Olá galera! Estou de volta com mais um conto. Primeiro quero agradecer pela quantidade de leituras e comentários que tive nas três história que já escrevi até hoje (Amor de Verdade, Pronto de Novo e Irmão Ogro). Fico muito feliz em saber que vocês gostaram e espero de verdade que gostem dessa também! Me add no msn carloscasa1@hotmail.com Bora lá?!
- Daniel, acorda! Tá na hora de ir trabalhar.
Nossa! Toda manhã era a mesma coisa. Desde que arrumei esse emprego pro Daniel ele faz questão de dificultar as coisas pra não ir trabalhar. Estamos juntos há mais ou menos dois anos e é primeira vez que ele trabalha. Há cinco dias está trabalhando em uma empresa como vendedor de pacotes de viagem, mas todo dia tem um problema diferente que o impeça de ir.
Eu, Carlos, o amo demais, mas tenho que confessar que não está mais atrativo quanto antes. Tudo se tornou monótono. Entendo que meu jeito calmo demais, as vezes chato, chega a incomoda-lo. Daniel sempre foi o oposto: agitado, animado, principalmente no que diz respeito a baladas e gastar. Só que, por incrível que pareça, sempre viveu escorado em seus pais até o dia que eles descobriram nossa relação e ele foi forçado a vir morar comigo. Aí ele se escorou em mim. Mas o prazo dele havia acabado. Suas noitadas estavam no fim e esse emprego era o primeiro passo pra ele mostrar que poderia dar certo na vida.
Se levantou, tomou café e me esperava no carro. Trabalhamos juntos. Aliás, a empresa de turismo é do meu pai. Enfim, eu era seu chefe. Nossa relação estava fria. Fazer amor? O que é isso mesmo. Estava começando a sentir até saudades do meu ex. Mas ele não tinha culpa. Eu trabalhava muito, não estava nada atraente... Já ele, muito diferente. Se cuidava, tinha um corpão e era um gato. Estava ainda mais bonito que quando me apaixonei. Que saudade dessa paixão. E eu nem sabia por que estava com ele.
Sexta-feira. A noite. Em casa. Daniel se arrumava e eu fazia algo para a gente jantar.
- Dan, você vai sair? Tô fazendo o jantar...
- Hum, que pena Carlos! Já tinha combinado com a galera de tomar uma cerveja hoje.
- Nossa! Achei que a gente podia ficar junto um pouco. Tô com saudade de ficar com você.
- Vai comigo então. Até melhor que eu num vou de taxi.
Fui me arrumar sem nenhuma animação para o “passeio”. Aliás, sabia que nem ele estava animado com a minha presença no bar, mas eu iria. Queria ficar perto dele e precisava ter certeza que ele queria o mesmo.
Meia hora depois e estávamos na mesa de bar. Amigos chatos, papos chatos... mas eu estava com ele, era isso que importava.
- E o seu amigo aí Daniel, não bebe nada?
Amigo? Desde quando eu era amigo. Minha vontade era dizer o que eu pensava pra aquele rapaz, mas o olhar do Daniel me obrigava a ficar calado.
- Não. Ele tá dirigindo.
Nossa! Eu sequer podia conversar. Minha noite seria ótima mesmo. Decidi ir até o banheiro. Quem sabe eu não encontrava um dominó pra ficar menos entediante. Usei o mictório e ao lavar a mão me encontrei com aquele amigo de Daniel que fez a pergunta à mesa.
- Você é sempre caladão assim?
- Só quando eu não conheço a turma.
- Não seja por isso! Sergio e você?
- Carlos. Você é amigo do Daniel né.
- Sou sim. Você também né.
Eu não ia estragar a mentira do Daniel naquele momento.
- Sou sim. Vamos voltar pra mesa?
- Por mim eu ficaria mais um tempão aqui contigo, mas vamos sim.
Que? O cara disse que ficaria conversando comigo num banheiro? Hilário. E voltei pra tortura que durou mais um tempão! Em dado momento ainda consegui conversar com o Sergio que foi me contando sobre as viagens que ele havia feito, área que eu adoro conversar. Ele anotou meu número pra saber mais das viagens que a agência vende e foi até legal. Fomos embora e eu não havia esquecido do episódio da “amizade” com Daniel.
Chegamos em casa e eu comecei
- Daniel, que história era aquela que nós somos amigos? Você não contou pros seus amigos que a gente tá junto até hoje?
- Ah não! Esse assunto de madrugada? Vou ter que repetir tudo que tenho falado há um tempão?
- Repete então que você quer ser independente, que você não quer que achem que você tá encostado em mim. Mas agora você tá trabalhando, essa desculpa não cola mais.
- Você quer saber então né. Beleza, vou falar. Eu tenho vergonha disso. Tenho vergonha dos meus amigos saberem que eu sou viado e moro com você. Satisfeito?
Ele despejou isso sem nem desviar o olhar de mim. Não pensou muito ao dizer e sua sinceridade doía em mim. As lágrimas já escorriam e eu me sentia um idiota por ser tão fraco.
- Bem satisfeito Daniel! Muito satisfeito. Boa noite pra você.
Sai de casa sem saber nem pra onde ir. Eu precisava me afastar dele. Concordo que não é fácil assumir um relacionamento com alguém do mesmo sexo, mas estávamos há muito tempo juntos, poxa. Quantas vezes ele disse que me amava? Quantas vezes ele me fez promessas? Mas tudo se foi. Agora só tinha vergonha.
Fiquei numa praça olhando o movimento até dar o horário de ir trabalhar. Voltei pra casa ás 7, tomei um banho rápido e saí pra trabalhar. Ele estava dormindo e eu preferia não incomodar. Não estava preparado pra encarar ele, não ainda.
O dia se arrastou e nenhum telefonema, nenhuma mensagem de texto. Ele sequer apareceu. Era de se esperar. Tentei concentrar no trabalho, mas estava difícil. Mais uma vez chorei, chorei e chorei!
Voltei pra casa mais tarde e o encontrei falando ao telefone e várias garrafas de cerveja na sala:
- Tá marcado então. A gente se fala mais tarde. Não, tá de boa. A noite é uma criança. Tchau.
Ele desligou ao me ver. Ele estava marcando um encontro? Que rápido hein!
CONTINUA...