Continuando...
Passei alguns dias buscando material pro Marcelo na internet e em livros, me diverti vendo e resolvendo exercícios antigos, quando eu escolhi minha carreira, além de professor, matemático, eu não sabia que um dia eu criaria tal gosto e facilidade pra matemática, eu achava fascinante saber tanto, o conhecimento é ilimitado, eu queria muito mais, mas ainda tinha que esperar pelo menos o Lucas crescer mais pra me acompanhar em viagens de pesquisa e etc.
Eu já cogitava a possibilidade de trocar a instituição que eu fazia o doutorado, de fazer em uma mais próxima, eu tinha encontrado uma que eu faria um ano a menos, ou seja só faltaria 1 ano e meio pra eu acabar, graças aos creditos já obtidos na pública, porém o preço era bem salgado, vocês sabem como funciona o ensino nesse país, propus ao Ricardo, que aprovou na hora, disse que o dinheiro não faria falta assim, logo eu corri atrás de tudo, eu só entraria no próximo semestre mesmo, mas estava contente que as viagens cansativas e estressantes estavam com os sábados contados, alem do fato do outro ser feito ás terças e quintas a noite.
O que eu mais gostava era que o Bruno voltava a ser meu braço direito, ele só trabalhava duas vezes na semana, já que ele e o Ga trabalhavam no mesmo lugar e tal. Então de manhã o Ga deixava ele lá e ficávamos juntos.
Denise era a melhor, cuidava tão bem do Lucas, parecia o filho dela, aquilo me deixava bem satisfeito. Eu vivia comprando coisas pra ela, sapatos que eu sabia quais ela gostava (melissas) entre outras coisas. Ricardo naquela noite, foi sair pra beber com o Gabriel, os dois voltaram bêbados e como consequência dormiram lá.
Na quinta de manhã, era um festival de ressaca naquela casa. Eles acordaram com dor de cabeça e foram tomar café na mesa comigo e com o Gabriel.
Eu: - Bom dia manguaças.
Gabriel: - Bom dia lindo, fala um pouco mais baixo só, ta foda.
Ricardo: - Bom dia meu amor, concordo com o Gabriel, só um pouco mais baixo.
Bruno: - Nossa a noite foi boa hein?
Eu: - Só espero que ninguém tenha sido pai essa noite... né Ricardo?!
Bruno riu.
Ricardo: - Não amor, tá limpeza, só bebemos e conversamos mesmo, sobre a vida, sobre tudo, sabe como é.
Eu: - Queria dizer que sei, mas não sei.
Ricardo: - Você tipo, nunca bebeu mesmo?
Eu: - Tipo, não. Já experimentei, mas não bebo nem cheguei a beber alguma dose considerável, simplesmente não tenho gosto pelo álcool, prefiro minha coca.
Gabriel: - Ou é muito esperto ou muito burro, e outra, sua coca da problemas ósseos.
Eu: - Sua bebida da cirrose.
Gabriel: - Touché.
Tomamos o resto do café em meio a conversa, logo Denise chegou e assumiu o trabalho já que não quis tomar café.
A Maria disse que eu era o primeiro patrão legal que ela tinha, que nas outras casas ela não podia comer o que tinha, tinha comida separada e não podia tocar nos doces do armário, tomar refrigerante e essas coisas. Vivia de macarrão e suco tang. Eu achei aquilo um absurdo, primeiro porque não a considerava empregada, ela era mais uma amiga que mantinha minha casa limpeza, digamos assim. Além do mais, ela e Denise e qualquer outro funcionário/amigo/colega podiam comer o que quisessem lá, eu acho feio regular comida pros outros.
Ricardo antes de sair pra trabalhar disse que queria fazer mais tatuagem, eu confesso que estava muito sexy aquelas tribais nos braços malhados e lindos dele. Ele disse que era viciante, eu disse que o corpo era dele, só pedi pra não fazer na cara pra não estragar aquele rosto branco lindo e pra não ficar que nem o Lil’Wayne que é meio exagerado.
Eu tinha parado pra me olhar no espelho, eu tinha que voltar a me cuidar, minha alimentação não era saudável, eu não queria ganhar peso, não queria que o Ricky perdesse o interesse no meu corpo por mais que ele dizia que nunca perderia, eu acho que tem que ser metade da atração dele por mim e a outra metade eu que tenho que provocar, então eu tinha resolvido voltar pra academia também, só que de manhã, assim Denise estaria com o Lucas. Fui na academia refazer a matricula e me inscrevi pra fazer spinning também, queria voltar a ser mais saudável.
Marquei nutricionista pra mim pra poder melhorar a minha alimentação e tudo mais. No carro, no radio ouvi que haveria um show de um dos meus cantores favoritos: Djavan. Me derreti na hora, peguei meu celular e liguei pro Ricky.
Ricardo: - Fala amor, você me ligando essa hora, aconteceu algo?
Eu: - Não amor, é que sabe... tava pensando em sairmos, vai ter um show do Djavan sábado a noite e eu amaria ir, de verdade.
Ricardo: - Adoro as musicas dele. Onde vai ser?
Eu disse a ele e estava combinado, eu voltaria voando de São Carlos pra irmos ao show, as músicas dele me tocam, são muito lindas. Eu estava totalmente empolgado, já me imaginava cantando todas as musicas (as que eu conhecia). Aquele dia a noite contei ao Ricky da academia.
Ricardo: - Lindo, eu amo você de qualquer jeito.
Eu: - Mesmo se eu ficasse gordo e você sarado?
Ricardo: - De qualquer jeito.
Eu: - Eu não acredito, mas tudo bem, não estou fazendo só por você, é por mim também.
Ricardo: - Se fizer bem pra você, vai fazer bem pra mim também.
Eu: - Amor, você notou aquele dia, o quanto o Victor estava mal? Quero dizer, ele era tão sarado também, lindo, e agora ficou tão relaxado e com aparência triste, irreconhecível eu diria.
Ricardo: - Eu não gosto dele, mas você tá certo. Mas a culpa é dele, deixar passar uma coisa tão maravilhosa quanto você, mas eu devo a dele por ser tão babaca ou eu nunca estaria tão feliz.
Eu: - Eu não quero ficar daquele jeito, eu aprendi a me amar nesse tempo sabe? Eu me sinto mais forte hoje em dia.
Ricardo: - Você é de mais, em tudo, eu não sei como dei tanta sorte, mas quero aproveitar essa sorte.
Eu: - Já pensou quando estivermos velhos? Será que ainda você vai se interessar no meu corpo enrugado e murcho?
Ricardo: - Pra sempre, eu vou te querer sempre e pra sempre. E você, se eu ficar todo caído, não conseguir ter ereção, vai me deixar?
Eu: - Nunca, se precisar ficar sem sexo ou sem qualquer uma dessas coisas materiais que temos eu fico, no fim do dia, eu quero você e nosso filho.
Nos beijamos.
Ricardo: - Meu deus, como eu te amo, você não sabe o quanto!
Eu: - Eu sei e te amo em dobro.
Todo aquele clima era favorável, então acabamos fazendo amor em meio a juras de amor e promessas.
Na sexta-feira, fui pra academia de manhã, eu tava só o pó por ter acordado cedo, mas sobreviveria. Cheguei lá, malhei, conversei com a professora, fiz algumas amizades, aquela professora da manhã era muito legal, muito simpática, era boa no que fazia. Me explicou a série de exercícios e montou meu treino rapidamente. Fiz musculação e depois spinning, que foi bem cansativo, mas igualmente legal. Eu era o único homem da turma, então fui meio que o centro das atenções, mas tratei logo de dizer que era gay, pra evitar mal entendidos. Elas amaram eu ser gay.
É engraçado, a maioria das mulheres quando eu digo que sou gay me enchem de perguntas do tipo: “é possível ter prazer anal?” “Seu namorado e você fazem de tudo na cama?” Entre outras, eu achava engraçado, mas respondia todas. Eu sempre acreditei que esclarecendo as duvidas das pessoas sobre determinados assuntos, eliminando a ignorância delas, é possível haver uma tolerância maior.
Eu sempre disse as pessoas, que o prazer do sexo não está só nos membros e nervos do nosso corpo, está muito além disso. É uma troca de afeto, de amor, com a pessoa que você ama/gosta/sente atração não se resume a gozar, uma transa pode ser satisfatória independente da existência do orgasmo. Por isso sempre disse que toda forma de amor e sexo na cama é válido.
Na sexta-feira a noite ainda, fui rumo a São Carlos já pensando na volta pro show do Djavan. Então levei na mala roupas pra já vir pronto só buscar o Ricardo e irmos ao tal lugar. Não era uma casa de shows, era que nem um barzinho, uma coisa mais intima, pessoal e na minha opinião, gostosa.
Não conseguia me concentrar nos estudos, eu ouvia o que diziam os professores e os colegas, mas eu não via a hora do tempo passar. Aquele dia eu penei pro tempo passar, mas quando finalmente acabou, fui embora voando, dei uma carona á um amigo que iria pra São Paulo, viemos conversando e chegamos bem rápido, depois fui pra casa e busquei o Ricky.
Ricardo: - Nossa, chegou rápido hein?
Eu: - Nem fala, to pronto pro homem da minha vida... Djavan.
Ricardo: - Engraçadinho, não quero ver você se derretendo por ele não, viu? Sou muito ciumento.
O lugar era uma graça, é um barzinho bem conhecido, espaçoso e tudo. Pedimos coisas pra comer já que eu estava faminto, nossa mesa ficava em um canto, até que próximo ao palco. Quando ele entrou e as luzes em volta se apagaram, foi bom, porque podia beijar meu marido sem preconceito e sem atrapalhar as outras pessoas. A luz só ficava no bar e no próprio Djavan.
Foi simplesmente mágico ouvir ele cantando, as musicas, lindas de mais. Lógico que eu não contive o clima e beijei muito o Ricardo, acho que mesmo que a Luz tivesse acesa eu teria o feito. Quando ele cantou “Um amor puro”, eu quase chorei, segurei forte a mão do Ricky, que por sua vez beijou muito minha mão e minha boca. “Te Devoro” e “Se” me fizeram cantar muito alto, quase mais que ele... brincadeira, mas eu estava meio empolgado com a adrenalina.
Aquela noite fiz Ricky ir pra um motel, já que Lucas estava com a Silvia e o Gustavo. Fizemos amor com tanta urgência naquele motel, acho que foi um descarrego de emoções que as músicas causaram em nós, não sei explicar, mas foi uma delicia.
No domingo, amanhecemos fazendo amor de novo e tomamos um banho lá ainda, acabamos fazendo amor de novo. O que eu gostava em nós, era que não tínhamos caído na rotina, o sexo era sempre incrível quando tínhamos vontade de fazer, fazíamos.
Eu: - Ricky, já sei o próximo show que quero ir...
Ricardo: - Pode falar, se acabar assim todos, te levo em um show por dia. – E me beijou.
Eu: - Ana Carolina!
Também amo as músicas dela e olha que músicas brasileiras não são muito a minha praia. Lifehouse, Nickelback, Coldplay e One Republic faziam mais meu gosto, fazem até hoje.
Agora nosso filho já era grandinho o suficiente pra ficar bem com os avós que o adoravam e pra deixar os pais se divertirem sem preocupações, eu já não mandava mais um monte de mensagens pra Silvia.
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Bom gente, ta aí mais uma parte, postada em dia, espero que gostem. Muito obrigado pelos votos e comentários, qualquer crítica e sugestão são bem vindas. Alias, tenho recebido umas notas bem baixas, se alguém quiser dar alguma sugestão pra melhorar (em termos de estrutura já que a história é real e não pode ser alterada) é bem vinda a sugestão, a não ser que tenha perdido o interesse na história, no caso é um direito de vocês.
E-mail para contato: marcio.casadoscontos@hotmail.com
Até mais ;)