Recomeçar [2x16]

Um conto erótico de Marcioads
Categoria: Homossexual
Contém 1740 palavras
Data: 12/08/2012 17:04:27
Assuntos: Gay, Homossexual

Continuando...

Nós sabíamos que não seria fácil, muito menos barato ter outros filhos, mas estávamos dispostos. A primeira coisa que eu fiz, foi mandar por papel de parede e comprar camas melhores, coloquei uma triliche no quarto. Ficou muito bom. Ainda estávamos na expectativa, apesar do Gustavo me tranquilizar dizendo que daria certo, principalmente pela idade mais avançada do mais velho.

Na próxima sexta-feira, foi uma assistente social fazer entrevista na nossa casa. Acreditem ou não, ela quis saber tudo, viu a casa toda, quis saber se tínhamos antecedentes, se tomávamos remédios controlados, Ricardo teria que fazer terapia, enfim foi pior que entrevista pra tirar visto. Mas ela disse que tinha ido tudo bem, a casa era própria e organizada, tínhamos condições financeiras e espaço para as “crianças”. Ela quis saber até se o seguro e IPVA dos carros estavam pagos. Algumas coisas achei até absurdo, mas tínhamos que passar por aquilo, ou melhor, Ricardo.

No domingo faríamos dois anos juntos já. Mas estávamos correndo tanto com as coisas, que nem sabia se faríamos alguma coisa, não queríamos festa, o dia e o momento eram só nossos, queríamos nos curtir.

No dia do nosso aniversário, Lucas ficou com os pais do Ricky como sempre. E fomos jantar fora em um restaurante, ficamos recordando todos os acontecimentos desde o inicio, rimos muito, depois fomos pra um motel bem luxuoso, que maneira melhor de curtir, não? Trocamos tênis de presente, já que as alianças eram novas e já tínhamos tudo. Também não queríamos nos exceder nos gastos, afinal já gastávamos fortuna reformando o quarto dos meninos entre outras coisas.

Na segunda-feira de manhã, Gustavo nos ligou dizendo que tínhamos ido muito bem, essa fase tinha passado e era uma questão de pouco tempo pra podermos buscá-los. Já que alegamos que o período escolar começaria e não é certo começar depois das aulas (dica do Ricardo como advogado).

Só voltando um pouco ao dia da assistente social, ela comentou algo parecido com: ”Vocês não tem medo da justiça considerar o contrato de união estável de vocês e negar a adoção de ultima hora pela orientação sexual de vocês?”

E eu me lembro ter respondido: “Olha até tenho, mas é o seguinte, o que nós estamos fazendo é abrindo nosso coração e a porta de nossas casas, até então pra dois estranhos que estamos dispostos a criar e amar como filhos. Estamos oferecendo uma vida a estes jovens, um futuro, uma perspectiva, temos condições de dar um estudo, uma casa um futuro decente a eles. Caso a justiça negue, a justiça tem que se responsabilizar pelos cidadãos que eles se tornarem. Se virarem criminosos ou viciados porque não tiveram oportunidade de estudar a culpa será de vocês. Estou fazendo a minha parte como pai e ser humano, mas daqui em diante, já é com vocês.”

Foi mais ou menos isso. Foi a mais pura verdade, nossa parte estava feita, queríamos dar uma vida melhor á aqueles jovens, financeira e emocionalmente, agora já não estava mais em nossas mãos. Já era papel da justiça decidir se eles ficariam melhor num lar, mesmo que homoafetivo, ou em um orfanato jogados as traças e com o mais velho fazendo dezoito anos no ano seguinte e tendo que sair sabe-se lá pra onde.

Não demorou pra sair a resposta, duas semanas depois, no fim de junho, Ricardo teve a guarda provisória, que duraria cerca de um ano de experiência, adaptação e etc. Isso ao mais novo, ao mais velho, pela idade ele mesmo cuidaria do bem estar e podia, caso algo ruim acontecesse, falar com o Juiz e a assistente social.

No dia que saiu a permissão, Denise ficou com Lucas em casa. Estava tudo preparado pra vinda deles, fui com Ricardo até o orfanato buscá-los. No carro conversávamos.

Eu: - Amor, será que eles vão gostar do quarto?

Ricardo: - Eles vão adorar, você sabe disso. To até pensando em trocar de quarto com eles.

Eu: - Engraçadinho. Será que eles vão entender nossa orientação sexual? Será que eles vão se adaptar? Será que vão gostar de mim?

Ricardo: - É mais fácil eles não gostarem de mim! Sobre a nossa orientação, o mais novo ainda não entende direito, o mais velho podemos conversar.

Eu: - Onde eles vão estudar?

Ricardo: - Calma lindo, uma coisa de cada vez. Tudo bem?

Eu: - Tudo bem.

Eu estava em ecstasy, com um misto de medo e preocupação, mas ao mesmo tempo feliz.

Chegando lá, eles esperavam com malas bem surradas e não cheias, eles estavam abraçados. Ricardo foi até lá dentro assinar toda a papelada, depois a moça do orfanato se despediu deles em meio á lagrimas, e nos disse: Fiquem com Deus, cuidem bem dos meus meninos. Eles choraram um pouco também. Ricardo pegou as malas e foi levando ao carro. O mais velho chamava-se William e o mais novo Wellington.

William: - Nossa, esse é o carro de vocês?

Eu: - Meu carro, e na verdade agora, nosso carro.

William: - Que dahora.

Wellington vira e pergunta na maior inocência.

Wellington: - A gente é rico agora?

Eu: - Não exatamente, mas se te alegra, não somos pobres.

Caímos na risada.

Fomos conversando o caminho todo, perguntei tudo sobre a vida deles, o que gostavam de fazer, de comer, se estavam felizes, o que queriam ser. Chegando em casa, Ricardo nos deixou lá, pegou o carro dele e foi trabalhar.

Ricardo: - Lindo, to indo, fica bem ai.

Eu: - Vou levá-los no shopping, tudo bem? Precisam de roupas e tênis novos.

Ricardo: - Sem problema. A noite eu to de volta. – E me beijou, já que estávamos a sós no nosso quarto.

E então ele saiu. Apresentei Denise a eles e o Lucas, alem da Maria. Levei eles até o quarto.

Eu: - Bom meninos, esse aqui é o quarto de vocês.

Wellington: - É tudo nosso aqui?

Eu: - Sim senhor.

Wellington: - Até aquele banheiro é só nosso?

Eu: - Aham.

Wellington: - Que maneiro, olha como a gente ta chique Will!

Eu dei risada, ele era comedia.

Eu: - Vamos dar uma volta no shopping? Vou comprar umas coisas pra vocês.

Passamos o dia lá, comprando roupas, tênis, brinquedos, eles se divertiam, era visível no rosto deles. Depois pegamos uma sessão de cinema e no fim comemos no MC.

Eu: - Tão gostando?

Wellington: - De mais, isso é muito legal.

William era bem quietão. Lembrava Marcelo no começo. Então Marcelo tinha me prometido ajudar no que pudesse eles a se adaptar. Fomos pra casa então, já que tinha outro filho me esperando. Fui conversando com William, tentando tirar informações dele.

Eu: - Então Will, ta ansioso pra mudar de escola?

William: - Sabe o que é? Eu não queria mudar de escola.

Eu: - Sério?

William: - É, meus amigos são de lá e outra, até eu me adaptar em outra, sabe? Mas vocês que decidem.

Eu: - Bom, você quem sabe. E você Well?

Wellington: - Eu quero mudar sim. Não aguento mais aquela favela.

William: - Ah, então agora, você vai cuspir no prato que comeu?

Wellington: - Eu nunca gostei de lá, quem gosta é você.

Eu: - Tudo bem Well, vou falar com o Ricky e a gente vai te mudar de colégio.

William, tinha memórias de antes do orfanato, já que ele chegou lá com 7 anos e Wellington era só um bebê. Eu precisava conversar com Gabriel e Bruno, já que eles eram dentistas, os meninos precisavam de um bom tratamento, os dentes deles eram bem judiados. Então pedi que fossem lá nos visitar. Eu tinha parado pra pensar que o William tinha 17 anos e o Wellington 10, eu não tinha idade pra ser pai deles, eu tinha 28 anos só, eu achava aquilo engraçado.

Em casa, Ricardo já me esperava, então ficamos todos na sala. Will, Well e Ricky jogavam videogame e eu ficava com Lucas. Depois Gabriel chegou lá.

Gabriel: - Opa, quantos jovens nessa sala.

Eu: - Quem te convidou Ga? Eu chamei só o Bruno.

Gabriel: - Engraçadinho, você não vive sem mim. Vim conhecer meus sobrinhos.

E se virou pros meninos.

Gabriel: - Bom rapaziada, eu sou o Tio Ga, podem me chamar assim.

Bruno: - E vocês podem me chamar de Tio Bruno.

Eu chamei eles pra conversar no quarto enquanto eu dava banho no Lucas.

Gabriel: - Então lindo, precisa dos nossos serviços?

Eu: - Sim, os dentes deles tão bem maltratados.

Gabriel: - Pode levá-los no consultório amanhã mesmo. O ultimo horário é deles, aí a gente vê o que precisa fazer e eu já começo.

Eu: - Tudo bem, prefiro assim.

Gabriel: - Aí quando acabar meus serviços, passo eles pro Bruno porque a parte de aparelho, já é com o Ortodontista ali. – Disse apontando pro Bruno.

Bruno: - Isso aí.

Gabriel: - Como ta segurar essa barra ai?

Eu: - Ah, é o primeiro dia. Por enquanto tá tudo certo.

Bruno: - É, boa sorte agora lindo, agora você tem o triplo de trabalho.

Eu: - Nem me fala.

Wellington com certeza se sentia mais á vontade. Ele estava todo contente com as roupas e tênis novos, com a ideia do colégio, com o videogame. Ele gostava daquelas coisas. Já William, era mais difícil decifrar se ele estava pouco a vontade, se era tímido ou se era muito sofrido mesmo.

Na hora de dormir, coloquei o Wellington pra dormir já que ele era menor e William por ser mais velho, tinha mais liberdade um pouco. Lucas já dormia então estava tranquilo. Aproveitei o William sozinho na sala, pra conversar com ele.

Eu: - Ei, ta tudo bem com você? Alguma coisa te desagradou?

William: - Não, desculpa se to te passando essa impressão errada. É que, eu não to acostumado com tudo isso, não igual meu irmão, que ta todo todo.

Eu: - Ah tá, qualquer coisa, você pode conversar comigo, tudo bem? Quero te ver bem aqui. Á vontade.

William: - Tudo bem, você é muito legal, não é nada com você.

Eu: - Outra coisa, você sabe né? Sobre eu e o Ricardo? Quero dizer...

William: - Fica tranquilo. A gente já sabe, não ligamos pra essas coisas. O que importa pra mim é que vocês deram um lar pro meu irmão e pra mim e não do que vocês gostam.

Eu abracei ele, no começo ele parecia hesitar um pouco, mas depois me abraçou de volta, eu senti ele chorando, mas não disse nada.

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Bom gente, ta aí mais uma parte, espero que gostem. Valeu por tudo, as palavras de vocês são muito animadoras, vocês são de mais. Qualquer crítica e sugestão são bem vindas.

E-mail para contato: marcio.casadoscontos@hotmail.com

Até mais ;)

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Comentários

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Parabéns pelo conto e principalmente pela história. Muito bom. Nota 11!

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vc é sensacional suas atitudes demonstram a pessoa maravilhosa que vc é[1].

Sejam felizes sempre.

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vc é sensacional suas atitudes demonstram a pessoa maravilhosa que vc é

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muito bom, concordo em genero, numero e grau com o sr daniel.

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marcio... não tenho mais o q dizer... Vcs estarem dispostos á adotarem um adolescente e outra "criança", e ainda tendo o Lucas pra cuidar...é a maior demonstração de humanidade...enquanto muitos criticam e discriminão as pessoas...sejam pela cor da pele, sexualidade ou até mesmo deficiencia, vcs dão um "futuro" á dos jovens até então estranhos, deixando em segundo plano os problemas e pensando neles...isso sim mostra realmente como é seu caráter...parabéns pela familia e suas atitudes juntamente com o Ricardo...aguardo a continuação!!!

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Não tenho nada a dizer, só espero pelas surpresas agora, pois você nunca para com isso. Realmente você não existe. Parabéns.

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