mais melancolia, saímos para almoçar e, distrair o Edu de alguma forma. Logo, encontramos a Clara com algumas amigas, por fim, ficamos todos juntos. Conversávamos animadamente, quando o celular do Edu tocou e, era sua mãe, mas ele não queria conversa, então, passou pra eu atender. Porque isso só acontece comigo? Ela demonstrava nervosismo, alteração, tudo ao mesmo tempo. Tentei demonstrar calma e tranquilidade, expliquei onde nós estávamos. Logo, ela implorou pra eu convencê-lo á ir para casa e, convidou-nos para jantar novamente. Eu não queria voltar naquele lugar, logicamente, mas aceitei, pois compreendi que essa família precisava conversar, mas dessa vez eu não iria sozinho, levaria reforços comigo, rsrsrsrs.
Já sozinhos, contei a boa nova, mas ele não se empolgou nem um pouco, mas era tudo por uma boa causa. Convidei o Breno e a Clara e, conforme as horas passavam, mais o Edu entristecia. Eu incentivava-o a acreditar no amor da sua mãe, e o quanto ela estava sofrendo por essa situação. Porque eu acreditava realmente nos sentimentos dela por ele.
Eu - E se o seu pai ou o seu irmão falar alguma coisa, há. Eu acabo com eles.
Edu - Kkkkkkkkkkkk. Ok. Você é estressadinho. Ele vai soltar os cachorros pra cima de você.
Se eu conseguisse arrancar um sorriso dela diante de todo esse momento difícil, já valeria muito á pena. Enfim, chegamos à sua casa e, eu já me preparava para o pior, pois não imaginava o que me aguardava por lá. É claro que eu sabia me defender muito bem, mas nunca se sabe quais as armas o inimigo vai usar pra atacar, rsrsrs. Logo, a mãe dele nos avistou e, imediatamente abraçou e beijou o Edu toda emocionada, já o pai dele me olhou de uma forma horrível que na hora nem fiz questão de entender. Eu não estava esperando uma recepção maravilhosa por parte dele, mas eu pensava que esse senhor ao menos demonstraria preocupação, compaixão pelo filho, ou algo assim... Realmente, eu estava muito enganado. Ele o acusou de imaturo, inconsequente, irresponsável e, muitos outros nomes bonitos, rsrsrs. Para ele não importava se o Edu estivesse na presença dos amigos, ao contrário... Que vergonha! Sei que foi um erro dele não atender ligações, não dizer onde estava e, principalmente sair assim sem avisar, mas nada justificava esse tratamento que o Edu recebeu. A Clara nada entendia, o Breno fazia cara de paisagem e, eu como sempre não sabia o que fazer rsrs. Imediatamente, ele decidiu ir embora e, mesmo sua mãe implorando, nada adiantava, mas vê-la daquele jeito tão arrasada cortou meu coração.
Eu – Edu. Por favor, ouve a tua mãe. Vamos ficar.
Ele relutou, mas aceitou. Não sabia por quanto tempo mais ele conseguiria, ou nesse caso, eu aguentaria. O clima era o pior possível, muita tensão, ânimos exaltados. Estresse, desastre total. O importante é que nessas horas difíceis nós tínhamos um ao outro, inclusive a força dos nossos amigos e, isso fazia uma enorme diferença. Antes, a mãe dele pediu para conversar comigo e, nesse papo, deixou bem claro que já sabia o que rolava entre nós e, faria um esforço para compreender e tal. No jantar tudo acontecia normalmente, apesar do silêncio incomodo que se instalou no ambiente. Parecia mais uma obrigação, (na verdade era). Queria dar um fim nesse pesadelo, mas faltava o ilustre convidado e, logo, ele desceu... Seria tudo mais fácil se o irmão dele não fosse tão... Impossível não perceber. Sinceramente, era difícil não notar tanta ‘presença’, hahahahaha. A Clara havia se encantado (ótimo). Ele juntou-se a nós, a mãe do Edu apresentou-o á todos, mas ainda que ela agisse naturalmente... Tentasse criar situações para todos interagirem... Definitivamente, não rolava. Sem dúvida alguma, esse jantar foi o pior de toda minha vida, pois até mesmo num lugar onde todos fossem estranhos, logicamente seria muito mais descontraído.
Mãe dele – E então filho. Tá tudo bem na faculdade.
Edu – Tá sim. Tudo tranquilo.
Thiago – Pelo jeito você tá levando a sério mesmo. Parou de vagabundar, finalmente.
Clara – Acho que você tá enganado. O Edu é um ótimo aluno, e muito inteligente.
A Clara não odiava o Edu, sei que não. Apesar de eles discutirem de vez em sempre, rsrsrs. Acho que ela havia entendido a importância e o significado desse momento e, ajudou como pôde. Sem contar que eu aplaudi internamente essa atitude dela.
Thiago - Que belos advogados você arrumou, hein Eduardo?
Eu – O Eduardo não precisa de advogados. Ele tem amigos.
Mãe dele - Vocês podem tentar jantar em paz, por favor?
Eu não deixaria ninguém humilhá-lo dessa vez, mas ela estava certa. Tudo aquilo tinha se transformado numa verdadeira batalha. Mas depois dessa troca de gentilezas, tudo seguiu sem grandes transtornos. Enquanto o Edu despedia-se da sua família, fiquei aguardando-o com o Breno e a Clara. Meu desejo era sair dali imediatamente.
Clara - O que foi aquilo gente? Que coisa mais assustadora, eu não sabia que o Edu passava por esse problemão.
Breno - Nem tente entender. É muito complicado.
Clara - Desencantei do irmão dele. Cara estúpido.
Breno - Rsrsrssr. Você não viu nada ainda. Vá se preparando.
Sempre podia piorar. Acho que o ‘show’ ainda não havia terminado. Logo, o Thiago apareceu por lá para importunar mais uma vez.
Thiago – Vocês ainda não foram embora? E você sempre por aqui hein Breno?
Vou te falar hein? Esse havia passado mil vezes na fila da chatice. Que família mais complicada.
Thiago - Você não gosta de mim, por causa do Eduardo não é?
Eu – Já deu não é? Chega por hoje.
Nossa!!! Haja autocontrole nessa vida. Como resistir a tanta provocação? Fui atrás do Edu para irmos embora logo, enquanto o Breno e a Clara nos esperavam no carro.
Thiago – Já me falaram muito sobre você. O tal que vive defendendo o Eduardo.
Eu – Quer saber? Dane-se a sua opinião. Eu não me importo com o que vocês pensam de mim.
Nem o deixei terminar de completar. Ignorei o papo dele e segui. Não queria interromper a conversa deles, mas já estava mais do que na hora de sairmos dali antes que surgisse mais confusão. A mãe dele ainda se desculpou pelos incidentes, me agradeceu, enfim, confirmou ao Edu sobre nós e, então finalmente conseguimos ir para casa. Passamos por tanto estresse naquele local, por isso precisávamos recarregar as energias, fazer algo bom para fechar aquela noite tão turbulenta.
Finalmente, no outro dia o Edu resolveu ir à faculdade. Enquanto ele estava no banho, eu me arrumava tranquilamente. Nesse tempo, a campainha tocou, pensei ser o Breno, mas era a mãe dele. Claro que fiquei muito surpreso, pois eu não esperava aquela visita, mas ela afirmou já imaginar que o Edu estaria por ali comigo. Em nenhum momento, ela agiu com preconceito ou algo do tipo, agia naturalmente. Ao menos alguém dessa família estava do nosso lado e, isso já era uma pequena vitoria diante de tantos acontecimentos ruins. Depois de muita explicação e tal, ela se ofereceu para nos levar pra ‘facul’.
Agora meu pensamento estava direcionado ao meu descanso, rsrsrs. Já estava na contagem regressiva. Nada poderia dar errado, não mesmo. Paz, finalmente. Depois de combinarmos tudo sobre nossa viagem, cada um seguiu seu rumo. O Edu ainda precisava concluir uma tarefa na faculdade, então, eu ficaria sozinho por um tempo em casa. Já planejava todas as nossas diversões e, dessa vez, todos juntos e zero complicações, sem contar a saudades que estava de casa e dos meus amigos... Eu relaxava no sofá, quando a campainha novamente tocou e, outra vez era a mãe do Edu. Nós não tínhamos muitas afinidades ainda, mas com ele aqui, seria impossível não receber essa visita toda hora. Acho que vai ser difícil preservar minha intimidade na minha própria casa agora, aff. Enfim, expliquei que o Edu não estava ali naquele momento, mas dessa vez a conversa infelizmente era comigo.
Mãe dele – Eu preciso da sua ajuda para aproximá-los.
Eu – Sinto muito, mas eu não posso ajudar. Isso só depende deles. Eu não quero me meter nesse assunto.
Mãe dele – Conversa com ele. Os dois são irmãos e não podem mais continuar assim.
Eu – Olha... Diante de tudo o que eu vi e ouvi, acho impossível.
Mãe dele - Não é. O Thiago tenta se aproximar, mas o Edu não aceita.
Como é que é? Não era possível tanta ingenuidade. Só poderia ser uma brincadeira e, de péssimo gosto. Tentei fazê-la desistir dessa ideia absurda, mas ela permanecia firme nesse propósito.
Mãe dele - Vocês vão viajar nas férias...
Não!!! Mil vezes não. Ela não tinha o direito de me pedir algo assim. Será que ela não enxergava a real situação? Eles não poderiam ficar juntos no mesmo lugar. Porque era tão difícil compreender esse fato? Entendia a preocupação dela, é claro, mas não adiantariam propor que eles vivessem em harmonia se, simplesmente os dois não queriam, mas ela acreditava que essa era a solução.
Mãe dele - Convida o Thiago para viajar com vocês.