Continuando...
Tinha decidido chamar o Ricky pra sair já que o Ga disse que ele gostava de mim, afinal de contas, não podia fazer mal sair com alguém, ainda mais alguém que eu conhecia, mesmo que pouco, e que fosse bonito e uma boa pessoa. Tava tão distraído dirigindo que uns 10 minutos depois de sair da casa do Ga meu carro parou e quando vi, acreditem ou não, tinha acabado a gasolina. Me xinguei muito, comprei um carro bom e caro e não pus gasolina, onde eu tava com a cabeça? Ainda bem que tinha um posto a poucos metros, lá fui eu a pé reclamando comigo mesmo, mas eu merecia.
Chegando em casa (na casa da minha mãe), liguei pro Ga pra contar e ele me zuou de mais, era o que eu já esperava, me chamou de burro e outras coisas, esse foi o motivo de preferir ir a pé no posto ao invés de ligar pra ele ir me ajudar. Ele então me disse:
Gabriel: - Hey, pensou no que eu te falei? Sobre o Ricky.
Eu: - Pensei sim Ga, acho que vou chamá-lo pra sair, que tal?
Gabriel: - Ótima ideia, ele ia ficar muito feliz!
Eu: - Vou ligar pra ele daqui a pouco então, assim que tomar um banho. Beijo Ga.
Gabriel: - Outro lindo, se cuida cabeção!
De repente eu olho no calendário, e reparo que o recesso escolar tava quase acabando, tinha alguns dias apenas, que seja, eu iria aproveitá-los ao máximo. Tomei meu banho, pus meu pijama e passei o resto da tarde na cama, até que adormeci. Acordei a noite, eram umas 19 horas, minha mãe já estava em casa cozinhando, contei a ela o ocorrido que também riu muito de mim, jantamos juntos, até que me lembrei de ligar pro Ricky. Fui pro quarto e fiz a ligação.
Ricardo: - Alô
Eu: - Oi Ricky, tudo bem? Sou eu, o Marcio!
Ricardo: - Oi, to bem e você? Disse bem animado pra mim.
Eu: - To bem! Então Ricky, sei que você é meio ocupado no escritório, mas queria saber se você quer sair comigo amanhã? Podíamos almoçar e ir no cinema depois, que tal?
Ricardo: - Eu adoraria, eu vou ficar no escritório até as 13 horas, depois posso sair e fazer o resto em casa a noite. Quer almoçar onde?
Eu: - Que tal o bom e velho Mc Donalds? 14:00 horas ?
Ricardo: - Ta ótimo! Te vejo lá então.
Eu: - Até mais.
Ricardo: - Até.
Pronto, tinha criado coragem e o convidado pra sair e no outro dia deixaria rolar.
Fui pra cama de novo e fiquei vendo filmes até adormecer novamente. O bom dessas “férias” é que meu sono estava em dia, bem em dia, nem lembrava quando tinha descansado tanto. E o mais importante, estava feliz, mesmo quando vi que no dia que fui no shopping e troquei o carro gastei grande parte do meu dinheiro guardado, não me desesperei, ao contrario fiquei empolgado pra trabalhar e conseguir mais.
Na verdade esse é um dos maiores defeitos das pessoas que eu conheço inclusive eu, a gente esquece que dinheiro é fruto de trabalho e que tem que ser posto em circulação, gastar pra conseguir mais, é um fluxo. Então quanto a isso estava tranquilo. Na manhã seguinte, enquanto checava meus e-mails vi um da faculdade me convidando a coordenar e lecionar aos sábados em um curso de nivelamento de matemática para os cursos de exatas. Se fosse pouco tempo atrás, eu teria aceitado, afinal ganharia mais dinheiro e o que seria trabalhar mais um dia na semana?
Mas o novo eu, decidiu recusar, afinal, como eu disse antes: Sábados representavam diversão pra mim e agora voltaram a representar, ia deixar os sábados pra curtir e me divertir e não pra trabalhar mais e os domingos seriam para descanso. Estava decidido e respondi o e-mail agradecendo a oportunidade e recusando-a.
Nem tomei café aquele dia, estava frio fiquei deitado até meio-dia mais ou menos, quando fui tomar banho e comecei a me arrumar, caprichei ao máximo que deu, me perfumei bastante e sai um pouco antes, passei no posto e enchi o tanque pra garantir de não acontecer mais de ficar na rua por falta de gasolina e comprei uma revista pra me distrair.
Quando deu 13:30 decidi ir ao Mc pra me encontrar com o Ricky, chegando lá, estacionei e ele chegou logo em seguida, até me assustou e muito.
Ricardo: - Nossa, você anda muito distraído por ai, não acha não?
Eu: - Pior que sim, tomei um susto da porra agora meu, não faz isso.
Ricardo: - To vendo, desculpa, prometo que não faço mais. E depois caiu na risada.
Eu: - Vamos então? Nem tomei café, to morto de fome.
E fomos, comemos bastante, eu comi muito mesmo. Conversamos bastante descobri muito sobre ele, soube que ele serviu o exército quando fez 18 anos e que só não seguiu carreira por que sua mãe chorou muito quando conversou com ela sobre a hipótese. Por isso de ele ter sempre a barba feita e o cabelo raspado, achei aquilo respeitoso, já eu dei graças a Deus quando fui dispensado.
Me contou que entrou na faculdade de Administração e mudou pra Direito por pressão do pai e por ter cansado de discutir. E disse que quando o fez, seu pai deu o primeiro carro pra ele como recompensa, eu contei a ele que meu primeiro carro foi com o seguro de vida do meu pai, ele me deu os pêsames quando contei a história. Ricky me disse que quando contou ao pai que era homossexual, foi posto pra fora de casa, que se não fosse já independente financeiramente e se não fosse seus avós estaria na rua.
Isso me remeteu ao meu passado, se me permitem poder contar um pouco. Eu sempre soube que tinha algo errado comigo, mas não sabia que era gay, quando me perguntavam eu sempre dizia que não, até o dia que me convenci que não era hetero, que quando beijava meninas faltava algo. Mas quando me admiti gay eu não aceitava, eu me odiava por isso pensava em morrer solteiro mas não seria gay, já que meu pai abominava, então tentei ser bi mas vi que era só uma questão de me enganar, afinal até admirava algumas mulheres mas meu negócio era outro, só com o tempo eu descobri que não tinha nada de errado em ser gay, que eu tinha uma vida normal e tudo mais. Contei a ele tudo, inclusive ele admirou muito minha mãe por ter aceito tão bem.
A propósito ele estava muito bonito de terno, ele tinha um olhar muito forte que notei desde o primeiro dia, quando o assunto foi relacionamento ele me disse que já tinha transado muito por ai, mas que faltava algo pra ele, ele não queria mais essa vida de balada.
Ninguém nunca entendeu a vida do Ga, ele era muito promíscuo e confesso que isso era preocupante, eu tinha medo dele pegar alguma doença sempre alertei a ele para se cuidar, afinal de contas ele saía com homens, mulheres, homens e mulheres, se bobeasse até com animais.
Então saímos e fomos ao shopping, alias, fomos meio burros, pois podíamos ter almoçado no MC Donalds do shopping mesmo, mas já era. Ele fez questão de pagar no Mc Donalds, eu até deixei mas não gostei muito. No cinema o mesmo, ele comprou os ingressos, o shopping estava bem vazio, quando tava chegando a hora do filme entramos na sala pra conversar até que o filme começasse. Confesso que ele era tão de mais que eu ficaria com ele facilmente, mas eu não tinha coragem de tomar a iniciativa.
Na sala então, vazia, ele me disse:
Ricardo: - Sabe, eu fiquei muito feliz de você ter me chamado pra sair, tava criando coragem pra chamar você. Gostei de você desde que te vi e te conheci aquele dia que vimos aquele seu ex-namorado.
Eu: - Achei que você não tivesse gostado de mim, você ficou emburrado na hora de ir embora.
Ricardo: - Não foi com você, foi com ele. Eu sempre quis alguém que trabalhasse, fosse sério, bonito, independente igual a você e ele tinha tudo e não aproveitou pô!
Eu: - Não é bem assim, parte da culpa foi minha, mas não quero falar sobre ele, sobre o passado.
Ricardo: - Melhor mesmo, sabe... Hoje tá sendo de mais, quero repetir isso mais vezes.
Eu: - Com certeza eu também quero. Disse olhando dentro dos olhos dele igual ele fazia comigo.
Pronto, aquela foi a deixa, seria agora ou nunca, já que o silêncio imperou ali. E foi agora. Ele me beijou, mas não um beijo, foi O beijo,de verdade, ele me puxou pra perto bem calmamente e foi acelerando os movimentos, deixei ele conduzir, tava gostoso de mais, mas eu tava meio preocupado se tivesse mais alguém olhando e fui tentando parar, ele dava mordidinhas nos meus lábios que estavam uma delícia, então consegui fazê-lo parar (apesar de no fundo não querer).
Ricardo: - Desculpa por isso, mas eu precisava saber como era.
Eu: - Se decepcionou, foi?
Ele então voltou a me beijar, novamente ditando os movimentos, mordendo meus lábios até chupando minha língua.
Ricardo: - Isso responde?!
Eu tinha até esquecido como era aquilo, beijar, ainda mais uma boca nova, com jeito novo, tava acostumado com aqueles beijos de rotina, quando tinham, com o Victor. Não assistimos muito o filme, quando eu pedi pra ele parar um pouco pra eu assistir, ele parou, aí passou 5 minutos e eu senti falta de ter a boca dele na minha e eu o beijei. Ficamos assim até o filme acabar, até os créditos acabarem, e quando a luz acendeu, vi que era hora de ir embora. Fomos até o estacionamento já que estava cada um com seu carro, pagamos, ele foi comigo até o meu, entrou e me beijou, um beijo de adeus, mas muito gostoso e se foi antes de perder a tolerância no estacionamento.
O que me deixou feliz, foi que ele foi bem respeitador, não quis forçar mais nada, mesmo sabendo que eu não ia relutar. Ele fez tudo certo, foi até inacreditável, queria mais, queria sair com ele de novo. Só prometi pra mim mesmo, que se virasse um relacionamento sério, não cometeria os mesmos erros de novo, não seria negligente nunca mais.
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Ta aí mais uma parte, espero que gostem, ainda tem muito por vir, muito mesmo. Quero agradecer os comentários e as notas, estou muito feliz, vocês são demais mesmo!Qualquer critica e sugestão é bem vinda! E por mais que não pareça as vezes, a história é verídica!
Marcio.casadoscontos@hotmail.com e-mail para contato.