Recomeçar [2]

Um conto erótico de Marcioads
Categoria: Homossexual
Contém 2065 palavras
Data: 13/07/2012 03:04:31
Última revisão: 13/07/2012 10:18:01
Assuntos: Gay, Homossexual

Continuando...

Após aquele dia na faculdade, ficamos cada vez mais próximos e eu já sacava qual era a dele, e me deixava levar, logo rolou o primeiro convite pra sair que resultou em muitos beijos no meu carro(da minha mãe na verdade) e depois namoro, e assim foi.

No começo, ou melhor nos primeiros anos, era de mais, fazíamos amor frequentemente, não tínhamos rotina, quando dava fazíamos amor, de várias maneiras, em vários lugares, aonde dava tesão, era pura paixão, e os beijos... ah os beijos, eu ia ao céu e voltava cada vez que nos beijávamos, tudo ia de vento em polpa. Até que terminamos aquele ano juntos e a faculdade.

Não quis me alongar muito, pois não acho necessário também narrar completamente todos os acontecimentos, mas posso dizer que foi típico de paixão por 3 anos.

No fim daquele ano ainda, recebi uma ligação que deveria me deixar muito mal, mas não, não senti o que esperava, por pior que isso possa soar, foi uma mistura de alivio com um pouco de dor: Meu pai morreu em serviço, ele era Policial Militar.

Não tínhamos um bom relacionamento desde que me lembrava por gente, pois desde pequeno tinha traços que seria homossexual, como rebolar frequentemente, por fraldas na cabeça como cabelos e etc, meu pai não aceitava e queria ser rígido comigo o quanto podia pra não ter um filho “bixa” e fez da minha infância um inferno quando pôde. Com o passar dos anos foi melhorando, pois nos distanciávamos muito, minha mãe era maravilhosa, trabalhava e fazia o que podia e o que não podia para dar tudo do melhor pra mim, já que meu pai gastava todo o salário com as amantes na rua. Pelo fato de ter pais funcionários públicos nunca me faltou nada em casa, ainda mais por ser filho único, porém não tínhamos muito conforto em casa pois, devido as traições dos meu pai ficarem mais frequentes ( até então não sabíamos) uma das amantes passou a procurar minha mãe, então meu pai fez com que nos mudássemos para muito longe, e era sempre assim, nos mudando pra ele encobrir seus rastros, até que minha mãe finalmente descobriu e deu um basta em tudo.

Morando eu e minha mãe, vivamos em paz, pois no fundo minha mãe sabia da minha orientação, porem não me cobrava, ficávamos naquela “ eu não te pergunto e você não me diz até estar pronto “ até o dia que conheci Victor na faculdade, fui pra casa e contei, fui muito acolhido com um abraço e um “ só toma cuidado ta ? te amo “ que me derreteu e choramos juntos, mas não de decepção, mas de alivio.

Voltando, com a noticia da morte do meu pai, fiquei meio em choque, em parte por que esperava um dia fazer as pazes e contar a ele a verdade, e esperava que milagrosamente ele entenderia, mas com a noticia, vi que não teria oportunidade, então pensei: “ Bom, pelo menos esse desgosto ele nunca vai ter”.

Providenciamos junto com o governo tudo para o velório e o enterro, confesso que caíram alguns lagrimas por pensar no que poderia ter sido se tudo fosse diferente e eu fosse o filho macho pegador que ele tanto sonhara. Passou um tempo, já que ele morreu em serviço receberia uma pensão do governo, além do seguro de vida que foi um dinheiro até que bom pra eu ter minha independência: Comprei meu apartamento, simples mas meu, e meu tão sonhado carro, os moveis eu fui comprando aos poucos, mas agora já tinha meu canto e meu carro, estava tranquilo, apesar da resistência da minha mãe quando fui embora de casa, mas depois ela reconheceu que foi o melhor a se fazer para termos nossa privacidade.

Logo minha mãe conheceu um rapaz e casou-se e puderam ser livres na sua casa, sem ter que deixa-los desconfortáveis quando quisessem namorar ou quando eu quisesse namorar em casa.

Essa foi a deixa para o Victor ir morar comigo, afinal já estávamos juntos a 11 maravilhosos meses, logo ele se ajeitou contou a seus pais que não aceitaram muito bem, e não gostam de mim até hoje, quando eu digo não gostam quero dizer: se me verem na rua me olham com desprezo e passam, literalmente me odeiam pois acham que eu sou o culpado, que fiz macumba e tudo mais, mas tudo bem.

Tudo estava perfeito, Victor fazendo a licenciatura em Educação Física e eu, muito orgulhoso de mim por conseguir uma bolsa de mestrado muito jovem, afinal aquilo pra mim significaria que teria o êxito profissional cedo e muitas conquistas, mal sabia eu que ali começaria a me perder, estava com 22 anos já e Victor para completar também seus 22.

Não tinha mais tempo pra nada, vivia para trabalhar de manhã e a tarde, e alguns dias a noite- quando não tinha o mestrado- e aos finais de semana exausto, tinha provas, lições, atividades para corrigir, notas para lançar, aulas para preparar e no fim não conseguia fazer o que eu queria, então comecei a cometer outro erro, dar as coisas ao Victor para suprir minha ausência. Ajudei-o a comprar o carro que queria, e quando digo ajudei digo que paguei a maior parte do carro, seguro e IPVA, mas tudo bem afinal, achava que isso era o certo; paguei sua academia, seus suplementos, seus tênis caros, suas roupas, e tudo que ele quisesse em troca de não ser cobrado, e estava conseguindo. Até que me vi cheio de gastos e estressado e comecei a pirar, fui tirar satisfação com ele, que jogou na minha cara minha ausência, e esse foi só o começo das brigas frequentes, comecei a desconfiar de infidelidade, até que o segui e confirmei minhas suspeitas, porem, não bati de frente, não fiz nada, acreditam ? Estava muito ocupado.

E por anos foi assim, ele me traindo, eu fingindo não ver e no fundo sustentando essa traição, quando acabei o mestrado achei que me veria livre, e seriamos felizes como antes, erro meu, de novo. Tudo tinha esfriado, ele estava lindo e sarado como sempre e eu com olheiras, embora ainda magro como sempre por não ter muito tempo para me alimentar, não transavamos mais, fazer amor então nem lembrava o que era isso, por anos, acreditem ou não.

Então quando acabei o mestrado ainda tinha 24 anos, e ingressei no universo superior para lecionar, arrumei um bom emprego em uma boa faculdade por acreditarem que era jovem e aprenderia muito e cresceria muito. Agora eu tinha um emprego na faculdade de manhã, na prefeitura concursado a tarde, e novamente na faculdade noite, conclusão: Estava melhorando financeiramente, porém, totalmente sem tempo, o universo superior tirava muito mais tempo ainda, pois os alunos buscavam muito mais o conhecimento, e eu adorava passar a eles, então passava horas em pesquisas e curiosidades; tinha alunos que me amavam, mais dinheiro pôr mês que conseguia gastar, um namorado que trabalhava como professor em academia e em escola com a noite vaga para suas festas e baladas; e por fim um coração vazio ( não falava com minha mãe a meses, meus amigos então anos) vivia para o trabalho.

E assim foi se passando o tempo, e passaram mais 2 anos, eu me matando de trabalhar tinha dinheiro guardado, o mesmo carro a muitos anos ( o que me fez perder muito na venda ) e um par de chifres enorme, estava entorpecido totalmente, até o sábado de manha ao qual me referi no primeiro conto, quando decidi dar um basta em tudo.

... Ainda naquele sábado...

Aos sábados de manha, enquanto Victor dormia para se recuperar das baladas de sexta a noite, eu ia caminhar num parque, ou melhor, dizia pra ele que ia, pegava o carro parava em alguma padaria e tomava um longo café, isso era gostoso no começo, depois virou rotina, desci no meu prédio, e olhei para o meu carro, aquele que tinha sido meu objeto de desejo e cobiça um dia, que era um prazer dirigir por ser meu primeiro carro e automático, coisa que não era barata na época, já não sentia mais como era dirigi-lo, tinha esquecido do que senti quando o comprei, logo pensei em vender, mas outros pensamentos invadiram minha cabeça: estava tão entorpecido que não sentia mais nada, não tinha fome mais, nem sede, nem sono, nem o cansaço, não tinha preguiça, não tinha felicidade, eu não sentia mais nada.

Então eu chorei o que consegui o que não consegui eu bati no volante, até que me decidi: Não aturaria mais aquilo, queria uma mudança, peguei meu celular velho e a primeira coisa que fiz foi ligar para minha mãe para marcar um café, a busquei, conversamos muito, nem vi o tempo passar, ela me deu apoio e um abraço de mãe, daqueles que conforta, chorei nos seus ombros, peguei meu carro e fui pra casa... pronto aquilo era o que eu precisava, minha deixa, minha vida iria mudar, só não sabia se para melhor ou para pior, mas iria !

Chegando em casa, vi que Victor estava no telefone e foi pego de surpresa, então ele rapidamente desligou. Ficamos em silencio nos olhando, até que eu quebrei o silencio e disse:

Eu: - Victor, precisamos conversar !

Com certa urgência no tom de voz.

Victor: - Já estamos conversando.

Eu: - Olha, não da mais pra mim.

Desembestei a falar ...

Eu: - Nós não somos mais um casal, não somos amigos, não conversamos, não fazemos amor, não saímos, nem nos falamos, não consigo mais, quero viver.

Ele, então, me interrompe e começa a gritar:

Victor: - Agora você quer tudo isso ? Depois de 4 anos frios, você vem dizer que não fazemos nada? A culpa é minha agora, porra?

Eu: - Não estou te culpando, não é uma questão de quem é a culpa ou de quem foi, mas não da mais, eu não aguento mais fingir que não sei das suas traições, dos telefonemas que você recebe, seu facebook, seu e-mail, suas mensagens de texto, não vou fingir mais.

Até que em tom calmo, ele respondeu.

Victor: - Então é isso né? É assim que a gente acaba? Quero te fazer uma pergunta... você ainda me ama ?

Eu: - Eu não sei! Desculpa, mas eu não sei, olha eu não to pedindo pra gente ser amigos agora ou pra brigar, eu não quero isso, eu só quero paz em respeito a tudo que já vivemos, ao amor que já sentimos. Se tivermos que ficar juntos ainda, que seja por que chegamos a conclusão que nos amamos e precisamos um do outro, e não por que estamos na zona de conforto e da trabalho sair dela.

Ele me olhou nos olhos, e entendeu que não dava mais. Acariciou meu rosto lentamente, beijou minha testa e nos abraçamos, já estávamos tão desgastados que brigas não fariam mais efeito. Nunca tinha visto Victor chorar, então ele me disse.

Victor: - Olha, eu vou embora hoje, mas amanha conversamos sobre minha mudança, ok?

Eu: - Olha, não precisa ser assim, posso vender o apartamento e dividir meio a meio, é o certo !

Victor: - Não, isso é seu, tudo aqui é seu, fruto do seu trabalho e da sua dor, eu só quero vir pegar minhas coisas com mais calma e cabeça fria, tudo bem pra você ?

Eu: - Leve o tempo que você quiser e você precisar.

Victor: - Eu sempre vou te amar, não importa se com admiração por ser a pessoa mais inteligente que eu conheço ou por ser meu namorado de tantos anos, mas eu sempre vou te amar e guardar coisas boas de você.

Eu: - Eu também.

Fui tudo que consegui dizer, não esperava reação tão madura da parte dele.

Foi então, que ele pegou uma mochila, pôs o que deu, me deu uma ultima olhada, virou-se e foi porta a fora, achei que me sentiria melhor, engano meu, desabei, nunca tinha chorado tanto na vida, mas sabia que não eram lagrimas de tristeza, nem de ódio, eram lagrimas de despedida, foi ai que voltei a sentir meu coração, mesmo que apertado, mas eu sentia algo...

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Bom gente, é isso aí, desculpa se não ficou muito longo é que não quis dar muitas informações num só conto pra não ficar cansativo, parei onde foi melhor pra continuar. Se possível, comentem dêem notas, me enviem suas sugestões, todas são bem vindas. Obrigado pela leitura.

E-mail pra contato: marcio.casadoscontos@hotmail.com

Até mais...

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Comentários

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Oi, comecei a acompanhar os seus contos hj, estou adorando. Sei que você já está la na frente, mas vou tentar te alcançar, rsrs. 10

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n sei se o sr apagou meu comentario ou esqueci d pontuar este, então vou deixar nota ok? obrigado

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Goatei de verdade do seu conto. A história realmente promete, e quanto ao tamanho, eu achei bom (clro que essas histórias boas dão vontade de ir lendo sem parar rsrsrs). Você escreve bem, acho até que bem demais, poderia sair um pouco da formalidade, não que esteja ruim, mas melhoraria muito.

Obrigado pela leitura.

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Muito obrigado pelas palavras de vocês, me sinto muito acolhido e vou continuar o mais rápido e frequente possível ! Danny é real sim, por isso em algumas partes não me alonguei muito, pois esqueci de muitas coisas quando conheci Victor, e muito sobre o meu pai escolhi apagar da memória mesmo.

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Você foi corajoso em vários sentidos;acreditando no seu sonho em querer uma estabilidade financeira,construindo um lar só seu,e "encontrado" um namorado ideal,mas a rotina e o medo da perda fizeram que tivesse atitudes que atenuaram os problemas oriundos de divergências entre você e ele.

Espero que tenha conseguido ser feliz apesar da dor e da traição.

Reflita sobre sua trajetória de vida,verifique onde errou e qual é o verdadeiro sentido da vida!

Adorei seu desabafo e espero que continua a postar.

Abraços.

Bom Dia.

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Adoreii tá muito firme seu conto,continua logo, a tua história é maravilhosa eu vejo vivência nela.:D

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