Continuando...
O grande problema, era adaptar os cachorros ao apartamento, lógico que um Golden Retriever não era cão de apartamento, mas não tinha o que fazer. Durante o começo, deixei-os na minha mãe, eles ficaram bem lá, depois conversei com Ricardo sobre a possibilidade de deixá-los lá mesmo, eles cuidariam e teriam espaço, mas não deu certo, acreditem ou não, o Ricardo é um bebezão. Ele chorou dizendo que amava os cães e que não era a mesma coisa sem eles, que já que eles eram adestrados só faziam no canto no jornal, que passearia com eles se o problema fosse espaço, serio gente, ele chorou, eu acabei cedendo, lógico, mas logo ele arrumou um vizinho pra passear com os cães em troca de um dinheirinho.
Eu notei que alguns vizinhos estranhavam e olhavam meio torto pra nós, mas eu ignorava. Não demorei muito a me adaptar ao lugar, em termo de lazer, era bem melhor que a casa, era só o espaço que deixava a desejar, em compensação tínhamos mais segurança, era a melhor decisão.
Sabe, na quinta-feira, eu tinha dado uma saída, Lucas tava com os avós, Denise e Maria de folga, quando cheguei em casa, não falei nada, estava muito silencioso, fui até meu quarto, lá estava Ricardo se masturbando, fazendo caras e bocas, mas sempre em silencio, eu não sabia o que fazer, então fiz um : hum hum. Ele olhou pra mim e continuou se masturbando, eu confesso que fiquei sem graça. Parece hipocrisia né? Transo com o cara há tanto tempo, já o vi pelado centena de vezes e quando o pego se masturbando fico sem graça, ainda mais com ele me encarando. Quando olhei pra cama, tinha um monte de filmes pornô gay espalhados, eu não sabia que ele tinha tudo aquilo, sinceramente.
Eu não era de assistir, só na adolescência, faziam anos, muitos, que eu não via um filme pornô, mas sei lá, com outra pessoa aquilo parecia constrangedor, então eu fui saindo do quarto e ele me interrompeu.
Ricardo: - Eai, não quer participar não? Eu ia adorar você aqui no lugar da minha mão. – Eu corei, se é que é possível já que não sou branco.
Eu: - To bem aqui.
Mas como consolação, fui até ele dar um beijo na boca, mas logo ele me puxou pro colo dele, o pau dele já estava muito duro e eu ouvia os gemidos do filme, que não eram discretos, aquilo me excitou um pouco, mas quando eu pensei na situação na hora, ele se masturbando vendo um pornô, fiquei muito constrangido de novo e sai do colo dele, fui pra cozinha, ele fez cara de quem não gostou, mas continuou lá.
Eu sabia que minha atitude tinha sido infantil, mas sei lá, certas coisas, intimidades eu simplesmente não conseguia. Por exemplo, quando eu usava o banheiro pras necessidades eu trancava a porta, ele não gostava, mas eu não conseguia de jeito nenhum, já ele era todo largadão, ele fazia comigo o mesmo que sem mim.
Ele então foi atrás de mim na cozinha interrompendo meus pensamentos.
Ricardo: - Lindo, para vamos comer pizza, a gente pede, não precisa cozinhar.
Eu: - Ok! Já acabou o que tava fazendo?
Ricardo: - Já, só não entendo... Qual o problema de você participar? Da gente transar ali naquela situação ou pelo menos você fazer um sexo oral pra eu curtir? Não te entendo, estamos juntos há quase dois anos.
Eu: - Aquele era um momento intimo seu e de ninguém mais, não achei certo.
Ricardo: - Não tem intimidade entre nós, somos parceiros, do amor e da vida lindo, quero estar com você em tudo, fazer parte de tudo, sem pudores e sem censura.
Eu: - Eu sei lindo, mas é uma coisa muito difícil pra mim, tenta entender por favor, eu só queria preservar o seu espaço e que você preservasse o meu, você não é obrigado a cheirar minha merda. (desculpa pessoal, mas não quero esconder os fatos)
Ricardo: - Eu quero cheirar, quero tudo em relação a você, não quero ter intimidade com você, quero uma união em tudo, sinceramente lindo, eu não sei muito sobre você, eu sei que devia me envergonhar de dizer isso, mas você sabe tudo de mim e eu não sei quase nada sobre você. Não sei muito sobre seu passado, sua vida antes de mim, eu queria saber tudo.
Eu: - Não é minha culpa, só que eu passei por tanta coisa que eu preferia esquecer, que eu não gosto de trazer a tona, não gosto de lembrar.
Ricardo: - Mas eu preciso saber, suas fraquezas, seus medos, pra poder te proteger sempre, proteger seu coração.
Eu: - Tudo bem lindo, você tem razão.
Então eu passei a noite e a madrugada contando tudo a ele, eu nunca me senti tão aliviado mas ao mesmo tempo tão vulnerável. Ele sabia agora todas as minhas fraquezas, meus problemas no passado, minhas dores, magoas, tudo, eu tinha medo da gente brigar e um dia ele usar aquilo contra mim, por vários momentos eu chorei, mas ele me abraçava e me pedia pra continuar. Fazia cara de raiva quando era algo ruim, cara de triste com as coisas tristes, ele foi bem compreensivo na verdade.
De madrugada.
Ricardo: - Nossa, sua história não é fácil, não sei como você se tornou essa pessoa que você é hoje.
Eu: - A gente pega tudo de ruim que as pessoas fazem conosco ou com as outras, e tomamos cuidado pra não fazermos igual, pra fazermos melhor, eu não me acho bom, eu acho o mundo cruel.
Ricardo: - Nossa, eu odeio esse Victor muito mais agora, não acredito que ele aprontou tudo isso com você, é um lixo que não vale nada.
Eu: - Não fala assim, as pessoas fazem com a gente exatamente o que deixamos, pelo menos é o que eu acho. Eu tenho 50% de culpa em tudo que ele fez, e outra, eu o amei um dia, talvez se eu não tivesse passado tudo que passei, eu não estaria pronto pra você hoje em dia. Você acha que alguma vez eu cogitei abrir mão do meu trabalho? Eu mudei muito, por você, pelo Lucas, pelo amor, o amor faz isso com a gente.
Ricardo me beijou.
Ricardo: - Você é o melhor, eu te amo.
Eu: - Eu também te amo.
Ele me pegou ali mesmo, começou a me beijar com urgência, me pegou no colo e me levou até nossa cama, lá ele já se despiu em segundos e em seguida veio me despindo e beijando cada parte do meu corpo, depois grudou na minha boca e não soltava. O clima tava muito quente ali, ele suava e respirava fundo, eu acabava gemendo porque não conseguia segurar, já ele ficava mais louco com meus gemidos. Ele foi e me penetrou sem lubrificação alem do seu pau que babava muito, não doeu muito, eu estava bem relaxado, foi um sexo calmo, romântico, com muitos beijos e caricias, e “eu te amo”.
Quando acordei, tinha um bilhete na mesa de cabeceira.
“Bom dia, não esquece que eu te amo mais do que qualquer coisa no mundo, exceto uma que amamos em comum. To na piscina sentindo sua falta e pensando em você.”
Achei fofo, tenho guardado até hoje. Tomei um banho, me troquei e ia dar uma volta no shopping, comprar umas roupas pro Ricardo, porque ele era muito relaxado, não comprava roupas novas mas também não usava as velhas, se não fosse eu, ele andaria que nem um trapo, mas não porque gosta e sim porque tem preguiça e diz que prefere que eu compre as coisas por ele. Peguei meu óculos de sol e meu relógio e desci, eu odiava/odeio andar de elevador, sofro muito até hoje.
Fico tenso de mais, até entrar alguém. Entrou um grupo de jovens, acho que tinham uns 21 anos, eles eram em 8, logo, lotaram o elevador. Eles falavam alto, sobre besteiras, eu ficava no canto em silencio, algumas vezes eles me davam umas olhadas, mas eu ignorava, como estava de óculos eles não veriam pra onde eu olhava.
Fui até a piscina falar com Ricardo, eu não tinha notado no tamanho da piscina, muito linda e tinha muita gente até, todos olhavam o corpo de Ricardo e ele por sua vez conversava com um outro rapaz.
Ricardo: - Oi lindo, esse aqui é o Ramon.
Eu: - Prazer Ramon.
Ramon: - Prazer Sr. Lindo. – e deu risada.
Ricardo: - Ele é nosso vizinho, mora na outra torre, ele é um de nós.
Eu: - Lindos?
Ramon: - Gay.
Demos risada, lógico que ele tinha paquerado o Ricardo eu tinha certeza daquilo, as meninas olhavam também, queriam chamar atenção dele lá, não sei se ele olhava, mas era só eu chegar que a atenção dele era toda minha.
Ricardo: - Onde você vai lindo desse jeito? Vem aqui comigo um pouco.
Eu: - Não, to saindo.
Ricardo: - Onde você vai?
Eu: - No shopping, você precisa de coisas novas, advogado mulambento não dá.
Ricardo: - Quer que eu vá junto então?
Eu: - Não precisa, to indo buscar o Bruno, ele vai comigo.
Ricardo: - Ok. Quer ir com meu carro?
Eu só ri.
Ricardo: - Ah é, agora meu carro é pobre de mais pra você, desculpa aí.
Eu: - Para lindo, sinto muito.
Ele fez biquinho, eu não quis beijá-lo.
Eu: - Tchau, fui.
Ricardo: - Não vai me beijar?
Eu: - E partir o coração de todas as meninas e rapazes que estão te admirando?! Acho que não.
Busquei o Bruno e contei a ele.
Bruno: - Não acredito que você deixa ele sozinho com aquele outro lá, isso que é confiança no seu taco.
Eu: - O segredo é confiar, outra coisa, ele sabe que se me trair, alem de me perder, vai ficar sem nada.
Bruno: - Ah sei lá, mas eu não faria isso.
Bruno atendeu o celular.
Bruno: - O Gabriel, o Otavio e o Luan tão indo lá na sua casa jogar videogame com Ricardo e provavelmente o amiguinho dele.
Eu: - Legal, assim o Ga também não fica sozinho.
Bruno: - Eu espero que ele se comporte e que esse Ramon respeite a aliança no dedo dele.
Fomos ao shopping, comprei tudo e mais um pouco que o Ricardo precisava, fizemos um lanche e fomos pra casa, chegando lá, não tinha só quem Bruno tinha dito, tinha mais 2 rapazes. Logo que eu entrei todos me olharam.
Ricardo: - Olha ele aí, meu amor, bem vindo ao seu lar.
Eu: - Tá tendo festa aqui e ninguém me avisou?
Ricardo: Não, só conhecemos uns amigos gays e estamos jogando conversa fora.
Ricardo continuou.
Ricardo: - Estes são Leo e Daniel.
Eu: - Prazer.
Eles responderam. Eu não pude deixar de notar que eles eram todo cheios de graça pra cima do Gabriel e do Ricardo, eu e Bruno fazíamos cara de quem não gostava. Notei que tanto Leo quanto Daniel e Ramon eram do tipo folgados e oportunistas. Do tipo que olham cada metro quadrado da sua casa, que fazem comentários desnecessários, perguntas bestas do tipo: “Ai Ri, você malha?”
Ri... que intimidade é essa? Eu pensei comigo mesmo. Eles não se tocavam, não iam embora, como eu não precisava ir pra São Carlos, podia ficar acordado até tarde, mas eles não iam embora nunca.
Otávio e Luan, Gabriel e Bruno dormiriam lá, mas eram nossos amigos mesmo, nossos convidados, os outros três também pediram pra dormir, Ricardo tomou as rédeas e disse que sim, ou ele era ingênuo ou idiota, eu ainda não sabia.
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Bom gente, ta aí mais uma parte, espero que vocês gostem. Só não postei antes por falta de tempo, logo que der eu posto mais. Muito obrigado pelos carinhos, pelos e-mails, comentários e votos. Qualquer crítica e sugestão são bem vindas.
E-mail para contato: marcio.casadoscontos@hotmail.com
Até mais ;)