Em meio a essas revelações o Paulo passa de bicicleta na rua e nos vê, da à volta e se junto a nós. A gente muda um pouco de assunto, ele entra no papo, e o Allan volta discretamente ao assunto de sua revelação pra mim, mais não tão à vontade como antes, pois agora tinha o Paulo por perto ouvindo e ele não queria falar abertamente com seu irmão por perto, mais ele já tinha se tocado e disse sobre o que nós falamos mostrando não ser novidade pra ele:
Paulo:
_ Eu já sei, tu é gay!
Eu pergunto:
_ E como você sabe?
Paulo:
_Eu tava lá com o papai quando ele ligou pro Allan e este confessou, eu ouvi tudo. Eu já sabia!
Mais o que me admirava é que mesmo o Paulo sabendo de toda essa história, tratava seu irmão normalmente, perguntava às vezes pela namorada dele e nunca o destratava ou o descriminalizava.
Eu ainda estava meio que incrédulo com todas aquelas informações, não esperava por isso!
Então passa um coleguinha do Paulo de bike pela rua, ele vê e faz sinal para o carinha, se despedi da gente dizendo que talvez voltasse pra ficar com a gente mais tarde.
Depois de ele ter ido, eu curioso comecei a me aprofundar nas revelações do Allan:
Eu:
_ Cara porque você me contou essas coisas a teu respeito?
Allan:
_ Porque eu te achei um cara legal, que me passou confiança pra eu me abrir. E sei que você não vai espalhar por aí.
Senti-me confortável ao ouvir ele disser que sou confiável e lhe passei segurança pra se abrir comigo.
O Allan se aprofundou nas suas intimidades comigo me falando do seu antigo relacionamento. Eu ouvia a tudo isso mais não havia confessado a ele que eu também curtia homens, sei La, estava com receio de falar tal coisa pra ele.
Queria saber até onde isso iria dá, então agi com calma e esperei pacientemente o momento certo.
Teve um momento que ele me contou sobre aquele grupinho de veados que a gente viu no banho logo que eu cheguei, ele me contou que certa vez um deles botou pra cima dele, jogou indiretas pra ele dizendo que pegaria ele, não gostando ele cortou a bicha logo.
A bicha tinha lhe perguntado se ele tinha coragem de ficar com ele, o que o Allan respondeu que não. Mais também a bicha era horrível, muito feio mesmo!
Mais essa conversa me deu a idéia de criar uma situação parecida entre nós. Só tinha um problema, o medo de dá errado, eu o assustar e depois dá merda no dia seguinte.
De repente surge um momento tenso, apareceram dois moleques numa moto, deram uma volta na praça onde estávamos, passaram pela gente e depois pararam num banco bem atrás de nós. Fiquei na hora com muito receio, pois em Manaus motoqueiro com garupa pode contar que é assalto.
De longe eu observa-os, e tratei de esconder o meu celular dentro da cueca, caso eles tentassem se aproximar eu chamaria o Allan pra sairmos de lá. Então perguntei:
_Não tem perigo desses caras vierem aqui nos assaltar?
Allan:
_Não tem não, fica tranquilo!
Mais eu vi que o garupa desceu da moto sentou-se ao banco da praça e tirou alguma coisa do bolso e começou a enrolar. Com certeza era droga, o que dirigia não desceu da moto, depois de um tempo o garupa voltou a subir na moto, ligaram e se foram. Graças a Deus não mexeram conosco.
Passado esse momento tenso, começamos a relaxar, voltamos ao nosso assunto.
Eu comecei a ficar meio nervoso, já imaginava a possibilidade de rolar alguma coisa com aquele menino de 17 anos. Ele conversava bastante sobre diversas coisas e eu me sentia muito confortável ao seu lado, parecia que já nos conhecíamos há muitos anos. Que sensação engraçada!
Apesar de ele falar muito, eu até que conseguia acompanha-lo, ele se distancia às vezes do assunto sobre ele curtir caras trocando o foco da conversa, mais eu sempre procurava traze-lo de volta, nervoso, mais não poderia perder a chance, por isso fazia mais perguntas e ele respondia numa boa.
Na verdade o que eu queria dizer pra ele era:
_E se eu tentar ficar com você, fugiria de mim como fez com aquele cara (a bicha do banho) que tentou ficar com você?
Era o que eu pensava;
Ai, nossa! E como essa pergunta martelava em minha cabeça, estava me consumindo por dentro, eu queria fazê-la mais me faltava coragem pra falar. Quando eu decidia:
_ É agora!
Dava-me uma coisa, uma força maior, acho que era o medo da rejeição dele. Eu travava!
Perguntava-me:
_ Até parece que esse carinha vai querer ficar comigo?
_ É melhor eu desistir disso enquanto é tempo.
Mais em nenhum momento ele demonstrou rejeição a mim, continuava ali me fazendo companhia e nem mesão de querer ir embora, está ali com ele era tão bom que nem víamos as horas passarem, quando me dei conta já estava dando meia-noite, então lhe perguntei:
_Não é perigoso a gente ficar até essas horas aqui na rua?
Allan me respondeu:
_ Que nada, não é perigoso não. Eu já fiz isso outras vezes e nunca aconteceu nada de ruim.
_Já fui de madrugada para o banho até, e foi super. tranquilo, não tem perigo não!
Suas palavras me tranqüilizaram, eu olhava as horas ficando cada vez mais tarde mesmo assim nem ele ou eu falávamos em voltar pra casa.
Vagamente me lembrava do meu “EX” que tinha me causado muitas dores de cabeça e que era um dos motivos que me levou a fazer essa viaje, ele merecia que eu estivesse me divertindo e possivelmente curtisse com outro cara.
Em dado momento já cansados de estamos ali sentados naquela antiga pracinha resolvemos sair dali e andarmos mais um pouco pra esticarmos as pernas. E seguimos a rua andando achamos outra pracinha, isso tudo ficava na orla da cidade de frente para o rio que passava na frente.
Entramos nessa pracinha e vimos duas pessoas que eu não consegui identificar muito bem, uma era homem, estava sentado no banco e a outra pessoa estava deitada com a cabeça no colo do homem. Por isso eu achei estranho!
Perguntei-me:
_ Será dois homens?
Falei para o Allan da minha dúvida e ele também não conseguiu ver direito se eram dois homens ou um casal hétero.
Passamos por eles e nos afastamos deles um pouco, mesmo assim estávamos em seu campo de visão e eles também do nosso. Paramos adiante deles e eu sempre de olho neles tentando descobrir se eram dois homens ou não e verificando se eles viriam em nossa direção, caso isso acontecesse devido ao horário que já passava da meia-noite nós cairíamos fora. Não era prudente deixar eles se aproximarem de nós, vai que eles resolvessem nos fazer algum mau?!
Já nesse local um pouco afastado da visão de quem passasse na rua, finalmente com muito esforço eu consegui dizer para o Allan a minha vontade, mais isso em tom de brincadeira, pois desta forma eu poderia dizer que era brincadeira e tentar contornar a situação.
Falei então:
_ Allan e se eu tentasse ficar com você?
Pausa pra respirar!
_ Você fugiria de mim como fez com aquele carinha que tentou ficar contigo?
Qual foi minha surpresa ele responder sem titubear:
_ Ficaria.
_Eu não fugiria de você!
Nossa aquela resposta me deixou mais nervoso ainda e feliz, tanto que eu não consegui nem prosseguir nas palavras, dei um tempo pra me acalmar e poder continuar.